Geraldo Jr. dá uma de Paes de Andrade, a vista grossa de Jerônimo e os 100 dias sem nada do governador

Escárnio 
Beira o escárnio com o povo da Bahia a declaração do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) de que tem ao seu dispor 33 policiais e de que precisa (pasmem!!!) de mais 40. Enquanto o governador em exercício arrota sua empáfia e quer com ele mais de 70 policiais, a maioria dos municípios do estado tem apenas dois profissionais para combater a criminalidade. Indiretamente, com sua fala, o emedebista ainda admite que a segurança pública no estado está caótica. Afinal, por que precisaria de tanta segurança? 

Pinto no lixo
Sem o governador Jerônimo Rodrigues, que está em viagem à China, Geraldo está parecendo "pinto no lixo", como definiu um deputado da base. Com uma agenda de viagens e entrevistas em veículos de comunicação, o emedebista tem aproveitado ao máximo o cargo interino para conseguir holofote. As más línguas dizem que está aparecendo mais que o próprio governador. 

Quando o gato sai ... 
Geraldo tem sido comparado por observadores da política baiana ao ex-deputado federal Antônio Paes de Andrade, que assumiu a presidência da Câmara dos Deputados após a morte de Ulysses Guimarães. Em um dado momento, Paes de Andrade sucedeu a José Sarney na presidência do Brasil e aproveitou a ocasião para levar amigos, aliados e familiares, em um voo presidencial, a sua terra natal, a cidade de Mombaça, no Ceará. A repercussão negativa foi tanta que ele ficou conhecido como presidente Mombaça. Qualquer semelhança é mera coincidência. 

A vista grossa de Jerônimo
O governador Jerônimo Rodrigues deu sinal verde a uma contratação emergencial, por dispensa de licitação, com evidentes sinais de irregularidade. As duas empresas que selaram o contrato, cuja finalidade era oferecer suporte administrativo e operacional às unidades de ensino da Secretaria Estadual de Educação, reduziram o valor da proposta final porque simplesmente zeraram de suas tabelas o pagamento de tributos previdenciários PIS e COFINS.

A lupa do TCE
A manobra, francamente ilegal, passou sem ranhuras pela gestão do petista, mas não deve ficar ilesa diante dos auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que já estão com denúncia detalhada nas mãos. “[…] em que pese a obrigação legal o tomador dos serviços promover a retenção das contribuições previdenciárias e seu posterior repasse aos cofres do Fisco Federal, o Estado da Bahia quedou inerte e acatou – ilegal e absurdamente - uma proposta de preço com a tributação do PIS e COFINS zerada”, diz trecho da peça. 

Afrontando a lei
Coincidentemente a legislação desobedecida por Jerônimo foi instituída pelo presidente Lula nos idos de 2003, com a Lei 10.833/2003, estabelecendo que, na condição de tomador do serviço, o Estado da Bahia tem obrigação legal de proceder com a retenção das respectivas contribuições previdenciárias, sob pena de figurar como responsável tributário pelo pagamento da exação. Ou seja, a passividade do governador com as empresas manobristas pode fazer recair sobre os cofres do estado baiano um passivo tributário de responsabilidade alheia.

Sincericídio que fala, né?
Aliados de Jerônimo Rodrigues não poupam críticas diante da possibilidade de o governador não estar presente nas comemorações dos 100 dias de governo, na próxima segunda-feira (10). Jerônimo pode prolongar a estadia na China para integrar a comitiva de Lula, cujo embarque para o país asiático está previsto para terça (11). No calor dos comentários, um deputado governista deixou escapar uma fala mais realística: “também, não tem nem o que mostrar, né!?”. 

Parece um #tbt
O sincericídio do parlamentar em questão não está sozinho. Outros deputados, e até dirigentes partidários, demonstram pouca expectativa com a largada administrativa da era Jerônimo, em especial sobre o proveito efetivo da caravana à China. A avaliação fria e pragmática da maioria deles é que a agenda aponta mais para a simbologia política e diplomática do que para a resolução das questões técnicas de investimentos e obras, como é o caso da lendária Salvador-Itaparica. Basta lembrar que os antecessores Jaques Wagner e Rui Costa também fizeram passeios na China e a ponte nunca saiu do papel. Parece um #tbt.

100 dias sem nada
Caciques com trânsito no Palácio de Ondina alimentam a expectativa de que salvação dos 100 dias do governo Jerônimo pode ser Lula na China. Sem resultados concretos ou investimentos atraídos no país asiático - nem mesmo novidades sobre a  prometida Ponte Salvador-Itaparica, o petista até chegou a anunciar a oficialização da instalação da Sinoma, maior fabricante de pás eólicas do mundo. A empresa, contudo, já tem mantido conversas com a Prefeitura de Camaçari. Inclusive, representantes da companhia já se reuniram com o prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil) e já até praticamente definiram local de instalação no município. 

O bolo dos estaduais em Jerônimo
Passou batido pela bancada de mais de 40 deputados governistas o aniversário do governador Jerônimo na última segunda (3). A exceção foi o bolsonarista-neopetista Raimundinho da JR, que fez uma ligeira saudação, mas alegou não ter tido dinheiro para comprar um bolo para o aniversariante. Nenhum dos nove deputados do PT sequer deu as caras para fazer o registro da primavera. O filho do vice-governador Geraldo Júnior, o deputado Matheus Ferreira (MDB), esteve no plenário, mas só lhe coube pedir a verificação de quórum, o que pôs fim à sessão.

O escolhido
A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), já encaminhou a escolha do nome do grupo que irá disputar sua sucessão no próximo ano. Segundo fontes que acompanham a política no município, o favorito de Moema é o secretário de Administração, Ailton Florêncio. O nome, contudo, não agrada toda a base da prefeita, que, com a gestão em baixa, vai precisar suar para bancar a candidatura de Ailton. 

Planserv à deriva
Aposentados que usam o Planserv, plano de saúde dos servidores públicos na Bahia, estão vivendo uma verdadeira peregrinação para manter o serviço em vigor. É que a nova empresa gestora do plano mudou a modalidade de cobrança e deixou os segurados a ver navios. São horas no telefone em busca do boleto de pagamento para não correrem o risco de ficar inadimplentes e, por tabela, desassistidos no momento que mais precisarem. São pacientes de idade avançada e portadores de doença autoimune, que estão há dias na incerteza do atendimento. Somado a isso, ainda tem aplicação de multa de R$ 2 para cada dia de atraso. A chegada da Haptech à administração do Planserv aconteceu de forma acelerada e contrária à recomendação do Ministério Público da Bahia, já que ela é controlada pela Hapvida, uma rede que atua justamente no segmento de hospitais e de plano de saúde.

Coluna originalmente publicada no Jornal CORREIO. 

Foto: Divulgação. 

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