Entrevistas



18 Apr 2023

Aldri Anunciação sobre adaptar Torto Arado para teatro: “Desafio será respeitar imaginário em torno da obra”

A história do livro “Torto Arado”, do escritor baiano Itamar Vieira Junior, vai se expandir para os palcos. O responsável pela adaptação do texto para o teatro será o diretor, ator, dramaturgo, roteirista e apresentador de TV Aldri Anunciação. A estreia da peça está prevista para o primeiro semestre de 2024. 

A produção será de Fernanda Bezerra, diretora da Maré Produções Culturais. Aldri ficará com o texto e a direção do projeto. Ele é autor de sucessos como “Namíbia, Não!”, que originou o longa “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos. Foi o próprio Aldri, inclusive, que adaptou o livro “Namíbia, Não!” para o teatro e, em seguida, para o cinema. 

Ganhador do Prêmio Jabuti em 2020, o livro “Torto Arado” é um romance de 2019 que conta a história de duas irmãs, Bibiana e Belonísia, marcadas por um acidente de infância, e que vivem em condições de trabalho escravo contemporâneo em uma fazenda no sertão da Chapada Diamantina. 

O livro foi um dos lidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a pandemia. Em 2021, o próprio Itamar publicou em suas redes sociais uma foto de Lula segurando o livro. “Esta foto recebi da assessoria do presidente @lulaoficial com mensagens muito especiais. Disse que rememorou sua infância no sertão”, comentou o escritor na época. 
 
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(Autor de Torto Arado, Itamar Vieira Junior - Foto:  Matheus Pirajá/Divulgação)

Em entrevista ao Alô Alô Bahia, Aldri Anunciação falou sobre sua relação com a obra, contou como recebeu o convite para fazer a adaptação para o teatro e quais serão os desafios a enfrentar até a finalização do projeto, além de dar alguns spoilers sobre o elenco e planos para a estreia. Confira a entrevista completa:

Alô Alô Bahia: Como você recebeu o convite para fazer a adaptação? De onde ele partiu? 

Aldri Anunciação: Em turnê com a temporada "Namíbia -10 Anos", comentei com a produtora Fernanda Bezerra no camarim que “Torto Arado” teria sido o último livro lido por minha mãe antes dela falecer. Nossa família tem origem em trabalhos no campo (como roceiros) na cidade de Pedrão (próxima de Alagoinhas). Fernanda Bezerra prontamente fez o convite para eu adaptar e dirigir o espetáculo “Torto Arado”. Ela havia adquirido os direitos de adaptação com a Editora Todavia.

AAB: Você já trabalhou com outras adaptações de livros para o teatro. Qual será o principal desafio com Torto Arado?

AA: Nesses últimos oito anos, tenho tido experiência de adaptação de linguagens. Começa já com "Namíbia, Não!" (livro da Editora Perspectiva, vencedor do Prêmio Jabuti 2013), de minha autoria, que adaptei para o palco e para o cinema, com o título de "Medida Provisória" (juntamente com Lázaro Ramos, Lusa Silvestre e Elísio Lopes Jr). Outra experiência de adaptação foi o meu conto literário "A Mulher do Fundo do Mar", que ganhou encenação nos palcos em 2016. Além do livro "Pele Negras, Máscaras  Brancas", de Frantz Fanon, que ganhou sua primeira adaptação teatral brasileira através de minhas mãos em 2019, em espetáculo com mesmo nome. Essas três adaptações realizadas foram experiências desafiadoras mas que tiveram um resultado que me ensinou muito sobre como contar uma mesma história em linguagens completamente diferentes. O principal desafio da versão teatral de "Torto Arado" será equalizar e respeitar o imaginário que todos construíram em torno dessa bela história de Itamar Vieira Jr.
 
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AAB: Quais serão as fases do processo até a estreia da peça e em que fase ele está agora? 

AA: Primeiro, são os ajustes de linguagem, preservando ao máximo o universo temático e a poética da obra original no processo de escrita do texto dramático. Depois, a maximização das possibilidades de uso das ferramentas que o teatro e a encenação disponibilizam para promover o encontro das personagens com o público na encenação-palco. O momento atual é de ajustes, pesquisa e reinscrição do texto.

AAB: Quanto ao elenco, serão nomes exclusivamente baianos? Nomes mais conhecidos ou novos talentos?

AA: A obra de Itamar Vieira Jr. se utiliza metonimicamente de uma parte para falar do todo; fala de um território baiano para expor uma problemática brasileira de subjugação e exploração de povos. Nesse sentido, é uma obra brasileira e a diversidade de vozes certamente expressará uma honestidade com a obra. A definição e desenho de atores e atrizes (assim como técnicos e técnicas) não será recortada por uma territorialidade mas, sim, pela vontade e entendimento dos envolvidos. Sou muito racional na construção artística. A emoção já faz parte do ser humano; por isso, prezo por profissionais e artistas que entendem e desejam falar o que a obra está expressando. Adoro ser divertidamente político nas produções as quais me envolvo; a união de diversão e política é uma premissa importante nas artes brasileiras. Não consigo ver isso separadamente no nosso ofício, seja no cinema, na literatura ou no teatro. Penso que será esse entendimento que fará o desenho dos artistas que estarão nesse projeto. E isso inclui novos talentos e nomes conhecidos. 
 
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AAB: O que está sendo pensado para marcar a estreia da peça em Salvador? 

AA: Sabemos que a definição do local de estreia depende de muitos fatores que envolvem aspectos de produção e logística. Meu desejo é uma estreia em Salvador por razões que respondem ao gérmen da obra de Itamar Vieira Júnior. Mas ainda é cedo para definir essa localidade da estreia.

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Foto: Reprodução/Redes Sociais.

25 Mar 2023

Atração do aniversário de Salvador, Gilberto Gil fala sobre importância da cidade

Não temos dúvida que será de arrepiar. O show de Ivete com Gilberto Gil, Caetano e Luedji Luna, promete emocionar e marcar os 474 anos de Salvador, no próximo dia 2 de abril, no Farol da Barra. O autor de Toda Menina Baiana e Andar com Fé recebeu o Alô Alô Bahia com exclusividade momentos antes de receber o título de Doutor Honoris Causa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) e falou sobre a sua relação com a capital baiana. 
 
