Alô Alô Política



30 Jun 2023

A confissão eleitoral de Jerônimo e as agendas do governador

Nas mãos de Fux

Já está nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux a ação que pode trazer problemas para a escolha da ex-primeira-dama Aline Peixoto, esposa do ministro Rui Costa (PT), para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) foi movida pela Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil (ANTC) e tem o objetivo de barrar a nomeação de parentes de presidentes, governadores e prefeitos para os cargos de conselheiros das cortes. A ação, de acordo com a movimentação do processo, já está pronta para uma decisão de Fux, que é relator do caso. Além de Rui, outros ministros de Lula também indicaram esposas para tribunais de contas e também podem ter problemas.

Confissão eleitoral

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) deu sinal verde para vários termos de aditivos nos convênios assinados pelo seu antecessor, Rui Costa (PT), às vésperas das eleições de 2022. Um ano depois, muitas obras e investimentos sequer saíram do papel e tiveram que ter o prazo dilatado para não perderem a validade. Para interlocutores, a manobra é uma espécie de confissão pública de que os convênios foram usados unicamente para fins eleitorais sem nenhuma contrapartida prática para as prefeituras. É o caso de Itaquara, Sento Sé, Irajuba, Coração de Maria, Jaguarari e Tremedal, cujas obras de construção e reforma de escolas ganharam sobrevida de 12 meses, de acordo com publicação do Diário Oficial desta quinta (29).

Governo do abandono

A lista de equipamentos abandonados pelo Governo do Estado em Salvador tem mais espaço pouco falado. Fechado, pasmem, desde 2018, o Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia (MCT), no Imbuí, segue em situação de degradação e sem uma definição do governo petista, que chegou a prometer "a concepção de um projeto de revitalização conceitual e de infraestrutura" em 2021. Contudo, até hoje nada. Inaugurado em 1979 pelo ex-governador Roberto Santos, o museu foi o primeiro espaço interativo do gênero na América Latina. O equipamento se junta a outros que pedem socorro à gestão petista, a exemplo do antigo centro de convenções, no Stiep, e as obras do monotrilho do Subúrbio, que seguem abandonadas após a desativação do trem.

Sem tempo, companheiro

A agitada agenda social do governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem gerado burburinhos entre parlamentares e integrantes do primeiro escalão do petista. Enquanto prioriza a participação em eventos festivos, viagens e atividades de instituições e aliados, Jerônimo tem deixado de lado o despacho com seu time de secretários e dirigentes de órgãos. Um deles chegou a reclamar com um parlamentar que tenta marcar, há quase dois meses, um encontro com Jerônimo para discutir um assunto sensível, mas não tem encontrado espaço na agenda do governador.

Rainha da Inglaterra

A situação, de acordo com parlamentares, decorre do fato de as decisões importantes passarem pelo ex-governador Rui Costa, que, mesmo em Brasília, continua com forte influência no governo. Políticos com trânsito no Palácio de Ondina contam que ao menos cinco secretários e dirigentes de órgãos têm despachado com Rui para tomar decisões administrativas, que acabam não passando por Jerônimo. Embora seja fiel escudeiro de Rui, Jerônimo tem se mostrado incomodado com a situação.

Desgaste com o Agro

Após enfrentar desgaste com o agronegócio baiano por conta da falta de um posicionamento firme sobre as invasões do MST, Jerônimo deve sofrer novamente com a pressão do setor por conta de um projeto que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos, procedimento muito utilizado principalmente na produção de grãos. A proposta, que tramita na Assembleia Legislativa, é vista com preocupação por entidades do Agro da Bahia, que temem a aprovação da medida. Segundo elas, caso o projeto seja aprovado, resultará no aumento do custo de produção e pode inviabilizar muitos negócios. A medida é defendida por deputados mais à esquerda, mas criticada por parlamentares ligados ao setor, muitos inclusive da base governista. Resta saber como o governo vai se posicionar.

Aos amigos, o luxo

Já chegou à casa de R$ 155 milhões o montante parcial gasto pelo governo do Estado nas festas de São João e São Pedro, mas a distribuição dos recursos passou longe de fazer a alegria geral. Isso porque algumas poucas cidades abocanharam para si cifras que romperam a casa de R$ 1 milhão, caso de Barra do Choça, Coração de Maria, Itiruçu, Lauro de Freitas e Muniz Ferreira - todas elas de aliados fiéis ao governador Jerônimo desde a ocasião da campanha eleitoral.

Ao adversários, pão e água

Na fronteira oposta à fartura ficaram as cidades tratadas a pão e água, cujos prefeitos não colocaram a estrela no peito na corrida eleitoral de 2022, a exemplo de Santo Antônio de Jesus. Mesmo sendo destino quase sagrado nas festas juninas, o município viu o valor do convênio deste ano derreter pela metade e teve ajuda de apenas R$ 50 mil. Em situação pior ainda estiveram Xique-Xique e Vitória da Conquista, governadas por gestores aliados de ACM Neto. Na Suíça baiana, Jerônimo injetou quase meio milhão de reais em um instituto de sustentabilidade, mas não pingou um centavo sequer para ajudar os cofres municipais.

Saudade do ex?

Todo mundo sabe que a vida que o vice-governador Geraldo Junior leva no governo está longe de ser a que ele sonhava. Pediu morada oficial, secretaria, espaço na gestão, poder, e nada disso foi atendido. Nesta semana o Líder apareceu de surpresa no almoço dos vereadores de Salvador. Ficou 30 minutos com os edis. O evento era exclusivo para os legisladores soteropolitanos. Uma figura presente até brincou: “Está com saudade da ex-casa”.

Cadê o dinheiro?

Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) identificou uma série de irregularidades nas contas de 2021 da Secretaria da Cultura da Bahia (Secult-BA). Entre elas estão pagamentos de mais de R$ 37 milhões sem registros nos sistemas de controle. As irregularidades envolvem ainda a falta de celeridade e efetividade na realização da prestação de contas, o descumprimento de normas relacionadas ao repasse de verbas para fomento cultural e falhas no acompanhamento, monitoramento e avaliação da execução das ações pactuadas. Segundo o TCE, as falhas são recorrentes e vêm sendo apontadas há pelo menos sete anos sem que o governo adote medidas para resolver a situação de falta de transparência e controle interno.

Foto: Divulgação.

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24 Jun 2023

A festa da torcida do Flamengo bancada pelo governo e a empresa carioca nos museus baianos

Pense num absurdo...

O absurdo da festa junina realizada pela torcida organizada do Flamengo em Teixeira de Freitas e bancada pelo governo do estado tem como pano de fundo a participação de pessoas ligadas a membros influentes da gestão de Jerônimo Rodrigues. Segundo apurou a coluna, o evento, que contará com a participação de artistas de peso, tem como mentor Davi Loyola, irmão do chefe do Gabinete de Jerônimo. Davi, de acordo com a apuração, é integrante da Flatexas, torcida do time carioca no município do Extremo Sul, e muito ligado à direção da entidade. Além de estar por trás da realização dos festejos, Davi articula para emplacar o ex-deputado Uldurico Pinto (MDB) como candidato da base governista no ano que vem contra o atual prefeito, Marcelo Belitardo (União Brasil). 


...Na Bahia tem precedente

Uldurico, inclusive, aparece entre os apoiadores da festa, assim como o governo, o que pode caracterizar promoção pessoal de agente público, uma vez que o evento terá patrocínio público, do governo de Jerônimo. E não para por aí. Na inscrição cadastral da Flatexas, só há a permissão para atividades ligadas a eventos esportivos e não a festejos como o que acontecerá em Teixeira. Para completar, ainda falta transparência ao processo, uma vez que o governo tem atrasado a publicação dos contratos de contratação para os festejos juninos - não apenas em Teixeira. Em resumo: mais um caso flagrante de ilegalidade bancado pelo governo do estado. 

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Influência é tudo 

E por falar nos festejos juninos, tem gente muito influente no governo do estado fazendo papel de empresário de bandas que vão tocar pelo interior. Chama a atenção uma banda que vai se apresentar em mais de dez cidades, com valor total superior a R$500 mil. A tal atração, garantem fontes da coluna, tem por trás um figurão muito próximo de integrantes do primeiro escalão de Jerônimo. Como o caso já é do conhecimento geral, já há quem diga que o cidadão vai dançar. Agora, não se sabe se vai dançar por ação dos órgãos de controle e fiscalização ou se vai mesmo é dançar seu forró em paz. 


A pergunta de R$ 1 milhão

No dia 6 de fevereiro, quando o governador Jerônimo Rodrigues (PT) inaugurou uma escola no município de Amélia Rodrigues, a Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur) contratou e pagou R$ 1 milhão para a empresa Mais Ações Integradas Ltda realizar um “projeto” naquela cidade. A fatura milionária, porém, só se tornou pública no dia 14 deste mês, quando da publicação de um termo de reconhecimento de débito no Diário Oficial do Estado, indicando que a gastança foi feita sem previsão contratual. A manobra, contudo, não é novidade no túnel do tempo dos pagamentos entre governo e a referida empresa. 


Faturamento em alta

Em menos de dois anos, a Mais Ações viu sua receita disparar em níveis atípicos a partir de compromissos financeiros com o Poder Executivo da Bahia. Saiu do faturamento de R$ 730 mil em 2021 para R$ 34 milhões em 2022, em meio a inúmeros eventos no período eleitoral. Este ano, o balanço parcial até esta quinta-feira (22), mostra que a empresa já recebeu R$ 16 milhões, sendo a maior parte (R$ 7,7 milhões) vindos do gabinete do governador Jerônimo.


