Alô Alô Política


12 May 2023

Rui Costa na berlinda, a desarticulação do governo federal e o racha na base petista para 2024

Rui na berlinda

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, pode ter sua situação agravada na próxima semana com uma convocação para prestar esclarecimentos no Congresso em relação às declarações que deu sobre a privatização da Eletrobras. O ex-governador baiano, que vem sendo fritado em Brasília dentro e fora da base do presidente Lula, tem visto sua situação política piorar nos últimos dias. Ele, inclusive, tem sido chamado nos bastidores de "Ruim Costa", apelido que alguns de seus aliados na Bahia já utilizavam. Entre parlamentares, a convocação já é dada como certa, até porque o procedimento tem se repetido com outros ministros de Lula, a exemplo de Flávio Dino (Justiça), que tem frequentemente sido chamado pelo Congresso.

Ruído

Parlamentares influentes no Congresso dizem que Rui mexeu num vespeiro ao fazer declarações levantando suspeitas contra a privatização da Eletrobras. Para eles, esse tema relacionado à empresa ainda vai gerar muito ruído entre governo e Congresso.

Desarticulação

Em Brasília, a avaliação geral é que o governo Lula está perdido em matéria de articulação política. Além das derrotas que vem sofrendo no Congresso, o governo tem cometido trapalhadas na relação com os partidos. Na mesma semana que tenta melhorar a relação com o União Brasil, ao mandar vários emissários para tentar ampliar o diálogo com o partido, a articulação governista insiste na substituição do superintende da Codevasf em Bom Jesus da Lapa, cargo indicado pelo deputado Arthur Maia, provável presidente da CPMI do 8 de janeiro. Some-se a isso a desastrosa passagem de Lula pela Bahia.

Pérola da semana

Parece ser inesgotável a capacidade do governador Jerônimo Rodrigues de fabricar pérolas. A última foi nesta semana quando disse que os índices da segurança na Bahia são bons. Imagine dizer que o estado mais violento do país, que há anos lidera o ranking de homicídios, tem bons índices... No meio político estão dizendo que Jerônimo é o verdadeiro "Dilma de calças".

Fome de poder

Tem um certo lobista no Extremo Sul da Bahia, irmão de um poderoso figurão do alto escalão do governo do estado, que vem chamando atenção nos bastidores por sua atuação ostensiva contra políticos locais. O cidadão tem avançado em licitações de algumas prefeituras e tem até indicado pessoas ligadas a ele para cargos em municípios. O tal lobista tem ido com tanta sede ao pote que o assunto já chegou na capital entre alguns grupos da base governista. Quem tomou conhecimento do modus operandi ficou de queixo caído.

Racha à vista

Os debates e especulações em torno da eleição de 2024 já estão provocando rachas no grupo governista do estado. Enquanto alimenta o desejo de disputar a Prefeitura de Salvador, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) viu crescer nos últimos dias o nome do presidente da Conder, José Trindade (PSB), como candidato do grupo no pleito eleitoral na capital baiana. A especulação, apostam caciques governistas, deve dividir a base, já que ambos os nomes estão longe de serem unanimidade entre os aliados. Trindade, pelo que dizem parlamentares que acompanham o imbróglio, é o favorito do ministro Rui Costa (PT).

Para bom entendedor…

Ao perceber o movimento de Trindade, que conta com o apoio do governador Jerônimo Rodrigues (PT) - influenciado por Rui -, Geraldo Junior começou a se movimentar. Em entrevista a uma rádio nesta semana, o vice se mostrou bastante incomodado quando o assunto de uma possível candidatura de José Trindade veio à tona e mandou um recado para Rui. “Eu acho que Rui não vai mais cometer equívocos na política de Salvador”, disse ele, numa alusão a candidata derrota na última eleição, Major Denice.

Casa de ferreiro, espeto de pau

Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estados (TCE) colocaram ressalvas no julgamento das contas do secretário estadual da Fazenda, Manoel Vitório, relativas ao exercício de 2021, após terem identificado uma diferença de quase meio bilhão no caixa do governo. A bronca mora na divergência entre os saldos registrados nos sistemas de contabilidade das empresas estatais dependentes e aqueles constantes no sistema Flipan (Balanço do Estado), distorcendo as Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado, em R$ 490,5 milhões. Essa não é a primeira vez que o titular da Sefaz é advertido sobre o descompasso financeiro. De acordo com o relatório de auditoria do TCE, os alertas se repetem desde 2014. É como diz o ditado popular: “casa de ferreiro, espeto de pau”.

Bola fora I

Em sua vinda à Bahia nesta quinta-feira (11), o presidente Lula decidiu adotar a mesma estratégia do antecessor Jair Bolsonaro que, em seu início de governo, sofreu derrotas no Congresso Nacional. Com o governo emperrado, Lula transformou eventos institucionais em atos políticos e deu sinais de que não desceu ainda do palanque, atacando adversários e fazendo discurso para a militância.

Bola fora II

No discurso, Lula ainda voltou a soltar uma pérola sobre Jerônimo, como fez na campanha do ano passado. Ao discursar sobre a escolha do governador para a disputa eleitoral, o presidente disse acreditar que o petista perderia a eleição por causa dos péssimos indicadores da Bahia na Educação, área que foi comandada por Jerônimo no governo de Rui Costa. O estado figurava - e ainda figura - no último lugar no ensino médio. “Aí aparece Rui Costa indicando Jerônimo, que tinha sido secretário de Educação, sabia que educação aqui não estava na melhor situação”, disse o presidente, causando constrangimento geral no ato político desta quinta.

Promessa quebrada

Jerônimo Rodrigues quebrou mais uma promessa de campanha. Depois de passar a eleição prometendo instalar câmeras de monitoramento na farda dos policiais, ele voltou atrás. O governador petista acaba de cancelar o processo licitatório para a compra dos equipamentos.

Filme repetido

O caos da fila da regulação na Bahia ganhou um novo e dramático episódio nesta quinta-feira (11) em Camaçari. Um grupo de pessoas que têm parentes e amigos internados em unidades do município foi até um vereador para pedir auxílio para a transferência para hospitais estaduais. O vereador, então, decidiu escrever uma carta com os nomes dos 44 pacientes internados que aguardavam na fila da regulação e levou o grupo à sede do PT para entregar o documento e direcioná-lo ao governador Jerônimo Rodrigues (PT). O caso vem ganhando repercussão e volta a alertar para esse grave problema que o estado vive.

Calote de Jerônimo nos professores I

O reajuste oferecido pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) aos professores estaduais não será suficiente para equiparar a remuneração da categoria ao Piso Nacional do Magistério, de R$ 4.420,55, determinado pelo Ministério da Educação para este ano. De acordo com o Projeto de Lei 24.869, aprovado pela Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) na última terça-feira (9), professores e coordenadores pedagógicos terão o reajuste de 4% retroativo a 1º de fevereiro. Em 1º de março um novo reajuste acontece, totalizando uma correção de 7,41%, o que deixa o salário inicial em R$ 4.135,28 - portanto abaixo do que prevê a legislação federal. A conta só alcança o valor do Piso Nacional a partir de 1º de julho, quando deverá haver uma nova atualização salarial.

Calote de Jerônimo nos professores II

Para os professores indígenas o prejuízo é ainda maior porque eles até agora não tiveram a recomposição do Piso Nacional de 2022. Na época, o então governador Rui Costa excluiu a categoria da atualização salarial. No início deste ano Jerônimo chegou a enviar para a Assembleia Legislativa um projeto propondo fazer essa correção, mas logo depois retirou de tramitação e deixou os professores indígenas a ver navios. E para piorar, essa categoria também só terá salário equiparado ao piso deste ano a partir de julho.

Pacote de maldades

O pacote de projetos enviados pelo governador Jerônimo à Assembleia ganhou o apelido de pacote de maldades, porque na prática ele dá com uma mão e tira com a outra. É o caso do reajuste no Planserv, que o governo omitiu da redação do projeto, mas aplicou nas tabelas em anexo, sem sinalizar as alterações. A tentativa de enganar os servidores foi descoberta assim que a bancada de oposição colocou uma lupa nos projetos e denunciou que o reajuste salarial de 4% oferecido pelo petista não ficaria no bolso do servidor já que ele também elevou em 4% a taxa do Planserv. Em alguns casos, a nova cobrança chegará a 8%.

Pesando no bolso

Por outro lado, o governo só vai ajustar em 0,5% sua contribuição para manter o plano em funcionamento. Anos atrás, a fatia do Estado era de 5%, mas despencou para 2% após sucessivas reduções feitas pelo ex-governador Rui Costa (PT). Agora, sob risco de interrupção do serviço, o governo pretende subir sua responsabilidade para 2,5%, enquanto deixa a carga de até 8% na conta dos servidores.

Rombo milionário

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou um rombo de R$ 8,38 milhões no contrato de concessão do aeroporto de Porto Seguro, firmado entre o Governo da Bahia e a empresa que administra o terminal. A Corte já havia declarado a ilegalidade do contrato de concessão e determinou que a Agerba não renove o acordo e faça uma apuração para quantificar o dano aos cofres estaduais e identifique os responsáveis para que possa ser realizado o ressarcimento. Levando em conta a correção, o valor das irregularidades pode chegar a R$ 15,2 milhões.

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Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil.

