Ator baiano Dan Ferreira fala sobre sua primeira incursão na música com álbum autoral

Conhecido por seu trabalho como ator, o baiano Dan Ferreira decidiu mostrar seu potencial como cantor e compositor e acaba de lançar seu primeiro álbum, “ILÁ”, disponível em todas as plataformas digitais. Com dez faixas autorais, o artista registra seus primeiros passos no mercado fonográfico muito bem acompanhado, com participações especiais do baterista e percussionista Robertinho Silva, Jéssica Ellen, Larissa Luz, Alexandre Ito e Enjoyce.

Com o rap como gênero principal, o álbum de estreia do artista também traz em sua sonoridade ritmos afro-brasileiros como samba, samba-reggae e ijexá.

As letras abordam as experiências de Dan e sua relação com a família, amores, infância, trabalho, futuro, saúde mental e religiosidade com uma provocação: Quanto tempo a gente leva pra expressar quem é na totalidade? “Talvez seja esse um dos maiores questionamentos de cada um de nós. Na tradição do culto aos Orixás, na nação de Ketu, após iniciado, o Yawô (pessoa nascida para o Orixá) pode levar o período de um ano ou mais até o Orixá emitir o seu Ilá, seu chamado. Assim como a impressão digital para nós humanos, o Ilá é único e cada Orixá tem seu”, explica.
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Com distribuição da Mondé Musical via Believe, “ILÁ” conta com a produção executiva de Ana GB e Map Music, masterização de Luiz Café e mixagem do produtor musical Gabriel Marinho, responsável também pelos arranjos de base, ao lado de Alexandre Seabra, Marcus Homem e Caio Brandão e, também, da gravação, juntamente com Tuninho Villas.  Prévia do disco, o single “Saturno” teve seu lançamento também em todas as plataformas digitais e pode ser conhecido, via YouTube.
 
Como ator, Dan acumula trabalhos de destaque no cinema e TV - a novela “Amor de Mãe”, em 2019 e o filme “Pixinguinha, Um Homem Carinho”, em 2021, são alguns deles. Este ano, estrelou  “A Porta ao Lado” e, a partir de 21 de setembro, poderá ser visto como Gilberto Gil quando jovem, no longa “Meu Nome é Gal”.
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O artista vive atualmente um momento especial. Noivo da também atriz e cantora Jéssica Ellen, curte a paternidade desde dezembro passado, com a chegada de Máli Dayó, primeiro filho do casal. Saiba mais na entrevista a seguir, concedida com exclusividade para o Alô Alô Bahia.
 
Alô Alô Bahia:  Qual sua relação com a Bahia?
Minha relação com Salvador é total. Não só por ter nascido aqui. Mas, meu pai é de Salvador, minha avó paterna mora aqui. E eu venho sempre, ou a trabalho ou para visitar. Quero muito que o Máli, meu filho, tenha essa relação com a cidade também, porque é o lugar que me inspira a escrever. Salvador tá no meu disco, tá na maneira como eu interpreto meus personagens, na maneira como eu vejo o mundo, me porto com o mundo, lido com as situações. É a minha cidade, é o meu berço!
 
AAB:  Como essa relação com Salvador te inspira?

DF: Eu fico muito feliz de ser a minha cidade, de levar ela no coração e de poder ter ela como inspiração também. Isso me deixa muito feliz. Nesse momento, eu tô aqui fazendo um longa. É uma benção fazer cinema na minha cidade, sabe? É a segunda vez que isso acontece. A Susan Kalik e o Thiago Gomes me convidaram, em 2020, para fazer o ‘Sobre Nossas Cabeças’, que foi um curta-metragem que rodou mais de 60 festivais no Brasil e no mundo, que me deu o prêmio de Melhor Ator. Agora estou fazendo esse longa-metragem, que, tenho certeza, vai ser muito bem recebido também pela crítica, pelo público, porque é um filme que fala sobre saúde mental, amor próprio, arte, o poder da arte na vida das pessoas. Então, isso me deixa muito feliz. É a cidade que eu nasci e que me inspira a todo tempo.
 