Gestão gaúcha, contrato carioca

O governo da Bahia deixou a cargo de uma empresa do Rio de Janeiro a produção artística e a promoção de eventos em seis museus baianos. A Barra Livre Eventos e Promoções Ltda vai receber quase R$ 2 milhões num intervalo de seis meses. De acordo com os resumos dos contratos publicados no Diário Oficial do Estado no último dia 15, a empresa receberá o valor R$ 896.999,98 apenas para atividades relativa ao Palacete das Artes. Outros R$ 852.000,00 são referentes ao Museu de Arte Moderna - MAM, Museu de Arte da Bahia - MAB, Galeria Solar Ferrão, Museu do Recôncavo Wanderley Pinho e Museu Parque Histórico Castro Alves - o que soma um total de R$ 1.750.999, 98. Ambos os contratos foram assinados com a benção do gaúcho secretário de Cultura, Bruno Monteiro, com as digitais da diretora geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), Luciana Mandelli, e do representante da empresa carioca, Ricardo Perrotta Binnios.


Com João, sem saúde

Moradores de Ribeira do Pombal e outros 15 municípios vizinhos vão ficar à deriva no atendimento de saúde durante os festejos de São João. Motivo? A Policlínica Regional construída pelo governo estadual entrou em recesso no último dia 19 e só reabrirá as portas em 3 de julho. A medida provocou indignação geral na população e fez valer as críticas de que a unidade, inaugurada há menos de dois anos com o custo de R$ 29 milhões, está subutilizada, se tornando um verdadeiro elefante branco. Mais absurda que a decisão do fechamento foi a direção da policlínica afirmar que ela se deu por responsabilidade de eventuais pacientes faltosos.


Calote nos aposentados

Aposentados e pensionistas do serviço público na Bahia continuam em caravana para fazer o governador Jerônimo cumprir o reajuste salarial que lhes cabe legalmente. O contracheque de junho repetiu a surpresa indigesta de maio, a partir de quando eles deveriam ter o acréscimo de 20% que o petista concedeu às funções comissionadas. O direito é assegurado porque ele deixaram a ativa com estabilidade econômica, podendo manter a mesma remuneração de quando ocupavam cargos de confiança. O périplo em busca de explicações passa pelo SAC, Suprev, Ouvidoria, Secretaria de Administração e até no zap do próprio governador, mas ainda sem nenhum retorno. Enquanto a situação persiste, tem aposentado levando calote de até R$ 700. 


Vitor Mau Fim

Os projetos de Lei, comendas, honrarias, e títulos dos deputados estaduais deixaram de ser votados nesta terça-feira (20/6) por causa de uma manobra do deputado estadual Vitor Bonfim (PV). Nos corredores da ALBA, a conversa é que Vitor tem a antipatia da Casa, e, ainda assim, quer ser presidente do Legislativo estadual na sucessão de Adolfo Menezes (PSD). Já começou errado. 


Via Crucis Bahia

A saída para o feriadão pelas estradas virou quase uma aventura off road, sobretudo para quem pegou a BR-324, principal ligação de Salvador para as cidades do interior. Buracos em série, asfalto irregular, baixa sinalização e até falta de acostamento em alguns trechos formam uma verdadeira prova de fogo pela qual milhares de baianos têm de passar para curtir o São João. Tudo isso acontece numa rodovia com pelo menos duas praças de pedágio, sob responsabilidade da Via Bahia, concessionária que flagrantemente descumpre os termos contratuais de conservação das pistas, mas que tem a leniência dos governos do PT ao longo dos últimos anos - mantida com o governador Jerônimo Rodrigues. Nem o ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia, Rui Costa, que diz ter prestígio em Brasília, se move em favor dos baianos. Na Assembleia Legislativa, até aliados dos petistas já falam em requerer a prisão dos diretores da empresa.

Fotos: Divulgação

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16 Jun 2023

O novo factóide do governo, o castelo de areia de Jerônimo e o forró da perseguição

Pede música

Seguindo a cartilha dos antecessores, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) parece continuar a fábrica de factoides em torno de obras no estado. O mais novo anúncio veio nessa semana com um estudo de viabilidade para a implantação de um trem entre Salvador e Feira de Santana. O problema é a falta de credibilidade dos governos petistas, que tem uma lista de promessas não cumpridas, a exemplo da ponte Salvador-Itaparica e do VLT - que virou monotrilho - do Subúrbio, que, pela proposta do governo, iria até Simões Filho. Mas, até agora, nada de obra. Já tem gente dizendo que, desse jeito, Jerônimo vai pedir música no Fantástico com as promessas de obras não cumpridas pelos governos petistas. Nas redes sociais, internautas chegaram a sugerir que a nova promessa de Jerônimo vai ser mais uma ilustração em 3D para colocar em outdoor e na propaganda do governo.

Promessa 3D

Só para concluir o assunto, Jerônimo declarou nessa semana que não há previsão para o início das obras da ponte e do monotrilho. A primeira já vem sendo prometida há quase 20 anos e a segunda deveria ter ficado pronta em 2019, conforme os prazos anunciados pelo governo. Enquanto isso, tome-lhe 3D e propaganda!

Castelo de areia

A Paraná Pesquisa desta semana desmontou o castelo de areia montado pelo governo sobre a artificial aprovação de Jerônimo em Salvador. A cúpula governista chegou a improvisar uma margem de 70% para o petista, mas o levantamento oficial desta semana mostrou que Jerônimo figura entre os três piores governadores das dez maiores capitais brasileiras. Semanas atrás, o mesmo instituto apontou o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), com aprovação de quase 70% dos soteropolitanos, o que elevou a inquietude dos seus adversários.

São João seletivo

Já soma R$ 23 milhões o balanço parcial dos gastos do governo do Estado com festas do período junino. O valor está dividido em custos com decoração (R$ 500 mil), contratação de atrações musicais (R$ 5,5 milhões) e convênios com prefeituras (R$ 17,3 milhões), onde mora a maior parte das reclamações quanto ao critério (ou ausência dele) na distribuição dos valores. Santo Antônio de Jesus, por exemplo, recebeu apenas R$ 50 mil de apoio estadual, apesar de ser uma das cidades mais procuradas por baianos e turistas nessa época do ano, enquanto municípios menores e sem a mesma relevância tiveram aporte até três vezes maior - como é o caso de Varzedo e Laje, que receberam R$ 100 mil e R$ 120 mil, respectivamente.

Forró da perseguição

A principal diferença, na maioria dos casos, está na cor da bandeira partidária do gestor ou de quem ele é aliado. No caso de SAJ, além de ser filiado ao PSDB, o prefeito Genival Deolino é parceiro político do deputado Alan Sanches (União Brasil), líder da bancada de oposição ao governador Jerônimo, o que fez suscitar a hipótese de perseguição política. “A gente não entende o critério que está sendo utilizado para dar esse apoio muito pequeno, pífio para Santo Antônio de Jesus. Eu quero crer que não seja perseguição ao nosso município, à nossa cidade de Santo Antônio”, protestou Alan, ao pedir reavaliação do investimento.

Gastança

E por falar em gastos com festas no São João, um caso curioso vem do município de Itagibá, no Médio Rio de Contas. A cidade, que tem menos de 15 mil habitantes, terá artistas pomposos na sua grade de atrações para os festejos juninos, como João Gomes, Tayrone e Thiago Aquino. Para bancar a festança, o município vai desembolsar a bagatela de R$ 1,8 milhão, valor similar ao que a prefeitura local recebe por mês de transferência federal do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O prefeito Marquinhos Barreto (PCdoB) tem feito bastante alarde com o evento na cidade, que tem um IDH considerado baixo.

Joga y joga

Nos bastidores da política baiana, há quem diga que o advogado de Lula, Cristiano Zanin, indicado pelo presidente para o Supremo Tribunal Federal (STF), tem se articulado melhor com o Congresso Nacional do que o governo federal. Mostrando habilidade e capacidade de diálogo, Zanin tem se encontrado com diversos caciques partidários para consolidar sua indicação, que será apreciada pelo Senado. Já teve gente sugerindo que Zanin desempenharia muito melhor a função de ministro da Casa Civil.

Acabou o love

O presidente da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD), reclamou essa semana durante uma sessão: “Está aqui para votar o pessoal da oposição, o pessoal do governo é que não está na Casa ou não está no plenário. Só a oposição ajudando, viu, Rosemberg (Pinto, líder do governo)”. A principal queixa é quanto aos cargos em estruturas no interior do estado e no terceiro escalão do governo. Rosemberg ficou visivelmente enfraquecido no plenário e ainda teve de ouvir Adolfo expor nos microfones que a sessão só foi adiante graças aos oposicionistas

Guerra fria

Nas entrelinhas da declaração de Adolfo está também a articulação do presidente do Legislativo para minguar o sonho de Rosemberg de comandar a Assembleia Legislativa no biênio 2025-2026. Embora hoje a reeleição do atual presidente seja vedada pela legislação, não é novidade para ninguém que Adolfo deseja seguir no cargo e já trabalha para minar os possíveis adversários.

Quem fala o que quer...

Como diz o ditado, quem fala o que quer ouve o que não quer. Em uma de suas raras aparições na tribuna da Alba, o deputado estadual Eduardo Alencar (PSD) foi questionar uma operação de crédito de Simões Filho, município do qual foi prefeito, e tomou uma invertida da deputada Kátia Oliveira (União Brasil), esposa do atual prefeito, Dinha Tolentino. Precisou ela lembrar a Eduardo, que é irmão do senador Otto Alencar (PSD), que ele deixou o município com 92% de endividamento em relação à receita e com o "nome sujo", sem poder celebrar convênios e contrair empréstimos. Hoje, Simões Filho tem classificação B na capacidade de pagamento - considerada boa - e endividamento abaixo de 50%.