Gil é filho de uma professora e de um médico. Sua mãe engravidou na cidade de Ituaçu, no sudoeste da Bahia, mas foi para Salvador ficar perto da família na hora de ter o filho. Assim, Gil nasceu na capital baiana em 1942, mas saiu da cidade ainda bebê. Ele retornou para a terra natal em 1952, aos nove anos de idade, quando foi admitido no Colégio Nossa Senhora da Vitória, da congregação dos irmãos Maristas – local que hoje funciona o IFBA, no bairro do Canela, e onde o artista recebeu, 71 anos depois, o Alô Alô Bahia para a conversa.
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O artista baiano refletiu sobre as mudanças na cidade durante o tempo: “Muita coisa muda e muita coisa fica. Muita coisa se torna de interesse de preservação, outras não se tornam de interesse de preservação. São, digamos assim, dadas ao progresso para que o progresso faça delas o que quiser. Temos uma cidade de colonização portuguesa. Todo o Centro da cidade de Salvador ele foi, apesar dos pesares, ganhando esse status de importância, de conservação, de patrimônio. Ao mesmo tempo, a cidade se expandiu, se esparramou. Alguns bairros que foram muito importantes nos anos 30 e 40 entraram em uma certa decadência ou se transformaram completamente, caso da região da Barra, do próprio Canela”
 
Durante a conversa, Gil ainda se declarou para a cidade. “O que eu posso desejar para um lugar querido? Que seja bom, que continue bom. Eu quero o bem da cidade de Salvador, eu quero bem a ela”, disse com sorriso no rosto. 
 
Ele ainda falou da importância da capital baiana para o Brasil: “Um lugar importante, influente, como sempre foi, na vida brasileira. Um abrigo importante para essa força miscigenadora que o país tem e que aqui é um polo inaugural disso historicamente”, finalizou. 

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24 Mar 2023

Ator baiano Dan Ferreira fala sobre sua primeira incursão na música com álbum autoral

Conhecido por seu trabalho como ator, o baiano Dan Ferreira decidiu mostrar seu potencial como cantor e compositor e acaba de lançar seu primeiro álbum, “ILÁ”, disponível em todas as plataformas digitais. Com dez faixas autorais, o artista registra seus primeiros passos no mercado fonográfico muito bem acompanhado, com participações especiais do baterista e percussionista Robertinho Silva, Jéssica Ellen, Larissa Luz, Alexandre Ito e Enjoyce.

Com o rap como gênero principal, o álbum de estreia do artista também traz em sua sonoridade ritmos afro-brasileiros como samba, samba-reggae e ijexá.

As letras abordam as experiências de Dan e sua relação com a família, amores, infância, trabalho, futuro, saúde mental e religiosidade com uma provocação: Quanto tempo a gente leva pra expressar quem é na totalidade? “Talvez seja esse um dos maiores questionamentos de cada um de nós. Na tradição do culto aos Orixás, na nação de Ketu, após iniciado, o Yawô (pessoa nascida para o Orixá) pode levar o período de um ano ou mais até o Orixá emitir o seu Ilá, seu chamado. Assim como a impressão digital para nós humanos, o Ilá é único e cada Orixá tem seu”, explica.
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Com distribuição da Mondé Musical via Believe, “ILÁ” conta com a produção executiva de Ana GB e Map Music, masterização de Luiz Café e mixagem do produtor musical Gabriel Marinho, responsável também pelos arranjos de base, ao lado de Alexandre Seabra, Marcus Homem e Caio Brandão e, também, da gravação, juntamente com Tuninho Villas.  Prévia do disco, o single “Saturno” teve seu lançamento também em todas as plataformas digitais e pode ser conhecido, via YouTube.
 
Como ator, Dan acumula trabalhos de destaque no cinema e TV - a novela “Amor de Mãe”, em 2019 e o filme “Pixinguinha, Um Homem Carinho”, em 2021, são alguns deles. Este ano, estrelou  “A Porta ao Lado” e, a partir de 21 de setembro, poderá ser visto como Gilberto Gil quando jovem, no longa “Meu Nome é Gal”.
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O artista vive atualmente um momento especial. Noivo da também atriz e cantora Jéssica Ellen, curte a paternidade desde dezembro passado, com a chegada de Máli Dayó, primeiro filho do casal. Saiba mais na entrevista a seguir, concedida com exclusividade para o Alô Alô Bahia.
 
Alô Alô Bahia:  Qual sua relação com a Bahia?
Minha relação com Salvador é total. Não só por ter nascido aqui. Mas, meu pai é de Salvador, minha avó paterna mora aqui. E eu venho sempre, ou a trabalho ou para visitar. Quero muito que o Máli, meu filho, tenha essa relação com a cidade também, porque é o lugar que me inspira a escrever. Salvador tá no meu disco, tá na maneira como eu interpreto meus personagens, na maneira como eu vejo o mundo, me porto com o mundo, lido com as situações. É a minha cidade, é o meu berço!
 
AAB:  Como essa relação com Salvador te inspira?

DF: Eu fico muito feliz de ser a minha cidade, de levar ela no coração e de poder ter ela como inspiração também. Isso me deixa muito feliz. Nesse momento, eu tô aqui fazendo um longa. É uma benção fazer cinema na minha cidade, sabe? É a segunda vez que isso acontece. A Susan Kalik e o Thiago Gomes me convidaram, em 2020, para fazer o ‘Sobre Nossas Cabeças’, que foi um curta-metragem que rodou mais de 60 festivais no Brasil e no mundo, que me deu o prêmio de Melhor Ator. Agora estou fazendo esse longa-metragem, que, tenho certeza, vai ser muito bem recebido também pela crítica, pelo público, porque é um filme que fala sobre saúde mental, amor próprio, arte, o poder da arte na vida das pessoas. Então, isso me deixa muito feliz. É a cidade que eu nasci e que me inspira a todo tempo.
 

AAB: Você se tornou pai em dezembro passado, com a chegada de Máli Dayó. Como a paternidade tem te modificado?

DF: 
Existe um Danilo antes e depois. O Máli é o motivo de tudo que eu faço. Quando ele nasceu foi uma montanha-russa de emoções. E só cresce, só aumenta, um amor que só se expande. O meu filho foi o combustível necessário para eu ter coragem de realizar e ir lá, de eu ter vontade de fazer do mundo um lugar melhor, de contribuir de maneira efetiva e responsável com arte no mundo, com a cidadania no mundo. Meu filho é o que me faz querer ser, diariamente, a melhor versão de mim, melhorar como artista, como ser humano, como pessoa… ele é o combustível disso tudo. Ele é a razão pela qual eu quero ser cada vez maior, a versão mais potente, mais forte, mais bonita, mais plena de mim. Meu filho é a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
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AAB: Seu álbum de estreia é recheado de participações especiais, como a de Larissa Luz. Ela participa em que faixa?

DF:
Eu sou muito fã de Larissa Luz. Quando eu compus ‘Dois de Dezembro’, que tinha outro nome, era ‘Duas Cidades’, porque eu falo da minha relação com Salvador e com o Rio, eu já pensava nela para estar junto. E fiquei muito feliz quando ela topou.
 

AAB: Fale sobre as escolhas das participações especiais do baterista e percussionista Robertinho Silva.

DF: O Robertinho Silva sempre foi um artista que admirei muito. Para mim, ele é a bateria do Brasil. Ele trabalhou muitos anos com o “Bituca” [Milton Nascimento], então eu já tive a oportunidade de conhecê-lo na casa do Bituca e, depois disso, a gente no processo de realização do disco, o estúdio em que a gente gravou, é um estúdio que ele frequenta muito. No dia que a gente estava começando o processo de gravação dos instrumentos, ele apareceu lá não por acaso e descobriu que a gente estava fazendo um disco, pediu para escutar o som, gostou muito de “Duncan Back” e disse: ‘Posso fazer percussão dessa música?’. E a gente ficou muito honrado de ter essa contribuição dele, porque, tanto eu quanto o Gabriel Marinho - produtor do disco -, somos muito fãs.
 

