De executivo em São Paulo a ‘restauranteiro’ em Trancoso, conheça a história de Fernando Droghetti

redacao@aloalobahia.com

Fernando Droghetti nasceu em São Paulo, onde estudou Economia e trabalhou no mercado financeiro por 14 anos, até que decidiu dar um tempo da vida atribulada. Há quase três décadas, foi conhecer Trancoso, no sul da Bahia. O destino turístico ainda era sossegado, sem a badalação conhecida dos últimos anos. O passeio virou morada e o lugar, casa.

​Como ‘hobby’ montou, sem pretensão, sua primeira loja de decoração no Quadrado, nos anos 90, abrindo depois filiais em São Paulo e Barcelona. Vieram depois a primeira pousada boutique e a Jacaré do Brasil Casas – conceito inovador de hospedagem na época. Hoje, o empresário se dedica aos restaurantes Jacaré do Brasil e Floresta, em Trancoso, e, desde 2019, ao Da Comporta, na Praia da Comporta, em Portugal, vivendo temporadas de Verão nos lugares que elegeu como lar.

Com o portal Alô Alô Bahia, Fernando Droghetti, ou Jacaré, como é conhecido, conversou sobre seus projetos e expectativas para a temporada de verão baiana, que está apenas começando.
 
Alô Alô Bahia - Como começou sua história com Trancoso?
Fernando Droghetti - Eu atuava na Bolsa de Valores, em São Paulo. Eu sou de lá. Trabalhei 14 anos numa corretora e vim parar em Trancoso depois de um surto que eu tive. Resolvi tirar um ano sabático daquelas loucuras do mercado financeiro. Eu não conhecia Trancoso mas, no dia que cheguei, percebi que gostaria de morar aqui. Na época, não tinha nada ainda, nem um asfalto, e eu vim para ajudar a desenvolver também. Já tive duas pousadas, restaurantes, loja de decoração, que depois levei para São Paulo (tive cinco lojas), mas sempre com um ponto aqui. Hoje, tenho esses dois restaurantes aqui – Jacaré do Brasil, com 25 anos, dez deles no local atual, e o Floresta, que está em seu quinto verão, além de um restaurante na Comporta, em Portugal, e me divido seis meses cá, seis meses lá.
 
AAB - Qual sua expectativa para essa temporada de Verão?
FD - A expectativa é que esse verão seja muito bom. Não deverá ser tão cheio como nos outros anos, já que as pessoas ficaram dois anos sem viajar por conta da Covid e aí, ao longo do ano inteiro, quando abriram as fronteiras, todo mundo viajou muito pra fora. Então, a gente espera um público um pouco diferente. Trancoso deve voltar à calma de três, quatro anos atrás, com menos carros e com as pessoas transitando mais na cidade. Eu acho que vai ser, na minha opinião, um grande verão.
HuqFtAF.md.jpg 
AAB - O Floresta é um restaurante diferente, focado em experiências, no meio de um seringal. Como surgiu a ideia deste lugar?
FD - O Floresta era um sonho meu. Isso aqui era uma fazenda de uns amigos e eu andava sempre aqui, a cavalo ou de bicicleta, por este seringal. Aqui tinham três casas de colonos abandonadas. E eu olhava para esse canto aqui [mostra o lugar] e sempre falava: nossa, eu preciso dividir isso com as pessoas, porque é muito bonito. Um lugar completamente diferente, especial, onde a gente nem conhece o que é uma fazenda de seringa e é aqui, do lado, dentro da cidade. E aí, eu falei, vou fazer um restaurante para trazer as pessoas para uma experiência. Tem o Jacaré lá [na entrada do Quadrado] mais comercial, mas eu gosto muito dessa coisa da experiência, de você poder ver Trancoso como um trancosense vê, que não é a vida só de praia.
 
AAB - É verdade que a equipe do Floresta é formada por funcionários que trabalhavam na sua casa?
FD - 
Minha equipe aqui é quase como se fosse da minha família. Eu abri o Floresta e trouxe toda a equipe da minha casa, que trabalha comigo há 20 anos. A proposta era fazer a comida da minha casa, da maneira como eu recebo. Então, eu copiei a cozinha da minha casa, a entrada também, e trouxe todo mundo. Eu fechei minha casa e falei: vamos fazer uma experiência, mas a ideia era de receber as pessoas como eu recebo em casa. Então, não tem nome na porta, não tem placa, você só entra com reserva. A proposta da comida aqui é como eu faço na minha casa. Todo dia, uma comida nova.
 
AAB - Além da experiência em si e da gastronomia, a ambientação do restaurante chama muito a atenção.
FD - 
Eu tenho duas atividades: uma é de ‘restauranteiro’ e a outra é de designer, eu faço decoração de interiores. Essa parte é a que eu gosto mais de fazer. Garimpar coisas, como os lustres [da área de buffet] do restaurante, que são antenas parabólicas que achei em uma estrada. Comprei na época e aí trouxe para cá. Tudo aqui tem história. Inclusive, a grande maioria das coisas que tenho aqui eram da minha casa e eu trouxe para cá, para dar essa ideia de casa, sentir essa coisa de quase uma família. Era esse o espírito que a gente queria dar. As pessoas se servem, vão lá, pegam seu prato, seus talheres, isso tira a formalidade do restaurante.
HuqFL8P.md.jpg
AAB - Existe também uma questão sustentável aqui, com os alimentos e com os animais.
FD - 
Eu tenho uma roça aqui em cima, onde eu cultivo todos os verdes, os orgânicos que a gente faz e trouxe da minha casa, meus bichos que estavam lá, meus cavalos, minhas galinhas, abelhas, quis trazer essa identidade familiar para cá.

Fotos: Elias DantasTambém estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

NOTAS RECENTES

TRENDS

As mais lidas dos últimos 7 dias