Base desunida I

A base governista tem batido cabeça no Extremo Sul. Enquanto, na teoria, os caciques petistas pregam candidaturas únicas do grupo nas maiores cidades, na prática a situação tem sido bem diferente. Em Teixeira de Freitas, por exemplo, o MDB já avisou que vai lançar o ex-deputado Uldirico Filho, enquanto o PT não abre mão da advogada Raíssa Félix, esposa do ex-prefeito João Bosco - que só não vai disputar porque está inelegível. A divisão da base governista pode ajudar o atual prefeito Marcelo Belitardo (União Brasil).

Base desunida II

Em Eunápolis a situação é similar. Por lá, a prefeita Cordélia Torres (União Brasil) deve ter como adversário o ex-prefeito Robério Oliveira (PSD), mas o atual prefeito de Santa Cruz Cabrália, Agnelo Santos, que se filiou recentemente ao Avante e é o favorito do presidente do partido, Ronaldo Carletto, também está de olho na disputa.

Fake pra todo lado

Na sessão da última quarta, na Assembleia Legislativa, o deputado Emerson Penalva (PDT) precisou desmentir as informações colocadas de maneira distorcida pelo petista Robinson Almeida sobre o reajuste salarial concedido aos professores da rede municipal. O pedetista esclareceu que, enquanto o governo estadual deu apenas 4% aos professores que têm subsídio, o prefeito Bruno Reis aplicou reajuste linear de 8% para toda a categoria. Vale lembrar que, mesmo com o reajuste concedido pelo governador Jerônimo Rodrigues, os professores da rede estadual passaram todo este primeiro semestre com salário-base abaixo do que estabelece o Piso Nacional do Magistério.

Segue como gincana

E a resenha mais recente entre os deputados, incluindo governistas, é que o Bahia sem Fome já tem corrida e jingle, só não tem mesmo Projeto de Lei.

Ao som da zabumba

O conselho de administração da Embasa convocou uma Assembleia Geral às vésperas do São João, na próxima quinta-feira (22), para chancelar a emissão de R$ 300 milhões em debêntures da companhia. Na prática, a modalidade funciona como uma aquisição de empréstimo indireto, em que os títulos da empresa são colocados à venda no mercado de capitais. Por ora, as debêntures não serão conversíveis em ações, mas na avaliação de políticos e interlocutores da empresa, o movimento soa como um ensaio para a tentativa de privatização. Vale lembrar que já existe uma lei estadual sancionada pelo então governador Rui Costa que abriu o caminho para o processo de privatização - o que contraria as manifestações históricas do PT contrárias a essa direção. Agora, a boiada vai passar ao som da zabumba.

Foto: Divulgação.

12 May 2023

Rui Costa na berlinda, a desarticulação do governo federal e o racha na base petista para 2024

Rui na berlinda

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, pode ter sua situação agravada na próxima semana com uma convocação para prestar esclarecimentos no Congresso em relação às declarações que deu sobre a privatização da Eletrobras. O ex-governador baiano, que vem sendo fritado em Brasília dentro e fora da base do presidente Lula, tem visto sua situação política piorar nos últimos dias. Ele, inclusive, tem sido chamado nos bastidores de "Ruim Costa", apelido que alguns de seus aliados na Bahia já utilizavam. Entre parlamentares, a convocação já é dada como certa, até porque o procedimento tem se repetido com outros ministros de Lula, a exemplo de Flávio Dino (Justiça), que tem frequentemente sido chamado pelo Congresso.

Ruído

Parlamentares influentes no Congresso dizem que Rui mexeu num vespeiro ao fazer declarações levantando suspeitas contra a privatização da Eletrobras. Para eles, esse tema relacionado à empresa ainda vai gerar muito ruído entre governo e Congresso.

Desarticulação

Em Brasília, a avaliação geral é que o governo Lula está perdido em matéria de articulação política. Além das derrotas que vem sofrendo no Congresso, o governo tem cometido trapalhadas na relação com os partidos. Na mesma semana que tenta melhorar a relação com o União Brasil, ao mandar vários emissários para tentar ampliar o diálogo com o partido, a articulação governista insiste na substituição do superintende da Codevasf em Bom Jesus da Lapa, cargo indicado pelo deputado Arthur Maia, provável presidente da CPMI do 8 de janeiro. Some-se a isso a desastrosa passagem de Lula pela Bahia.

Pérola da semana

Parece ser inesgotável a capacidade do governador Jerônimo Rodrigues de fabricar pérolas. A última foi nesta semana quando disse que os índices da segurança na Bahia são bons. Imagine dizer que o estado mais violento do país, que há anos lidera o ranking de homicídios, tem bons índices... No meio político estão dizendo que Jerônimo é o verdadeiro "Dilma de calças".

Fome de poder

Tem um certo lobista no Extremo Sul da Bahia, irmão de um poderoso figurão do alto escalão do governo do estado, que vem chamando atenção nos bastidores por sua atuação ostensiva contra políticos locais. O cidadão tem avançado em licitações de algumas prefeituras e tem até indicado pessoas ligadas a ele para cargos em municípios. O tal lobista tem ido com tanta sede ao pote que o assunto já chegou na capital entre alguns grupos da base governista. Quem tomou conhecimento do modus operandi ficou de queixo caído.

Racha à vista

Os debates e especulações em torno da eleição de 2024 já estão provocando rachas no grupo governista do estado. Enquanto alimenta o desejo de disputar a Prefeitura de Salvador, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) viu crescer nos últimos dias o nome do presidente da Conder, José Trindade (PSB), como candidato do grupo no pleito eleitoral na capital baiana. A especulação, apostam caciques governistas, deve dividir a base, já que ambos os nomes estão longe de serem unanimidade entre os aliados. Trindade, pelo que dizem parlamentares que acompanham o imbróglio, é o favorito do ministro Rui Costa (PT).

Para bom entendedor…

Ao perceber o movimento de Trindade, que conta com o apoio do governador Jerônimo Rodrigues (PT) - influenciado por Rui -, Geraldo Junior começou a se movimentar. Em entrevista a uma rádio nesta semana, o vice se mostrou bastante incomodado quando o assunto de uma possível candidatura de José Trindade veio à tona e mandou um recado para Rui. “Eu acho que Rui não vai mais cometer equívocos na política de Salvador”, disse ele, numa alusão a candidata derrota na última eleição, Major Denice.

Casa de ferreiro, espeto de pau

Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estados (TCE) colocaram ressalvas no julgamento das contas do secretário estadual da Fazenda, Manoel Vitório, relativas ao exercício de 2021, após terem identificado uma diferença de quase meio bilhão no caixa do governo. A bronca mora na divergência entre os saldos registrados nos sistemas de contabilidade das empresas estatais dependentes e aqueles constantes no sistema Flipan (Balanço do Estado), distorcendo as Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado, em R$ 490,5 milhões. Essa não é a primeira vez que o titular da Sefaz é advertido sobre o descompasso financeiro. De acordo com o relatório de auditoria do TCE, os alertas se repetem desde 2014. É como diz o ditado popular: “casa de ferreiro, espeto de pau”.

Bola fora I

Em sua vinda à Bahia nesta quinta-feira (11), o presidente Lula decidiu adotar a mesma estratégia do antecessor Jair Bolsonaro que, em seu início de governo, sofreu derrotas no Congresso Nacional. Com o governo emperrado, Lula transformou eventos institucionais em atos políticos e deu sinais de que não desceu ainda do palanque, atacando adversários e fazendo discurso para a militância.

Bola fora II

No discurso, Lula ainda voltou a soltar uma pérola sobre Jerônimo, como fez na campanha do ano passado. Ao discursar sobre a escolha do governador para a disputa eleitoral, o presidente disse acreditar que o petista perderia a eleição por causa dos péssimos indicadores da Bahia na Educação, área que foi comandada por Jerônimo no governo de Rui Costa. O estado figurava - e ainda figura - no último lugar no ensino médio. “Aí aparece Rui Costa indicando Jerônimo, que tinha sido secretário de Educação, sabia que educação aqui não estava na melhor situação”, disse o presidente, causando constrangimento geral no ato político desta quinta.

Promessa quebrada

Jerônimo Rodrigues quebrou mais uma promessa de campanha. Depois de passar a eleição prometendo instalar câmeras de monitoramento na farda dos policiais, ele voltou atrás. O governador petista acaba de cancelar o processo licitatório para a compra dos equipamentos.

Filme repetido

O caos da fila da regulação na Bahia ganhou um novo e dramático episódio nesta quinta-feira (11) em Camaçari. Um grupo de pessoas que têm parentes e amigos internados em unidades do município foi até um vereador para pedir auxílio para a transferência para hospitais estaduais. O vereador, então, decidiu escrever uma carta com os nomes dos 44 pacientes internados que aguardavam na fila da regulação e levou o grupo à sede do PT para entregar o documento e direcioná-lo ao governador Jerônimo Rodrigues (PT). O caso vem ganhando repercussão e volta a alertar para esse grave problema que o estado vive.

Calote de Jerônimo nos professores I

O reajuste oferecido pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) aos professores estaduais não será suficiente para equiparar a remuneração da categoria ao Piso Nacional do Magistério, de R$ 4.420,55, determinado pelo Ministério da Educação para este ano. De acordo com o Projeto de Lei 24.869, aprovado pela Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) na última terça-feira (9), professores e coordenadores pedagógicos terão o reajuste de 4% retroativo a 1º de fevereiro. Em 1º de março um novo reajuste acontece, totalizando uma correção de 7,41%, o que deixa o salário inicial em R$ 4.135,28 - portanto abaixo do que prevê a legislação federal. A conta só alcança o valor do Piso Nacional a partir de 1º de julho, quando deverá haver uma nova atualização salarial.