AAB: E como se deu as parcerias com Alexandre Ito e Enjoyce?

DF: Quem me apresentou o Alexandre Ito foi o [ator] Danilo Mesquita. Ele é i diretor musical do disco dos ‘Bradeiros’ e diretor musical da banda. Alexandre (também) toca na orquestra sinfônica, toca com o Bituca a anos e, enfim, quando eu o convidei para essa faixa, ele aceitou de primeira e foi muito especial ter ele junto. Enjoice, minha cunhada querida, [também participou do disco] e sempre admirei muito o trabalho dela, a voz dela. Ela é muito importante para esse disco, porque backing em quatro faixas.
 

AAB: A atriz e cantora Jéssica Ellen é sua noiva, mãe de seu primeiro filho, e está no álbum. Como foi gravar com ela?

DF: Ela ia participar do disco de alguma maneira e ia ser pela música “Duncan Back”, porque ela curtiu o refrão. Quando eu compus, pensei nela cantando, na voz dela. Foi ótimo, assim, quando a gente conseguiu realizar, chegar no estúdio, concretizar, ela colocar a voz e a gente sair feliz. Essa letra fala de uma desilusão amorosa que eu vivi na adolescência. E aí, hoje, estar com a Jéssica, ter ela como companheira da minha vida, mãe do meu filho, a gente construindo nossa família, é a concretização do nosso amor. E ela também tem uma estrada na música, tem dois discos lançados, é uma cantora maravilhosa. E ter ela junto foi lindo demais. Eu tenho um trabalho como ator e estou me lançando como compositor, como músico, abrindo mais essa vertente do meu processo de criação. E aí ela foi uma pessoa muito especial, que me deu força, muita coragem para seguir, para realizar. Então foi ótimo ter ela junto.
 

AAB: Sobre sua carreira como ator, como se deu essa escolha profissional?

DF: É meio clichê, mas eu era, de fato, a criança que ficava imitando as pessoas em casa, inventava história para fazer no jantar para apresentar nas festas de família. E, além disso, eu entendi, numa experiência na escola, a importância dos professores em nossas vidas. Eu entendi muito cedo que a encenação, o teatro, as dinâmicas dos professores, traz reflexões sobre alguns assuntos, que a gente consegue falar sobre vários assuntos a partir da arte. Muito depois, uma professora de português fez um passeio da turma para gente ir ao teatro e entender o poder e a necessidade da gente cuidar da terra. Era uma peça que falava de ecologia, de cuidados com o planeta, e eu fiquei muito impressionado. No ensino médio, aqui na Bahia, fiz um curso de dramaturgia extracurricular. No projeto de conclusão, fiz um monólogo. Eu tinha 17 anos e entendi que era pelo caminho da arte que deveria seguir. E, desde então, tem sido assim. Eu acho que a arte tem um poder transformador. E é assim que eu quero seguir, seja na música ou na interpretação, na escrita, na moda - que é uma coisa que eu gosto também. Eu quero muito criar uma coleção.


AAB:  Depois de interpretar Pixinguinha no cinema, você será visto novamente nas grandes telas como Gilberto Gil quando jovem no longa “Meu Nome é Gal”. Como foi para você, sendo também cantor, interpretar esses ícones da música?

DF: A gente sabe o quão difícil é quando você consegue interpretar uma dessas pessoas, que são muito importantes para história do Brasil: Pixinguinha, Gilberto Gil… é uma benção. Você todo dia pensa na responsabilidade, na beleza e na graça que é poder interpretar essas personagens da cultura do Brasil e do mundo. É muita responsabilidade, mas eu cumpro com muito amor e com muita dedicação, tanto no Pixinguinha quanto no “Meu Nome é Gal”, fazendo Gil. A diferença é que o Pixinguinha já não está mais entre nós e o Gil tá aí, né!? Então, é uma responsa, mas eu fico muito feliz. Me sinto muito honrado de, no meu ofício, ter a possibilidade de interpretar essas figuras. Mas, de alguma maneira também, na minha humildade aqui, poder homenageá-los também, sabe?
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Fale um pouco sobre seu papel em “A Porta ao Lado” e, se puder, conte pra gente sobre seus próximos projetos.

DF: Este foi um filme que a gente rodou em 2020 e 2021. A gente pegou todas as complexidades de filmar no meio da pandemia e todas as dificuldades deixaram a produção com um valor ainda mais especial para a gente. E por estar falando de relação também, o Rafa, eu acho, trouxe uma coisa muito forte para o filme, como reflexão, são os valores que estão estabelecidos e que, às vezes, a gente faz um pacto com esses valores de ser uma pessoa sempre bem-sucedida, de ter que dar certo e de corresponder a padrões machistas, patriarcais, estabelecidos na sociedade que fazem com que a gente não olhe para dentro, para nossas subjetividades, para as subjetividades das nossas relações, para nossos anseios. É uma personagem que está sempre na iminência de falar o que pensar, de dar vazão aos seus sentimentos. Foi uma personagem que me deixou muito feliz de fazer por poder contribuir para a reflexão das pessoas.
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AAB: Quais seus próximos passos?

DF: Eu estou nesse momento rodando um longa-metragem aqui em Salvador. Acabei de lançar o disco e aí, assim que acabar esse filme, tem um outro, do Bruno Barreto, que eu vou fazer também, e aí, na sequência, ainda no primeiro semestre, quero começar a organizar a agenda de shows. Fazer show aqui em Salvador, no Rio, no Brasil inteiro. Eu fiz o disco para realizar shows, não só para streaming. É um disco que, inclusive quando você escuta pelos instrumentos orgânicos, imagina o show com aquelas canções. Então, eu quero muito, quero muito! Vai sair vinil dele também.
 

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20 Mar 2023

Baiano por trás de “Amor Perfeito”, Elísio Lopes Jr. fala sobre novela e carreira: “Meta é reconstruir imaginários”

Chega nesta segunda-feira (20) à TV Globo a nova novela das 18h, “Amor Perfeito”, que tem roteiro assinado pelo baiano Elísio Lopes Jr., de 47 anos, marcando a sua estreia no ramo. Antes disso, ele já assinou peças e filmes como “Medida Provisória” e “Ó Paí, Ó 2”, que chega ao cinema ainda em 2023. O dramaturgo, diretor teatral, produtor, escritor e roteirista, que nasceu em Salvador, ainda retorna agora para casa depois de cinco anos no Rio de Janeiro. Ao Alô Alô Bahia, ele falou sobre a trajetória profissional, os planos para o futuro e o novo desafio de realizar o roteiro de uma novela que promete ser disruptiva. 