5 May 2023

A derrota de Rui Costa, o desgaste do ministro, o isolamento de Geraldo Jr. e o café da manhã indigesto de Jerônimo

Recado do Congresso a Rui

Tem sido crescente o desgaste do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Nesta semana, o ex-governador da Bahia sofreu aquela que é considerada a sua maior derrota até aqui com a derrubada, pela Câmara dos Deputados, do decreto presidencial que alterou a regulamentação do Marco Legal do Saneamento Básico. As mudanças assinadas por Lula tinham as digitais de Rui, que pretendia, com a medida, beneficiar a Embasa. A empresa baiana vem sendo alvo de críticas pela péssima qualidade dos serviços, inclusive em Salvador, onde a Prefeitura tem cobrado melhorias. A Embasa vem desrespeitando a competência do município e atua na capital baiana sem contrato há mais de uma década, ofertando um serviço ruim. As alterações impostas por Rui permitiam que empresas estatais prestassem serviços de saneamento sem licitação com os municípios em região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião. O decreto acabou sendo derrubado de goleada, por 295 votos a favor e 136 contra, tendência que deve ser mantida também no Senado.

Brasília não é Bahia

Parlamentares baianos que acompanharam intensamente os debates dizem que a derrota não é necessariamente do governo Lula, mas especialmente de Rui, que foi o principal fiador da proposta de alteração do marco do saneamento. Sob anonimato, eles dizem que nem mesmo lideranças governistas na Câmara trabalharam para salvar a proposta. "Foi uma derrota vexatória. O que se percebe é que a articulação do governo deu corda pra ele (Rui Costa) se enforcar. E foi exatamente o que aconteceu", disse um deles. "Rui chegou em Brasília achando que estava na Bahia, onde tinha um Legislativo amigo e subserviente. Quis mudar uma lei por decreto e recebeu uma resposta forte da Câmara", continuou outro, em conversa com a coluna. Para eles, o governo pode até trabalhar para salvar a pele de Rui no Senado, mas duvidam que isso aconteça.

Persona non grata

Um ministro do governo Lula revelou nesta quinta-feira (4) à coluna que Rui conseguiu ser uma unanimidade com os demais colegas da Esplanada. Uma unanimidade, contudo, negativa, por seu perfil autoritário. No Congresso a má fama do ministro é pior ainda. Isso porque o ex-governador da Bahia defendeu que os restos a pagar não fossem quitados para pressionar o Congresso, mas fracassou. Ele foi voto vencido em uma reunião interna da cúpula governista, derrotado pelos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda) e pelo senador Jaques Wagner (PT).

Presente de grego

E por falar em restos a pagar, esta prática - considerada por muitos uma pedalada fiscal - que deveria ser apenas utilizada em casos excepcionais se transformou em política pública da gestão de Rui Costa na Bahia. Ao longo dos oito anos de governo Rui no estado, o aumento do volume de restos a pagar foi de 178%. No primeiro ano, foram R$ 714 milhões. Já em 2022, quando encerrou seu segundo mandato, a conta chegou a R$ 1,985 bilhão. Presente de grego para o afilhado político e aliado Jerônimo Rodrigues (PT).

Ombro amigo

Após a derrota de Rui, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Adolfo Menezes (PSD), foi a Brasília e aproveitou para fazer uma visita ao ministro. Na boca miúda, os mais maldosos disseram que Adolfo foi consolar o amigo após o revés sofrido na Câmara e lembrar a ele como eram bons os tempos de governador da Bahia, quando o Legislativo estadual dizia amém para tudo.

Entre a cruz e a espada

O vereador Henrique Carballal (PDT) vive um verdadeiro dilema que tem lhe tirado o sono. Indicado para a presidência da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Carballal viu o sonho de assumir um cargo no governo estadual virar um pesado. Isso porque a própria Procuradoria Geral do Estado (PGE) recomendou a Jerônimo que não nomeie o vereador para o posto, com base na Lei das Estatais. Ele sabe que, se assumir o cargo, pode sofrer ações do Ministério Público, que, inclusive, já denunciou o vereador por prática de rachadinha. No MP, Carballal é persona non grata. O vereador já avisou que até renunciaria ao mandato para comandar a CBPM, mas a situação segue indefinida.

Solitário

O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) segue cada dia mais isolado no grupo petista no estado. Após não ganhar cargos de relevância nem no primeiro nem no segundo escalões do governo de Jerônimo Rodrigues (PT), o emedebista viu um de seus principais aliados, o vereador e presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz, migrar para o PSDB, que integra a base do prefeito Bruno Reis (União Brasil). Outros aliados de Geraldo, a exemplo do vereador da capital Henrique Carballal (PDT), seguem sem espaço no governo e têm situação indefinida. Na base aliada, o vice-governador não tem a simpatia nem mesmo do seu próprio partido.

Inferno astral

Como diz o ditado, desgraça pouca é bobagem. Além de estar enfrentando um inferno astral na política, Geraldo viu nesta semana seu perfil no Instagram ser invadido por hackers, que ofereceram "multiplicação de pix" e "retorno imediato". A invasão foi revertida em poucos minutos.

Apoiadores famintos

Um grupo de deputados estaduais saiu faminto do café da manhã oferecido esta semana pelo governador Jerônimo Rodrigues. A expectativa deles é que os pedidos de espaços e cargos, sobretudo no interior do estado, começariam a ser atendidos, mas a programação do encontro foi um balde de água fria. Reservadamente, um parlamentar governista disse que o evento não passou de um palanque para o governador expor pensamentos e ideais, seguidos de apelos para que a base se mantivesse unida em favor dos projetos que ele estava para enviar à Assembleia. O principal apelo do governador é para que a base sustente o reajuste salarial de 4% que ele propõe aos servidores estaduais. Os sindicatos falam em 9%, seguindo o parâmetro do governo federal.

Sem boa vontade com o servidor

Fato é que o governo estadual tem caixa para promover valorização salarial dos servidores, mas não tem boa vontade política. Rui Costa, por exemplo, fechou o ano passado com margem que permitia incremento real à classe, como mostra o relatório do terceiro quadrimestre de 2022 apresentado pelo secretário da Fazenda na Assembleia Legislativa. As despesas com pessoal corresponderam a 36,20 pontos percentuais da Receita Corrente Líquida, quando a Lei de Responsabilidade Fiscal afirma que o limite prudencial pode chegar a 46,17. Tem caixa, mas não tem boa vontade com o servidor.

Pedalada jurídica

O governador Jerônimo Rodrigues teve que recuar da sua travessia inconstitucional de nomear o auditor fiscal Ronaldo Nascimento Sant’Anna como conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM) porque o fez sem a devida autorização da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), como reza a Constituição do Estado. A trapalhada, assinada às vésperas de um feriadão, passaria desapercebida não fosse a vigilância dos deputados de oposição, que detectaram a ocorrência de crime de responsabilidade e até mesmo o risco de Jerônimo virar alvo de um impeachment por causa da pedalada jurídica. Em menos de 24 horas, Jerônimo correu de volta ao Diário Oficial e anulou a barbeiragem, que, segundo corre nos bastidores, caiu como uma bomba no colo do chefe da Casa Civil, o petista Afonso Florence.

À deriva

Depois da pedalada jurídica, o governo deixou o auditor Ronaldo Sant’Anna à deriva. De perfil técnico e de competência validada pelo próprio tribunal - tanto que compôs a lista tríplice enviada pelo TCM a Jerônimo - Sant’Anna teve que fazer uma caravana por conta própria na Assembleia Legislativa pedindo que os parlamentares analisassem seu currículo e encaminhassem a votação na CCJ e em plenário. O cenário contrapõe-se à operação de guerra que Jerônimo mobilizou para emplacar a esposa de Rui Costa na Corte. Mesmo sem comprovar o notório saber que a função exige, a enfermeira Aline Peixoto ganhou uma cadeira de conselheira do TCM pelas mãos de Jerônimo.

Chantagem

Um empresário de Itamaraju, no Extremo Sul baiano, com ligações familiares com a elite política da cidade, tem orbitado na cidade de Eunápolis para pressionar a Prefeitura a contratar os seus serviços. Após negativa do Executivo Municipal, o jovem empresário agora tem atuado forte como um verdadeiro chantagista, inclusive articulando com alguns vereadores o afastamento da prefeita Cordélia Torres do cargo. A "firula" dele para derrubar a prefeita pode custar caro, pois a imprensa e a justiça já estão de olho no movimento.

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Foto: Divulgação.

28 Apr 2023

A suspeita de crime de responsabilidade de Jerônimo, a propaganda do filho de Lídice e o movimento de Bruno Reis

Crime de responsabilidade?

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) atropelou a legislação estadual e oficializou, sem autorização prévia da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), a nomeação do auditor Ronaldo Nascimento de Sant’Anna para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Sant’Anna foi escolhido a partir da lista tríplice do TCM, pelo critério de antiguidade, mas só poderia ser oficializado se sua indicação fosse validada pelos deputados estaduais, conforme prevê o artigo 94 da Constituição do Estado da Bahia. Mesmo assim, o ato de nomeação foi publicado no Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira (28).

Legislação

A mesma Constituição ignorada no ato monocrático de Jerônimo também imputa ao governador crime de responsabilidade quando este atenta contra a Constituição Federal ou Estadual, segundo consta nos incisos 2 e 6 do artigo 106 da Constituição da Bahia. Respectivamente, eles citam como crime de responsabilidade atos do governador contra o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário, dos Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios, do Ministério Público e dos Poderes dos Municípios; e contra o cumprimento das leis e decisões judiciais.

