Entrevistas



1 Oct 2020

Maior Assessoria de M&A do Brasil desembarca em solo baiano

Neste último mês de setembro, o empresário Sérgio Costa selou acordo para fixar a bandeira da Studio Brokers em território baiano. A rede especializada em M&A (fusões e aquisições) do grupo Studio, assessoria empresarial de origem gaúcha com maior capilaridade operacional do país, também atua nas áreas fiscal, contábil, energia, agro e societária.

O Alô Alô Bahia conversou com Sérgio sobre este ambicioso projeto que promete aquecer o mercado baiano através do estreitamento de relações com grandes fundos nacionais e estrangeiros de private equity e venture capital. De olho!

Nos conte um pouco sobre a Studio Brokers. De que forma a empresa pretende contribuir com o empresariado baiano?
A Studio Brokers é o braço de fusões e aquisições do Grupo Studio, assessoria empresarial com mais de 6 mil clientes e 1000 escritórios espalhados pelo país. Nossa missão é ajudar a movimentar a economia do estado apoiando as empresas locais, estreitando o relacionamento com os principais fundos de investimentos do país e auxiliando os empresários com ferramentas capazes de otimizar indicadores com foco não apenas em equity como estratégia de saída, mas também no planejamento sucessório e em expansões no buy side.

O que é e como funciona um processo de M&A?
Em linhas gerais, primeiramente realizamos uma avaliação da empresa (valuation) para alinharmos expectativas. Posteriormente, ocorre o que chamamos de "Roadshow", que é uma "ida a mercado" para apresentar o ativo aos potenciais investidores. Essa etapa é realizada de forma anônima, sem permitir a identificação do cliente, visando proteger o mesmo. Em seguida, é assinado um contrato de confidencialidade e entramos em fase de negociação, que inclui discussões de valuation, ofertas, due diligence e contratualizaçãoda compra.

Quais setores e perfis de empresas que podem se beneficiar da assessoria de M&A oferecida pela Studio Brokers?
Via de regra, qualquer empresa pode se beneficiar. Dependendo do setor, os valuations podem estar "mais esticados" devido às expectativas e concorrência por bons ativos. É o que acontece em setores como Saúde, Educação e Alimentos atualmente. 

Você mencionou que, além das operações de venda de equity, a Studio Brokers também auxilia as empresas no processo de expansão e planejamento sucessório. Conte-nos um pouco sobre essas duas alternativas para os empresários que não pretendem se desfazer por completo de seus respectivos negócios.
Nossa capilaridade é inigualável no mercado de M&A: praticamente não existe empresa no Brasil a mais de 200km de um escritório do Grupo Studio. Isso traz vantagens para a atividade de expansão através de aquisições, pois conseguimos identificar e nos aproximarmos das melhores oportunidades com muita rapidez. O planejamento sucessório é um serviço intimamente ligado a atividade de M&A: um dia os ativos construídos pelo empresário deverão ser passados para seus herdeiros. Especialmente num país com excesso de impostos como o Brasil, é vital que esse movimento seja minuciosamente planejado para evitar contratempos e custos desnecessários.

Como se encontra o mercado de M&A diante do cenário de pandemia que vivemos atualmente?
Naturalmente o setor foi impactado pois muitos investimentos foram colocados "on-hold" até que o cenário fique menos incerto. O número de fusões e aquisições está 17% menor que do ano passado, no entanto, a tendência é que com o horizonte se aclarando o mercado recupere essa redução.

De que forma a desaceleração econômica provocada pelas restrições impostas pelo coronavírus pode afetar o valuation das empresas? 
Os valuations estão desconsiderando o ano de 2020 das bases de projeções. Foi um ano completamente atípico e seria injusto usar ele como base de precificação, e os investidores estão cientes disso.

O que espera da retomada de crescimento da economia no cenário de pós-pandemia? Quais oportunidades se apresentam para as empresas baianas na atual conjuntura? 
Muitos investimentos foram pausados durante a pandemia e, ao mesmo tempo, diversas reformas econômicas pró-economia vem sendo discutidas no congresso. A tendência é vermos um movimento muito grande de dinheiro se movimentando para o Brasil no pós-pandemia e, naturalmente, a Bahia, como um dos principais estados, é um dos alvos. E nós vamos estar aqui para trazer as melhores oportunidades para o estado.

Qual a projeção das regiões mais beneficiadas?
A Bahia é um estado muito grande, repleto de oportunidades, com muitas empresas "fora do radar" de fundos de private equity e consolidadores. Nosso foco vai ser contribuir para a pavimentação de um caminho de investimentos no estado: de Juazeiro até Mucuri, de Luís Eduardo Magalhães até Salvador.

Foto: Divulgação. Siga o Insta @sitealoalobahia.

17 Sep 2020

Diretor do Instituto Cervantes fala sobre relações entre Brasil e Espanha e revela planos para o pós-pandemia

O diretor do Instituto Cervantes de Salvador, Daniel Gallego Arcas, acredita que a retomada do turismo entre Brasil e Espanha será lenta e feita com muita cautela devido à pandemia do novo coronavírus. Contudo, após esta fase mais crítica, ele opina que "a recuperação será espetacular, pois as pessoas depois do confinamento vão querer viajar, se a economia permitir".
 
Na capital baiana desde o ano passado, Daniel Gallego chegou ao Brasil em 2011 e conhece bem as semelhanças e diferenças entre as culturas brasileira e espanhola. Nesta entrevista ao Alô Alô, ele fala sobre estas relações culturais entre os dois países, conta sobre suas origens na Espanha e relata como foi passar a pandemia em Salvador. "A preocupação com a saúde de amigos e família tornou-se algo bastante real naquele momento", diz.
 
Além disso, ele também fala sobre os planos para o Instituto Cervantes com a retomada das atividades em Salvador. Por enquanto, o instituto mantém sua programação de maneira virtual e, agora em setembro, terá programação para celebrar o Dia Europeu das Línguas e, em dezembro, uma Mostra de Cinema Argentino, que contará com uma seleção de variados e premiados filmes da recente e exitosa produção daquele país.
 
Sob uma perspectiva individual, como você avalia a relação Brasil-Espanha, sobretudo nos aspectos econômicos?
 
Um espanhol ao mudar-se para o Brasil por motivos profissionais, a primeira ideia que vem à cabeça é: um país grandioso - o principal mercado latino-americano e com uma das economias emergentes mais destacadas no mundo. Tanto as relações culturais como as econômicas com a Espanha sempre têm sido muito intensas, e nas últimas décadas, vêm evoluindo muito fortemente. Estas relações não se baseiam apenas na presença de uma importantíssima colônia de espanhóis e descendentes na região Nordeste.
 
A Espanha é o terceiro investidor direto estrangeiro no Brasil, depois dos Países Baixos e Estados Unidos. São muitos os que ainda desconhecem este fato, e se surpreendem profundamente ao descobrir a grande aposta que as empresas espanholas fazem há mais de um quarto de século na quinta potência mundial em tamanho e população e nona economia do mundo.
 
No ano passado, a União Europeia apresentou um estudo sobre a presença no Brasil das empresas europeias, no qual mostrava que geravam cerca de 250 mil postos de trabalho. Pois bem: mais de dois terços destes postos de trabalho foram gerados graças a empresas espanholas, contemplando assim o Brasil como uma extensão de sua atividade produtiva. Algumas dessas empresas são: Aena, Santander, Acciona, ACS, Iberdrola, Siemens-Gamesa, CAF, Roca, Telefónica, Estrella Galicia, Fini.
 
 
 Para além da similaridade da língua, como povos latinos, temos uma relação cultural muito interessante entre Brasil e Espanha. Qual o papel do Instituto Cervantes na manutenção desses elos?
 
Para a Espanha, o Brasil é um país parceiro cultural importantíssimo. Aqui, nosso país possui a maior rede de Institutos Cervantes do mundo: oito centros em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Salvador e Curitiba. O Cervantes é um órgão da Administração Espanhola encarregado de promover a cultura espanhola em todas as suas variantes, bem como de executar a política cultural do Estado espanhol no Brasil.
 
A coordenação e colaboração entre os oito Institutos é constante, o que se reflete em um grande número de eventos culturais conjuntos e ações comuns de promoção da cultura espanhola. Esta colaboração tem seu equivalente nas intensas relações mantidas pelo Conselho Cultural da Embaixada da Espanha com o Ministério da Cultura do Brasil, com os diferentes atores culturais do estado da Bahia, bem como com inúmeras instituições brasileiras ao redor do mundo. Todos eles são instrumentos muito úteis para projetar ao público brasileiro as atividades e manifestações culturais do nosso país em toda a sua diversidade.
 
Como foi para você passar por uma pandemia estando no Brasil e também acompanhando as notícias do seu país?
 
Nos primeiros meses da pandemia, a Espanha foi um dos países mais atingidos por esta grave doença. Enquanto o Brasil ainda vivia uma relativa tranquilidade, o número de atingidos na Espanha crescia assustadoramente, fato que determinou a implantação de um dos mais rigorosos lockdown de toda Europa. A preocupação com a saúde de amigos e família tornou-se algo bastante real naquele momento. Já no Brasil, muito devido a seu tamanho continental, a propagação do vírus ocorreu pontualmente em algumas grandes cidades para depois se espalhar numa velocidade mais branda, mas ao mesmo tempo, de forma mais prolongada em seu território. Eu acredito que tanto Espanha quanto o Brasil ainda têm grandes desafios pela frente, mas tenho confiança que ambos sairão com grandes lições.
 
Qual sua expectativa para a retomada do turismo entre Brasil e Espanha?
 
Sem a vacina à disposição da população, não haverá uma recuperação real, e sim, muito tímida. Esta recuperação vai ser lenta e, em princípio, até que os números melhorem, será necessária muita cautela. Mas com o potencial turístico do Brasil, assim que o perigo diminuir, a recuperação será espetacular, pois as pessoas depois do confinamento vão querer viajar, se a economia permitir. O principal problema que parecemos enfrentar no “novo normal” será nossa capacidade de controle e adaptação.
 