“Amor Perfeito” tem, de acordo com a TV Globo, além de nomes no roteiro e direção, metade do elenco composta por atores negros. Um dos protagonistas, o pequeno Levi Asaf, reforça a representação baiana junto com Elísio. Aos 9 anos, o menino natural de Juazeiro interpreta Marcelinho, filho dos personagens de Camila Queiroz e Diogo Almeida. A trama, ambientada nas décadas de 1930 e 1940, retrata a elite negra brasileira, com personagens pretos que ocupam lugar de destaque na sociedade, como médicos, promotores e empresários.

Confira a entrevista:

Alô Alô Bahia: “Amor Perfeito” traz com metade do elenco composta por atores negros, não em papeis de escravizados - como diversas novelas de época - mas em posições de destaque na sociedade. De que forma você encara esse projeto e como acredita que ele será recebido pela sociedade? 

Elísio Lopes Jr.: Queremos normalizar a nossa existência, seja como rico ou pobre, vilão ou mocinho. Nós somos desejo e inteligência, então as histórias precisam abraçar, inclusive, as nossas fraquezas e dúvidas. Aí, sim, estaremos caminhando para a diversidade. Não é colocar preto de qualquer jeito, é possibilitar que sejamos indivíduos e não "os pretos". Nessa novela nós estamos fazendo isso, contando histórias e não reagindo ao olhar racista do outro. E isso só é possível porque tem autor preto e diretor preto, que é o André Câmara; a história não seria essa se não fosse a minha escrita e o olhar dele. Não estou falando de melhor ou pior, estou falando sobre perspectiva, escolha do olhar, cuidado e consequência. Ao mesmo tempo, vivemos num país polarizado, onde muitos, ainda, não desejam reconhecer e abrir mão de privilégios. Mas isso não nos impedirá de avançar. A sociedade evolui dessa forma, convivendo e aprendendo a respeitar o espaço do outro.

AAB: O que uma novela como essa pode trazer de mudança?

Elísio: Referência. Imagine que a novela entra todos os dias na maioria dos lares deste país, faz companhia, ainda é a maior opção de entretenimento do Brasil. Se a cada capítulo eu consigo me ver, bem vestido, com desejos próprios,  beijando na boca, ocupando espaços, com certeza eu entendo que também é possível para mim, que eu tenho direito a sonhar e que se o outro pode, eu também posso. É sobre representatividade e construção de novos imaginários.
 
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AAB: Seus trabalhos têm muita ligação com causas do movimento negro. De que maneira suas convicções e vivências pessoais se entrelaçam com suas experiências profissionais? 

Elísio: Minha meta como autor, seja na TV, no cinema ou nos palcos, é reconstruir imaginários. Por muito tempo as possibilidades de ver um personagem negro nas telas eram limitadas às figuras coadjuvantes, que raramente tinham histórias com desejo próprio. Os pretos pareciam existir apenas para reagir às histórias dos brancos, ou para sobreviver ao racismo. Quando eu falo de reconstruir imaginário é, por exemplo, colocar um beijo na boca entre dois pretos que se amam na novela das 18h ou ter um protagonista preto médico, como o Dr. Juliano Moreira. Não é inventar um Brasil, é girar a câmera e o olhar para a inteligência e para a beleza e não para a precariedade e para as exclusões. Minha dramaturgia só existirá para além de mim se ela servir para essa construção. 

AAB: Você participou dos roteiros de “Ó Paí, Ó 2” e de “Medida Provisória”, filmes que nasceram do teatro baiano. Como foram essas experiências profissionais para você? Tem planos de desenvolver outros projetos por aqui?

Elísio: “Medida Provisória” foi o meu primeiro filme assinando roteiro e, “Ó Paí Ó 2”, o segundo. Ambos frutos do teatro baiano e não por coincidência. “Medida Provisória” foi escrito a partir da peça do teatro baiano “Namíbia, não!”, de Aldri Anunciação. “Ó Paí Ó 2” é um clássico do Bando de Teatro Olodum, grupo que me formou como expectador. Me fez acreditar que eu podia pensar histórias que pessoas como eu poderiam protagonizar. O convite do Bando para escrever esse filme, 13 anos depois do primeiro, contando o caminho seguido por aqueles personagens, foi um dos desafios mais honrosos da minha história. É como se eu pudesse devolver um pouco do que o Bando fez pela minha geração. 

AAB: Você começou com uma graduação em comunicação em uma faculdade aqui em Salvador e partiu para o Rio de Janeiro, trabalhando em projetos nacionais fincados no polo de produção do Sudeste. Foi difícil encontrar espaço em Salvador? 

Elísio: O mercado cultural de Salvador, para mim, é o mais potente do país e, ao mesmo tempo, um dos piores em sustentabilidade. Os artistas que persistem em ficar na cidade travam uma luta inglória para sobreviver de sua arte. Por isso a carreira de um artista baiano torna-se uma loteria e a profissão de ninguém deveria depender de sorte. Infelizmente, o artista baiano precisa de talento, disciplina e sorte. Por isso, às vezes, sair da Bahia não é escolha, é a única opção. Estou há oito anos na TV Globo e há cinco morando no Rio de Janeiro. Com o modelo de trabalho mais virtual por conta da pandemia, acabei de voltar a morar em Salvador. A rotina de ir e vir toda semana era desgastante e eu tenho três filhas pequenas que quero criar aqui, perto do nosso lugar. 

AAB: Você se constitui como um profissional multifacetado, atuando como roteirista, dramaturgo, diretor artístico, escritor e gestor cultural. Depois dessa estreia como roteirista de novela com Amor Perfeito, quais serão os próximos rumos?

Elísio: Esse é um ano muito feliz na minha história, resultado de uma construção longa, disciplina e foco. Tenho muito a comemorar porque estarei nos lugares que mais amo: na novela da TV Globo; no cinema com “Ó Paí Ó 2” e “Medida Provisória”, que acabou de estrear no continente africano; no Globoplay, com uma série que começa a ser gravada em abril, com um elenco preto de primeira. Nos palcos, vou dirigir um musical chamado “Os Milagres da Santa Dulce”, um cordel que conta a história da nossa santa, que estreia em outubro, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA). 

Saiba mais sobre a novela Amor Perfeito: "Com baiano entre autores, novela da Globo terá metade do elenco composta por atores pretos"

Fotos: Amanda Jordão/Divulgação | TV Globo/Divulgação. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

11 Mar 2023

Skank desembarca na Bahia para turnê de encerramento do grupo: “não acaba, as nossas músicas seguem”

Depois de quase 30 anos de contribuições na vida dos brasileiros, o Skank resolveu realizar uma turnê para celebrar a história da banda e marcar a separação por tempo indeterminado do grupo. O público baiano foi contemplado com o show que promete ter clima de retrospectiva. Neste sábado (11), os mineiros Samuel Rosa (guitarra e voz), Lelo Zanetti (baixo), Henrique Portugal (teclados) e Haroldo Ferretti (bateria) se apresentam em Salvador, na Arena Fonte Nova. Já no domingo (12), eles desembarcam em Feira de Santana, para uma apresentação no Aria Hall.