Propaganda de milhões

A propaganda do governo do estado para segurança pública que virou piada nas redes sociais é produzida por uma agência que tem entre os sócios Bruno da Mata e Souza Carvalho, filho da deputada federal e ex-senadora Lídice da Mata (PSB). A série do governo, que tem o nome de “programa operação policial”, traz conteúdos das ações das forças de segurança e é desenvolvida pela CCA Comunicação e Propaganda. A propaganda tem sido comparada ao programa policial “Alerta”, liderado pelo bolsonarista Sikêra Jr e recebeu uma enxurrada de críticas na web. A série foi iniciada em fevereiro, mas ganhou repercussão nos últimos dias após a onda de violência que assola o estado. A empresa do filho de Lídice tem contrato com o governo do estado de R$ 355 milhões, conforme dados que constam na Transparência Bahia, com vigência iniciada em fevereiro de 2021 e término previsto para o próximo ano. Do total previsto, R$ 72 milhões já foram pagos. A CCA também tem contratos com a Bahiagás.

Operação abafa, sem sucesso I

A base do governo precisou montar uma operação de guerra para tentar conter a visibilidade do encontro de produtores rurais contra invasões de terras, que reuniu mais de dois mil homens e mulheres do campo esta semana na Assembleia Legislativa. O evento estava sendo transmitido ao vivo na TV Assembleia e nas redes sociais oficiais da Casa, mas saiu da programação porque o líder de governo mobilizou sua tropa a fim de dar quórum na sessão plenária que foi aberta quase simultaneamente ao evento - e que é agenda prioritária na transmissão televisiva da Casa. Ainda assim, alguns deputados governistas compareceram ao auditório e reiteraram apoio à causa ruralista.

Operação abafa, sem sucesso II

No dia seguinte ao encontro do Agro, o governo fez prevalecer seu entendimento sobre o parecer da Procuradoria da Assembleia Legislativa que acabou por vetar a instalação da CPI do MST. Um dos argumentos apresentados foi de que as matérias de direito civil e de direito agrário são competências da União, e, portanto, estão fora da alçada dos legisladores estaduais. O parecer só não levou em conta que os efeitos nefastos das invasões ou ameaça delas ficam como prejuízo estadual, a saber a tensão e risco de conflito armado no campo, a retração na produção e nos investimentos. Os mesmos deputados que assinaram o requerimento inicial da CPI devem se agrupar agora para judicializar o caso.

Judas do Agro

A exceção foi o deputado Eduardo Sales (PP), que numa clara tentativa de agradar a gregos e a troianos propôs estabelecer uma mesa de negociação com os invasores e proprietários de terras, sob a mediação do Governo do Estado. A hipótese foi rechaçada, ao coro de vaias, simplesmente porque invasão de terra é crime. Na prática, seria como se a vítima de um delito se sentasse para negociar com o criminoso a fim de reaver os bens que lhe foram subtraídos. Produtor rural e ex-secretário de Agricultura do Estado, Eduardo não demorou a ser chamado de “Judas do Agro” numa série de publicações que dominaram os grupos e as redes sociais, incluindo prints de matérias jornalísticas que registraram as vaias sofridas pelo pepista.

Em boa hora

O conjunto de medidas para o Centro Histórico de Salvador anunciado nesta quinta-feira (27) pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) surpreendeu governistas do estado. Enquanto os aliados do PT esperavam que as ações anunciadas seriam um “tiro no pé” de Bruno, o pacote de intervenções ganhou elogios e congratulações, inclusive nas redes sociais. O discurso principal foi que a Prefeitura decidiu tomar atitudes diante da omissão do governo petista em diversas áreas, em especial na segurança pública, que é de responsabilidade do estado.

Cobrança

Após o anúncio de Bruno Reis, usuários das redes sociais invadiram o perfil de Jerônimo no Instagram para cobrar do governador uma posição sobre a crise de violência que assola a Bahia, com um aumento nas últimas semanas. “Já deu uma olhada nos projetos para o centro histórico que a prefeitura de Salvador apresentou hoje? Você tem que tomar como exemplo! Ou vai continuar negligenciando a segurança no centro histórico?”, disse um deles. “Vai gastar 4 milhões com festa junina no centro de Salvador. Olhe o Instagram de @brunoreisba e veja o projeto que ele presenteou para o centro”, escreveu outro. “Infelizmente com tanta violência não podemos nem pensar nessa festa linda que é o São João”, declarou outra.

Desgaste

Fato é que o tema da segurança pública tem sido um calo no governo de Jerônimo, assim como foi na gestão de seu antecessor, o ministro Rui Costa. Parlamentares da base petista dizem que há uma preocupação no núcleo duro do governo diante do desgaste que o tema tem causado à administração de Jerônimo. Há uma avaliação, segundo dizem deputados, de que falta ao governador habilidade política para lidar com o tema e que a estratégia de evitar falar sobre tem se mostrado fracassada.

Democracia seletiva

O governador Jerônimo Rodrigues parece querer estabelecer uma espécie de democracia seletiva na Bahia, onde os elogios são bem-vindos, mas as críticas, juntamente com os autores delas, são condenáveis. Prova disso são as declarações recentes em que o petista usou termos pejorativos para se referir a políticos do campo de oposição, sem, contudo, responder objetivamente ao mérito das críticas que recebeu, especialmente no campo da segurança pública. A propósito, a avaliação do governador é que a culpa ainda está na conta do ex-presidente da República.

Desconfiança

O início do governo de Jerônimo tem causado desconfiança até mesmo no núcleo duro petista no estado. Um alto cardeal do PT manifestou a pessoas próximas sua preocupação com a condução do estado por Jerônimo. "Ele não pode ser tão ruim como parece", disse, ao comentar sobre a condução do governador das turbulências enfrentadas nos seus primeiros quatro meses.

Aposta feirense

Tem crescido nas bolsas de aposta o nome do deputado estadual Pablo Roberto (PSDB) para disputar a Prefeitura de Feira de Santana no próximo ano. Embora há quem considere que o ex-prefeito Zé Ronaldo (União Brasil) deve ser o candidato do grupo, interlocutores que acompanham as conversas dizem que Pablo tem ganhado terreno e pode pintar como postulante. Apostam, ainda, que dificilmente ocorrerá uma divisão dentro do grupo de Zé Ronaldo e que o postulante deve contar com o apoio de todos na base.

Disputa acirrada

Os bastidores da política de Barreiras estão fervilhando e a disputa pela prefeitura promete ser uma das mais interessantes e acirradas. Entre os possíveis candidatos para a sucessão do prefeito Zito Barbosa (União Brasil) estão o atual vice-prefeito Emerson Cardoso, os deputados estaduais Antônio Henrique Jr. e Eures Ribeiro e o ex-deputado federal Carlos Tito, que já foi presidente da Câmara da cidade. Também já manifestaram interesse a secretária estadual de Desenvolvimento Urbano e ex-prefeita, Jusmari Oliveira, e a ex-vice-prefeita Karlúcia Macêdo. Outro nome especulado é o de Danilo Henrique, filho de Antônio Henrique. Para quem acompanha a política no Oeste, contudo, o favorito será aquele que tiver as bênçãos de Zito, que mantém elevada aprovação no município.

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Foto: Divulgação / SECOM.

21 Apr 2023

A nova pérola de Jerônimo, o lucro milionário da Embasa e Geraldo tomando a frente do governador na Micareta

Nova pérola

Após o famoso episódio do “amor e carinho” durante a campanha eleitoral, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) soltou nesta semana mais uma pérola em relação à segurança pública, cuja crise tem se agravado nos últimos dias. Ao comentar sobre os episódios de violência envolvendo escolas, o petista propôs (sim, pasmem) “festivais de poemas e palestras sobre saúde mental”. Importante frisar que festivais e palestras são muito bem-vindos na rede estadual, que tem penado nos últimos anos com o abandono por parte do governo (inclusive no período em que Jerônimo foi secretário da Educação), mas o combate à violência e à criminalidade exige medidas muito mais enérgicas, que não estão sendo adotadas pelo governo. 

Volta no tempo

Lembrando que na eleição Jerônimo afirmou que “queremos trocar a arma e a violência pelo carinho e pelo amor”. Só faltou combinar com a bandidagem, que tem avançado na capital e no interior do estado, sem nenhum amor e carinho pelo povo baiano.

Chegou chegando na Embasa

Mesmo sendo número um na lista de reclamações dos clientes, a Embasa conseguiu engordar o caixa em 2022. A empresa fechou o ano com lucro líquido de R$ 456 milhões, superando o montante de R$ 386 milhões registrado em 2021, segundo relatório do balanço patrimonial. A escalada de R$ 80 milhões de reais em apenas um ano contrasta com os registros quase que diários de problemas no abastecimento de água em Salvador e diversas cidades da Região Metropolitana e do interior, mesmo assim a companhia não conteve o ímpeto e aplicou, com o aval do governo estadual, um reajuste de 11,73% logo início deste ano. 

Orçamento fictício

A apresentação do relatório do terceiro quadrimestre de 2022 esta semana na Assembleia Legislativa só fez confirmar a percepção de que o ex-governador Rui Costa praticou um orçamento fictício no seu último ano de gestão. Isso porque ele projetou despesas na ordem de R$ 79 bilhões, quando só tinha a sua disposição R$ 52 bilhões, aprovados na Lei Orçamentária Anual pela Assembleia Legislativa. A legislação até permite um incremento de até 30%, mas Rui foi além e elevou ilegalmente em quase 50%. 