AAB: Você se tornou pai em dezembro passado, com a chegada de Máli Dayó. Como a paternidade tem te modificado?

DF: 
Existe um Danilo antes e depois. O Máli é o motivo de tudo que eu faço. Quando ele nasceu foi uma montanha-russa de emoções. E só cresce, só aumenta, um amor que só se expande. O meu filho foi o combustível necessário para eu ter coragem de realizar e ir lá, de eu ter vontade de fazer do mundo um lugar melhor, de contribuir de maneira efetiva e responsável com arte no mundo, com a cidadania no mundo. Meu filho é o que me faz querer ser, diariamente, a melhor versão de mim, melhorar como artista, como ser humano, como pessoa… ele é o combustível disso tudo. Ele é a razão pela qual eu quero ser cada vez maior, a versão mais potente, mais forte, mais bonita, mais plena de mim. Meu filho é a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
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AAB: Seu álbum de estreia é recheado de participações especiais, como a de Larissa Luz. Ela participa em que faixa?

DF:
Eu sou muito fã de Larissa Luz. Quando eu compus ‘Dois de Dezembro’, que tinha outro nome, era ‘Duas Cidades’, porque eu falo da minha relação com Salvador e com o Rio, eu já pensava nela para estar junto. E fiquei muito feliz quando ela topou.
 

AAB: Fale sobre as escolhas das participações especiais do baterista e percussionista Robertinho Silva.

DF: O Robertinho Silva sempre foi um artista que admirei muito. Para mim, ele é a bateria do Brasil. Ele trabalhou muitos anos com o “Bituca” [Milton Nascimento], então eu já tive a oportunidade de conhecê-lo na casa do Bituca e, depois disso, a gente no processo de realização do disco, o estúdio em que a gente gravou, é um estúdio que ele frequenta muito. No dia que a gente estava começando o processo de gravação dos instrumentos, ele apareceu lá não por acaso e descobriu que a gente estava fazendo um disco, pediu para escutar o som, gostou muito de “Duncan Back” e disse: ‘Posso fazer percussão dessa música?’. E a gente ficou muito honrado de ter essa contribuição dele, porque, tanto eu quanto o Gabriel Marinho - produtor do disco -, somos muito fãs.
 

AAB: E como se deu as parcerias com Alexandre Ito e Enjoyce?

DF: Quem me apresentou o Alexandre Ito foi o [ator] Danilo Mesquita. Ele é i diretor musical do disco dos ‘Bradeiros’ e diretor musical da banda. Alexandre (também) toca na orquestra sinfônica, toca com o Bituca a anos e, enfim, quando eu o convidei para essa faixa, ele aceitou de primeira e foi muito especial ter ele junto. Enjoice, minha cunhada querida, [também participou do disco] e sempre admirei muito o trabalho dela, a voz dela. Ela é muito importante para esse disco, porque backing em quatro faixas.
 

AAB: A atriz e cantora Jéssica Ellen é sua noiva, mãe de seu primeiro filho, e está no álbum. Como foi gravar com ela?

DF: Ela ia participar do disco de alguma maneira e ia ser pela música “Duncan Back”, porque ela curtiu o refrão. Quando eu compus, pensei nela cantando, na voz dela. Foi ótimo, assim, quando a gente conseguiu realizar, chegar no estúdio, concretizar, ela colocar a voz e a gente sair feliz. Essa letra fala de uma desilusão amorosa que eu vivi na adolescência. E aí, hoje, estar com a Jéssica, ter ela como companheira da minha vida, mãe do meu filho, a gente construindo nossa família, é a concretização do nosso amor. E ela também tem uma estrada na música, tem dois discos lançados, é uma cantora maravilhosa. E ter ela junto foi lindo demais. Eu tenho um trabalho como ator e estou me lançando como compositor, como músico, abrindo mais essa vertente do meu processo de criação. E aí ela foi uma pessoa muito especial, que me deu força, muita coragem para seguir, para realizar. Então foi ótimo ter ela junto.
 

AAB: Sobre sua carreira como ator, como se deu essa escolha profissional?