São nove álbuns de estúdio, que somam mais de 5 milhões de exemplares vendidos e alguns considerados os melhores de todos os tempos do pop-rock nacional, três ao vivo e uma coleção de sucessos nas últimas três décadas no país. Foram cerca de 40 hits singles e 25 em trilhas de novelas, com destaque para duas canções que marcaram fases distintas do grupo, como Garota Nacional, do álbum O Samba Poconé (1996) e com sucesso no Brasil e em países da América Latina e Europa, sendo número 1 na parada espanhola da Billboard por várias semanas, e Vou deixar, canção do disco Cosmotron (2003) e que virou um dos maiores hits do Skank ao entrar na trama da TV Globo Da Cor do Pecado.

O tecladista do grupo, Henrique Portugal, conversou com o Alô Alô Bahia e falou sobre a separação da banda, que é motivada pelos desejos individuais de experimentar novos caminhos, porém sem brigas, sem decadência, sem barracos públicos e sem descartar a possibilidade de reuniões futuras. Ele ainda falou da relação da banda mineira com a Bahia e da expectativa para os shows em Salvador e Feira de Santana. Confira:

Alô Alô Bahia - O que motivou a turnê de encerramento do Skank?
Henrique Portugal - Depois de 30 anos de carreira, sem interrupção, de uma história sólida, achamos que seria um bom momento para uma parada, para cada integrante seguir um caminho diferente. Uma carreira tão longa precisa de um descanso. Eu tenho mais tempo de vida dentro do Skank do que fora dela. É simplesmente um ciclo que está terminando. A gente entende que agora é o momento de cada um devolver para a música, tudo o que ela nos deu durante todos esses anos. O importante é que a gente sabe que o Skank sempre vai existir, mesmo que a gente não toque mais junto. O Skank não acaba, as nossas músicas seguem.

AAB - São quase 30 anos de história e acredito que de momentos inesquecíveis. Quais deles foram na Bahia?
HP - Muitos deles foram na Bahia, sem dúvida. Sempre fomos muito bem recebidos pelo público baiano, pelos fãs do Nordeste. Estamos muito felizes em apresentar um dos últimos shows da turnê em Salvador e Feira de Santana.
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AAB - Temos diversos exemplos da relação cultural que aproxima a Bahia e Minas Gerais. O Skank, que é um grupo mineiro, teve algum tipo de influência musical do estado nordestino?
HP - Minas com Bahia é uma mistura que é muito espontânea e cheia de criatividade, com culturas fortes. Somos como primos irmãos que sabem compartilhar a alegria e o conhecimento das virtudes para melhorar a cena cultural do Brasil em qualidade e quantidade.

AAB - A banda já gravou música de Caetano Veloso - Beleza Pura -, fez participação em show da cantora Ivete Sangalo - no icônico DVD gravado no Maracanã. Tem algum artista baiano que o grupo ainda não gravou e que gostaria de ter colaborado?
HP - Eu tenho feito algumas coisas com o Elpídio do Olodum. O Lelo montou uma banda chamada “Trilho elétrico” misturando mineiros e baianos.  Está no nosso sangue esta proximidade com a Bahia. Com certeza vem mais coisa por aí.

AAB - Qual a expectativa para o show de despedida em Salvador e Feira de Santana? O que tem preparado para o público baiano?
HP - A expectativa é grande demais e estamos muito felizes em poder voltar a Salvador e Feira nesse encerramento da turnê. Escolhemos um repertório grande, fizemos uma lista com um número até que considerável de músicas que temos certeza que o público baiano vai adorar. Eles podem também pedir suas músicas favoritas, que em cada cidade, acrescentamos os pedidos dos fãs.

Foto: Weber Pádua. ​Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

9 Mar 2023

Maria Marighella fala sobre posse na Funarte e desafios: "Cultura é eixo central de projeto de país"

Eleita vereadora de Salvador em novembro de 2020, Maria Marighella, 47, tomou posse como a primeira presidente nordestina da Fundação Nacional das Artes (Funarte) no último dia 3. O convite foi feito em janeiro pela ministra da Cultura, Margareth Menezes. Atriz graduada pela Ufba, a neta do guerrilheiro Carlos Marighella filiou-se ao PT após uma trajetória como gestora de políticas públicas pela cultura. Maria Mariguella já foi coordenadora de Teatro da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e da Fundação Nacional de Artes (Funarte), e Diretora de Espaços Culturais da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA).

A Funarte é responsável por fomentar as diversas formas de arte e cultura no país e está ligada ao Ministério da Cultura, recriado no Governo Lula. A ministra Margareth Menezes reforçou que o momento é de retomar a importância da pasta e de seus órgãos colegiados depois do que ela chamou de processo de desmonte. Ao Alô Alô Bahia, Maria Marighella falou sobre os desafios à frente da Funarte e sobre os desafios da Cultura para a cidade de Salvador. Confira a entrevista:

Alô Alô Bahia: Como foi feito o convite e o que essa nova missão representa pra você?

Maria Marighella: Desde a transição, nos fazíamos parte desta frente da cultura para refundação do Ministério da Cultura, símbolo da redemocratização em 1985. Entendíamos que as responsabilidades deveriam ser partilhadas para superar os problemas deixados em um Brasil sob ataque. Estávamos na Funarte construindo a Política Nacional das Artes, naquele 2016, e saí no mesmo dia em que a presidenta Dilma Rousseff foi afastada. Quando estive com a ministra Margareth Menezes, sabia que não era apenas um convite, mas um chamamento, uma convocação. Assumir a presidência da Funarte é um grande desafio e uma grande alegria e oportunidade.
 
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AAB: Qual a importância da Funarte no momento em que vivemos?

MM: A Cultura foi duramente atacada no governo Bolsonaro, que teve como uma das primeiras medidas ao ser eleito rebaixar o Ministério da Cultura a uma secretaria especial. Depois do rebaixamento institucional, vieram os ataques aos artistas, censura, exposição. Bolsonaro fez uso do aparato do Estado para, em vez de promover cultura e proteger, fazer dela um alvo. A atuação na Funarte deve, portanto, trabalhar também na perspectiva da regeneração de um campo amplamente atacado. Pretendemos garantir à Funarte, em seu processo de refundação, o espaço institucional necessário para que seja a articuladora federal do trabalho conjunto entre o setor artístico-cultural e os gestores públicos de cultura nos estados, Distrito Federal e municípios.  

AAB: Quais objetivos e metas você traça para a Fundação? 

MM: Essa gestão da Funarte tem como principal desafio retomar a construção e a implementação da Política Nacional das Artes, de modo estruturante, duradouro e que responda às mais diversas expressões artísticas e territórios do país. Essa tarefa só será cumprida em articulação com Estados e Municípios por meio da construção de um Pacto Federativo do Fomento às Artes. No âmbito das responsabilidades da própria Funarte , a difusão nacional e internacional das artes é, sem dúvida, a maior prioridade. É também parte do horizonte futuro da Funarte o fomento a esses elos estruturantes da rede produtiva das artes.
 