O potencial de belezas naturais, paisagens culturais e históricas e os encantos do Brasil são impressionantes. O país tem muito mais potencial para tirar mais proveito de todas essas vantagens, mostrando ao mundo todos os seus encantos, ainda desconhecidos para o turismo, já que não é só samba, praia e Rio de Janeiro. São os espaços naturais, as selvas, os rios, o interior do país e o patrimônio cultural, os museus, a história, cidades como Ouro Preto, Brasília, Gramado e claro, Salvador. Sem esquecer a rica gastronomia com os seus inúmeros produtos, alguns deles tão desconhecidos, mas ao mesmo tempo tão versáteis como a mandioca nas suas infinitas versões.
 
Há quanto tempo você está no Brasil à frente do Cervantes?
 
Em 2011, cheguei a São Paulo onde morei durante cinco anos na cidade que jamais descansa. Nesse período, trabalhei com funções de administrador do maior Instituto Cervantes do Brasil e, desde o primeiro momento, o povo brasileiro, com esse caráter amável e acolhedor, me recebeu de braços abertos. Em 2016, fui transferido para Brasília onde continuei desempenhando as mesmas funções no Instituto Cervantes na capital do país. Em 2019, fui nomeado Diretor do Instituto Cervantes de Salvador, localizado na Ladeira da Barra, com vista para a Baía de Todos-os-Santos e para a Ilha de Itaparica. Foi com essa mesma impressionante vista que o pintor Maíno, encarregado pelo rei espanhol Felipe IV, em 1634 relatou “A Recuperação da Bahia de Todos os Santos” num extraordinário quadro que agora ocupa uma das principais salas do Museu do Prado, ao lado dos grandes mestres como Velazquez, Zurbarán, Tiziano, El Bosco. Nesse quadro, relata-se a batalha naval da Espanha junto a Portugal para expulsar aos holandeses da Bahia e da cidade de Salvador a qual tinham tomado um ano antes. O quadro foi destinado a ser colocado no salão dos Reinos do Palácio do Buen Retiro, centro do poder do rei espanhol.
 
Qual a sua origem na Espanha?
 
Mesmo tendo um sobrenome que faz referência a uma região do norte da Espanha, a Galícia, sou natural de uma cidade da Andaluzia, na beira-mar do Mediterrâneo chamada Motril; cidade com uma paisagem muito parecida com a Bahia: abacateiros, mangueiras, gravioleiras, palmeiras e cana de açúcar, com cheiro de melaço e de rum, com o mar sempre presente e regulando esse microclima específico, motivo pelo qual a região é chamada Costa Tropical. Nessa cidade do Sul da Espanha, passei a minha infância e adolescência, e posteriormente segui meus estudos pela França, Inglaterra e Bélgica. Essa experiência multicultural me lançou numa carreira internacional e criou um desejo imparável de conhecer o mundo.
 
Quais os principais aspectos, na sua opinião, que aproximam os dois povos e as suas culturas? 
 
Se há uma pergunta que normalmente é feita pela família e amigos é:  em que somos parecidos os espanhóis e os brasileiros? Se por um olhar, somos povos bem diferentes, ainda assim, há uma extrema simpatia recíproca entre ambos os povos. Os espanhóis adoram e admiram o Brasil e sentimos uma atração irreprimível por todo seu povo. Creio que esta empatia seja recíproca, superando outros povos europeus.
 
Em qualquer caso, a ascendência latina compartilhada tanto pelo Brasil quanto pela Espanha não se resume apenas pela língua, mas também pela cultura. Não devemos também esquecer do clima que modela os povos e as pessoas, pois apesar de se encontrar em território europeu, a Espanha certamente é dos países de clima mais ameno de toda Europa. A espontaneidade das pessoas certamente é outro traço que une os dois países, assim os dois povos são mundialmente conhecidos como extremamente receptivos e comunicativos.
 
E quais as principais diferenças?
 
Como eu costumo dizer, nós espanhóis somos extremamente próximos aos brasileiros, mas ao mesmo tempo, totalmente distantes.  A assertividade é uma forte característica espanhola que às vezes pode ser confundida com uma certa rispidez. Em amabilidade, os brasileiros ganham de longe, pois nós espanhóis somos muito mais bruscos; os brasileiros são alegres, sensuais, espontâneos e otimistas. Nós espanhóis somos alegres e sinceros, mas sérios e trágicos e bem mais pessimistas. O brasileiro é sentimental e o espanhol, passional. Na Espanha, se alguém perguntar como você está, a resposta sempre tende a ser desfavorável; no Brasil, mesmo com o coração apertado, a resposta sempre vai ser positiva.
 
Para o pós-pandemia, o Instituto Cervantes está planejando alguma atividade ou novidade para as atividades aqui em Salvador?
 
Durante a pandemia, o Instituto Cervantes tem desenvolvido toda a atividade cultural de maneira virtual. No próximo dia 26 de setembro, junto com os centros culturais europeus que fazem parte de EUNIC [European Union National Institutes for Culture], vamos a comemorar o Dia Europeu das Línguas com projeções de cinema europeu no Cinema Drive In do Instituto Goethe, assim também vamos celebrar uma telejornadas de formação de línguas para professores entre as três Instituições Culturais Europeias em Salvador- Aliança Francesa, Goethe Institut e Instituto Cervantes de Salvador. Em novembro, está programada uma Mostra de Cinema Argentino, que contará com uma seleção de variados e premiados filmes da recente e exitosa produção daquele país.
 
Na etapa da pós-pandemia, ao voltarmos à nova normalidade com as atividades presenciais, estamos trabalhando para trazer para a Bahia um grande pianista para um concerto comemorativo do Dia Nacional Espanhol, assim como um concerto de Zarzuela em colaboração com uma das orquestras de Bahia.  Do mesmo modo, estamos planejando com muito afinco uma exposição de um fotógrafo espanhol em colaboração com fotógrafos baianos para realização conjunta de oficinas e exposições visando uma maior integração com o público baiano.
 
Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.

7 Sep 2020

Fundadora da Singular Pharma: “O novo normal é ser uma empresa responsável e relevante”

Conteúdo sob medida Alô Alô Bahia.

A história da farmacêutica e empresária Edza Brasil é amplamente conhecida na Bahia. Pioneirismo, pensamento empreendedor e senso de oportunidade marcam a trajetória da baiana de Paramirim, que há 5 anos mudou completamente sua carreira e começou uma nova história no segmento de saúde e bem-estar ao fundar a Singular Pharma, ao lado do filho Bruno Brandão.
 
Nessa entrevista ao Alô Alô Bahia, Edza fala dos aprendizados obtidos com a pandemia de Covid-19, e as estratégias que fizeram a Singular Pharma registrar crescimento mensal de 400% nas vendas por delivery em comparação com o mesmo período do ano passado. Ela ainda conta um pouco dos segredos de saúde que a fazem continuar em forma e com o pique de uma iniciante.
 
A Singular Pharma tem lojas nos shoppings Paralela, Itaigara, Salvador e Parque Shopping Bahia, em Vilas do Atlântico (Lauro de Freitas), além da matriz, na Avenida Paulo VI, na Pituba. A marca também está presente em Vitória da Conquista, Remanso, Feira de Santana, Serrinha, Alagoinhas e Aracaju.
 
1 – A pandemia foi um grande desafio para diversos segmentos. Como foi a experiência de vocês?
As sensações foram muitas e diversas. No início, um choque. Estávamos num processo acelerado de expansão, com lojas recém-inauguradas e um planejamento de novas aberturas até o final do ano. Ver esse investimento parado foi difícil. Logo depois, fizemos um exercício que está no DNA da marca. Olhar pra nós mesmos. Pensar naquilo que estava ao nosso alcance fazer para driblar o cenário de lojas fechadas. Foi então que fizemos uma reavaliação completa de nossas operações, entendemos onde poderíamos fazer mudanças e partimos pra ação. Assim surgiu o conceito do Easy Delivery, que sustentou nosso crescimento neste período e a decisão de não reabrir algumas unidades presenciais, mesmo quando tivéssemos autorização. Nos reinventamos e apontamos para outro caminho, que se mostrou acertado na medida em que a pandemia avançou.
 
2 – Mas o tempo parado, com lojas fechadas por mais de 3 meses não foi uma surpresa? Quando foi que vocês perceberam que a aposta no delivery era o caminho certo?
Por sermos uma empresa de saúde, temos muita interlocução com o meio científico. Sabíamos que a ideia de um fechamento rápido não era viável. Por isso, nós sempre trabalhamos com a ideia de uma suspensão de atividades não-essenciais por um tempo maior do que aquele que inicialmente era previsto. A nossa ficha foi caindo aos poucos. Primeiro, nós ressignificamos o conceito de serviço essencial. Sempre soubemos da importância do nosso trabalho, mas a pandemia potencializou isso. Começamos indo a público participar de pautas de serviço, colocamos nosso conhecimento à disposição da comunidade. Depois, entendemos que a presença física trazida pelas lojas poderia ser amenizada com uma presença simbólica e de utilidade pública. Optamos por estar perto, mesmo sem contato. Não acreditamos que o delivery é um caminho único. Mas que a presença vai além de ter uma farmácia em cada shopping da cidade. A presença é ser útil e que o novo normal é ser uma marca relevante.
 
3 - Mesmo durante a pandemia, a Singular Pharma se destacou como uma das marcas locais que investiu em marketing e comunicação. O que levou vocês a aparecer num momento em que muitas empresas optaram por não aparecer?
A comunicação foi essencial para conseguirmos mostrar a comunidade que não somos apenas uma farmácia, somos um centro completo de soluções para a saúde e o bem-estar, desde a prescrição de manipulados até a compra de suplementos, vitaminas, produtos que promovem o bem estar de maneira geral.  
 
E esse posicionamento foi sustentado com uma estratégia de comunicação em diversas plataformas: redes sociais, assessoria de imprensa e publicidade. Levamos ao ar uma campanha publicitária durante o período mais agudo do fechamento em Salvador. Ao mesmo tempo, participamos de matérias jornalísticas levando conhecimento e serviços à população, que, naquele momento, já sofria com a disseminação de informações falsas e sem comprovação científica. Nas nossas redes sociais, criamos uma série de lives com médicos, nutricionistas e outros profissionais de saúde para discutir os temas mais interessantes do momento.
 