DF: É meio clichê, mas eu era, de fato, a criança que ficava imitando as pessoas em casa, inventava história para fazer no jantar para apresentar nas festas de família. E, além disso, eu entendi, numa experiência na escola, a importância dos professores em nossas vidas. Eu entendi muito cedo que a encenação, o teatro, as dinâmicas dos professores, traz reflexões sobre alguns assuntos, que a gente consegue falar sobre vários assuntos a partir da arte. Muito depois, uma professora de português fez um passeio da turma para gente ir ao teatro e entender o poder e a necessidade da gente cuidar da terra. Era uma peça que falava de ecologia, de cuidados com o planeta, e eu fiquei muito impressionado. No ensino médio, aqui na Bahia, fiz um curso de dramaturgia extracurricular. No projeto de conclusão, fiz um monólogo. Eu tinha 17 anos e entendi que era pelo caminho da arte que deveria seguir. E, desde então, tem sido assim. Eu acho que a arte tem um poder transformador. E é assim que eu quero seguir, seja na música ou na interpretação, na escrita, na moda - que é uma coisa que eu gosto também. Eu quero muito criar uma coleção.


AAB:  Depois de interpretar Pixinguinha no cinema, você será visto novamente nas grandes telas como Gilberto Gil quando jovem no longa “Meu Nome é Gal”. Como foi para você, sendo também cantor, interpretar esses ícones da música?

DF: A gente sabe o quão difícil é quando você consegue interpretar uma dessas pessoas, que são muito importantes para história do Brasil: Pixinguinha, Gilberto Gil… é uma benção. Você todo dia pensa na responsabilidade, na beleza e na graça que é poder interpretar essas personagens da cultura do Brasil e do mundo. É muita responsabilidade, mas eu cumpro com muito amor e com muita dedicação, tanto no Pixinguinha quanto no “Meu Nome é Gal”, fazendo Gil. A diferença é que o Pixinguinha já não está mais entre nós e o Gil tá aí, né!? Então, é uma responsa, mas eu fico muito feliz. Me sinto muito honrado de, no meu ofício, ter a possibilidade de interpretar essas figuras. Mas, de alguma maneira também, na minha humildade aqui, poder homenageá-los também, sabe?
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Fale um pouco sobre seu papel em “A Porta ao Lado” e, se puder, conte pra gente sobre seus próximos projetos.

DF: Este foi um filme que a gente rodou em 2020 e 2021. A gente pegou todas as complexidades de filmar no meio da pandemia e todas as dificuldades deixaram a produção com um valor ainda mais especial para a gente. E por estar falando de relação também, o Rafa, eu acho, trouxe uma coisa muito forte para o filme, como reflexão, são os valores que estão estabelecidos e que, às vezes, a gente faz um pacto com esses valores de ser uma pessoa sempre bem-sucedida, de ter que dar certo e de corresponder a padrões machistas, patriarcais, estabelecidos na sociedade que fazem com que a gente não olhe para dentro, para nossas subjetividades, para as subjetividades das nossas relações, para nossos anseios. É uma personagem que está sempre na iminência de falar o que pensar, de dar vazão aos seus sentimentos. Foi uma personagem que me deixou muito feliz de fazer por poder contribuir para a reflexão das pessoas.
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AAB: Quais seus próximos passos?

DF: Eu estou nesse momento rodando um longa-metragem aqui em Salvador. Acabei de lançar o disco e aí, assim que acabar esse filme, tem um outro, do Bruno Barreto, que eu vou fazer também, e aí, na sequência, ainda no primeiro semestre, quero começar a organizar a agenda de shows. Fazer show aqui em Salvador, no Rio, no Brasil inteiro. Eu fiz o disco para realizar shows, não só para streaming. É um disco que, inclusive quando você escuta pelos instrumentos orgânicos, imagina o show com aquelas canções. Então, eu quero muito, quero muito! Vai sair vinil dele também.
 

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Fotos: Helen Salomão, Wendy Andrade, divulgação e redes sociais. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia) e Twitter (@Aloalo_Bahia).

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