Presença decisiva

Um encontro de produtores rurais programado para a próxima terça-feira (25), na Assembleia Legislativa da Bahia, deve elevar a cobrança pela instalação da CPI que pretende investigar quem está por trás financiando as invasões feitas pelo MST em terras privadas e produtivas no interior do Estado. A avaliação entre parlamentares é que a missa de corpo presente dos produtores pode ser decisiva para assegurar que a pretensa comissão não vai desidratar por causa da pressão do governo do estado, que, por sua vez, se equilibra para blindar o MST sem parecer que esteja validando os atos criminosos.

Sufotur sem regras

Criada de última hora para abarcar os gastos do governo do Estado com o Carnaval deste ano, a nova Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur) editou para si uma versão particular da Lei de Responsabilidade Fiscal. Passados dois meses da folia, ela continua a publicar, a conta gotas, no Diário Oficial do Estado (DOE), contratos de cotas de patrocínio e pagamento de cachê a artistas, contrariando a determinação legal de que a publicação do contrato e a emissão do empenho de pagamento devem anteceder a realização do serviço/evento. A prática irregular, herdada do governo Rui Costa, segue a todo vapor sob os olhares coniventes de Jerônimo Rodrigues. 

Holofote

Na micareta de Feira de Santana, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) não perdeu a oportunidade e tomou a frente de Jerônimo na entrega das chaves ao Rei Momo. 
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Risco de calote

A Sufotur também avançou o sinal vermelho no que diz respeito às cifras que tem em caixa, porque firmou compromissos sem ter dotação orçamentária. Os contratos assinados até aqui, apenas para o período carnavalesco, já somam cerca de R$ 60 milhões, mas a superintendência só tem R$ 42,8 milhões assegurados no orçamento do Governo. Ou seja, alguns pagamentos vão ficar pendurados, sob risco até de calote.

Além dos apertos de mãos

A oposição na Assembleia Legislativa da Bahia quer saber objetivamente quais foram os resultados da expedição do governador Jerônimo Rodrigues pela China. O líder do bloco, deputado Alan Sanches (UB), recorreu à Lei de Acesso à Informação para que a Casa Civil envie as cópias dos protocolos de intenções e contratos que foram assinados na missão internacional. Na avaliação de parlamentares, a exposição dos documentos vai derrubar o castelo de areia da propaganda do governo, mostrando que efetivamente houve pouco proveito na agenda, cujo custo inicial estava estimado em mais de meio milhão de reais. Enquanto isso, Jerônimo segue sem respostas objetivas sobre a ponte Salvador-Itaparica, sobre o VLT do Subúrbio e o destino do pátio da Ford em Camaçari.

Constrangimento

A celebração do 19 de Abril colocou o governador Jerônimo Rodrigues, que se autodeclara indígena, numa zona de constrangimento. É que depois de três meses e meio no posto ele não conseguiu honrar o compromisso de equiparar o salário dos professores indígenas ao Piso Nacional do Magistério, embora houvesse grande expectativa da categoria de que a promessa se concretizasse na data que marca o Dia dos Povos Indígenas. O Projeto de Lei que prevê o ajuste retroativo a 2022 - ano em que o então governador Rui Costa excluiu os trabalhadores da atualização salarial - está há mais de 50 dias na Assembleia Legislativa sem receber nenhum esforço de Jerônimo e de sua base para ser levado a votação. A bancada de oposição, por sua vez, já fechou questão e quer votar o texto.

Meu passado me condena

Após adicionar mais um item à sua extensa ficha judicial, o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso, pode perder seu cargo no governo devido à possibilidade de ser enquadrado pela Lei da Ficha Limpa. Nesta semana, Osni foi denunciado pelo Ministério Público estadual a devolver R$ 19 milhões aos cofres públicos por violação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no período em que foi prefeito de Serrinha. Dos oito anos em que comandou o município, o petista teve quatro contas rejeitadas pelo TCM e já foi condenado pela Justiça Federal por improbidade administrativa. Em março deste ano, ele foi condenado a devolver mais de R$ 520 mil aos cofres estaduais por um convênio firmado pela prefeitura com o governo em 2010. Se a Lei da Ficha Limpa for considerada, Osni deve ser exonerado. 

Precedentes

Há precedentes nas próprias gestões petistas. Em 2015, a Justiça determinou a exoneração do ex-deputado Oziel Oliveira do comando da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) com base na Lei da Ficha Limpa por ter tido contas rejeitadas quando foi prefeito de Luís Eduardo Magalhães. Anos depois, os ex-prefeitos Luiz Caetano, de Camaçari, e Isaac Carvalho, de Juazeiro, também tiveram nomeações no governo questionadas por serem enquadrados pela Ficha Limpa. Na época, integrantes do governo manifestaram preocupação com a entrada deles na gestão justamente pelos questionamentos judiciais.

Ofensiva

A criação da União Baiana de Vereadores (UBV) tem como pano de fundo uma articulação conduzida por Osni Cardoso e pelo prefeito de Serrinha, Adriano Lima (PP), de olho nas eleições de 2024. Isso porque a nova entidade chega para rivalizar com a União de Vereadores da Bahia (UVB), que é comandada por Edylene Ferreira (Republicanos), vereadora de Serrinha e apontada como candidata a prefeita nas eleições do ano que vem. A meta de Osni e Adriano, dizem interlocutores governistas, é minar a UVB e, consequentemente, enfraquecer Edylene.


 
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Fotos: divulgação
 

14 Apr 2023

Jerônimo fica quase 20% do mandato na China, as queixas da base governista, a CPI do MST e o abacaxi no CAB

Governador turista

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) vai ficar fora da Bahia, em viagem à China, por quase 20% dos seus primeiros 100 dias de gestão. O petista, que viajou ao país asiático no último dia 29, decidiu prolongar sua estadia - com direito a autorização da Assembleia Legislativa - para se encontrar com o presidente Lula (PT) e tentar garantir algum investimento para anunciar no retorno à Bahia no próximo dia 16, já que, até o momento, a agenda não rendeu nada além de memes nas redes sociais. No total, serão 18 dias de viagem nestes pouco mais de três meses de governo. Para observadores da política baiana, não há precedentes na história recente do estado de uma viagem tão longa de governador para fora do país. E o pior: num momento extremamente delicado para o estado.

Palácio vacante

Enquanto Jerônimo continua em sua viagem na China, a Bahia vive uma das suas piores crises na segurança pública dos últimos anos - se não a pior. Nos últimos dias, foram registradas diversas ocorrências graves, como tiroteio na Lapa, perseguição e troca de tiros na avenida Paralela, ônibus incendiado na região de Sussuarana, provocando fechamento de escolas, unidade de ensino e hospital invadidos. Ainda entram nas estatísticas os casos das idosas sequestradas no bairro de Piatã e do idoso baleado no tórax durante um assalto no Costa Azul. E enquanto isso, o governo segue inerte. Jerônimo só foi se manifestar na noite desta quinta-feira (13) em suas redes sociais, dizendo que iria ampliar a ronda escolar. Será que, quando voltar à Bahia, ele vai manter o discurso de que a violência é culpa da imprensa?

Contraste

Enquanto o governador passa quase 20% do seu mandato no exterior, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) desfila com seus 40 seguranças pelo estado com o modo 'arroz de festa' ativado. Ou melhor: com seus 33 policiais, como ele mesmo gosta de corrigir, e ainda faz questão de dizer que precisa de mais 40. E, por ironia do destino, isso tudo acontece justamente num dos momentos mais críticos da segurança pública na Bahia dos últimos anos. A situação de Geraldo, em contraste com a maioria das cidades baianas, que sofrem com a falta de efetivo policial, remete a um famoso ditado popular: uns com tanto, outros com tão pouco.

Jerônimo encurralado pela própria base

O que faltou de projeto e rumo nos 100 dias do governador Jerônimo Rodrigues sobrou de queixas e reclamações dentro da base aliada por causa da distribuição de cargos. O estopim foi uma reunião recente na última segunda (10), justamente nos 100 dias, quando líderes e parlamentares da Assembleia Legislativa colocaram um ponto final na relação de paz e amor com o chefe do Executivo. O primeiro recado da insatisfação veio com a adesão de governistas à CPI do MST, articulada pela bancada de oposição para investigar quem são os financiadores dos atos de invasão de terra na Bahia.

CPI do MST e o alerta do mau presságio

A senha de que a relação com Jerônimo já azedou veio com a assinatura do presidente da Casa, deputado Adolfo Menezes (PSD), que até então se colocava como aliado de primeira hora. Fato é que a lista de apoiadores da CPI já chegou a 30 deputados, praticamente metade do Legislativo, e tem a tendência de crescer nos próximos dias. Governistas mais experientes confidenciam nos corredores do Legislativo que a instalação de uma CPI no quarto mês de governo é um mau presságio.

Tempo livre

Da China, Jerônimo já mandou avisar que pretende arrumar um cargo para o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) quando retornar ao estado. Se o perfil expansivo do emedebista já incomodava antes, agora, com Geraldo como governador interino, passou a ser “insuportável”, segundo relatam fontes governistas. O governador já analisa, junto ao seu núcleo duro, espaços para dar ao vice “alguma ocupação”.

Vai que...