Toda essa estratégia deu resultado: o público nos viu como parceira, como útil e comprometida com o momento delicado que continuamos vivendo.
 
4 – E o Easy Delivery? O que de fato é esse conceito? Como ele foi determinante para o crescimento registrado nesse período?
A modalidade de venda por delivery já existia. A novidade que trouxemos foi fazer isso de forma simples, próxima e humanizada. E isso só foi possível graças ao investimento grande que fizemos, seja em melhorias no call center da marca, ampliação da nossa estrutura logística e tecnológica e, principalmente, foco em treinamento, capacitação e mudança de processos internos. O nosso foco estava no ponto de venda antes da pandemia. Agora, o foco está na jornada do cliente e em como ela pode ser facilitada. Não abandonamos o modelo de venda física, mas analisamos caso a caso, estudando a performance de cada unidade física para chegar na operação que temos atualmente. Com a marca mais presente na vida das pessoas, com um investimento maior em tecnologia e marketing, o cliente chega até nós em qualquer lugar da cidade, com atendimento simples e entrega gratuita dos pedidos. 
 
5 – E o futuro da marca? Agora com a reabertura, qual futuro vocês enxergam para as lojas físicas, por exemplo?
A idéia de omnichanel vai se intensificar. Isso significa que continuaremos sim olhando pontos para abertura de lojas físicas e trabalhando forte na expansão via franquias. E a análise da localização e da dinâmica própria do ponto escolhido ganhou muita relevância. O Horto Florestal, por exemplo, está no nosso radar de expansão.
 
Ao mesmo tempo, o investimento em marketing e comunicação precisa ser consolidado já que as lojas físicas também funcionam como pontos de comunicação da nossa mensagem. Estaremos cada vez mais nas redes sociais, com campanhas de posicionamento e de conteúdo útil. Na publicidade, continuaremos a convidar nosso cliente a experimentar nosso atendimento e nosso mix de produtos de bem-estar, além de manter a comunicação técnica e transparente com a comunidade médica, de nutricionistas e outros prescritores.
 
Por fim, não podemos gerar dúvidas na cabeça do cliente. Ele aposta que a marca não será apenas relevante durante a pandemia, mas também no chamado novo normal, por isso nos engajamos numa campanha de apoio a denúncia contra a violência doméstica, treinando nossos funcionários para receberem clientes em situação vulnerável. E continuaremos a apoiar e realizar iniciativas de disseminação de conteúdo confiável, práticas saudáveis e atuação responsável.
 
6 – Pra terminar, queríamos saber um pouco dos seus segredos de bem-estar e saúde.
Eu digo que temos que ser reflexos da nossa empresa. Por isso, desde que fundamos a Singular Pharma, eu mudei completamente minha postura. Nos diversos seminários e cursos que faço, descobri que o intestino é o nosso segundo cérebro e, desde então, só permito que entre no meu corpo alimentos de verdade, com acompanhamento nutricional e de forma balanceada. Descobri a paixão pelo ciclismo e isso também ajudou no meu controle de peso e no equilíbrio do meu corpo. Tenho bons hábitos, uma família próxima e amigos queridos. Não tem segredo. É só lembrar que bem estar é uma decisão e que todo merece e deve se cuidar.


Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.

23 Jul 2020

“Tinha muita gente fazendo turismo na pandemia na Ilha”, diz prefeito de Vera Cruz

Localizado na Ilha de Itaparica e dentro da região metropolitana de Salvador, o município de Vera Cruz tem 191 casos confirmados de coronavírus, com 136 pessoas já curadas - mais de 70% do total. A cidade tem 441 casos por 100 mil habitantes, uma das menores taxas da região metropolitana.
 
O prefeito Marcus Vinicius afirma que o município conseguiu controlar o avanço da pandemia graças a uma série de medidas. Ele diz, contudo, que evitou a “canetada” adotada em outros municípios e apostou em ações mais práticas visando o incentivo às pessoas para que cumprissem o isolamento. O município é um dos poucos da região metropolitana e entorno que não estão com toque de recolher.
 
Para isso, ele conta que a cidade fez doações de cestas básicas e prorrogou o pagamento dos impostos municipais, dentre outras medidas.
 
Sobre o ferryboat, o prefeito diz que chegou a solicitar ao governo do estado um maior controle, para priorizar os moradores da Ilha, mas não teve sucesso. Com isso, o fluxo de pessoas seguiu grande. “Tinha muita gente fazendo turismo interno na pandemia, principalmente com os comércios fechados na capital, isso para Salvador foi positivo, mas para a Ilha e para a Linha Verde foi negativo, porque as pessoas saíram, não é?”, afirmou.
 
Vera Cruz tem 191 casos com 136 curados, ou seja, a maior parte já está recuperada. Como está a situação hoje? O senhor acha que já está controlado ou ainda há um certo risco?
 
Não podemos desconsiderar que a gente está situado no epicentro do coronavírus na Bahia, a Região Metropolitana de Salvador (RMS), que é o segundo maior aglomerado urbano do Nordeste inteiro, então nessa situação, por a gente ter um contato direto e diário com a capital com os ferries e as lanchas, não dá para dizer que a gente tem a situação controlada, porque temos o fluxo indo e voltando da capital todos os dias. Mas internamente na cidade as medidas que nós adotamos nos deixou, desde o início da pandemia, até esses quatro meses da pandemia, com o menor índice de casos confirmados em relação à população. Menor até que as cidades menores, do que a nossa na Região Metropolitana. Todas as cidades menores que Vera Cruz tem mais casos do que Vera Cruz. Nós estamos última posição na Região Metropolitana em relação ao número de casos. Acredito que as medidas internas adotadas na cidade permitiram o controle no avanço da pandemia, mas não dá para dizer que está sob controle principalmente pela região em que estamos situados e pelo transporte intermunicipal, os ferries e as lanchas não terem parado e estarem em trânsito com fluxo direto pela capital.
 
Que medidas o senhor destaca como importantes nesse trabalho?
 
Desde o início da pandemia eu verifiquei com a equipe que não daria para a gente resolver na canetada, só com lockdown, de toque de recolher, de decretos normativos. A gente percebeu que isso não ia funcionar. Então fomos para outra vertente e criamos programas de incentivo à população para que essas pessoas não fossem para as ruas. Em vez de fazer a canetada do decreto, começamos a fazer programas de incentivo. Para você ter uma ideia, logo em março quando o coronavírus chegou, a gente paralisou logo as aulas também, mas a gente começou a criar leis de incentivo para toda a população que sobrevive diretamente do fluxo das ruas: os ambulantes, os feirantes, os mototaxistas, os transportes alternativos, os artesãos, os vendedores, todas as pessoas que fazem movimento nas ruas. A gente criou um programa municipal chamado Benefício Eventual Municipal, o BEM. Esse programa por três meses dava comida na mesa, dava cesta básica. Então durante três meses esse programa vinha para dizer: ‘olha, você que sobrevive das ruas, não vá tanto nas ruas porque a prefeitura vai dar alimentação’. Então quando a gente fez isso, a gente desestimulava as pessoas de irem para as ruas para se cadastrarem e receberem o benefício. Eu acho que isso foi mais bacana do que a gente estar decretando, fechando, porque a gente viu que não funciona. Aí o que acontece?
 
Neste sentido, quais ações foram realizadas?
 
A gente criou um programa também para dar cesta básica para todos os alunos da rede. Cesta básica mesmo, são 20 kg de alimento por aluno. Só essa semana aqui Vera Cruz vai dar 10 mil cestas básicas. São 3 mil do BEM, o programa municipal, e mais 7 mil da rede, os alunos. Então a gente criou uma lei municipal postergando todos os tributos de alvará, de taxa de funcionamento, de IPTU. Criamos uma lei puxando tudo para a frente para as pessoas terem tranquilidade, não precisarem correr para trabalhar para pagar os impostos municipais agora. Então, assim, a gente flexibilizou impostos, postergou vencimentos, fez lei de alimentação, com tudo isso aí eu acho que a gente encontrou um caminho diferente do que todas as outras cidades. Toda a Região Metropolitana tem várias semanas em toque de recolher. Só Vera Cruz não está em toque de recolher. E Vera Cruz está acumulando índice de isolamento social maior do que todas as cidades com toque de recolher, porque a gente, em vez de partir para a canetada, adotou diversas medidas de estímulo à população para que ela não saísse. Isso deu bastante resultado aqui para que a gente tivesse esse controle de casos.
 
O ferry normalmente tem uma circulação muito grande. Como o senhor de certa forma controlou o fluxo de pessoas que iriam para Vera Cruz?
 
A gente fez um pleito ao governo do estado, porque o transporte é intermunicipal então não podemos nem fiscalizar nem regulamentar. Só o governo do estado pode fazer isso. Então a gente fez um pleito ao governo do estado que destacasse uma prioridade no ferryboat para moradores, para inibir mais o fluxo de vinda de turismo. Tinha muita gente fazendo turismo interno na pandemia, principalmente com os comércios fechados na capital, isso para Salvador foi positivo, mas para a Ilha e para a Linha Verde foi negativo, porque as pessoas saíram, não é? Não ficaram paradas em Salvador em isolamento. Então a gente pediu ao governo que fizesse uma prioridade aos moradores, mas infelizmente não foi feito. O que o governo fez foi uma restrição de fim de semana, sábado e domingo, e isso conseguiu evitar um pouco o fluxo de pessoas no fim de semana, mas como o comércio da capital está fechado, as pessoas podem sair qualquer dia, os comerciantes, lojistas, funcionários, estavam saindo. E como a Rodoviária de Salvador estava fechada, o ferry virou uma porta de saída de Salvador. Então a gente não conseguiu controlar na verdade o fluxo de chegada do ferry e da lancha.
 
Diante disso, o que foi feito para reduzir o impacto desta movimentação?
 