Calote de Jerônimo nos professores II

Para os professores indígenas o prejuízo é ainda maior porque eles até agora não tiveram a recomposição do Piso Nacional de 2022. Na época, o então governador Rui Costa excluiu a categoria da atualização salarial. No início deste ano Jerônimo chegou a enviar para a Assembleia Legislativa um projeto propondo fazer essa correção, mas logo depois retirou de tramitação e deixou os professores indígenas a ver navios. E para piorar, essa categoria também só terá salário equiparado ao piso deste ano a partir de julho.

Pacote de maldades

O pacote de projetos enviados pelo governador Jerônimo à Assembleia ganhou o apelido de pacote de maldades, porque na prática ele dá com uma mão e tira com a outra. É o caso do reajuste no Planserv, que o governo omitiu da redação do projeto, mas aplicou nas tabelas em anexo, sem sinalizar as alterações. A tentativa de enganar os servidores foi descoberta assim que a bancada de oposição colocou uma lupa nos projetos e denunciou que o reajuste salarial de 4% oferecido pelo petista não ficaria no bolso do servidor já que ele também elevou em 4% a taxa do Planserv. Em alguns casos, a nova cobrança chegará a 8%.

Pesando no bolso

Por outro lado, o governo só vai ajustar em 0,5% sua contribuição para manter o plano em funcionamento. Anos atrás, a fatia do Estado era de 5%, mas despencou para 2% após sucessivas reduções feitas pelo ex-governador Rui Costa (PT). Agora, sob risco de interrupção do serviço, o governo pretende subir sua responsabilidade para 2,5%, enquanto deixa a carga de até 8% na conta dos servidores.

Rombo milionário

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou um rombo de R$ 8,38 milhões no contrato de concessão do aeroporto de Porto Seguro, firmado entre o Governo da Bahia e a empresa que administra o terminal. A Corte já havia declarado a ilegalidade do contrato de concessão e determinou que a Agerba não renove o acordo e faça uma apuração para quantificar o dano aos cofres estaduais e identifique os responsáveis para que possa ser realizado o ressarcimento. Levando em conta a correção, o valor das irregularidades pode chegar a R$ 15,2 milhões.

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Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil.

5 May 2023

A derrota de Rui Costa, o desgaste do ministro, o isolamento de Geraldo Jr. e o café da manhã indigesto de Jerônimo

Recado do Congresso a Rui

Tem sido crescente o desgaste do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Nesta semana, o ex-governador da Bahia sofreu aquela que é considerada a sua maior derrota até aqui com a derrubada, pela Câmara dos Deputados, do decreto presidencial que alterou a regulamentação do Marco Legal do Saneamento Básico. As mudanças assinadas por Lula tinham as digitais de Rui, que pretendia, com a medida, beneficiar a Embasa. A empresa baiana vem sendo alvo de críticas pela péssima qualidade dos serviços, inclusive em Salvador, onde a Prefeitura tem cobrado melhorias. A Embasa vem desrespeitando a competência do município e atua na capital baiana sem contrato há mais de uma década, ofertando um serviço ruim. As alterações impostas por Rui permitiam que empresas estatais prestassem serviços de saneamento sem licitação com os municípios em região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião. O decreto acabou sendo derrubado de goleada, por 295 votos a favor e 136 contra, tendência que deve ser mantida também no Senado.

Brasília não é Bahia

Parlamentares baianos que acompanharam intensamente os debates dizem que a derrota não é necessariamente do governo Lula, mas especialmente de Rui, que foi o principal fiador da proposta de alteração do marco do saneamento. Sob anonimato, eles dizem que nem mesmo lideranças governistas na Câmara trabalharam para salvar a proposta. "Foi uma derrota vexatória. O que se percebe é que a articulação do governo deu corda pra ele (Rui Costa) se enforcar. E foi exatamente o que aconteceu", disse um deles. "Rui chegou em Brasília achando que estava na Bahia, onde tinha um Legislativo amigo e subserviente. Quis mudar uma lei por decreto e recebeu uma resposta forte da Câmara", continuou outro, em conversa com a coluna. Para eles, o governo pode até trabalhar para salvar a pele de Rui no Senado, mas duvidam que isso aconteça.

Persona non grata

Um ministro do governo Lula revelou nesta quinta-feira (4) à coluna que Rui conseguiu ser uma unanimidade com os demais colegas da Esplanada. Uma unanimidade, contudo, negativa, por seu perfil autoritário. No Congresso a má fama do ministro é pior ainda. Isso porque o ex-governador da Bahia defendeu que os restos a pagar não fossem quitados para pressionar o Congresso, mas fracassou. Ele foi voto vencido em uma reunião interna da cúpula governista, derrotado pelos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda) e pelo senador Jaques Wagner (PT).

Presente de grego

E por falar em restos a pagar, esta prática - considerada por muitos uma pedalada fiscal - que deveria ser apenas utilizada em casos excepcionais se transformou em política pública da gestão de Rui Costa na Bahia. Ao longo dos oito anos de governo Rui no estado, o aumento do volume de restos a pagar foi de 178%. No primeiro ano, foram R$ 714 milhões. Já em 2022, quando encerrou seu segundo mandato, a conta chegou a R$ 1,985 bilhão. Presente de grego para o afilhado político e aliado Jerônimo Rodrigues (PT).

Ombro amigo

Após a derrota de Rui, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Adolfo Menezes (PSD), foi a Brasília e aproveitou para fazer uma visita ao ministro. Na boca miúda, os mais maldosos disseram que Adolfo foi consolar o amigo após o revés sofrido na Câmara e lembrar a ele como eram bons os tempos de governador da Bahia, quando o Legislativo estadual dizia amém para tudo.

Entre a cruz e a espada

O vereador Henrique Carballal (PDT) vive um verdadeiro dilema que tem lhe tirado o sono. Indicado para a presidência da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Carballal viu o sonho de assumir um cargo no governo estadual virar um pesado. Isso porque a própria Procuradoria Geral do Estado (PGE) recomendou a Jerônimo que não nomeie o vereador para o posto, com base na Lei das Estatais. Ele sabe que, se assumir o cargo, pode sofrer ações do Ministério Público, que, inclusive, já denunciou o vereador por prática de rachadinha. No MP, Carballal é persona non grata. O vereador já avisou que até renunciaria ao mandato para comandar a CBPM, mas a situação segue indefinida.

Solitário

O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) segue cada dia mais isolado no grupo petista no estado. Após não ganhar cargos de relevância nem no primeiro nem no segundo escalões do governo de Jerônimo Rodrigues (PT), o emedebista viu um de seus principais aliados, o vereador e presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz, migrar para o PSDB, que integra a base do prefeito Bruno Reis (União Brasil). Outros aliados de Geraldo, a exemplo do vereador da capital Henrique Carballal (PDT), seguem sem espaço no governo e têm situação indefinida. Na base aliada, o vice-governador não tem a simpatia nem mesmo do seu próprio partido.

Inferno astral

Como diz o ditado, desgraça pouca é bobagem. Além de estar enfrentando um inferno astral na política, Geraldo viu nesta semana seu perfil no Instagram ser invadido por hackers, que ofereceram "multiplicação de pix" e "retorno imediato". A invasão foi revertida em poucos minutos.

Apoiadores famintos

Um grupo de deputados estaduais saiu faminto do café da manhã oferecido esta semana pelo governador Jerônimo Rodrigues. A expectativa deles é que os pedidos de espaços e cargos, sobretudo no interior do estado, começariam a ser atendidos, mas a programação do encontro foi um balde de água fria. Reservadamente, um parlamentar governista disse que o evento não passou de um palanque para o governador expor pensamentos e ideais, seguidos de apelos para que a base se mantivesse unida em favor dos projetos que ele estava para enviar à Assembleia. O principal apelo do governador é para que a base sustente o reajuste salarial de 4% que ele propõe aos servidores estaduais. Os sindicatos falam em 9%, seguindo o parâmetro do governo federal.

Sem boa vontade com o servidor

Fato é que o governo estadual tem caixa para promover valorização salarial dos servidores, mas não tem boa vontade política. Rui Costa, por exemplo, fechou o ano passado com margem que permitia incremento real à classe, como mostra o relatório do terceiro quadrimestre de 2022 apresentado pelo secretário da Fazenda na Assembleia Legislativa. As despesas com pessoal corresponderam a 36,20 pontos percentuais da Receita Corrente Líquida, quando a Lei de Responsabilidade Fiscal afirma que o limite prudencial pode chegar a 46,17. Tem caixa, mas não tem boa vontade com o servidor.

Pedalada jurídica

O governador Jerônimo Rodrigues teve que recuar da sua travessia inconstitucional de nomear o auditor fiscal Ronaldo Nascimento Sant’Anna como conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM) porque o fez sem a devida autorização da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), como reza a Constituição do Estado. A trapalhada, assinada às vésperas de um feriadão, passaria desapercebida não fosse a vigilância dos deputados de oposição, que detectaram a ocorrência de crime de responsabilidade e até mesmo o risco de Jerônimo virar alvo de um impeachment por causa da pedalada jurídica. Em menos de 24 horas, Jerônimo correu de volta ao Diário Oficial e anulou a barbeiragem, que, segundo corre nos bastidores, caiu como uma bomba no colo do chefe da Casa Civil, o petista Afonso Florence.