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AAB: Em relação a Salvador, como você avalia o cenário cultural da cidade? O que precisa ser melhorado e como isso pode ser feito? 

MM: Embora exuberante, precisamos ter a cultura como um eixo central de um projeto de cidade e de país. A pasta da cultura merece um locus institucional próprio e desvinculado do turismo para exercício pleno de suas dimensões econômica, simbólica e cidadã. A cultura de Salvador tem a potência da nossa gente. É plural, viva. Temos uma multiplicidade de manifestações nos diversos territórios da nossa cidade. São trabalhadoras, trabalhadores, fazedoras e fazedores de cultura que fazem da nossa cidade o que ela é. Precisamos que Salvador garanta institucionalidades, orçamento e políticas à altura da sua cultura.

Fotos: Reprodução/Instagram. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

22 Feb 2023

Caso Daniel Alves: Criminalista do CEUB explica as diferenças na legislação entre o Brasil e a Espanha

O jogador da seleção brasileira Daniel Alves foi preso preventivamente, na Espanha, acusado de assédio sexual. O atleta deve permanecer detido até que ocorra o julgamento do caso, ainda sem data definida. Especialista em Direito Penal, o professor de Direito do Centro Universitário de Brasília Víctor Quintiere explica as diferenças entre a legislação espanhola e a brasileira. Confira:


Há alguma diferença nas investigações sobre estupro e tipos de penalidades entre o Brasil e a Espanha? Se confirmar a autoria do estupro, configuraria qual tipo de crime? Quais as consequências?

VQ:
Tanto no sistema brasileiro, como no espanhol, será necessária a coleta de elementos aptos a gerar, ou não, a condenação do jogador. Em ambos os países vigora o princípio da presunção de inocência. Na Espanha, estamos diante do delito de agressão sexual, tratando-se de um conceito amplo no código de justiça espanhol.

Em síntese, agressão sexual se refere a todos os atos "que atentem contra a liberdade sexual de outra pessoa sem o seu consentimento". A depender do nível de gravidade, as penas variam de 1 a 15 anos de prisão. O termo ganhou esta amplitude no ano passado, quando uma lei apelidada de "Só sim é sim" deu maior abrangência do crime de agressão sexual. A partir de então, todos os atos sexuais não consensuais passaram a ser considerados violência.

A mudança teve como objetivo acabar com a diferença entre abuso e agressão sexual, até então duas categorias distintas de crimes, mas com tipificações mais pesadas no segundo caso. A ideia por trás disso é a de que a ausência de consentimento da vítima é o elemento central para a definição da natureza do crime. Por isso, dos atos sem o uso de violência física ou até a penetração forçada, caso mais extremo e do qual Daniel Alves é acusado, todos são tratados como agressão sexual pela Justiça espanhola.

Neste último caso, a pena pode ser de 4 a 12 anos, com a possibilidade de chegar a 15 anos, caso sejam detectadas agravantes estabelecidas pelo código penal espanhol, como participação de mais de uma pessoa, uso de armas, ou a vítima se encontrar em estado de vulnerabilidade devido à idade, enfermidade ou incapacidade física, entre outros.

Em relação ao cenário no Brasil, conforme apontam os fatos, Daniel Alves teria cometido o que está previsto no Código Penal, no art. 215-A, do CP, consistindo no crime de importunação sexual, pois, em tese, teria colocado a mão por baixo da roupa intima da mulher numa boate em Barcelona. Com os elementos complementares envolvendo ameaças e violência em tese praticadas pelo investigado, a situação passou a englobar o delito de estupro. No Brasil, esse delito encontra previsão legal no art. 213, do CP, caput, cuja pena é de 2 a 10 anos de reclusão, em se tratando de vítima não vulnerável. Caso, em outra vertente, após os devidos trâmites, a vítima fosse considerada, no Brasil, vulnerável, o jogador responderia pelo delito do art. 217-A, §1º , do CP, cuja reprimenda seria de 8 a 15 anos.

Vale destacar ao menos uma diferença entre os mecanismos de prisão provisória existentes: enquanto na Espanha, a prisão preventiva como a do presente caso pode durar até 4 anos, no Brasil, não há prazo impositivo de duração.

O jogador cumpriria pena no país do ocorrido? Ele poderia ser extraditado para o Brasil ? A legislação seria diferente nesse caso?

VQ:
No caso analisado, o jogador cumpriria pena no país onde ocorreu o delito. A resposta não encontra amparo na territorialidade, pois o fato não foi cometido no território nacional, conforme prevê o art. 5º do Código Penal. Trata-se de hipótese da chamada extraterritorialidade, trazida pelo art. 7º, do CP. Entende-se por extraterritorialidade as excepcionais hipóteses de aplicação da lei penal brasileira a fatos ocorridos fora do território nacional

O que pode acarretar as divergências entre os depoimentos? Durante o primeiro, ele negou reconhecer a vítima. No segundo, ele alegou ter tido relações sexuais de modo consensual.

VQ:
Uma série de fatores podem ter feito com que tivesse ocorrido divergências entre o primeiro e segundo depoimentos, como por exemplo falhas na memória, nervosismo em relação à situação, entre outros. Tanto no sistema jurídico espanhol, como no brasileiro, a palavra dada pelo acusado na fase instrutória possui maior relevância do que aquela ocorrida na fase de inquérito policial. Por isso, é importante aguardarmos o andar das investigações, diligências, acareações e demais etapas procedimentais para, ao final do referido processo, seja possível concluirmos, com responsabilidade, acerca da condenação ou não de Daniel Alves pelos delitos imputados.

Indenização e outras penalidades alternativas podem ser aplicadas nestes casos?

VQ:
A vítima poderá buscar a tutela estatal, não apenas na seara penal, como na seara cível, momento no qual será cabível a discussão de indenização por danos morais, por exemplo.

Quais as provas determinantes para concluir uma investigação como esta?

VQ:
Em casos como esses, nos quais há uma dificuldade de prova, a palavra da vítima deve ser analisada com demais elementos existentes, como versão do acusado, eventuais filmagens e testemunhas.


 
 

7 Jan 2023

Bruno Reis faz balanço da administração municipal e compartilha planos para 2023

O ano de 2022 foi de muito trabalho e de conquistas, mas também desafiador e de aprendizado para o prefeito de Salvador, Bruno Reis. De acordo com o gestor, houve avanços e melhorias em vários campos, como educação, moradia, mobilidade e saúde.

A chegada de 2023 traz novos desafios: “Nosso principal objetivo é continuar melhorando a qualidade de vida das pessoas, reforçando e ampliando cada vez mais os serviços públicos, principalmente para quem mais precisa”, disse ao portal Alô Alô Bahia.

Confira a entrevista a seguir.
 