O que a gente fez foi medir temperatura, colocar cabine de desinfecção na chegada, controle de temperatura porque o paciente que chega acima de 37.8ºC, ele já faz a triagem e segue para um posto de testagem só para viajante que a Prefeitura instalou. Então quem chega e tem febre é testado contra coronavírus na hora na cidade. Então com isso a gente conseguiu fazer uma triagem, apesar da gente saber que têm os assintomáticos, para a gente conseguir fazer uma triagem dos viajantes que chegam pela lancha - porque o Ferry chega na cidade de Itaparica, não Vera Cruz - e a gente acha que conseguiu um bom resultado. Infelizmente a gente hoje não tem uma prioridade para quem é morador da Ilha para acessar o ferry. Essa é uma pauta que eu estou brigando no governo que seria acho que o fator principal porque inibiria quem vem de fora. Eles verem que tem prioridade para morador, uma fila específica para morador, eu acho que daria uma segurada a mais. Na prática o pessoal que está vindo para a Ilha está lotando o ferry e até o próprio morador da Ilha está tendo dificuldade de pegar o ferry, as lanchas. Então isso é um fluxo que infelizmente a gente não conseguiu inibir porque a gente precisa dessas medidas do governo e a prioridade para mim é destinar um percentual nas embarcações para os moradores da Ilha.
 
Qual o impacto que a cidade já sente na economia?
 
Primeiro em relação às verbas que vêm de fora, porque a economia do município também gira em torno das receitas estaduais e das receitas federais. Então a queda do Fundo de Participação do Município, o FPM, foi muito forte, a queda dos repasses estaduais como o ICMS, que é o repasse pela circulação das mercadorias, foi muito forte, então a gente tem uma queda já das receitas constitucionais que o município recebe dos outros entes. Isso caiu muito. A receita interna de Vera Cruz ela cai por dificuldade das pessoas de estarem fazendo pagamentos, mas aqui graças a Deus a gente não teve problema com o comércio. O comércio da cidade a gente manteve funcionando, então não teve demissão em massa, não teve quebra de empresas, então esse cenário em Vera Cruz a gente não teve. Então a gente teve muito mais perdas em relação aos recursos externos que a gente recebe pela grande queda de arrecadação estadual e federal.
 
Qual foi o impacto no turismo?
 
O turismo parou porque desde março a gente proibiu o acesso de ônibus de turismo na cidade, a gente fechou as praias, as barracas de praia, de março a julho. Nosso turismo é um turismo de sol e praia, então quando a gente fez essa inibição, esse turismo que circula a cidade, ele parou. A gente teve uma perda nas pousadas, na rede hoteleira muito forte nesse sentido.
 
O senhor tem uma previsão de quando que se poderá retomar as atividades do turismo?
 
Eu acredito que a última coisa a voltar vai ser o turismo, porque se você observar até as aulas estão paradas. O turismo, o lazer, os eventos eu acredito que vão ser os últimos a voltar. Então para os próximos meses, eu acredito que para setembro a gente deve ter uma retomada das aulas, essa que é uma atividade essencial para a gente tentar não perder esse ano letivo, fazer uma nova divisão. Mas essa questão do turismo, desse fluxo mesmo da questão do turismo de sol que a gente tem aqui, eu acredito que, em uma visão esperançosa, com a gente conseguindo ter a vacina no final do ano, é que a gente vai conseguir pensar em um aquecimento  desse setor, do setor turístico, do setor hoteleiro, mas eu acho que sem a vacina vai ficar difícil a gente fazer uma previsão nesse sentido.
 
Qual é a estrutura que o município tem para atender aos pacientes? Tem leito de UTI?
 
Não, a Ilha de Itaparica, que é composta por dois municípios que é Vera Cruz e Itaparica, nunca teve leito de UTI. Em Vera Cruz, quando a pandemia começou, nós montamos leitos com respiradores porque temos uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Então nós temos quatro leitos com respiradores para a gente pelo menos estabilizar esse paciente na Ilha, para fazer a regulação dele. Nós temos como retaguarda aí na Região Metropolitana, a cidade de Salvador, então a gente regula para o Espanhol, para o Ernesto Simões. Então a gente tem hoje na Ilha uma estrutura de estabilização de paciente. Vera Cruz tem os leitos municipais com respiradores e posteriormente o governo do estado instalou no Hospital Geral de Itaparica, que é geral e atende à Ilha, um centro e coronavírus, para receber paciente também mas não tem UTI. É para estabilizar e transferir. E Vera Cruz está abrindo agora um gripário, que é para receber casos de coronavírus e síndromes gripais, também com leito de estabilização com respirador. E nós temos aqui UTI Móvel, que é ambulância avançada, mas que é para fazer traslado também. A estrutura que a Prefeitura de Vera Cruz tem seus leitos com respiradores, mais gripários, e ambulância avançada com UTI, mas a gente não tem leito de UTI na Ilha. 
 
Como está a expectativa do senhor para a Ponte Itaparica-Salvador?
 
Eu acredito que, pelo porte do investimento, como tudo foi afetado pela pandemia do coronavírus, tudo foi postergado, acho que a ponte faz parte desse cenário. É um recorte dentro desse retrato amplo. Na minha visão, baixando a poeira agora no final do ano, tenho a perspectiva de que o contrato será assinado e que dará continuidade aos estudos, porque a empresa tem um ano para dar continuidade aos estudos, quatro para construir e são 35 anos para a concessão, então são 30 para explorar. Então eu acredito que o contrato vai ser prorrogado, eu estou sempre em contato com Marcos Cavalcanti, da Seinfra, a empresa vem tirando dúvidas sobre o solo do município, mandou fazer o levantamento aerotopográfico. Eles têm tido iniciativas e trabalhos preliminares aqui na Ilha que dão a entender realmente que o contrato vai vir a ser assinado.
 
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15 Jul 2020

“O São João ocasionou um movimento maior de pessoas”, diz prefeito de Cruz das Almas

Tradicional destino para os festejos juninos, o município de Cruz das Almas viu os casos de coronavírus darem um "boom" após o São João, mesmo com as limitações impostas pelas medidas adotadas pela prefeitura e pelo governo do estado para impedir o avanço da pandemia.
 
Com aumento de 247% nas confirmações desde o dia 20 de junho, a cidade acendeu o sinal de alerta e decidiu adotar um isolamento social mais intenso, segundo conta o prefeito Orlando Peixoto Pereira Filho (PT), popularmente conhecido como Orlandinho. Na cidade, os casos saltaram de 70 no dia 20 de junho para 243 nesta quarta-feira (15).
 
Ele prefere não chamar a medida de lockdown, mas de "isolamento social rígido", que permite apenas o funcionamento dos serviços essenciais. O prefeito diz que tem bom diálogo com o comércio e que os comerciantes têm respeitado as medidas de isolamento.
 
O prefeito diz ainda que a não realização do São João provocou um impacto estimado de R$ 30 milhões na economia da cidade e que a arrecadação do município caiu em torno de 30% devido à pandemia. Ele ainda comentou sobre o adiamento das eleições e mostrou preocupação com a falta de medidas em relação à campanha.
 
Mesmo com as medidas para evitar festas juninas, os casos de coronavírus estouraram nas cidades que possuem a cultura do São João, como Cruz das Almas O senhor esperava que isso fosse acontecer?
 
Orlandinho: Nós fizemos, durante 20 dias, desde o início do mês de junho, várias lives, várias mídias em redes sociais, pedindo às pessoas para não se deslocar para Cruz das Almas, para que não fizessem visitas aos amigos, familiares, para que a gente pudesse proteger a cidade e a saúde das pessoas. Temos duas barreiras sanitárias, mas mesmo assim parece que as pessoas têm na cabeça essa época como um momento para ver a família... E isso fez com que houvesse um fluxo extremamente menor, obviamente, em relação aos outros anos, mas ainda assim teve um fluxo de pessoas vindo para cá. E certamente ocasionou um movimento maior de pessoas. Junto com isso já havia ocorrendo um processo de interiorização do vírus na Bahia e em outros estados, então acho que junta as duas coisas.

Diante do aumento dos casos do período junino, quais medidas o senhor adotou para impedir que o vírus continue circulando?
 
Orlandinho: A última mudança foi exatamente essa de utilizar um modelo, que não é lockdown, que é um termo que está sendo utilizado de forma inadequada em alguns lugares, porque nele você fecha tudo, não abre nada. Aqui se chama isolamento social rígido, que é esse que, ao invés de abrir comércio em horário restritivo, agora somente pode funcionar os itens essenciais e em horários específicos. Nesse modelo, permanecem abertos somente os itens extremamente essenciais, que são os supermercados, hipermercados, farmácias, postos de combustíveis, as oficinas mecânicas para consertos automotivos e borracharias. Esse modelo tem validade até a próxima segunda-feira. Percebo que durante essa semana alcançamos uma média melhor do que a semana anterior.
 
Como está o diálogo com o comércio? Há alguma revolta em relação às restrições?
 
Orlandinho: Nós estamos dialogando sempre. Agora mesmo nas medidas de isolamento rígido eles estão colaborando bastante, estão cumprindo o decreto. O comércio tem tido uma relação de diálogo boa com a prefeitura.
 
Quais as principais ações o senhor tem determinado para o combate do coronavírus em Cruz das Almas desde o início da pandemia?
 
Orlandinho: Nós mudamos o padrão das ações de acordo com a dinâmica da crise sanitária. Nós estamos fazendo a higienização da cidade, dos principais pontos, das unidades de saúde; fizemos distribuição de máscara para a população, de álcool em gel para os feirantes; fizemos distribuição de máscara para os comerciários, instalamos um Pronto Atendimento para a covid-19, que tem duas alas, uma ambulatorial e uma de internamento semi intensivo e estamos fazendo acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade social registradas nos cadastros sociais, além das medidas de restrição do funcionamento do comércio de 13h até às 18h.
 
Cruz tem uma tradição muito forte do São João. Qual impacto para a cidade em não ter a festa esse ano?
 
Orlandinho: O principal momento da cidade é o São João, não é? A gente começa a planejar a festa em fevereiro, março. O comércio geralmente tem aumento significativo. É uma festa que dura uns 4, 5 dias e passam pela cidade cerca de 80 mil, 100 mil pessoas. Não que permaneçam na cidade, mas fazem bate-volta. Quase 36 mil permanecem nos hotéis e pousadas- então também tem esse impacto que é muito grande. Perde o setor hoteleiro, o comércio, os restaurantes, os próprios ambulantes que montam suas barracas.
 