À deriva

Depois da pedalada jurídica, o governo deixou o auditor Ronaldo Sant’Anna à deriva. De perfil técnico e de competência validada pelo próprio tribunal - tanto que compôs a lista tríplice enviada pelo TCM a Jerônimo - Sant’Anna teve que fazer uma caravana por conta própria na Assembleia Legislativa pedindo que os parlamentares analisassem seu currículo e encaminhassem a votação na CCJ e em plenário. O cenário contrapõe-se à operação de guerra que Jerônimo mobilizou para emplacar a esposa de Rui Costa na Corte. Mesmo sem comprovar o notório saber que a função exige, a enfermeira Aline Peixoto ganhou uma cadeira de conselheira do TCM pelas mãos de Jerônimo.

Chantagem

Um empresário de Itamaraju, no Extremo Sul baiano, com ligações familiares com a elite política da cidade, tem orbitado na cidade de Eunápolis para pressionar a Prefeitura a contratar os seus serviços. Após negativa do Executivo Municipal, o jovem empresário agora tem atuado forte como um verdadeiro chantagista, inclusive articulando com alguns vereadores o afastamento da prefeita Cordélia Torres do cargo. A "firula" dele para derrubar a prefeita pode custar caro, pois a imprensa e a justiça já estão de olho no movimento.

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Foto: Divulgação.

28 Apr 2023

A suspeita de crime de responsabilidade de Jerônimo, a propaganda do filho de Lídice e o movimento de Bruno Reis

Crime de responsabilidade?

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) atropelou a legislação estadual e oficializou, sem autorização prévia da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), a nomeação do auditor Ronaldo Nascimento de Sant’Anna para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Sant’Anna foi escolhido a partir da lista tríplice do TCM, pelo critério de antiguidade, mas só poderia ser oficializado se sua indicação fosse validada pelos deputados estaduais, conforme prevê o artigo 94 da Constituição do Estado da Bahia. Mesmo assim, o ato de nomeação foi publicado no Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira (28).

Legislação

A mesma Constituição ignorada no ato monocrático de Jerônimo também imputa ao governador crime de responsabilidade quando este atenta contra a Constituição Federal ou Estadual, segundo consta nos incisos 2 e 6 do artigo 106 da Constituição da Bahia. Respectivamente, eles citam como crime de responsabilidade atos do governador contra o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário, dos Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios, do Ministério Público e dos Poderes dos Municípios; e contra o cumprimento das leis e decisões judiciais.

Propaganda de milhões

A propaganda do governo do estado para segurança pública que virou piada nas redes sociais é produzida por uma agência que tem entre os sócios Bruno da Mata e Souza Carvalho, filho da deputada federal e ex-senadora Lídice da Mata (PSB). A série do governo, que tem o nome de “programa operação policial”, traz conteúdos das ações das forças de segurança e é desenvolvida pela CCA Comunicação e Propaganda. A propaganda tem sido comparada ao programa policial “Alerta”, liderado pelo bolsonarista Sikêra Jr e recebeu uma enxurrada de críticas na web. A série foi iniciada em fevereiro, mas ganhou repercussão nos últimos dias após a onda de violência que assola o estado. A empresa do filho de Lídice tem contrato com o governo do estado de R$ 355 milhões, conforme dados que constam na Transparência Bahia, com vigência iniciada em fevereiro de 2021 e término previsto para o próximo ano. Do total previsto, R$ 72 milhões já foram pagos. A CCA também tem contratos com a Bahiagás.

Operação abafa, sem sucesso I

A base do governo precisou montar uma operação de guerra para tentar conter a visibilidade do encontro de produtores rurais contra invasões de terras, que reuniu mais de dois mil homens e mulheres do campo esta semana na Assembleia Legislativa. O evento estava sendo transmitido ao vivo na TV Assembleia e nas redes sociais oficiais da Casa, mas saiu da programação porque o líder de governo mobilizou sua tropa a fim de dar quórum na sessão plenária que foi aberta quase simultaneamente ao evento - e que é agenda prioritária na transmissão televisiva da Casa. Ainda assim, alguns deputados governistas compareceram ao auditório e reiteraram apoio à causa ruralista.

Operação abafa, sem sucesso II

No dia seguinte ao encontro do Agro, o governo fez prevalecer seu entendimento sobre o parecer da Procuradoria da Assembleia Legislativa que acabou por vetar a instalação da CPI do MST. Um dos argumentos apresentados foi de que as matérias de direito civil e de direito agrário são competências da União, e, portanto, estão fora da alçada dos legisladores estaduais. O parecer só não levou em conta que os efeitos nefastos das invasões ou ameaça delas ficam como prejuízo estadual, a saber a tensão e risco de conflito armado no campo, a retração na produção e nos investimentos. Os mesmos deputados que assinaram o requerimento inicial da CPI devem se agrupar agora para judicializar o caso.

Judas do Agro

A exceção foi o deputado Eduardo Sales (PP), que numa clara tentativa de agradar a gregos e a troianos propôs estabelecer uma mesa de negociação com os invasores e proprietários de terras, sob a mediação do Governo do Estado. A hipótese foi rechaçada, ao coro de vaias, simplesmente porque invasão de terra é crime. Na prática, seria como se a vítima de um delito se sentasse para negociar com o criminoso a fim de reaver os bens que lhe foram subtraídos. Produtor rural e ex-secretário de Agricultura do Estado, Eduardo não demorou a ser chamado de “Judas do Agro” numa série de publicações que dominaram os grupos e as redes sociais, incluindo prints de matérias jornalísticas que registraram as vaias sofridas pelo pepista.

Em boa hora

O conjunto de medidas para o Centro Histórico de Salvador anunciado nesta quinta-feira (27) pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) surpreendeu governistas do estado. Enquanto os aliados do PT esperavam que as ações anunciadas seriam um “tiro no pé” de Bruno, o pacote de intervenções ganhou elogios e congratulações, inclusive nas redes sociais. O discurso principal foi que a Prefeitura decidiu tomar atitudes diante da omissão do governo petista em diversas áreas, em especial na segurança pública, que é de responsabilidade do estado.

Cobrança

Após o anúncio de Bruno Reis, usuários das redes sociais invadiram o perfil de Jerônimo no Instagram para cobrar do governador uma posição sobre a crise de violência que assola a Bahia, com um aumento nas últimas semanas. “Já deu uma olhada nos projetos para o centro histórico que a prefeitura de Salvador apresentou hoje? Você tem que tomar como exemplo! Ou vai continuar negligenciando a segurança no centro histórico?”, disse um deles. “Vai gastar 4 milhões com festa junina no centro de Salvador. Olhe o Instagram de @brunoreisba e veja o projeto que ele presenteou para o centro”, escreveu outro. “Infelizmente com tanta violência não podemos nem pensar nessa festa linda que é o São João”, declarou outra.

Desgaste

Fato é que o tema da segurança pública tem sido um calo no governo de Jerônimo, assim como foi na gestão de seu antecessor, o ministro Rui Costa. Parlamentares da base petista dizem que há uma preocupação no núcleo duro do governo diante do desgaste que o tema tem causado à administração de Jerônimo. Há uma avaliação, segundo dizem deputados, de que falta ao governador habilidade política para lidar com o tema e que a estratégia de evitar falar sobre tem se mostrado fracassada.

Democracia seletiva

O governador Jerônimo Rodrigues parece querer estabelecer uma espécie de democracia seletiva na Bahia, onde os elogios são bem-vindos, mas as críticas, juntamente com os autores delas, são condenáveis. Prova disso são as declarações recentes em que o petista usou termos pejorativos para se referir a políticos do campo de oposição, sem, contudo, responder objetivamente ao mérito das críticas que recebeu, especialmente no campo da segurança pública. A propósito, a avaliação do governador é que a culpa ainda está na conta do ex-presidente da República.

Desconfiança

O início do governo de Jerônimo tem causado desconfiança até mesmo no núcleo duro petista no estado. Um alto cardeal do PT manifestou a pessoas próximas sua preocupação com a condução do estado por Jerônimo. "Ele não pode ser tão ruim como parece", disse, ao comentar sobre a condução do governador das turbulências enfrentadas nos seus primeiros quatro meses.

Aposta feirense

Tem crescido nas bolsas de aposta o nome do deputado estadual Pablo Roberto (PSDB) para disputar a Prefeitura de Feira de Santana no próximo ano. Embora há quem considere que o ex-prefeito Zé Ronaldo (União Brasil) deve ser o candidato do grupo, interlocutores que acompanham as conversas dizem que Pablo tem ganhado terreno e pode pintar como postulante. Apostam, ainda, que dificilmente ocorrerá uma divisão dentro do grupo de Zé Ronaldo e que o postulante deve contar com o apoio de todos na base.

Disputa acirrada

Os bastidores da política de Barreiras estão fervilhando e a disputa pela prefeitura promete ser uma das mais interessantes e acirradas. Entre os possíveis candidatos para a sucessão do prefeito Zito Barbosa (União Brasil) estão o atual vice-prefeito Emerson Cardoso, os deputados estaduais Antônio Henrique Jr. e Eures Ribeiro e o ex-deputado federal Carlos Tito, que já foi presidente da Câmara da cidade. Também já manifestaram interesse a secretária estadual de Desenvolvimento Urbano e ex-prefeita, Jusmari Oliveira, e a ex-vice-prefeita Karlúcia Macêdo. Outro nome especulado é o de Danilo Henrique, filho de Antônio Henrique. Para quem acompanha a política no Oeste, contudo, o favorito será aquele que tiver as bênçãos de Zito, que mantém elevada aprovação no município.

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Foto: Divulgação / SECOM.