Alô Alô Bahia: Prefeito, como o senhor classifica o ano de 2022?
Bruno Reis: Com o arrefecimento da pandemia, tivemos uma recuperação mais veloz da economia, o que permitiu a retomada de forma mais rápida de diversos setores que são cruciais para nossa cidade, como o turismo e os eventos. Tivemos avanços na nossa gestão, com um ritmo de entregas cada vez mais acelerado, levando melhorias para todas as regiões da capital. Também seguimos melhorando a qualidade dos serviços públicos essenciais, como educação, saúde e mobilidade. Já iniciamos a operação do BRT, que representa um salto na qualidade do transporte público, além de trazer inúmeros benefícios para a mobilidade da cidade com o seu conjunto de intervenções naquela região entre o Iguatemi e o Itaigara.
 
AAB: O senhor destaca outras áreas em que houve melhoria?
BR: Estamos cada vez mais ampliando o programa Morar Melhor, que já reformou mais de 40 mil casas em 200 localidades de Salvador e se consolidou como uma iniciativa muito bem-sucedida na área de habitação. Na educação, só em 2022, nós já convocamos 643 professores para reformar a rede municipal e entregamos 106 mil tablets para os estudantes do 1º ao 9º ano das escolas municipais, e mais oito mil chromebooks para o corpo docente, o que vai revolucionar a nossa educação. Na saúde, continuamos avançando na cobertura da atenção básica e já passamos dos 60%. Enfim, são muitas conquistas, e vamos apertar o passo ainda mais para 2023.
 
AAB - As expectativas para o Verão de Salvador em termos de turismo são animadoras. Fale sobre o trabalho da prefeitura nesse setor e suas expectativas para essa temporada
BR -
As nossas expectativas são as melhores possíveis. Nossa estimativa é que a cidade receba mais de 3 milhões de turistas entre dezembro deste ano até março de 2023. A ocupação hoteleira deverá alcançar entre 67% à 70%, enquanto a receita turística deve girar em torno de R$ 5 bilhões. Os números são muito semelhantes ao período antes da pandemia. E nós nos preparamos para esse momento, investimos muito em promoção do destino Salvador, o que fez da nossa cidade uma das mais procuradas por turistas em todo o país. Além disso, e principalmente, nós seguimos no ritmo de requalificação da cidade e dos nossos espaços turísticos. Nós temos um trabalho de parceria muito positivo com todo o trade turístico e com todas as categorias que atuam nesta área, o que vem trazendo resultados muito satisfatórios nos últimos anos. Tivemos agora o nosso Festival Virada Salvador, que se consolidou como o principal do país no Réveillon. E ainda temos o nosso Centro de Convenções, que já é considerado um dos principais do país e recolocou Salvador na rota do turismo de negócios, com dezenas de grandes eventos marcados para os próximos meses. Enfim, a gente vai continuar trabalhando para ampliar isso, porque o turismo é um dos grandes vetores de desenvolvimento de Salvador. Queremos potencializar esta área cada vez mais para ampliar a geração de emprego e renda para nosso povo.
 
AAB - Quais serão os principais desafios para 2023?
BR -
Temos muitos desafios para o próximo ano. Nosso principal objetivo é continuar melhorando a qualidade de vida das pessoas, reforçando e ampliando cada vez mais os serviços públicos, principalmente para quem mais precisa. Temos diversas intervenções estruturantes em andamento, como o BRT e o novo Mané Dendê, que vão continuar transformando a realidade da nossa cidade. Temos um cenário ainda indefinido para o próximo ano do ponto de vista econômico, pois projeções apontam para uma queda da arrecadação, o que pode impactar as prefeituras. Contudo, em Salvador, nós fizemos o dever de casa e estamos com as contas em dia, o que nos permite tocar os investimentos em obras por toda a cidade e garantir o funcionamento dos serviços. Enfim, são muitos desafios, mas aqui na prefeitura nós vamos seguir trabalhando duro por uma cidade melhor e mais justa para todos.
 
AAB - Uma das características de sua gestão é lidar com as necessidades do dia a dia, mas sempre estar plantando sementes que trazem como resultado uma Salvador mais cosmopolita, com mais qualidade de vida e conexão com o mundo. Neste sentido, o que podemos esperar nos próximos meses?
BR -
Salvador já é a cidade mais inteligente do Nordeste, uma das mais inteligentes do país e já está entre as mais inteligentes do mundo. Tudo isso é fruto de uma série de investimentos e iniciativas que fizemos nos últimos anos, como o Plano Diretor de Tecnologia da Cidade Inteligente, o que faz da nossa cidade um destaque no país. E não para por aí. Como já citei, temos nas escolas o desenvolvimento tecnológico com os tablets e chromebooks para alunos e professores, mas temos também diversas outras ações. Nossas ações visam muito levar inclusão digital e cada vez mais garantir a digitalização dos serviços da prefeitura, de forma a facilitar a vida dos cidadãos. Hoje, por exemplo, mais de 200 praças de Salvador já contam com acesso à internet gratuita e estamos construindo uma infovia com mais de 800 km de fibra óptica, que vai contar com uma rede de multisserviços própria e independente. E temos ainda muito mais investimentos por vir, tudo com o objetivo de melhorar a vida das pessoas por meio da tecnologia e da inclusão digital.


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5 Jan 2023

Anitta desembarca em Salvador neste sábado para primeiro show do ano: "vai ser babado"; confira entrevista

O primeiro final de semana do ano promete em Salvador. Isso porque a cantora Anitta desembarca na capital baiana, onde escolheu iniciar a turnê do seu animado Ensaios da Anitta – que, no total, percorrerá seis cidades brasileiras após uma pequena temporada em 2022. O concorrido show será no Centro de Convenções, na Boca do Rio, neste sábado (07), a partir das 16h. O evento, que é proibido para menores de 18 anos, tem como tema #YesNósTemosAnitta – em referência à marchinha carnavalesca “Yes, Nós Temos Bananas”, eternizada por Carmen Miranda.

Em entrevista ao Alô Alô Bahia, Anitta – que está aproveitando a temporada de neve em Courchevel, na França – falou sobre sua relação com Salvador e o que está preparando para o grande retorno à cidade: “Vai ser babado. Tô preparando um show cheio de hits, animadíssimo. É uma cidade em que eu amo me apresentar. O público se joga com a gente, com a energia lá em cima. Eu amo!”.

No palco, a cantora vai receber participações especiais. Já estão confirmados nomes como Márcio Victor (Psirico), Xanddy Harmonia e a banda Timbalada. A abertura da festa ficará por conta da banda Afrocidade e da cantora Nêssa.

A diva brasileira tem ganhado o mundo. Recentemente, ela teve sua primeira indicação para o Grammy. Anitta concorre ao disputado prêmio de "Artista Revelação". Mesmo com o sucesso fora do país, ela lembrou com carinho do público baiano e revelou desejo de estar no Carnaval de Salvador: “Me aguardem, hein”.