O São João costuma movimentar quanto na cidade?
 
Orlandinho: Eu acredito que, envolvendo hotelaria, restaurante, alimentação, quituteira, processo de pessoas da área cultura, serviço, garçom, camareira, tudo isso em torno de R$ 30 milhões mais ou menos. É muita coisa, um impacto grande na cidade. Todas as cidades que tem um São João muito tradicional sofreram muito, além do impacto do dia-a-dia. O comércio deixou de contratar. Essa semana mesmo vimos a notícia de que Salvador, São Paulo não sabem quando vão fazer o Carnaval. Então, todos estão sofrendo com estes impactos.
 
Qual foi o impacto da pandemia na arrecadação do município?
 
Orlandinho: As principais fontes de recursos que os municípios médios têm são o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e o ICMS, que está tendo recomposição, mas ainda com base no ano anterior. Ainda assim, o Congresso e governo federal não conseguiram chegar a um acordo para que essa recomposição ocorra até o fim da pandemia. A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) está prevendo uma queda de arrecadação em torno de 30%, 40% em relação à expectativa que tinha para este ano.
 
Em Cruz percentualmente a queda está em quanto?
 
Orlandinho: Eu não tenho esses números ainda compatibilizados porque prorrogamos algumas taxas municipais, a principal delas foi o IPTU até dia 31 de julho, então somente a partir do dia 31 de julho que a gente vai ter esse número. A gente acredita que esteja na margem do que está a maioria dos outros municípios, considerando principalmente o ICMS, a defasagem da contribuição do FPM de um ano para o outro, com base do ano passado, acredito que em torno da taxa de 30%. Será ainda maior se não houver essa recomposição do FPM do governo federal até o mês de dezembro. Se não mantiver vai ter uma queda maior.
 
Nesse cenário as prefeituras tendem a ter muita dificuldade para fechar as contas no fim do ano...
 
Orlandinho: Acho que as dificuldades vão ter. Agora, eu acho que depende muito também do tamanho da dificuldade se maior ou menor vai depender muito do acordo do Congresso Nacional com o governo federal para ver se vai continuar fazendo a recomposição do FPM. Os municípios já estão recebendo a segunda parcela (dessa ajuda). Então, depende muito dessa recomposição do FPM prevista na Medida Provisória, que está acabando agora.
 
Qual a sua opinião sobre o adiamento das eleições? O senhor acha que a mudança para novembro vai importante ou acredita que há risco de a pandemia apresentar riscos?
 
Orlandinho: Isso depende muito. Por isso o Congresso, quando aprovou o adiamento, deixou uma brecha que permite que, se na semana da eleição em novembro, não houver condições sanitárias em alguns estados e municípios, poderá novamente ser prorrogada até dezembro. Então, vai depender muito das condições sanitárias. Eu acho que prorrogar um mês (de outubro para novembro) deve surtir algum efeito, sim. O mais preocupante, e ainda não saiu nenhuma medida em relação a isso, é como serão as campanhas. Vai ser permitido caminhada, comício, carreata? Ninguém sabe bem como vai ser a campanha, se vai ser de rua ou se vamos ter uma campanha mais virtual. Todo mundo está achando que será uma campanha mais virtual do que de rua.



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9 Jul 2020

“Acredito que o maior impacto nas contas vai ser no ano que vem”, diz prefeito de Serrinha

Após um “boom” nos casos de coronavírus no começo de junho, Serrinha conseguiu estabilizar o avanço da pandemia e tem, hoje, 74% das pessoas infectadas já recuperadas. Contudo, o prefeito Adriano Lima diz que o momento ainda é de alerta. No município, o comércio funciona de forma alternada: semana abre, na outra fecha.
 
Neste momento, a cidade tem dez leitos de UTI, com oito deles ocupados. Além disso, ganhou o reforço de 20 novos respiradores do Ministério da Saúde, o que vai permitir a ampliação do atendimento. E o momento preocupa o prefeito, devido ao aumento dos casos em Feira de Santana, o que pode levar pacientes de municípios menores da região para Serrinha. Antes, eles teriam Feira como referência.
 
O prefeito estima prejuízo de 40% na arrecadação e projeta um 2021 muito difícil para as prefeituras, uma vez que o governo federal não terá condições manter a ajuda a estados e municípios no longo prazo. Lima ainda afirma que a decisão de adiar as eleições foi prudente, mas diz que o ponto negativo é que a transição da gestão, antes feita em três meses, agora será em apenas 30 dias.
 
Confira a entrevista:
 
Alô Alô Bahia - Serrinha tem até esta quarta-feira (8) 396 casos confirmados, sendo que, deste total, 289 pessoas curadas. Ou seja: 74% das pessoas que tiveram covid-19 já superaram a doença. O senhor acredita que a situação no município está confortável?
 
Adriano Lima - Na verdade, muitas vezes estes números deixam uma sensação ilusória. Ainda não estamos confortáveis e precisamos nos manter muito ligados. Neste sentido, estamos testando muito. Nós já adquirimos 5 mil testes rápidos para ampliar essa testagem e vamos adquirir mais 5 mil. Quando nós fazemos isso, a pessoa respeita mais o isolamento, porque, quando sabe que está ou o vizinho foi infectado, ela fica mais ligada, cumpre o isolamento, atende às medidas. Então, ao fazer essa testagem em massa nós conseguimos rastrear os casos, isolar as pessoas infectadas e aquelas com que elas tiveram contato, e fazer este acompanhamento pela equipe da Saúde. Isso ajuda a não disseminar tanto.
 
Alô Alô Bahia - O funcionamento do comércio foi flexibilizado. Como está essa situação hoje?
 
Adriano Lima - Eu tinha flexibilizado num período, depois voltei a restringir o funcionamento. Hoje eu mantenho uma semana fechada e outra aberta. Essa semana, por exemplo, está aberto, funciona até sexta só. Final de semana não abre, somente os serviços essenciais podem funcionar. Na próxima semana, fica fechado. Então, estamos utilizando essa estratégia de fazer uma abertura alternada. Na capital não tem muito isso, mas no interior, culturalmente, quando a pessoa fala ‘vou para a rua’, ela acha que é para passear. Por exemplo, vai fazer mercado e leva três pessoas da família, passa por vários lugares. Estou tentando frear esse período de contaminação e evitar um aumento descontrolado para não sobrecarregar os leitos de UTI.
 
Alô Alô Bahia - O fato de Serrinha ser uma cidade polo deixa o alerta ainda mais ligado?
 
Adriano Lima - Nós temos pessoas de outras cidades que vêm para cá para o comércio, fazer compras. Além disso, estamos na margem da BR-116, que é uma das mais movimentadas do Brasil. Essa característica geográfica da nossa cidade acaba, neste momento da pandemia, sendo uma coisa negativa. Para controlar isso, fizemos barreiras sanitárias. Temos barreiras nos dois pontos de acesso da BR-116 e em uma rodovia estadual. Agora, em uma barreira sanitária a eficácia termina não sendo tão grande. A equipe afere a temperatura, pergunta de onde está vindo e para onde está indo. Não há um controle tão grande. Tanto que o governo do estado não faz mais. E ainda tem um problema que é de EPI, que é necessário e que neste momento, além de escasso, está caro. Não posso deixar faltar EPI no hospital para deixar nas barreiras. Além disso, nós estamos com um drone com câmera térmica. Ele identifica pessoas que estão com temperatura elevada, nós vamos e aferimos novamente para acompanhar os casos. Contratamos esse serviço, que tem funcionado como espião. Colocamos no período do São João para identificar fogueiras.
 
Alô Alô Bahia -  No começo de junho, Serrinha teve um grande aumento que teve como pico, segundo o senhor próprio, uma mineradora. Como controlou essa situação?
 
Adriano Lima - A maior parte dos funcionários desta mineradora mora em Serrinha. Então, estes funcionários acabaram infectando familiares, amigos. Chegamos a ter 56% dos casos confirmados em Serrinha de pessoas relacionadas à mineradora. Aconteceu o mesmo em outras cidades, como Teofilândia, Araci. Tivemos que isolar estas pessoas e aumentar as restrições para controlar.
 
Alô Alô Bahia - O senhor falou do funcionamento alternado do comércio. Como está o diálogo com os empresários? Eles aprovam este plano?
 
Adriano Lima - Há uma compreensão, eles estão vendo que estamos tentando auxiliar. Mas os comerciantes querem que deixe aberto, mas sabem que não podemos liberar tudo. Na verdade, não vejo ninguém gostar (do funcionamento alternado). Em que local o comerciante está satisfeito? Tem ramos aberto, como os essenciais, os supermercados estão faturando muito, farmácias também. Estamos nos esforçando para proteger as pessoas. Temos um bom diálogo com a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas), que quer uma alternativa para deixar aberto todos os dias. O correto é fechar mesmo. Todo lugar que teve bons resultados foi agressivo nessa questão do comércio.
 
Alô Alô Bahia - Como está a estrutura de saúde do município para anteder aos casos de covid-19?
 
Adriano Lima - Abrimos dez leitos de UTI. Estou com 8 pessoas internadas (em UTI), sendo um suspeito e quatro confirmados para coronavírus e três com outros problemas. Consegui mais 20 respiradores com o Ministério da Saúde e vamos ampliar o atendimento no hospital municipal. Uma preocupação que temos aqui é com o aumento dos casos em Feira de Santana, porque a sobrecarga lá vai nos sobrecarregar aqui. As pessoas de outras cidades próximas que antes iriam para Feira agora vão passar a vir para cá. Nós temos uma UTI móvel e estou montando uma segunda, e inclusive já estamos emprestando a prefeitos da região. Além disso, fizemos uma separação do hospital e transformamos em duas áreas. Pegamos as urgências e transferimos para uma entidade filantrópica. O hospital ficou para problema respiratório e emergências, como acidentes. Os 19 postos de saúde da família estão funcionando diariamente, o hospital está 24 horas.
 
Alô Alô Bahia - Qual o impacto da pandemia na arrecadação?
 