21 Apr 2023

A nova pérola de Jerônimo, o lucro milionário da Embasa e Geraldo tomando a frente do governador na Micareta

Nova pérola

Após o famoso episódio do “amor e carinho” durante a campanha eleitoral, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) soltou nesta semana mais uma pérola em relação à segurança pública, cuja crise tem se agravado nos últimos dias. Ao comentar sobre os episódios de violência envolvendo escolas, o petista propôs (sim, pasmem) “festivais de poemas e palestras sobre saúde mental”. Importante frisar que festivais e palestras são muito bem-vindos na rede estadual, que tem penado nos últimos anos com o abandono por parte do governo (inclusive no período em que Jerônimo foi secretário da Educação), mas o combate à violência e à criminalidade exige medidas muito mais enérgicas, que não estão sendo adotadas pelo governo. 

Volta no tempo

Lembrando que na eleição Jerônimo afirmou que “queremos trocar a arma e a violência pelo carinho e pelo amor”. Só faltou combinar com a bandidagem, que tem avançado na capital e no interior do estado, sem nenhum amor e carinho pelo povo baiano.

Chegou chegando na Embasa

Mesmo sendo número um na lista de reclamações dos clientes, a Embasa conseguiu engordar o caixa em 2022. A empresa fechou o ano com lucro líquido de R$ 456 milhões, superando o montante de R$ 386 milhões registrado em 2021, segundo relatório do balanço patrimonial. A escalada de R$ 80 milhões de reais em apenas um ano contrasta com os registros quase que diários de problemas no abastecimento de água em Salvador e diversas cidades da Região Metropolitana e do interior, mesmo assim a companhia não conteve o ímpeto e aplicou, com o aval do governo estadual, um reajuste de 11,73% logo início deste ano. 

Orçamento fictício

A apresentação do relatório do terceiro quadrimestre de 2022 esta semana na Assembleia Legislativa só fez confirmar a percepção de que o ex-governador Rui Costa praticou um orçamento fictício no seu último ano de gestão. Isso porque ele projetou despesas na ordem de R$ 79 bilhões, quando só tinha a sua disposição R$ 52 bilhões, aprovados na Lei Orçamentária Anual pela Assembleia Legislativa. A legislação até permite um incremento de até 30%, mas Rui foi além e elevou ilegalmente em quase 50%. 

Presença decisiva

Um encontro de produtores rurais programado para a próxima terça-feira (25), na Assembleia Legislativa da Bahia, deve elevar a cobrança pela instalação da CPI que pretende investigar quem está por trás financiando as invasões feitas pelo MST em terras privadas e produtivas no interior do Estado. A avaliação entre parlamentares é que a missa de corpo presente dos produtores pode ser decisiva para assegurar que a pretensa comissão não vai desidratar por causa da pressão do governo do estado, que, por sua vez, se equilibra para blindar o MST sem parecer que esteja validando os atos criminosos.

Sufotur sem regras

Criada de última hora para abarcar os gastos do governo do Estado com o Carnaval deste ano, a nova Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur) editou para si uma versão particular da Lei de Responsabilidade Fiscal. Passados dois meses da folia, ela continua a publicar, a conta gotas, no Diário Oficial do Estado (DOE), contratos de cotas de patrocínio e pagamento de cachê a artistas, contrariando a determinação legal de que a publicação do contrato e a emissão do empenho de pagamento devem anteceder a realização do serviço/evento. A prática irregular, herdada do governo Rui Costa, segue a todo vapor sob os olhares coniventes de Jerônimo Rodrigues. 

Holofote

Na micareta de Feira de Santana, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) não perdeu a oportunidade e tomou a frente de Jerônimo na entrega das chaves ao Rei Momo. 
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Risco de calote

A Sufotur também avançou o sinal vermelho no que diz respeito às cifras que tem em caixa, porque firmou compromissos sem ter dotação orçamentária. Os contratos assinados até aqui, apenas para o período carnavalesco, já somam cerca de R$ 60 milhões, mas a superintendência só tem R$ 42,8 milhões assegurados no orçamento do Governo. Ou seja, alguns pagamentos vão ficar pendurados, sob risco até de calote.

Além dos apertos de mãos

A oposição na Assembleia Legislativa da Bahia quer saber objetivamente quais foram os resultados da expedição do governador Jerônimo Rodrigues pela China. O líder do bloco, deputado Alan Sanches (UB), recorreu à Lei de Acesso à Informação para que a Casa Civil envie as cópias dos protocolos de intenções e contratos que foram assinados na missão internacional. Na avaliação de parlamentares, a exposição dos documentos vai derrubar o castelo de areia da propaganda do governo, mostrando que efetivamente houve pouco proveito na agenda, cujo custo inicial estava estimado em mais de meio milhão de reais. Enquanto isso, Jerônimo segue sem respostas objetivas sobre a ponte Salvador-Itaparica, sobre o VLT do Subúrbio e o destino do pátio da Ford em Camaçari.

Constrangimento

A celebração do 19 de Abril colocou o governador Jerônimo Rodrigues, que se autodeclara indígena, numa zona de constrangimento. É que depois de três meses e meio no posto ele não conseguiu honrar o compromisso de equiparar o salário dos professores indígenas ao Piso Nacional do Magistério, embora houvesse grande expectativa da categoria de que a promessa se concretizasse na data que marca o Dia dos Povos Indígenas. O Projeto de Lei que prevê o ajuste retroativo a 2022 - ano em que o então governador Rui Costa excluiu os trabalhadores da atualização salarial - está há mais de 50 dias na Assembleia Legislativa sem receber nenhum esforço de Jerônimo e de sua base para ser levado a votação. A bancada de oposição, por sua vez, já fechou questão e quer votar o texto.

Meu passado me condena

Após adicionar mais um item à sua extensa ficha judicial, o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso, pode perder seu cargo no governo devido à possibilidade de ser enquadrado pela Lei da Ficha Limpa. Nesta semana, Osni foi denunciado pelo Ministério Público estadual a devolver R$ 19 milhões aos cofres públicos por violação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no período em que foi prefeito de Serrinha. Dos oito anos em que comandou o município, o petista teve quatro contas rejeitadas pelo TCM e já foi condenado pela Justiça Federal por improbidade administrativa. Em março deste ano, ele foi condenado a devolver mais de R$ 520 mil aos cofres estaduais por um convênio firmado pela prefeitura com o governo em 2010. Se a Lei da Ficha Limpa for considerada, Osni deve ser exonerado. 

Precedentes

Há precedentes nas próprias gestões petistas. Em 2015, a Justiça determinou a exoneração do ex-deputado Oziel Oliveira do comando da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) com base na Lei da Ficha Limpa por ter tido contas rejeitadas quando foi prefeito de Luís Eduardo Magalhães. Anos depois, os ex-prefeitos Luiz Caetano, de Camaçari, e Isaac Carvalho, de Juazeiro, também tiveram nomeações no governo questionadas por serem enquadrados pela Ficha Limpa. Na época, integrantes do governo manifestaram preocupação com a entrada deles na gestão justamente pelos questionamentos judiciais.

Ofensiva

A criação da União Baiana de Vereadores (UBV) tem como pano de fundo uma articulação conduzida por Osni Cardoso e pelo prefeito de Serrinha, Adriano Lima (PP), de olho nas eleições de 2024. Isso porque a nova entidade chega para rivalizar com a União de Vereadores da Bahia (UVB), que é comandada por Edylene Ferreira (Republicanos), vereadora de Serrinha e apontada como candidata a prefeita nas eleições do ano que vem. A meta de Osni e Adriano, dizem interlocutores governistas, é minar a UVB e, consequentemente, enfraquecer Edylene.


 
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Fotos: divulgação
 

14 Apr 2023

Jerônimo fica quase 20% do mandato na China, as queixas da base governista, a CPI do MST e o abacaxi no CAB

Governador turista

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) vai ficar fora da Bahia, em viagem à China, por quase 20% dos seus primeiros 100 dias de gestão. O petista, que viajou ao país asiático no último dia 29, decidiu prolongar sua estadia - com direito a autorização da Assembleia Legislativa - para se encontrar com o presidente Lula (PT) e tentar garantir algum investimento para anunciar no retorno à Bahia no próximo dia 16, já que, até o momento, a agenda não rendeu nada além de memes nas redes sociais. No total, serão 18 dias de viagem nestes pouco mais de três meses de governo. Para observadores da política baiana, não há precedentes na história recente do estado de uma viagem tão longa de governador para fora do país. E o pior: num momento extremamente delicado para o estado.

Palácio vacante

Enquanto Jerônimo continua em sua viagem na China, a Bahia vive uma das suas piores crises na segurança pública dos últimos anos - se não a pior. Nos últimos dias, foram registradas diversas ocorrências graves, como tiroteio na Lapa, perseguição e troca de tiros na avenida Paralela, ônibus incendiado na região de Sussuarana, provocando fechamento de escolas, unidade de ensino e hospital invadidos. Ainda entram nas estatísticas os casos das idosas sequestradas no bairro de Piatã e do idoso baleado no tórax durante um assalto no Costa Azul. E enquanto isso, o governo segue inerte. Jerônimo só foi se manifestar na noite desta quinta-feira (13) em suas redes sociais, dizendo que iria ampliar a ronda escolar. Será que, quando voltar à Bahia, ele vai manter o discurso de que a violência é culpa da imprensa?

Contraste

Enquanto o governador passa quase 20% do seu mandato no exterior, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) desfila com seus 40 seguranças pelo estado com o modo 'arroz de festa' ativado. Ou melhor: com seus 33 policiais, como ele mesmo gosta de corrigir, e ainda faz questão de dizer que precisa de mais 40. E, por ironia do destino, isso tudo acontece justamente num dos momentos mais críticos da segurança pública na Bahia dos últimos anos. A situação de Geraldo, em contraste com a maioria das cidades baianas, que sofrem com a falta de efetivo policial, remete a um famoso ditado popular: uns com tanto, outros com tão pouco.