E o vice foi motivo de piadas entre deputados estaduais na última quarta-feira (12), quando a Assembleia Legislativa aprovou a autorização para que Jerônimo prolongue sua viagem à China. Para viagens de mais de 15 dias, o chefe do Executivo precisa de autorização legislativa. Em tom de brincadeira, parlamentares disseram que Geraldo deveria estar torcendo para que o Legislativo não aprovasse a permanência. “Geraldo devia estar doido por isso para Jerônimo cair e ele assumir de vez, já que está tão deslumbrado com o cargo”, disse, aos risos, um deputado. “O ditado do vice agora deve ser ‘Deus me livre, mas quem me dera’”, completou outro parlamentar, para provocar gargalhadas do grupo que acompanhava a conversa.

Segura que esse abacaxi é seu

Virou motivo de piada no meio político a confusão do secretário de Agricultura da Bahia, Walisson Torres (o Tum), para discernir a diferença entre sisal e abacaxi. Explicamos: segundo relato do deputado Marcinho Oliveira (União Brasil), Tum passava pela região sisaleira, quando perguntou se um pé de sisal era um pé de abacaxi. O desconhecimento sobre um aspecto elementar da agricultura baiana colocou um caminhão de críticas sobre a condução dele à frente da pasta. Já existe até bolão de aposta para ver quando Tum dará tchau ao posto.

Fritura

E não é só o secretário Tum que tem sido questionado no governo. Quem também tem recebido críticas internas é a secretária de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira (PSD). Ela vem sendo alvo de servidores, que acusam a ex-deputada de perseguição. No núcleo duro do governo, as críticas são recebidas com preocupação, uma vez que, dizem fontes governistas, Jusmari tem deixado a desejar no comando da pasta, que é uma das mais estratégicas da gestão. Garantem, ainda, que já tem gente de olho no cargo - inclusive do próprio partido dela.

Ressaca sem fim

Passados quase dois meses, a Secretaria de Turismo do Estado ainda publica contratos e pagamentos feitos para a realização do Carnaval. A fatura parcial já se aproxima de R$ 60 milhões e, segundo fontes internas, deve romper a casa dos R$ 100 milhões. Somente esta semana, foram 37 ordens de pagamentos que totalizaram R$ 2,5 milhões. Pela lógica, e pela lei, os valores deveriam ser tornados públicos antes de saírem dos cofres do Estado. Se por um lado, ainda não se sabe o total da conta da folia momesca, já se sabe que a Setur pretende desembolsar quase R$ 2 milhões para anunciar o São João em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Gincana

A demora do governador em formalizar um projeto de lei para tornar o programa Bahia sem Fome um política de estado foi alvo de uma série de críticas na Assembleia Legislativa. A avaliação dos deputados é que sem o compromisso orçamentário do governo a campanha tende a rodar apenas pelo apelo solidário para coleta de cestas básicas. “Do jeito que foi implementado até agora parece gincana”, advertiu um parlamentar. Há também cobranças pela transparência sobre aquilo que é arrecadado, sobre as condições de armazenamento, logística de distribuição e nomes das pessoas atendidas. A ideia é que as informações ajudem a mensurar o andamento da ação.

De volta

A deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD) já começou a preparar o terreno para tentar retornar à prefeitura de Porto Seguro no próximo ano. Ela deve ser a candidata do grupo na cidade para enfrentar a reeleição do prefeito Jânio Natal (PL). Embora há quem defenda que ela deveria formar um novo quadro para a corrida eleitoral, fontes que acompanham a política na cidade dizem que a deputada deseja entrar na disputa contra Jânio, que hoje é considerado favorito para renovar o mandato por mais quatro anos.

Mudança de ares

Já o ex-deputado Uldurico Júnior (MDB), que foi derrotado por Jânio em Porto Seguro em 2020, é especulado como candidato a prefeito de Teixeira de Freitas. O vice-governador Geraldo Júnior já avisou que Uldurico contará com o apoio do governo caso entre na disputa no município contra a reeleição do prefeito Marcelo Belitardo (União Brasil), hoje também tido como favorito.

Sonho meu

O deputado estadual Patrick Lopes (Avante) sonha em ser candidato a prefeito de Jequié. Inclusive, nesta semana, já declarou que pretende entrar na disputa com o apoio do governo. Contudo, a empreitada dele esbarra em dois pontos: a elevada aprovação do prefeito Zé Cocá (PP) e a resistência de setores governistas, uma vez que a cidade é base importante de alguns parlamentares influentes do grupo, como o deputado federal Antonio Brito (PSD). Para se viabilizar, dizem governistas, Patrick, que é ex-prefeito de Jitaúna, precisaria das bênçãos das lideranças locais, o que hoje estaria muito distante.

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Foto: Reprodução/Redes Sociais.

8 Apr 2023

Geraldo Jr. dá uma de Paes de Andrade, a vista grossa de Jerônimo e os 100 dias sem nada do governador

Escárnio 
Beira o escárnio com o povo da Bahia a declaração do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) de que tem ao seu dispor 33 policiais e de que precisa (pasmem!!!) de mais 40. Enquanto o governador em exercício arrota sua empáfia e quer com ele mais de 70 policiais, a maioria dos municípios do estado tem apenas dois profissionais para combater a criminalidade. Indiretamente, com sua fala, o emedebista ainda admite que a segurança pública no estado está caótica. Afinal, por que precisaria de tanta segurança? 

Pinto no lixo
Sem o governador Jerônimo Rodrigues, que está em viagem à China, Geraldo está parecendo "pinto no lixo", como definiu um deputado da base. Com uma agenda de viagens e entrevistas em veículos de comunicação, o emedebista tem aproveitado ao máximo o cargo interino para conseguir holofote. As más línguas dizem que está aparecendo mais que o próprio governador. 

Quando o gato sai ... 
Geraldo tem sido comparado por observadores da política baiana ao ex-deputado federal Antônio Paes de Andrade, que assumiu a presidência da Câmara dos Deputados após a morte de Ulysses Guimarães. Em um dado momento, Paes de Andrade sucedeu a José Sarney na presidência do Brasil e aproveitou a ocasião para levar amigos, aliados e familiares, em um voo presidencial, a sua terra natal, a cidade de Mombaça, no Ceará. A repercussão negativa foi tanta que ele ficou conhecido como presidente Mombaça. Qualquer semelhança é mera coincidência. 

A vista grossa de Jerônimo
O governador Jerônimo Rodrigues deu sinal verde a uma contratação emergencial, por dispensa de licitação, com evidentes sinais de irregularidade. As duas empresas que selaram o contrato, cuja finalidade era oferecer suporte administrativo e operacional às unidades de ensino da Secretaria Estadual de Educação, reduziram o valor da proposta final porque simplesmente zeraram de suas tabelas o pagamento de tributos previdenciários PIS e COFINS.

A lupa do TCE
A manobra, francamente ilegal, passou sem ranhuras pela gestão do petista, mas não deve ficar ilesa diante dos auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que já estão com denúncia detalhada nas mãos. “[…] em que pese a obrigação legal o tomador dos serviços promover a retenção das contribuições previdenciárias e seu posterior repasse aos cofres do Fisco Federal, o Estado da Bahia quedou inerte e acatou – ilegal e absurdamente - uma proposta de preço com a tributação do PIS e COFINS zerada”, diz trecho da peça. 

Afrontando a lei
Coincidentemente a legislação desobedecida por Jerônimo foi instituída pelo presidente Lula nos idos de 2003, com a Lei 10.833/2003, estabelecendo que, na condição de tomador do serviço, o Estado da Bahia tem obrigação legal de proceder com a retenção das respectivas contribuições previdenciárias, sob pena de figurar como responsável tributário pelo pagamento da exação. Ou seja, a passividade do governador com as empresas manobristas pode fazer recair sobre os cofres do estado baiano um passivo tributário de responsabilidade alheia.

Sincericídio que fala, né?
Aliados de Jerônimo Rodrigues não poupam críticas diante da possibilidade de o governador não estar presente nas comemorações dos 100 dias de governo, na próxima segunda-feira (10). Jerônimo pode prolongar a estadia na China para integrar a comitiva de Lula, cujo embarque para o país asiático está previsto para terça (11). No calor dos comentários, um deputado governista deixou escapar uma fala mais realística: “também, não tem nem o que mostrar, né!?”. 

Parece um #tbt
O sincericídio do parlamentar em questão não está sozinho. Outros deputados, e até dirigentes partidários, demonstram pouca expectativa com a largada administrativa da era Jerônimo, em especial sobre o proveito efetivo da caravana à China. A avaliação fria e pragmática da maioria deles é que a agenda aponta mais para a simbologia política e diplomática do que para a resolução das questões técnicas de investimentos e obras, como é o caso da lendária Salvador-Itaparica. Basta lembrar que os antecessores Jaques Wagner e Rui Costa também fizeram passeios na China e a ponte nunca saiu do papel. Parece um #tbt.

100 dias sem nada
Caciques com trânsito no Palácio de Ondina alimentam a expectativa de que salvação dos 100 dias do governo Jerônimo pode ser Lula na China. Sem resultados concretos ou investimentos atraídos no país asiático - nem mesmo novidades sobre a  prometida Ponte Salvador-Itaparica, o petista até chegou a anunciar a oficialização da instalação da Sinoma, maior fabricante de pás eólicas do mundo. A empresa, contudo, já tem mantido conversas com a Prefeitura de Camaçari. Inclusive, representantes da companhia já se reuniram com o prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil) e já até praticamente definiram local de instalação no município. 