Adriano Lima - Nós estimamos uma queda na arrecadação de 40%. A sorte são essas recomposições do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) que estão sendo feitas pelo governo federal. As perdas que estamos tendo estão sendo recomposta, com 70%, 80% de recomposição. Agora, mesmo assim, já há impacto. Antes, por exemplo, eu pagava uma parcela do 13º aos servidores em junho. Esse ano não paguei ainda. Vou pagar agora em julho com o recurso do 1% do FPM (recurso extra que deve ser pago neste mês). Eu acredito que o maior impacto vai ser no ano que vem. O governo federal vai ficar complementando a arrecadação no ano que vem? Não vai. E a arrecadação não vai ser a mesma, vai reduzir bastante. Como é que vai ficar? Todos vão ter dificuldade. Vai ser uma dificuldade muito grande.
 
Alô Alô Bahia - Neste sentido, qual a solução para os municípios?
 
Adriano Lima - O futuro é cortar despesas. Vai aumentar o desemprego, porque as prefeituras vão demitir. Em cidades como Feira de Santana, Salvador, não temos muito isso, mas na maioria das cidades as prefeituras são grandes empregadoras. Serrinha por exemplo já é. O número de funcionários que a prefeitura tem, nenhuma grande empresa tem. E tem outro ponto, que é o limite de 54% de índice de pessoal. Uma prefeitura que arrecada R$ 100 milhões e gasta R$ 54 milhões com folha de pagamento, está tranquila. Mas se a arrecadação caiu 30%, você continua com a mesma folha de R$ 54 milhões. Então, vamos ter prefeito que vai responder na justiça, com conta reprovada. A maioria vai quebrar. Não tem hoje uma solução mesmo de médio e longo prazo.
 
Alô Alô Bahia - A tradicional vaquejada de Serrinha, que movimenta milhões de reais na cidade, não vai acontecer por conta da pandemia. Qual o impacto?
 
Adriano Lima - Antes da vaquejada, já teve o São João. No ano passado, o São João movimentou muito o setor hoteleiro, o entretenimento, inclusive a movimentação foi maior do que a vaquejada. Tivemos um show com Xand Avião com 60 mil pessoas. A vaquejada é uma festa particular, não é pública. Os organizadores já falaram que não tem como fazer. Então, claro que teremos um impacto muito grande. Foram dois baques pesados, o São João e a vaquejada.
 
Alô Alô Bahia - Há uma proposta do deputado estadual Tiago Correia para que as vaquejadas acontecessem com transmissão online, sem público. O senhor acha viável?
 
Adriano Lima - Tenho visto que estão fazendo provas de turfe sem público, em São Paulo ou no Rio de Janeiro. No caso de vaquejada não sei se é possível. Não sei se os donos dos estabelecimentos vão querer. Tenho dúvidas se tem viabilidade. Se chegar lá uma fiscalização e disser que tem aglomeração, é o dono do estabelecimento que vai responder. Fora que tem toda a movimentação. Na pior das hipóteses, vão ser 500, 600 caminhões. Como é que não aglomera? Não tem como.
 
Alô Alô Bahia - Qual sua opinião sobre o adiamento das eleições?
 
Adriano Lima - Foi uma decisão prudente. Não acredito que outubro tivesse segurança. Agora, para quem está na gestão será ruim, por causa da transição. Antes, você tinha outubro novembro e dezembro para arrumar o mandato, fechar as contas. Como é que vai fechar o ciclo em 30 dias, quando antes fazia em 90 dias? Vamos ter que montar uma verdadeira força-tarefa. De três meses para fechar tudo, agora será só um. E, sinceramente, não sei nem se vai ter eleição. E se a pandemia continuar avançando, será que vão manter? Eu tinha concurso marcado para abril, mas já disse que só vamos fazer depois da eleição. Vamos observar a experiência da eleição.
 
Biografia
 
Adriano Lima tem 44 anos, é médico oftalmologista e foi eleito para o seu primeiro mandato como prefeito de Serrinha nas eleições de 2016. Antes, já havia disputado as eleições para prefeito em 2012, mas terminou na segunda posição. Foi eleito pelo PMDB, mas no ano passado ingressou no PP.
 
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2 Jul 2020

“Em nossa cidade, o problema não é o comércio em si”, diz prefeito de Eunápolis

Após atravessar uma fase de grande aumento nos casos de covid-19 no início de junho, com até 40 casos diários, o município de Eunápolis passa por dias mais tranquilos e parece ter chegado ao topo da contaminação. Quem avalia é o prefeito Robério Oliveira (PSD). O crescimento diário de novos casos está hoje em cerca de 2,3%, com algo em torno de 15 a 20 novas infecções.

O comércio do município tem funcionado seguindo regras definidas pela prefeitura. E, na avaliação do prefeito, o comércio em si não é um problema na cidade, mas sim a “falsa sensação de normalidade que sua abertura causa nas pessoas”, uma vez que o número de pessoas nas ruas aumenta além do normal.

Para Oliveira, o fato de o município ser um polo comercial no Extremo Sul da Bahia e ser cortado pela BR-101 foi decisivo para o aumento dos casos na cidade. Segundo o prefeito, o impacto da pandemia nas contas municipais já supera os R$ 13 milhões. Ele diz que o município segue um plano de retomada gradual das atividades econômicas e só pode falar em volta total após análises científicas.

O prefeito, contudo, evitou comentar sobre a possibilidade de adiamento das eleições deste ano e disse que está focado no combate à pandemia.

 

Apesar do alto número de casos confirmados em Eunápolis (são 674 infecções), a cidade já tem 568 recuperados. O senhor acredita que Eunápolis já superou a fase crítica da doença? Como avalia a situação hoje?

 

Robério Oliveira - De acordo com nossas análises já chegamos ao topo da contaminação com uma média de 40 casos diários, quando permanecemos em ascendência por cerca de uma semana. Com as medidas adotadas, agora estamos em queda, com crescimento diário de 2,3%, em números entre 15 e 20 pacientes confirmados por dia. Porém, não podemos baixar a guarda. A preocupação é o sentimento de que as coisas estão normalizadas, porque não estão. Este é o momento de ampliarmos os cuidados para que possamos então vencer esta doença e não termos um novo pico.

 

No começo do mês de junho, o governador Rui Costa chegou a classificar a situação do município como preocupante, com um crescimento médio diário de 12%. Quais medidas foram tomadas para contornar a situação?

 

Robério Oliveira - Quando nossa curva começou a subir demais, tivemos que adotar medidas mais rigorosas. Determinamos então o toque de recolher a partir das 20h (que mantemos até hoje) e prorrogamos a suspensão das atividades comerciais na cidade, aumentando assim o índice de isolamento social no município. Na saúde, descentralizamos o atendimento para todas as Unidades Básicas de Saúde para facilitar o acesso ao diagnóstico e tratamento para a população; realizamos blitz constantes de conscientização quanto ao uso de máscaras, com aferição de temperatura corporal; e ampliamos a testagem, inclusive na zona rural, sendo a cidade da região com maior número de testes realizados. Assim, conseguimos isolar os pacientes confirmados e reduzir o contágio.

 

Quais fatores o senhor acredita que influenciaram no aumento dos casos em Eunápolis?

 

Robério Oliveira - Eunápolis é um polo comercial da região, aqui temos empresas que atendem todo o Sul da Bahia, e foi assim que o vírus chegou ao nosso município, cinco colaboradores de uma empresa de transporte de valores se contaminaram em alguma cidade da região em que estiveram e trouxeram para o município, contaminando familiares e amigos. Somado a isso, somos uma cidade cortada pela 2ª maior rodovia do país - a BR-101 -, o que torna inviável o fechamento do acesso ao nosso município.

 

Hoje, 16 pessoas estão internadas. Qual a estrutura de leitos clínicos e de UTI para atender estas pessoas que necessitam de atendimento?

 

Robério Oliveira - Em parceria com o Governo do Estado estamos instalando um Hospital de Campanha em nosso município com 20 leitos de UTI e 20 leitos clínicos. Antes disso preparamos uma ala em nosso Hospital Regional com 6 leitos com respiradores para estabilizar os nossos pacientes antes de encaminhá-los às UTI’s de referência.

 

Qual foi o impacto da pandemia nas finanças do município? Qual foi a redução na arrecadação, tanto a própria quanto em relação às transferências?

 

Robério Oliveira - Nossa previsão de queda nas arrecadações é superior a R$ 38 milhões. O levantamento realizado pelo município mostrou que, nos meses de abril e maio de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, houve uma significativa queda de arrecadação de mais de R$ 6 milhões, e se comparado às previsões orçamentárias para estes dois meses do ano, o prejuízo chega a mais de R$ 13 milhões de reais.

 

O senhor chegou a flexibilizar o comércio na cidade. Como avaliou o impacto da abertura na transmissão do coronavírus?

 

Robério Oliveira - Identificamos em nossa cidade que o problema não é o comércio em si, pois os comerciantes estão adotando todos os cuidados necessários, o que se justifica que estamos com o comércio aberto e já percebemos a diminuição na taxa de contaminação. Antes da flexibilização das atividades comerciais, me reuni com representantes de vários seguimentos do comércio e apresentei a eles todo o panorama da pandemia em nosso município com um diálogo franco e aberto. Eles entenderam a gravidade da situação e viram meu esforço em buscar um equilíbrio, sempre embasado em informações científicas. Mas ainda enfrentamos um problema grande que é a falsa sensação de normalidade que sua abertura causa nas pessoas, ou seja, o número de pessoas nas ruas aumenta além do normal, por isso investimos em campanhas de conscientização e aumentamos a fiscalização, para mostrar à população que mesmo com o comércio aberto, vivemos uma pandemia e precisamos adotar todos os cuidados necessários. Não é porque o comércio está aberto que a pessoa precisa sair de casa sem necessidade.

 

O município já trabalha com protocolos de retomada total das atividades econômicas?

 

Robério Oliveira - Por enquanto nosso decreto vigente é de retomada gradativa. Só poderemos falar sobre retomada total após termos a análise científica dos nossos técnicos de saúde sobre os impactos dessa retomada em nossa curva de contaminação.

 

Até o dia 16 Eunápolis tinha 14 casos de coronavírus em cinco agências da cidade. O senhor acredita que, devido ao grande fluxo de pessoas em bancos, isso pode ter ajudado a propagar o vírus? Como o município lidou com essa questão?