Jerônimo encurralado pela própria base

O que faltou de projeto e rumo nos 100 dias do governador Jerônimo Rodrigues sobrou de queixas e reclamações dentro da base aliada por causa da distribuição de cargos. O estopim foi uma reunião recente na última segunda (10), justamente nos 100 dias, quando líderes e parlamentares da Assembleia Legislativa colocaram um ponto final na relação de paz e amor com o chefe do Executivo. O primeiro recado da insatisfação veio com a adesão de governistas à CPI do MST, articulada pela bancada de oposição para investigar quem são os financiadores dos atos de invasão de terra na Bahia.

CPI do MST e o alerta do mau presságio

A senha de que a relação com Jerônimo já azedou veio com a assinatura do presidente da Casa, deputado Adolfo Menezes (PSD), que até então se colocava como aliado de primeira hora. Fato é que a lista de apoiadores da CPI já chegou a 30 deputados, praticamente metade do Legislativo, e tem a tendência de crescer nos próximos dias. Governistas mais experientes confidenciam nos corredores do Legislativo que a instalação de uma CPI no quarto mês de governo é um mau presságio.

Tempo livre

Da China, Jerônimo já mandou avisar que pretende arrumar um cargo para o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) quando retornar ao estado. Se o perfil expansivo do emedebista já incomodava antes, agora, com Geraldo como governador interino, passou a ser “insuportável”, segundo relatam fontes governistas. O governador já analisa, junto ao seu núcleo duro, espaços para dar ao vice “alguma ocupação”.

Vai que...

E o vice foi motivo de piadas entre deputados estaduais na última quarta-feira (12), quando a Assembleia Legislativa aprovou a autorização para que Jerônimo prolongue sua viagem à China. Para viagens de mais de 15 dias, o chefe do Executivo precisa de autorização legislativa. Em tom de brincadeira, parlamentares disseram que Geraldo deveria estar torcendo para que o Legislativo não aprovasse a permanência. “Geraldo devia estar doido por isso para Jerônimo cair e ele assumir de vez, já que está tão deslumbrado com o cargo”, disse, aos risos, um deputado. “O ditado do vice agora deve ser ‘Deus me livre, mas quem me dera’”, completou outro parlamentar, para provocar gargalhadas do grupo que acompanhava a conversa.

Segura que esse abacaxi é seu

Virou motivo de piada no meio político a confusão do secretário de Agricultura da Bahia, Walisson Torres (o Tum), para discernir a diferença entre sisal e abacaxi. Explicamos: segundo relato do deputado Marcinho Oliveira (União Brasil), Tum passava pela região sisaleira, quando perguntou se um pé de sisal era um pé de abacaxi. O desconhecimento sobre um aspecto elementar da agricultura baiana colocou um caminhão de críticas sobre a condução dele à frente da pasta. Já existe até bolão de aposta para ver quando Tum dará tchau ao posto.

Fritura

E não é só o secretário Tum que tem sido questionado no governo. Quem também tem recebido críticas internas é a secretária de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira (PSD). Ela vem sendo alvo de servidores, que acusam a ex-deputada de perseguição. No núcleo duro do governo, as críticas são recebidas com preocupação, uma vez que, dizem fontes governistas, Jusmari tem deixado a desejar no comando da pasta, que é uma das mais estratégicas da gestão. Garantem, ainda, que já tem gente de olho no cargo - inclusive do próprio partido dela.

Ressaca sem fim

Passados quase dois meses, a Secretaria de Turismo do Estado ainda publica contratos e pagamentos feitos para a realização do Carnaval. A fatura parcial já se aproxima de R$ 60 milhões e, segundo fontes internas, deve romper a casa dos R$ 100 milhões. Somente esta semana, foram 37 ordens de pagamentos que totalizaram R$ 2,5 milhões. Pela lógica, e pela lei, os valores deveriam ser tornados públicos antes de saírem dos cofres do Estado. Se por um lado, ainda não se sabe o total da conta da folia momesca, já se sabe que a Setur pretende desembolsar quase R$ 2 milhões para anunciar o São João em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Gincana

A demora do governador em formalizar um projeto de lei para tornar o programa Bahia sem Fome um política de estado foi alvo de uma série de críticas na Assembleia Legislativa. A avaliação dos deputados é que sem o compromisso orçamentário do governo a campanha tende a rodar apenas pelo apelo solidário para coleta de cestas básicas. “Do jeito que foi implementado até agora parece gincana”, advertiu um parlamentar. Há também cobranças pela transparência sobre aquilo que é arrecadado, sobre as condições de armazenamento, logística de distribuição e nomes das pessoas atendidas. A ideia é que as informações ajudem a mensurar o andamento da ação.

De volta

A deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD) já começou a preparar o terreno para tentar retornar à prefeitura de Porto Seguro no próximo ano. Ela deve ser a candidata do grupo na cidade para enfrentar a reeleição do prefeito Jânio Natal (PL). Embora há quem defenda que ela deveria formar um novo quadro para a corrida eleitoral, fontes que acompanham a política na cidade dizem que a deputada deseja entrar na disputa contra Jânio, que hoje é considerado favorito para renovar o mandato por mais quatro anos.

Mudança de ares

Já o ex-deputado Uldurico Júnior (MDB), que foi derrotado por Jânio em Porto Seguro em 2020, é especulado como candidato a prefeito de Teixeira de Freitas. O vice-governador Geraldo Júnior já avisou que Uldurico contará com o apoio do governo caso entre na disputa no município contra a reeleição do prefeito Marcelo Belitardo (União Brasil), hoje também tido como favorito.

Sonho meu

O deputado estadual Patrick Lopes (Avante) sonha em ser candidato a prefeito de Jequié. Inclusive, nesta semana, já declarou que pretende entrar na disputa com o apoio do governo. Contudo, a empreitada dele esbarra em dois pontos: a elevada aprovação do prefeito Zé Cocá (PP) e a resistência de setores governistas, uma vez que a cidade é base importante de alguns parlamentares influentes do grupo, como o deputado federal Antonio Brito (PSD). Para se viabilizar, dizem governistas, Patrick, que é ex-prefeito de Jitaúna, precisaria das bênçãos das lideranças locais, o que hoje estaria muito distante.

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Foto: Reprodução/Redes Sociais.

8 Apr 2023

Geraldo Jr. dá uma de Paes de Andrade, a vista grossa de Jerônimo e os 100 dias sem nada do governador

Escárnio 
Beira o escárnio com o povo da Bahia a declaração do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) de que tem ao seu dispor 33 policiais e de que precisa (pasmem!!!) de mais 40. Enquanto o governador em exercício arrota sua empáfia e quer com ele mais de 70 policiais, a maioria dos municípios do estado tem apenas dois profissionais para combater a criminalidade. Indiretamente, com sua fala, o emedebista ainda admite que a segurança pública no estado está caótica. Afinal, por que precisaria de tanta segurança? 

Pinto no lixo
Sem o governador Jerônimo Rodrigues, que está em viagem à China, Geraldo está parecendo "pinto no lixo", como definiu um deputado da base. Com uma agenda de viagens e entrevistas em veículos de comunicação, o emedebista tem aproveitado ao máximo o cargo interino para conseguir holofote. As más línguas dizem que está aparecendo mais que o próprio governador. 

Quando o gato sai ... 
Geraldo tem sido comparado por observadores da política baiana ao ex-deputado federal Antônio Paes de Andrade, que assumiu a presidência da Câmara dos Deputados após a morte de Ulysses Guimarães. Em um dado momento, Paes de Andrade sucedeu a José Sarney na presidência do Brasil e aproveitou a ocasião para levar amigos, aliados e familiares, em um voo presidencial, a sua terra natal, a cidade de Mombaça, no Ceará. A repercussão negativa foi tanta que ele ficou conhecido como presidente Mombaça. Qualquer semelhança é mera coincidência. 

A vista grossa de Jerônimo
O governador Jerônimo Rodrigues deu sinal verde a uma contratação emergencial, por dispensa de licitação, com evidentes sinais de irregularidade. As duas empresas que selaram o contrato, cuja finalidade era oferecer suporte administrativo e operacional às unidades de ensino da Secretaria Estadual de Educação, reduziram o valor da proposta final porque simplesmente zeraram de suas tabelas o pagamento de tributos previdenciários PIS e COFINS.

A lupa do TCE
A manobra, francamente ilegal, passou sem ranhuras pela gestão do petista, mas não deve ficar ilesa diante dos auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que já estão com denúncia detalhada nas mãos. “[…] em que pese a obrigação legal o tomador dos serviços promover a retenção das contribuições previdenciárias e seu posterior repasse aos cofres do Fisco Federal, o Estado da Bahia quedou inerte e acatou – ilegal e absurdamente - uma proposta de preço com a tributação do PIS e COFINS zerada”, diz trecho da peça. 

Afrontando a lei
Coincidentemente a legislação desobedecida por Jerônimo foi instituída pelo presidente Lula nos idos de 2003, com a Lei 10.833/2003, estabelecendo que, na condição de tomador do serviço, o Estado da Bahia tem obrigação legal de proceder com a retenção das respectivas contribuições previdenciárias, sob pena de figurar como responsável tributário pelo pagamento da exação. Ou seja, a passividade do governador com as empresas manobristas pode fazer recair sobre os cofres do estado baiano um passivo tributário de responsabilidade alheia.

Sincericídio que fala, né?
Aliados de Jerônimo Rodrigues não poupam críticas diante da possibilidade de o governador não estar presente nas comemorações dos 100 dias de governo, na próxima segunda-feira (10). Jerônimo pode prolongar a estadia na China para integrar a comitiva de Lula, cujo embarque para o país asiático está previsto para terça (11). No calor dos comentários, um deputado governista deixou escapar uma fala mais realística: “também, não tem nem o que mostrar, né!?”. 