Confira a entrevista completa com Anitta:

Alô Alô Bahia – Salvador será a primeira cidade desta temporada do Ensaio da Anitta. Qual a sua relação com a cidade de Salvador?
Anitta - Fizemos uma temporada mais curta dos Ensaios da Anitta em 2022. Mas esse é o nosso grande retorno, inclusive a Salvador, que é uma cidade em que eu amo me apresentar. É uma cidade incrível, em que o público se joga com a gente, com a energia lá em cima. Eu amo!

AAB - O que você está preparando para o Ensaio em Salvador?
Anitta - Vai ser babado. Tô preparando um show cheio de hits, animadíssimo, bem como Salvador merece. Já posso revelar que Psirico, Xanddy Harmonia e Timbalada, que eu amo, farão participações especiais.

AAB - Por Salvador você já fez Carnaval, ensaios, shows, clipes.  Você lembra da primeira vez que veio aqui? O que mais gosta de fazer e o que viveu de mais marcante na capital baiana?
Anitta - Me lembro da primeira vez que levamos o Bloco das Poderosas para Salvador, em 2017. Nossa, a energia do público do circuito Barra-Ondina é incomparável, uma sensação única mesmo. Gente, eu fico arrepiada só de lembrar.

AAB - E o Carnaval? Podemos esperar Anitta novamente?
Aniita - Quero muito retornar ao Carnaval de Salvador. Me aguardem, hein.

Foto: Lufré (@lufreee). Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

30 Dec 2022

De executivo em São Paulo a ‘restauranteiro’ em Trancoso, conheça a história de Fernando Droghetti

Fernando Droghetti nasceu em São Paulo, onde estudou Economia e trabalhou no mercado financeiro por 14 anos, até que decidiu dar um tempo da vida atribulada. Há quase três décadas, foi conhecer Trancoso, no sul da Bahia. O destino turístico ainda era sossegado, sem a badalação conhecida dos últimos anos. O passeio virou morada e o lugar, casa.

​Como ‘hobby’ montou, sem pretensão, sua primeira loja de decoração no Quadrado, nos anos 90, abrindo depois filiais em São Paulo e Barcelona. Vieram depois a primeira pousada boutique e a Jacaré do Brasil Casas – conceito inovador de hospedagem na época. Hoje, o empresário se dedica aos restaurantes Jacaré do Brasil e Floresta, em Trancoso, e, desde 2019, ao Da Comporta, na Praia da Comporta, em Portugal, vivendo temporadas de Verão nos lugares que elegeu como lar.

Com o portal Alô Alô Bahia, Fernando Droghetti, ou Jacaré, como é conhecido, conversou sobre seus projetos e expectativas para a temporada de verão baiana, que está apenas começando.
 
Alô Alô Bahia - Como começou sua história com Trancoso?
Fernando Droghetti - Eu atuava na Bolsa de Valores, em São Paulo. Eu sou de lá. Trabalhei 14 anos numa corretora e vim parar em Trancoso depois de um surto que eu tive. Resolvi tirar um ano sabático daquelas loucuras do mercado financeiro. Eu não conhecia Trancoso mas, no dia que cheguei, percebi que gostaria de morar aqui. Na época, não tinha nada ainda, nem um asfalto, e eu vim para ajudar a desenvolver também. Já tive duas pousadas, restaurantes, loja de decoração, que depois levei para São Paulo (tive cinco lojas), mas sempre com um ponto aqui. Hoje, tenho esses dois restaurantes aqui – Jacaré do Brasil, com 25 anos, dez deles no local atual, e o Floresta, que está em seu quinto verão, além de um restaurante na Comporta, em Portugal, e me divido seis meses cá, seis meses lá.
 
AAB - Qual sua expectativa para essa temporada de Verão?
FD - A expectativa é que esse verão seja muito bom. Não deverá ser tão cheio como nos outros anos, já que as pessoas ficaram dois anos sem viajar por conta da Covid e aí, ao longo do ano inteiro, quando abriram as fronteiras, todo mundo viajou muito pra fora. Então, a gente espera um público um pouco diferente. Trancoso deve voltar à calma de três, quatro anos atrás, com menos carros e com as pessoas transitando mais na cidade. Eu acho que vai ser, na minha opinião, um grande verão.
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AAB - O Floresta é um restaurante diferente, focado em experiências, no meio de um seringal. Como surgiu a ideia deste lugar?
FD - O Floresta era um sonho meu. Isso aqui era uma fazenda de uns amigos e eu andava sempre aqui, a cavalo ou de bicicleta, por este seringal. Aqui tinham três casas de colonos abandonadas. E eu olhava para esse canto aqui [mostra o lugar] e sempre falava: nossa, eu preciso dividir isso com as pessoas, porque é muito bonito. Um lugar completamente diferente, especial, onde a gente nem conhece o que é uma fazenda de seringa e é aqui, do lado, dentro da cidade. E aí, eu falei, vou fazer um restaurante para trazer as pessoas para uma experiência. Tem o Jacaré lá [na entrada do Quadrado] mais comercial, mas eu gosto muito dessa coisa da experiência, de você poder ver Trancoso como um trancosense vê, que não é a vida só de praia.
 
AAB - É verdade que a equipe do Floresta é formada por funcionários que trabalhavam na sua casa?
FD - 
Minha equipe aqui é quase como se fosse da minha família. Eu abri o Floresta e trouxe toda a equipe da minha casa, que trabalha comigo há 20 anos. A proposta era fazer a comida da minha casa, da maneira como eu recebo. Então, eu copiei a cozinha da minha casa, a entrada também, e trouxe todo mundo. Eu fechei minha casa e falei: vamos fazer uma experiência, mas a ideia era de receber as pessoas como eu recebo em casa. Então, não tem nome na porta, não tem placa, você só entra com reserva. A proposta da comida aqui é como eu faço na minha casa. Todo dia, uma comida nova.
 
AAB - Além da experiência em si e da gastronomia, a ambientação do restaurante chama muito a atenção.
FD - 
Eu tenho duas atividades: uma é de ‘restauranteiro’ e a outra é de designer, eu faço decoração de interiores. Essa parte é a que eu gosto mais de fazer. Garimpar coisas, como os lustres [da área de buffet] do restaurante, que são antenas parabólicas que achei em uma estrada. Comprei na época e aí trouxe para cá. Tudo aqui tem história. Inclusive, a grande maioria das coisas que tenho aqui eram da minha casa e eu trouxe para cá, para dar essa ideia de casa, sentir essa coisa de quase uma família. Era esse o espírito que a gente queria dar. As pessoas se servem, vão lá, pegam seu prato, seus talheres, isso tira a formalidade do restaurante.
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AAB - Existe também uma questão sustentável aqui, com os alimentos e com os animais.
FD - 
Eu tenho uma roça aqui em cima, onde eu cultivo todos os verdes, os orgânicos que a gente faz e trouxe da minha casa, meus bichos que estavam lá, meus cavalos, minhas galinhas, abelhas, quis trazer essa identidade familiar para cá.

Fotos: Elias DantasTambém estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

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