O bolo dos estaduais em Jerônimo
Passou batido pela bancada de mais de 40 deputados governistas o aniversário do governador Jerônimo na última segunda (3). A exceção foi o bolsonarista-neopetista Raimundinho da JR, que fez uma ligeira saudação, mas alegou não ter tido dinheiro para comprar um bolo para o aniversariante. Nenhum dos nove deputados do PT sequer deu as caras para fazer o registro da primavera. O filho do vice-governador Geraldo Júnior, o deputado Matheus Ferreira (MDB), esteve no plenário, mas só lhe coube pedir a verificação de quórum, o que pôs fim à sessão.

O escolhido
A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), já encaminhou a escolha do nome do grupo que irá disputar sua sucessão no próximo ano. Segundo fontes que acompanham a política no município, o favorito de Moema é o secretário de Administração, Ailton Florêncio. O nome, contudo, não agrada toda a base da prefeita, que, com a gestão em baixa, vai precisar suar para bancar a candidatura de Ailton. 

Planserv à deriva
Aposentados que usam o Planserv, plano de saúde dos servidores públicos na Bahia, estão vivendo uma verdadeira peregrinação para manter o serviço em vigor. É que a nova empresa gestora do plano mudou a modalidade de cobrança e deixou os segurados a ver navios. São horas no telefone em busca do boleto de pagamento para não correrem o risco de ficar inadimplentes e, por tabela, desassistidos no momento que mais precisarem. São pacientes de idade avançada e portadores de doença autoimune, que estão há dias na incerteza do atendimento. Somado a isso, ainda tem aplicação de multa de R$ 2 para cada dia de atraso. A chegada da Haptech à administração do Planserv aconteceu de forma acelerada e contrária à recomendação do Ministério Público da Bahia, já que ela é controlada pela Hapvida, uma rede que atua justamente no segmento de hospitais e de plano de saúde.

Coluna originalmente publicada no Jornal CORREIO. 

Foto: Divulgação. 

31 Mar 2023

A vinda de Bolsonaro à Bahia, a 'peruagem' de João Roma e o drama dos professores indígenas com Jerônimo

Agenda

Após retornar ao Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ter a Bahia entre os primeiros destinos visitados nas próximas semanas. Segundo bolsonaristas com acesso ao entorno do ex-presidente, Bolsonaro já teria dado o aval para a organização de um evento no estado, ainda sem local definido, entre os primeiros atos de sua agenda.

É o amoooor…

E por falar no ex-presidente, o ex-ministro João Roma (PL) não perdeu a oportunidade de ‘peruar’ Bolsonaro no retorno dele. No seu melhor estilo papagaio de pirata, Roma fez questão de ficar ao lado do líder do PL para sair nas fotos e vídeos que registravam o momento. O grude foi tanto que já há quem diga que Roma devia estar sofrendo de abstinência.

Lá e lô

Enquanto Roma ‘perua’ Bolsonaro em Brasília, na Bahia seus aliados próximos se aproximam cada vez mais do PT. Uma reunião nesta semana do deputado estadual Vitor Azevedo (PL) com o secretário estadual de Relações Institucionais, Luiz Caetano (PT), deu o que falar nos bastidores da política baiana. Braço direito de Roma, Azevedo não tem escondido de ninguém sua aproximação com o grupo petista no estado e tem sido alvo de críticas por bolsonaristas. Para eles, a proximidade de Azevedo com o governo do PT pode comprometer o próprio Roma, presidente do PL no estado e candidato a governador no partido Bolsonaro.

Vitória folgada

O desembargador Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro sofreu uma derrota pesada nesta semana. Na disputa pela vaga de membro titular no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Cafezeiro perdeu para o desembargador Abelardo Paulo da Matta Neto, que venceu a corrida por 38 votos, contra 25 do adversário - 13 votos de vantagem. Autor de diversas decisões controversas (para ser eufêmico) favoráveis a Jerônimo Rodrigues na eleição passada, Cafezeiro era tido por alguns como favorito na disputa pelo TRE. Como diz o ditado, entrou água.

O drama dos professores indígenas

A base folgada que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) construiu na Assembleia, negociando cargos e espaços, também não deu conta de aprovar uma matéria que em tese seria prioridade do petista. O projeto que trata da correção no salário de professores indígenas está há quatro semanas sem entrar no radar para votação. Nos bastidores da Assembleia, alguns governistas apostam que o projeto continuará na gaveta por mais tempo, até que o governador retorne da China. A avaliação deles leva em conta que a matéria tem valor simbólico para Jerônimo (que se autodeclarou indígena) e não faria sentido acelerar agora a aprovação, já que a sanção ficaria a cargo do governador em exercício Geraldo Júnior (MDB).

Pinto no lixo

O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) está, como dizem governistas, que nem pinto no lixo ao assumir o comando do estado com a viagem de Jerônimo Rodrigues para a China. Mesmo com marcação forte de caciques governistas, liderados pelo secretário de Relações Institucionais, Luiz Caetano (PT), Geraldo montou uma agenda extensa para aproveitar ao máximo o cargo momentâneo, com eventos no interior e na capital. Ele chegou, inclusive, a marcar diversas entrevistas em veículos de comunicação. Os caciques do Palácio de Ondina estão de cabelo em pé com a situação.

Frustração

Entretanto, quando o governador adiou a ida ao país asiático em função dos problemas de saúde do presidente Lula, Geraldo chegou a desmarcar diversas entrevistas que já tinha marcado para o momento em que iria assumir o governo. Mas quando Jerônimo decidiu viajar, mesmo sem Lula, o vice-governador retomou a agenda.

Favorito

Tem crescido o nome do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) para a sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados, em 2025. Parlamentares baianos contam que, nos bastidores do Congresso, Elmar é apontado hoje como o favorito para ser o candidato do bloco liderado por Lira e que já tem se movimentado para se viabilizar na disputa, inclusive adotando uma postura "muito mais afável" com os colegas de Parlamento. Dizem também que o deputado baiano, já de olho em 2025, tem ampliado diálogo com diversas lideranças da Casa, de governo e oposição. Se for mesmo o candidato do bloco de Lira, garante, será o próximo presidente da Câmara.

Lupa na gastança

Técnicos do Tribunal de Contas do Estado e do Ministério Público da Bahia já estão de olho nas cifras praticadas pela CAR (Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional) nos últimos anos, em especial nas de 2022, quando os números saíram da curva. Além de ter o caixa turbinado em R$ 100 milhões para firmar convênios com prefeituras em meio à efervescência eleitoral, a companhia também dedicou outros R$ 289 milhões para pagamentos a instituições privadas sem fins lucrativos, leia-se ONGs e associações rurais que vitaminam a base de apoio ao governo petista. O valor pago em 2022 é superior ao dobro do praticado em 2021 (R$ 142 milhões) e mais que o triplo desembolsado em 2020 (R$ 76 milhões). As autoridades fiscalizadoras querem saber os motivos reais para a escalada no orçamento.

Janela seletiva I

O governador Jerônimo disse ao Política Livre que os deputados que chegaram à base depois da eleição não terão prioridade na distribuição dos cargos no interior. Nas palavras do petista, “não dá para chegar logo e querer sentar na janela”. Contudo, os deputados do PP parecem ser uma exceção à regra. Após marcharem com ACM Neto na eleição - ou pelo menos disseram -, já chegaram ocupando espaços na capital, vide o Detran e outros órgãos importantes, preterindo os antigos aliados. O PV que marchou com ele na campanha até hoje não foi contemplado com nada.

Janela seletiva II

A fala, inclusive, gerou mal-estar entre aliados. Reservadamente, parlamentares disseram que a declaração foi desnecessária, ainda que seja verdadeira, pois passa uma impressão de "desprezo" pelo apoio recebido. Comparam, ainda, a fala com as declarações duras com a base do antecessor Rui Costa (PT).

Resultado animador

Integrantes do PSB têm incentivado a deputada federal Lídice da Mata, presidente estadual do partido, a disputar a Prefeitura de Salvador após a divulgação da primeira pesquisa na capital baiana, em que ela aparece com pouco mais de 10% de intenções de voto. Eles consideram o resultado animador e, somado a isso, argumentam, ela foi a segunda mais votada em 2022 na capital baiana, atrás apenas de Leo Prates. Socialistas dizem ainda que Lídice tem começado a tomar gosto pela ideia.

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24 Mar 2023

A agenda remendada de Jerônimo na China, a marcação cerrada em Geraldo e o absurdo em Itabuna

Salvador no alvo

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem dito a aliados próximos que virá "com sangue nos olhos" para as eleições de 2024 em Salvador. Embora alguns integrantes da base admitam a possibilidade de mais uma pulverização de candidaturas, o governador quer apenas um candidato da base governista para enfrentar a tentativa de reeleição do prefeito Bruno Reis (União Brasil). Fontes do Palácio de Ondina dizem que o nome ainda não foi definido, mas garantem: o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que muito deseja disputar a prefeitura, não é, nem de longe, o favorito do líder petista.

Persona non grata

Por falar no vice-governador, Geraldo anda cada vez mais isolado na gestão estadual. Sem espaço e sem prestígio, o emedebista não é bem visto por integrantes do governo, que o consideram um "personagem incoveniente". Mas, por enquanto, ele não parece se importar muito. "É admirável a força de vontade de Geraldo em continuar tentando passar a imagem de que ele tem moral no governo", diz um parlamentar, sob anonimato.