Parece um #tbt
O sincericídio do parlamentar em questão não está sozinho. Outros deputados, e até dirigentes partidários, demonstram pouca expectativa com a largada administrativa da era Jerônimo, em especial sobre o proveito efetivo da caravana à China. A avaliação fria e pragmática da maioria deles é que a agenda aponta mais para a simbologia política e diplomática do que para a resolução das questões técnicas de investimentos e obras, como é o caso da lendária Salvador-Itaparica. Basta lembrar que os antecessores Jaques Wagner e Rui Costa também fizeram passeios na China e a ponte nunca saiu do papel. Parece um #tbt.

100 dias sem nada
Caciques com trânsito no Palácio de Ondina alimentam a expectativa de que salvação dos 100 dias do governo Jerônimo pode ser Lula na China. Sem resultados concretos ou investimentos atraídos no país asiático - nem mesmo novidades sobre a  prometida Ponte Salvador-Itaparica, o petista até chegou a anunciar a oficialização da instalação da Sinoma, maior fabricante de pás eólicas do mundo. A empresa, contudo, já tem mantido conversas com a Prefeitura de Camaçari. Inclusive, representantes da companhia já se reuniram com o prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil) e já até praticamente definiram local de instalação no município. 

O bolo dos estaduais em Jerônimo
Passou batido pela bancada de mais de 40 deputados governistas o aniversário do governador Jerônimo na última segunda (3). A exceção foi o bolsonarista-neopetista Raimundinho da JR, que fez uma ligeira saudação, mas alegou não ter tido dinheiro para comprar um bolo para o aniversariante. Nenhum dos nove deputados do PT sequer deu as caras para fazer o registro da primavera. O filho do vice-governador Geraldo Júnior, o deputado Matheus Ferreira (MDB), esteve no plenário, mas só lhe coube pedir a verificação de quórum, o que pôs fim à sessão.

O escolhido
A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), já encaminhou a escolha do nome do grupo que irá disputar sua sucessão no próximo ano. Segundo fontes que acompanham a política no município, o favorito de Moema é o secretário de Administração, Ailton Florêncio. O nome, contudo, não agrada toda a base da prefeita, que, com a gestão em baixa, vai precisar suar para bancar a candidatura de Ailton. 

Planserv à deriva
Aposentados que usam o Planserv, plano de saúde dos servidores públicos na Bahia, estão vivendo uma verdadeira peregrinação para manter o serviço em vigor. É que a nova empresa gestora do plano mudou a modalidade de cobrança e deixou os segurados a ver navios. São horas no telefone em busca do boleto de pagamento para não correrem o risco de ficar inadimplentes e, por tabela, desassistidos no momento que mais precisarem. São pacientes de idade avançada e portadores de doença autoimune, que estão há dias na incerteza do atendimento. Somado a isso, ainda tem aplicação de multa de R$ 2 para cada dia de atraso. A chegada da Haptech à administração do Planserv aconteceu de forma acelerada e contrária à recomendação do Ministério Público da Bahia, já que ela é controlada pela Hapvida, uma rede que atua justamente no segmento de hospitais e de plano de saúde.

Coluna originalmente publicada no Jornal CORREIO. 

Foto: Divulgação. 

31 Mar 2023

A vinda de Bolsonaro à Bahia, a 'peruagem' de João Roma e o drama dos professores indígenas com Jerônimo

Agenda

Após retornar ao Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ter a Bahia entre os primeiros destinos visitados nas próximas semanas. Segundo bolsonaristas com acesso ao entorno do ex-presidente, Bolsonaro já teria dado o aval para a organização de um evento no estado, ainda sem local definido, entre os primeiros atos de sua agenda.

É o amoooor…

E por falar no ex-presidente, o ex-ministro João Roma (PL) não perdeu a oportunidade de ‘peruar’ Bolsonaro no retorno dele. No seu melhor estilo papagaio de pirata, Roma fez questão de ficar ao lado do líder do PL para sair nas fotos e vídeos que registravam o momento. O grude foi tanto que já há quem diga que Roma devia estar sofrendo de abstinência.

Lá e lô

Enquanto Roma ‘perua’ Bolsonaro em Brasília, na Bahia seus aliados próximos se aproximam cada vez mais do PT. Uma reunião nesta semana do deputado estadual Vitor Azevedo (PL) com o secretário estadual de Relações Institucionais, Luiz Caetano (PT), deu o que falar nos bastidores da política baiana. Braço direito de Roma, Azevedo não tem escondido de ninguém sua aproximação com o grupo petista no estado e tem sido alvo de críticas por bolsonaristas. Para eles, a proximidade de Azevedo com o governo do PT pode comprometer o próprio Roma, presidente do PL no estado e candidato a governador no partido Bolsonaro.

Vitória folgada

O desembargador Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro sofreu uma derrota pesada nesta semana. Na disputa pela vaga de membro titular no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Cafezeiro perdeu para o desembargador Abelardo Paulo da Matta Neto, que venceu a corrida por 38 votos, contra 25 do adversário - 13 votos de vantagem. Autor de diversas decisões controversas (para ser eufêmico) favoráveis a Jerônimo Rodrigues na eleição passada, Cafezeiro era tido por alguns como favorito na disputa pelo TRE. Como diz o ditado, entrou água.

O drama dos professores indígenas

A base folgada que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) construiu na Assembleia, negociando cargos e espaços, também não deu conta de aprovar uma matéria que em tese seria prioridade do petista. O projeto que trata da correção no salário de professores indígenas está há quatro semanas sem entrar no radar para votação. Nos bastidores da Assembleia, alguns governistas apostam que o projeto continuará na gaveta por mais tempo, até que o governador retorne da China. A avaliação deles leva em conta que a matéria tem valor simbólico para Jerônimo (que se autodeclarou indígena) e não faria sentido acelerar agora a aprovação, já que a sanção ficaria a cargo do governador em exercício Geraldo Júnior (MDB).

Pinto no lixo

O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) está, como dizem governistas, que nem pinto no lixo ao assumir o comando do estado com a viagem de Jerônimo Rodrigues para a China. Mesmo com marcação forte de caciques governistas, liderados pelo secretário de Relações Institucionais, Luiz Caetano (PT), Geraldo montou uma agenda extensa para aproveitar ao máximo o cargo momentâneo, com eventos no interior e na capital. Ele chegou, inclusive, a marcar diversas entrevistas em veículos de comunicação. Os caciques do Palácio de Ondina estão de cabelo em pé com a situação.

Frustração

Entretanto, quando o governador adiou a ida ao país asiático em função dos problemas de saúde do presidente Lula, Geraldo chegou a desmarcar diversas entrevistas que já tinha marcado para o momento em que iria assumir o governo. Mas quando Jerônimo decidiu viajar, mesmo sem Lula, o vice-governador retomou a agenda.

Favorito

Tem crescido o nome do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) para a sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados, em 2025. Parlamentares baianos contam que, nos bastidores do Congresso, Elmar é apontado hoje como o favorito para ser o candidato do bloco liderado por Lira e que já tem se movimentado para se viabilizar na disputa, inclusive adotando uma postura "muito mais afável" com os colegas de Parlamento. Dizem também que o deputado baiano, já de olho em 2025, tem ampliado diálogo com diversas lideranças da Casa, de governo e oposição. Se for mesmo o candidato do bloco de Lira, garante, será o próximo presidente da Câmara.

Lupa na gastança

Técnicos do Tribunal de Contas do Estado e do Ministério Público da Bahia já estão de olho nas cifras praticadas pela CAR (Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional) nos últimos anos, em especial nas de 2022, quando os números saíram da curva. Além de ter o caixa turbinado em R$ 100 milhões para firmar convênios com prefeituras em meio à efervescência eleitoral, a companhia também dedicou outros R$ 289 milhões para pagamentos a instituições privadas sem fins lucrativos, leia-se ONGs e associações rurais que vitaminam a base de apoio ao governo petista. O valor pago em 2022 é superior ao dobro do praticado em 2021 (R$ 142 milhões) e mais que o triplo desembolsado em 2020 (R$ 76 milhões). As autoridades fiscalizadoras querem saber os motivos reais para a escalada no orçamento.

Janela seletiva I

O governador Jerônimo disse ao Política Livre que os deputados que chegaram à base depois da eleição não terão prioridade na distribuição dos cargos no interior. Nas palavras do petista, “não dá para chegar logo e querer sentar na janela”. Contudo, os deputados do PP parecem ser uma exceção à regra. Após marcharem com ACM Neto na eleição - ou pelo menos disseram -, já chegaram ocupando espaços na capital, vide o Detran e outros órgãos importantes, preterindo os antigos aliados. O PV que marchou com ele na campanha até hoje não foi contemplado com nada.

Janela seletiva II

A fala, inclusive, gerou mal-estar entre aliados. Reservadamente, parlamentares disseram que a declaração foi desnecessária, ainda que seja verdadeira, pois passa uma impressão de "desprezo" pelo apoio recebido. Comparam, ainda, a fala com as declarações duras com a base do antecessor Rui Costa (PT).

Resultado animador

Integrantes do PSB têm incentivado a deputada federal Lídice da Mata, presidente estadual do partido, a disputar a Prefeitura de Salvador após a divulgação da primeira pesquisa na capital baiana, em que ela aparece com pouco mais de 10% de intenções de voto. Eles consideram o resultado animador e, somado a isso, argumentam, ela foi a segunda mais votada em 2022 na capital baiana, atrás apenas de Leo Prates. Socialistas dizem ainda que Lídice tem começado a tomar gosto pela ideia.

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