 

Robério Oliveira - A quantidade de pessoas nas agências bancárias é algo que nos preocupou desde o início da pandemia e por isso determinamos o número de pessoas que teriam acesso às agências, proibimos a entrada de crianças, delimitamos o distanciamento nas filas de acesso aos bancos, capacitamos nossos servidores públicos para o controle das filas e buscamos garantir o distanciamento social. Para maior segurança da população que precisava receber o Auxílio Emergencial, montamos também uma grande estrutura com cobertura, assentos higienizados delimitando o distanciamento, banheiros químicos, distribuição de máscara e higienização constante das mãos.

 

Por fim, teremos eleições este ano e muito tem se falado sobre a possibilidade de adiamento. O senhor concorda com o adiamento das eleições? Se sim, por quanto tempo?

 

Robério Oliveira - Acredito que este não é o momento de pensarmos em eleição. Todos os meus esforços estão concentrados no combate à Covid-19, minha preocupação hoje é salvar vidas. Minha visão quanto à realização das eleições é que tudo seja definido baseado em informações técnicas e científicas neste momento de combate à pandemia. Independente de quando forem realizadas, estarei preparado para disputá-la. Isso não é uma prioridade para mim no momento.

 

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25 Jun 2020

Prejuízo de Senhor do Bonfim com cancelamento do São João foi de R$ 10 milhões, diz prefeito

A pandemia do novo coronavírus provocou o cancelamento das festas juninas, muito tradicionais na Bahia, o que acarretou em um prejuízo milionário especialmente para aquelas cidades cujos festejos são mais fortes. Senhor do Bonfim é uma delas. Por lá, noutros tempos, os últimos dias teriam sido de festas no Espaço Gonzagão.
 
Contudo, diante do cenário de avanço da covid-19, o município não pode realizar aquela que é o principal evento em termos de movimentação econômica. Segundo o prefeito Carlos Brasileiro, a festa movimenta em média R$ 10 milhões. “O comércio perde, a hotelaria perde, as lanchonetes, os restaurantes, mas acho que tudo isso passa”, diz ele.
 
Nesta entrevista exclusiva para o Site Alô Alô Bahia e para o Jornal CORREIO, Brasileiro fala sobre as ações tomadas no município para impedir o avanço da covid-19 e também sobre o prejuízo com o cancelamento do São João. O prefeito ainda revela que estuda, em 2021, realizar oito dias de festa de São João ao invés de quatro. Ou seja, o dobro para compensar a ausência em 2020.
 
Ele, contudo, descarta realizar um São João fora de época quando a pandemia estiver controlada.
 
Segundo dados da prefeitura, Senhor do Bonfim tem hoje 103 casos confirmados da covid-19, com uma morte e 66 recuperados, mais da metade. Acredita que a situação está controlada?
 
Diante dos números, diante do fato de sermos um polo regional e diante do crescimento dos casos no Brasil e na Bahia, eu diria que estamos na dianteira, reagindo. Só tivemos uma morte, mas foi porque o cidadão tinha outros problemas e não procurou auxílio médico no tempo certo, foi hospitalizado em um hospital particular e já estava muito comprometido. Temos feito testes rápidos, uma das poucas cidades da Bahia. Foram mais de 2 mil testes rápidos, o que tem ajudado a gente a identificar e zonear as áreas de contaminação, envolver os parentes, amigos que a pessoa teve contato.
 
Quais ações da prefeitura o senhor destaca como mais importante para evitar um avanço mais severo da doença?
 
Fizemos barreira em toda a cidade, que é um polo regional, com mais de 27 acessos. Deixamos dois acessos para a cidade com barreiras móveis por 24 horas para manter o devido controle de moradores de outras cidades, principalmente quando o comércio está aberto. O comércio tem duas semanas fechado, porque houve um crescimento em 72h há cerca de 15 dias. Nós tínhamos ainda 3 casos por semana, e aí tivemos 15 casos em 72 horas. Então decidimos fechar o comércio de novo. Dentro dessa estratégia de controle de barreiras sanitárias, trabalhando muito também com a fiscalização até dos serviços essenciais, a gente tem conseguido esse controle.
 
Como o senhor lidou com a questão do fechamento do comércio?
 
A gente começou a fechar o município logo no início, nas primeiras notícias da pandemia chegando na Bahia. Fechamos por três semanas o comércio, depois a gente viu que os números estavam bem estabilizados, registrando um caso por semana, dois no máximo. E estes casos controlamos em casa porque a gente tem uma equipe de monitoramento, formada por médicos, enfermeiros, eles acompanham o paciente três vezes por dia, ouvindo as queixas dele sobre febre, tosse, falta de ar. Então, nós abrimos o comércio por um mês e se manteve em um nível controlado. Depois, começou a aumentar um pouco, principalmente com casos assintomáticos, porque aí passou a ser a transmissão comunitária. Aí a gente voltou a fechar por 15 dias, depois abriu 15 e agora fechou 15.
 
Com esse fechamento do comércio é possível que os casos tenham parado de subir, o senhor pretende reabrir o comércio?
 
Geralmente os nossos decretos são de 15 dias, mas com possibilidade de mudança de 7 em 7 dias. Nesse último mês, a gente baixou um para 15 dias, ele vence domingo, e sábado a gente fez uma reunião e avaliou que só tivemos 3 casos sintomáticos, bem diferente de 15 dias atrás. Então cresceu o número de casos, mas em compensação também a recuperação aumentou. No sábado a gente faz uma nova avaliação, se o quadro nos der uma segurança de que os assintomáticos também não estão evoluindo, aí a gente pode pensar na abertura. Não tem como não fechar se houver um crescimento. Mesmo se o crescimento for leve vamos ter que manter fechado.
 
Qual a estrutura do município para atender às pessoas com covid-19?
 
A gente criou um centro com 32 leitos com 12 respiradores e 6 monitores para casos graves. Se não estabilizar, a gente faz o trabalho de enviar para Salvador ou para Juazeiro, Petrolina. Já enviamos dois para Salvador, que já foram curados e o de Petrolina também foi curado, só tivemos 3 mais graves. A gente leva de ambulância se for para Petrolina e se for para Salvador vai de avião via Petrolina.
 
Quantos leitos de UTI Senhor do Bonfim tem?
 
Ainda não temos leitos de UTI, mas acreditamos que até o dia 5 de julho teremos 25 leitos de UTI na estrutura do Hospital Municipal Dom Antônio Monteiro. Desse total, seriam 10 para adulto, 10 para neonatal e 5 para observação, mas com a crise o governador (Rui Costa) autorizou que a gente adaptasse os 25 leitos para covid-19. Quando passar, volta a funcionar conforme planejado, o que irá funcionar em caráter regional com as UTIs funcionando.
 
Estamos em período junino. As festas em Senhor do Bonfim são sempre muito famosas. Acreditamos que tenha havido um prejuízo grande para a economia do município, certo?
 
Aqui é a capital baiana do forró. Sem nenhum bairrismo, é o melhor São João do Brasil. Campina Grande e Caruaru têm grande circulação do dinheiro, um dia a gente vai chegar lá, mas aqui a força do nosso São João é a tradicionalidade, é uma festa mais cultural, com diversidade de comidas típicas. Somos um polo regional, claro que as pessoas estão sofrendo bastante não só pela saudade dos festejos, que é uma coisa que está dentro das nossas raízes. Mas a gente procurou conscientizar porque é um dia de muita alegria mesmo, mesmo com a pandemia tem que festejar dentro das casas, com sua família, obedecendo as regras de distanciamento, mas que não vão pra rua, que não acendam fogueiras, que nesse momento de muito frio a fumaça é um contribuinte forte para quem já tem problema de respiração e também pode ajudar a proliferação do vírus. Agora, é evidente que é uma perda muito grande porque a gente geralmente investe R$ 2 milhões no São João, entre decoração, atrações, festas. Então é natural, o comércio pede, a hotelaria perde, as lanchonetes, os restaurantes, mas acho que tudo isso passa. Nos mantemos firmes, animados, esperançosos e se pudermos no ano que vem, vamos fazer oito dias e não quatro para compensar esse ano.
 
O São João chega a movimentar quanto na cidade?
 
Gira em torno de R$ 8 milhões, R$ 10 milhões. Em 2018, aqui teve aproximadamente circulação de R$ 10 milhões porque coincidiu com o final de semana, o feriado foi na segunda então foi muito positivo. O ano passado caiu um pouco, a média foi de R$ 8 milhões. A prefeitura investe R$ 2 milhões, capta de patrocínio em torno de R$ 700 mil. A gente investe R$ 2 milhões, arrecada R$ 700 mil, e R$ 1,3 milhão saem dos cofres públicos. É muito positivo para a sociedade toda. É o fator econômico mais forte. Realmente o melhor momento econômico do município é o São João. 
 
Quantos turistas a cidade costuma receber?
 
A gente recebe em média 5 mil turistas fixos, mas tem os flutuantes, que são aqueles que fazem bate-volta. Na nossa região as cidades são todas próximas, com 30 km, 40 km de distância, então tem muita gente das outras cidades que vem para a festa e volta de madrugada. No Espaço Gonzagão, que foi um espaço construído em 2008, temos em média um público de 50 mil pessoas todas as noites. É uma senhora festa mesmo. Isso é importante porque vem artistas nacionais, mas o que mais valoriza o nosso São João é a cultura mesmo de 100 anos, que está no sangue das pessoas, é o forró nas casas, nos sítios, nas chácaras, nas ruas. Nós criamos aqui o forró na feira, muito interessante porque tem duas atrações tocando no meio da feira, com personagens folclóricos, dançarinos, quadrilhas, isso é o que faz o São João diferente, com blocos que saem nas ruas.
 
O senhor vê a possibilidade de um São João fora de época caso a pandemia dê uma reduzida boa até o final do ano, por exemplo?
 
Não vejo. Fizemos um levantamento e eu acho que não cabe em Bonfim um São João fora de época. Eu penso em fazer um grande evento em Bonfim, uma festa, mas não com o espírito junino.
 
Muitos prefeitos têm falado da questão econômica, que tem sofrido um impacto grande. Em Senhor do Bonfim qual é o impacto da arrecadação?
 