Pense num absurdo…

Sabe aquela velha máxima imortalizada pelo ex-governador Octávio Mangabeira de 'pense num absurdo, na Bahia tem precedente'? Pois o novo episódio vem de Itabuna. Por lá, o prefeito Augusto Castro (PSD) não nomeou até hoje os cinco funcionários no gabinete do vice-prefeito Enderson Guinho (União Brasil), que rompeu com o pessedista. Guinho foi à Justiça e ganhou na primeira instância, que determinou a nomeação dos servidores no prazo de 15 dias. O prefeito não cumpriu, recorreu e pediu a suspensão do prazo, negado pela desembargadora Pilar Célia Tobio de Claro. O prazo venceu na última segunda-feira (20) e o prefeito simplesmente ignorou a decisão.

… Na Bahia tem precedente

E não para por aí. Não satisfeito, Augusto Castro decidiu, à revelia do vice-prefeito, nomear outras cinco pessoas que não frequentam o gabinete de Guinho. Para completar, o prefeito impetrou um novo agravo, desta vez ao presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Nilson Castelo Branco, que decidiu pela suspensão da exigência de prazo da nomeação. Estamos de olho, viu, Augusto?!

Agenda remendada

Líderes do Palácio de Ondina estão correndo contra o tempo para montar uma agenda alternativa para o governador Jerônimo Rodrigues na China. O petista baiano vai integrar a comitiva do presidente Lula, que, segundo garante fontes governistas, não comprou a pauta que Jerônimo pretendia discutir com empresários chineses, como a Ponte Salvador-Itaparica e o monotrilho do Subúrbio, projetos que não saíram do papel, embora sejam prometidos há anos. Com Jerônimo sem agenda na China e a reboque de Lula, governistas tentam esticar a estadia na China para tentar levar à frente a pauta baiana.

Salvação chinesa

A viagem de Jerônimo à China, inclusive, tem sido tratada como a tábua de salvação para o governo reembalar promessas e ter o que apresentar no balanço de 100 dias de governo, a serem completados no início de abril. O governador já anunciou que vai tratar com os chineses pelo menos três pautas que se arrastam na morosidade das gestões petistas: sobre a viabilidade da ponte Salvador-Itaparica, obra que o PT prometeu inaugurar dez anos atrás; sobre o VLT do Subúrbio, cujas obras foram abandonadas, mesmo depois de Rui Costa ter desativado as linhas de trem; além de finalmente tentar um acordo para a montadora BYD ocupar o antigo parque automotivo da Ford, que deu adeus ao Estado e deixou um rastro de desemprego e retração na economia. Falta saber se, nos 45 minutos do segundo tempo, o governo vai conseguir montar essa agenda.

Marcação cerrada

Jerônimo desenhou um esquema tático para que seus interlocutores mais próximos façam marcação cerrada sobre o vice-governador Geraldo Júnior enquanto ele estiver fora em missão internacional na China. O petista não esconde o receio de deixar a caneta nas mãos do vice. Segundo auxiliares da governadoria, Jerônimo teme que, uma vez empoderado provisoriamente com a caneta de governador em exercício, o emedebista saia das quatro linhas com anúncios e decisões fora do combinado. O governador, inclusive, já escalou o secretário de Relações Institucionais, Luiz Caetano (PT), para fazer uma espécie de marcação individual, homem a homem, para evitar arroubos e contornar eventuais situações embaraçosas.

Cochilo governista

Apesar de serem minoria na composição das comissões da Assembleia Legislativa, deputados da oposição aproveitaram o cochilo dos governistas para fazer valer o poder de fiscalização sobre a máquina estadual. Depois do estrago feito, o líder de Jerônimo na Assembleia, Rosemberg Pinto, apelou à Mesa Diretora para mudar a regra regimental e ainda aplicar efeito retroativo para anular a convocação do secretário.

Sua chamada está sendo encaminhada…

Quem também está na mira dos deputados é a secretária de Saúde, Roberta Santana, cuja fama de não atender nem retornar ligações já começa a incomodar. Um parlamentar chegou a relatar que vem tentando por 15 dias falar com a secretaria acerca de uma criança prematura com microcefalia que aguarda pela regulação há 27 dias no interior da Bahia.

O forasteiro

O presidente da União dos Municípios da Bahia UPB, Quinho Tigre (PSD), que foi coordenador da campanha de Jerônimo na região Sudoeste da Bahia, vai lançar a sua esposa, Dirleia Santos Meira, candidata a vereadora de Vitória da Conquista. Quinho não esconde de ninguém seu desejo de disputar a prefeitura da terceira maior cidade do estado em 2028 e, segundo político da região, articula a candidatura da esposa já como parte desta articulação. Contudo, a recepção não tem sido muito boa e o prefeito tem sido chamado de forasteiro em Conquista.

17 Mar 2023

A caixa preta dos convênios de Rui, Geraldo e os 40 PMs e a polêmica das invasões do MST

Caixa preta dos convênios de Rui I

Uma apuração sobre os convênios celebrados pelo governo do Estado com prefeituras em 2022 volta a suscitar forte suspeita de abuso de poder econômico nas últimas eleições. Antes de encerrar seu último ano de mandato, o ex-governador Rui Costa (PT) colocou quase R$ 1,6 bilhão à disposição de prefeitos para agilizar obras, reformas e afins. O valor é oito vezes maior do que ele mesmo havia gasto em 2021 (R$ 189 milhões), quando não houve disputa eleitoral. As obras, ou pelo menos a promessa delas, vieram majoritariamente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e da Secretaria de Educação, que juntas responderam por R$ 1,3 bilhão [R$ 699 milhões e R$ 623 milhões respetivamente].

Educação em último plano

O que impressiona é que em 2021, a pasta da Educação, gerida à época por Jerônimo Rodrigues, não aplicou um centavo sequer em convênios. Os milhões aplicados aos 45 do segundo tempo escancarou o contraste de secura que a educação da Bahia viveu na última década, a ponto de figurar nas piores posições do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Caixa preta dos convênios de Rui II

Outro órgão que teve o caixa de convênios turbinado entre 2021 e 2022 foi a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), que saiu de R$ 56 milhões para R$ 155 milhões ações casadas com prefeituras e associações da agricultura familiar, vistas como a joia da coroa do voto petista nos rincões da Bahia.

Piada pronta

A declaração da secretária de Desenvolvimento Urbano da Bahia, Jusmari Oliveira (PSD), de que o governo Jerônimo iniciou estudos sobre a ponte Salvador-Itaparica caiu como uma piada no meio político. Após 10 anos da promessa de inauguração, falar em estudos é um acinte. Em tom de ironia, até governistas comentaram que tais estudos devem estar em fase de pós-doutorado, tamanha é a demora em retirar as ideias do papel.

Inimigo do Agro

Repercutiu mal entre produtores rurais e empresários do agronegócio baiano a fala do vice-governador do Estado, Geraldo Júnior (MDB), relativizando invasões de terra lideradas pelo MST em diversos municípios da Bahia. “…o MST não é uma invasão, é uma ocupação”, disse Geraldo, com clara intenção de afagar a plateia de petistas que o ouvia, sem, porém, atentar para a ilegalidade dos atos, muitos deles inclusive contidos com decisões judiciais de reintegração de posse. Em grupos de WhatsApp, o emedebista já vem sendo chamado de “o novo inimigo do agro”, justamente por desconsiderar que a insegurança jurídica causada pelas invasões tende a gerar prejuízos também na produção de alimentos e criação de animais.

Direta

A avaliação interna na base governista é que a declaração de Geraldo pró-invasões do MST não foi por acaso. O fato é que atinge em cheio produtores rurais e proprietários de terras da Bahia.

Geraldo e os 40 PMs

E por falar em Geraldo, enquanto a maioria dos municípios baianos tem no máximo dois policiais para combater a criminalidade, o vice-governador tem em seu gabinete nada menos que 40 PMs. Ou seja: Geraldo tem ao seu lado o número de policiais equivalente a 20 municípios pequenos do estado. A situação é no mínimo absurda diante dos índices alarmantes do estado, que tem o maior número de homicídios do país, e expõe também como os governos do PT têm lidado com a segurança pública. Convenhamos: esse caso é mais um daqueles que ilustra a famosa frase de Octávio Mangabeira: Pense num absurdo, na Bahia tem precedente.

Missa de corpo presente

A Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) finalmente voltará a ter sessões totalmente presenciais. Foi o que garantiu o presidente Adolfo Menezes (PSD), atendendo à solicitação do líder da bancada da oposição, deputado Alan Sanches (UB), que alegou não haver mais restrições sanitárias para que os 63 deputados compartilhem o mesmo espaço no plenário da Casa. A medida desagradou e muito o líder da base governista, Rosemberg Pinto (PT), por avistar dificuldade em garantir a missa de corpo presente dos parlamentares para aprovar matérias de interesse do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Na terça (15), por exemplo, a sessão foi encerrada porque não havia número suficiente de deputados no plenário. Da tropa de 40 governistas, só quatro deram as caras.

Zoada legislativa

E mesmo com número reduzido, a bancada da oposição na ALBA tem conseguido fazer algum barulho no Legislativo baiano. Além de ter feito a movimentação para o retorno das sessões presenciais, na semana passada, numa manobra bem articulada, conseguiu aprovar o convite ao secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, para falar na Comissão de Direitos Humanos sobre a violência na Bahia.

Quem avisa amigo é

Deputados da base governista têm alertado lideranças da gestão estadual em relação à atuação da Agerba no transporte intermunicipal. Parlamentares dizem que a agência tem feito vistas grossas para os péssimos serviços oferecidos por empresas que fazem a ligação entre cidades baianas, principalmente na região metropolitana de Salvador, além de não fiscalizar o transporte irregular. Para eles, o caso representa uma crise potencial para o governo.

Morde e assopra

O grupo de Jerônimo Rodrigues (PT) parece ainda não ter decidido se defende ou não a herança de Rui Costa (PT). Por um lado, a tropa governista tem se vangloriado da inauguração, por Jerônimo, de obras iniciadas ainda na gestão de Rui. Por outro, quando o tema vira segurança pública, aliados dizem que este é um novo governo e que os dados são do antigo, criticando indiretamente a gestão do antecessor na área.

Em busca de consenso

O grupo de oposição à prefeita Moema Gramacho (PT) tem procurado se articular para formar um bloco forte e competitivo capaz de vencer a turma da petista, que ainda não definiu quem será seu candidato na sucessão. Com uma gestão mal avaliada, Moema tem sofrido com a falta de nomes para 2024 e vê uma disputa acirrada entre aliados para ver quem será o candidato. Enquanto isso, a oposição se articula e, caso lance uma candidatura unificada do grupo, observadores da política na cidade garantem que Moema será destronada.

Fumaça preta

No Norte da Bahia, em Juazeiro, o grupo governista no estado intensificou as conversas para definir quem vai para o embate com a prefeita Suzana Ramos (PSDB). Lideranças do PCdoB já avisaram que pretendem lançar o deputado estadual Zó na disputa. Contudo, enfrentam forte resistência de caciques petistas, que insistem em um nome do partido para a corrida e argumentam que Zó tem um problema: não é da terra. Natural de Xique-Xique, o parlamentar não é tido como local pelos juazeirenses. Já no PT, há um racha: enquanto uma parte da legenda defende o nome do ex-prefeito Isaac Carvalho, outra não abre mão do também ex-prefeito Paulo Bomfim, afilhado político de Carvalho. A disputa nos bastidores está bastante acirrada e, por enquanto, não há sinal de fumaça branca.

Prévia para 2024

Enquanto isso, a prefeita Suzana Ramos surfa em ondas tranquilas. Com boa avaliação na cidade, a prefeita conseguiu importantes vitórias políticas em 2022. Na disputa pelo governo, deu ao seu candidato, ACM Neto (União Brasil), a vitória no segundo turno no município, mesmo com a ampla vantagem de Lula na cidade. E, de quebra, elegeu seu filho, Jordávio Ramos, deputado estadual com mais de 37 mil votos, mais que o dobro do que Zó, o segundo colocado (cerca de 13,9 mil).

Fogo de palha

Anunciado nesta semana pré-candidato a prefeito de Barreiras, o deputado estadual Eures Ribeiro (PSD) teve no município uma votação, em 2022, que não o elegeria nem para vereador. Ex-prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures teve em Barreiras 473 votos para deputado e ficou atrás de outros 15 nomes, alguns inclusive que não venceram o pleito. Em 2020, o vereador eleito na cidade com menor votação teve 577 sufrágios. Embora pretenda entrar na disputa, Eures não tem apoios fortes na cidade. Para colegas parlamentares, tudo não passa de “jogada de marketing”.

Foto: Divulgação.

10 Mar 2023

Rui no cangote de Jerônimo, a operação do governo para a aprovação de Aline Peixoto no TCM e a fritura de Rosemberg

Rui no cangote I

O governador Jerônimo Rodrigues respirou aliviado e espera ter autonomia de agora em diante depois de ter finalmente realizado o desejo do seu antecessor Rui Costa de colocar a ex-primeira-dama Aline Peixoto no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). A operação para que 40 deputados estaduais votassem na esposa de Rui foi afiançada, entre outras coisas, graças ao toma lá dá cá mediado por Jerônimo, com o pagamento generoso de emendas, oferta de cargos na máquina estadual e até em empresas terceirizadas que prestam serviço ao governo baiano. Agora que a fatura foi liquidada, o staff governista projeta um reequilíbrio na relação Rui-Jerônimo, sem que o ministro interfira tanto no dia a dia das decisões administrativas.

Rui no cangote II

Segundo interlocutores, o próprio Jerônimo já teria se queixado da falta de independência para tomar decisões em questões relativamente simples, mas que ainda estão sujeitas ao aval do agora ministro da Casa Civil. Exemplo disso é a lista para nomeação de assessores de funções técnicas que ainda repousa na mesa de Jerônimo aguardando sinal verde do ex. Sem liberdade almejada, o novo governador vê seus primeiros dias de mandato escorrer pelos dedos, com agendas que ainda não têm sua digital.

Nas entocas

Diversas nomeações no Diário Oficial do Estado deram o ritmo para a votação da bancada do PP na indicação de Aline Peixoto ao TCM. Pessoas ligadas aos pepistas foram agraciadas com cargos nos últimos dias, conforme movimentações publicadas no diário oficial, para garantir o apoio em bloco da legenda à ex-primeira-dama.

Caça às bruxas

Caciques da base governista estão desconfiados da votação obtida por Aline Peixoto e começaram uma caça às bruxas velada. Isso porque o Palácio de Ondina esperava ter 43 votos favoráveis à agora conselheira do TCM, mas teve 40. A avaliação é que três deputados da base se comprometeram a apoiar a esposa de Rui Costa, mas não entregaram o voto. Há suspeitas, mas por enquanto o silêncio é palavra de ordem.

Sem acordo

Embora a operação para a eleição de Aline Peixoto tenha sido bem-sucedida, o processo deixou rachas na base governista. Além das suspeitas de traição, o deputado Fabrício Falcão (PCdoB) não escondeu sua insatisfação com o líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), que afirmou não haver acordo para a próxima vaga em tribunal de contas. Antes do processo, Fabrício retirou sua candidatura ao TCM para apoiar Aline em troca de apoio na próxima empreitada. A irritação do deputado comunista foi tanta que ele chegou a sair de um grupo de WhatsApp de parlamentares.

Barrado no baile

E o pior é que, em conversas reservadas, Fabrício Falcão não deve ter mesmo a vaga. Isso porque, de acordo com fontes da coluna, caso a cadeira em tribunal de contas vá para o PCdoB, o escolhido deve ser o deputado federal Daniel Almeida, que preside a legenda na Bahia.

Fato sem fake

O líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Rosemberg Pinto (PT), deve desculpas públicas por ter atacado o jornalista João Pedro Pitombo que trouxe à tona um vínculo que a ex-primeira-dama Aline Peixoto - e agora conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA) - omitiu do seu currículo enviado à Assembleia Legislativa da Bahia. Tão logo teve sua indicação aprovada ao TCM na última quarta (8), Aline foi exonerada da função de assessora especial no gabinete da secretária de Saúde do Estado, o que prova a existência do vínculo empregatício com o governo estadual.

Dormiu no ponto

E Rosemberg, que já tem sido bastante criticado na liderança governista, ganhou mais um motivo para ter sua posição questionada. Nesta semana, a comissão de Direitos Humanos da ALBA, presidida pelo deputado Pablo Roberto (PSDB), aprovou um convite do secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, para falar sobre a violência no Estado. A aprovação foi considerada uma cochilada da liderança do governo, que, embora tenha a maioria da comissão, dormiu no ponto e deixou que a oposição aprovasse o convite. Em conversas de WhatsApp, parlamentares governistas já elegeram Rosemberg como culpado.

Crise à vista

Interlocutores do governo de Jerônimo Rodrigues enxergam num horizonte não muito distante o risco de uma grave crise na segurança pública, sobretudo pelo ritmo desenfreado e diário de conflitos entre facções criminosas. Quem alerta sobre o tema leva em conta os registros cada vez mais numerosos de homicídios e ocorrências rotineiras de trocas de tiros, somado ao fato de que o novo governador ainda não colocou na mesa um plano de ação para conter a ousadia dos criminosos.

À procura de um culpado

Diante do tamanho que a situação ganhou, há quem fale em herança maldita deixada por Rui na área da segurança. Consideram que Jerônimo tem pouco tempo na cadeira para ser cobrado pela questão, mas que ao mesmo tempo seu governo representa a continuidade de um ciclo de 16 anos, não havendo brecha para se isentar da questão ou até responsabilizar adversários. Se tiver que reclamar de alguém, Jerônimo terá de endereçar críticas ao seu antecessor Rui Costa - que nos últimos quatro anos colocou a Bahia como o estado brasileiro com maior número de mortes violentas do País.

Oportunismo

O governo do Estado quer vender como benfeitoria uma correção salarial que está para fazer nos subsídios de professores indígenas. A categoria foi esquecida pelo ex-governador Rui Costa na última adequação do piso nacional feita em abril de 2022 e mesmo com reiteradas reclamações não teve o direito concedido. Agora o governador Jerônimo foi aconselhado a dar atenção especial ao assunto, sobretudo pela conexão identitária com a comunidade indígena. Nesse sentido, já enviou projeto à Assembleia Legislativa para reparar o descaso de Rui, aplicando efeito retroativo a março do ano passado. O problema é que, para extrair louros políticos dessa pauta, o novo gestor quer transformar uma correção salarial em promoção.

Foto: Mateus Pereira GOVBA. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

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