Nós até aqui perdemos em média 25% do ICMS e FPM (Fundo de Participação dos Municípios), em torno de 30%. Tiveram leis aprovadas federais de restituição. Bonfim vai receber pouco mais de R$ 6 milhões (com o auxílio do governo federal). Claro que o recurso é importante, mas você sabe que é uma restituição. Não é de agora porque é Covid-19. É importante porque já tem município da região preocupado em como pagar a folha. Os comerciantes e empresários estão sofrendo não só pelo temor da doença, mas para manter lojas abertas, o emprego das pessoas.
 
A população tem cumprido o isolamento?
 
Temos tido uma média de 70% de aprovação das medidas. Mais de 90% das pessoas entendem, mesmo que chateadas. A gente incentivou também a trabalhar no delivery, que nas cidades do interior não chegou tão forte.
 
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19 Jun 2020

É aconselhado investir durante a pandemia? Fizemos essa e outras perguntas aos especialistas. Vem ver!

Giovanni Puonzo, Leonardo Souza e Nicolau Eloy. 

Os efeitos da pandemia do novo coronavírus no setor econômico têm estado no centro das discussões em toda a sociedade, pois uma retomada nesta área demandará esforços de diversos agentes.
 
Para sanar algumas dúvidas a respeito deste tema e discutir os impactos da atual crise no setor de investimentos, a Alô Alô Bahia conversou com a BP Investimentos, maior empresa credenciada à XP Investimentos no Nordeste. Vem ver!
 
Alô Alô Bahia: A retração econômica provocada pelo isolamento social afetou os investimentos? De que forma?
 
BP Investimentos: As medidas de isolamento social impactaram fortemente a oferta e a demanda por bens e serviços, desorganizando as relações de trabalho, produtivas, de comércio de crédito, provocando pânico nos investidores e gerando um ambiente conturbado e de incertezas. Nesses momentos de crises geralmente acontece o fenômeno conhecido como “flight to quality”, que é quando os investidores vendem ativos de maior risco e compram ativos mais seguros. Nesse movimento, vimos a cotação do dólar disparar e ser negociado próximo a R$ 6 reais. Já o ouro acumula uma alta próxima a 40% no ano. Por outro lado, os ativos de renda variável sofreram grandes perdas. O Ibovespa, nosso principal índice de ações, acumula uma queda de 30%, e o IFIX, principal índice de fundos imobiliários, tem um recuo de 20%. A própria renda fixa, que é uma classe de investimento mais segura, também sofreu com a remarcação negativa dos títulos. Para se ter uma ideia, mesmo com a SELIC em torno de 3%, o governo tem emitido títulos com taxas acima de 7.5% ao ano pré-fixado. 
Vale ressaltar que outros fatores, como a crise do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita, e a tensão política no Brasil, também contribuíram para esse ambiente de incerteza. 
Por isso, o ideal é sempre montar uma carteira de investimentos diversificada para enfrentar todos os cenários e ter uma boa rentabilidade no longo prazo.
 
AAB: É aconselhado começar a investir mesmo com o cenário incerto pós-pandemia?
 
BP: Sim. Sempre temos que investir, seja para garantir uma tranquilidade financeira ou possibilitar a realização de sonhos. Em ativos de risco, como ações e fundos imobiliários, o ideal é investir pensando em longo prazo, num período acima de 5 anos, pois a organização para um período maior permite uma melhor diversificação de carteira e, com isso, obter maiores ganhos e menos riscos. Com essa visão, o investidor terá menor chance de reagir a impulsos emocionais diante perdas momentâneas.
 
AAB: Quais são os modelos mais seguros para quem deseja investir?
 
BP: Não gostamos de um modelo pronto. O ideal é sempre diversificar e escolher os investimentos de acordo com o perfil do investidor e o ciclo de vida que se encontra. Por exemplo, para as pessoas mais jovens, o ideal é alocar uma parte na renda variável para obter maiores retornos, pois tem um horizonte maior de investimentos. Já para as pessoas mais idosas, o foco tem que ser na preservação do capital, e focar em investimentos de renda fixa que supere a taxa básica de juros e a inflação. Para quem está começando a investir, o ideal é procurar um assessor de investimentos que te ajudará na definição do seu perfil, na montagem da carteira de investimentos e fazer esse acompanhando ao longo do tempo, pois o mercado é dinâmico e vai precisar de alterações ou balanceamento da carteira.
 
AAB: Como a BP presta assistência a novos investidores?
 
BP: O mais importante para nós, da BP Investimentos, é prestar um atendimento personalizado para entender o perfil de cada cliente, pois cada pessoa tem o seu momento de vida e objetivos. Assim, cabe aos assessores identificar e sugerir as melhores opções de investimentos, além de fazer o acompanhamento dessas aplicações junto aos clientes ao longo do tempo. Além disso, criamos a BP Money (https://bpmoney.com.br/) com o intuito de informar e capacitar melhor (através de palestras, cursos e lives) as pessoas que possuem interesse em investir. Como antes de dirigir um carro precisamos aprender os conceitos básicos, nos investimentos também precisamos começar a prática de forma lenta e progressiva, já que não estamos falando de uma corrida de 100m e sim de uma maratona. 
 
AAB: Como avalia a experiência do trabalho remoto? Vocês estudam essa modalidade de forma permanente para os colaboradores da empresa?
 
BP: Com a impossibilidade da reunião presencial com os clientes, os contatos estão sendo feitos por telefone ou videoconferência, pois como mencionado anteriormente, o mercado é muito dinâmico e temos que estar sempre perto dos nossos clientes. A XP Inc. já prorrogou o home office para dezembro mas, diferente da estrutura da XP, nós não temos colaboradores. Temos apenas os assessores e acreditamos que, quando voltar à normalidade, devemos retomar as reuniões presenciais para estar mais próximos dos clientes.


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18 Jun 2020

“Adiar as eleições por 45 dias só vai representar mais gastos”, diz presidente da UPB

O presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro, acredita que o adiamento das eleições municipais por 45 dias, como apontam as estimativas, não será positivo. Prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures diz que o adiamento de pouco mais de um mês "só vai representar mais gastos". Para ele, as eleições deveriam ser adiadas por pelo menos seis meses, o que daria mais segurança.
 
Para Eures, caso a proposta final seja realmente de um adiamento de 45 dias, o melhor é realizar as eleições nas datas regulares, em outubro. O prefeito ainda destaca que a manutenção das convenções nas mesmas datas, como também tem sido proposto, significa um período eleitoral maior.
 
Bom Jesus da Lapa tem 38 casos confirmados de coronavírus e 10 respiradores. Cidade de romaria, uma das principais medidas adotadas foi aconselhar o fechamento das igrejas, hotéis e pousadas para garantir a redução de circulação no município, que recebe cerca de 2,5 milhões de turistas anualmente. Eures ainda afirma estar receoso com o avanço do coronavírus no interior e com o transporte clandestino que tem sido registrado no estado.
 
Representante dos prefeitos da Bahia, Eures acredita que a ajuda para os estados e municípios aprovada pelo Congresso Nacional é insuficiente. Para ele, 70% do valor vai para reposição de perdas e apenas 30% para o coronavírus.
 
O primeiro caso de covid-19 em Bom Jesus da Lapa foi confirmado somente em meados de maio e, agora, já são 38. Foi uma das últimas entre as 30 maiores cidades da Bahia a terem casos confirmados. Como está a situação hoje?
 
Nós temos hoje 38 casos confirmados. Dois estão internados, sendo que um deles é um caminhoneiro que veio de São Paulo e passou mal aqui. Como a cidade é de romaria, já era para ter tido caso há muito tempo se a gente não tivesse tomado medidas duras. Bom Jesus da Lapa é cidade turística. São 2,5 milhões de turistas por ano que vêm à nossa cidade. Já quando o coronavírus começou a crescer na Bahia, nós tivemos que praticamente fechar quase tudo, inclusive hotéis e pousadas. Imagine que a gente sempre trabalhou para implantar o turismo e, por causa da pandemia, tivemos que impedir o turismo. E nós estávamos com medo porque a nossa maior procura turística é justamente de pessoas do Sul da Bahia, de Ilhéus, Itabuna, e a região Sul é onde a contaminação avançou mais. Então a gente já tinha tomado medidas drásticas há muito tempo, mas é quase impossível não chegar.
 
Como foi a reação do público religioso quando a prefeitura de Bom Jesus da Lapa começou a fechar a cidade, implantar barreiras? As pessoas ainda estavam indo mesmo com as limitações impostas?
 
 Não, porque a igreja foi muito solidária. A igreja foi a primeira a impedir celebrações para o público. A igreja contribuiu muito. Então, não tivemos resistência neste sentido. Claro que é uma situação difícil, mas no momento o melhor de fato foi essa maior restrição e a suspensão das celebrações até que tenhamos um cenário com maior segurança para os romeiros e a para a população.
 
Como presidente da UPB, como o senhor analisa os impactos que a pandemia tem provocado nos municípios da Bahia?
 
Eu vejo com uma preocupação muito grande, porque há um processo de interiorização da contaminação, que se concentrava em 11, 12 municípios da Bahia e agora começa a avançar para o interior. Essa região aqui nossa mesmo (Oeste da Bahia), a gente contava nos dedos os municípios que tinham casos, e agora você conta nos dedos aqueles que não têm contaminados. Então a contaminação atingiu o estado de uma forma geral agora. A maioria já está com casos confirmados. E isso sem dúvidas é uma preocupação grande. A curva tende a cair nos grandes centros, mas no interior tende a crescer. O que também nos preocupa é o transporte público, especialmente o transporte clandestino. Temos também o caso dessa empresa agora que ganhou uma liminar para realizar o transporte é que está levando para o interior todo (TransBrasil). Essa empresa que conseguiu uma liminar na Justiça Federal e tem colocado 30 ônibus diariamente na Bahia, vindo de São Paulo, Brasília, Goiás, corta o estado todo. É complicado. O governo entrou com recurso, mas não derrubou ainda.
 
Do ponto de vista de estrutura da rede de saúde para atender pessoas que eventualmente necessitem de respirador, de UTI, os municípios do interior não têm essa preparação, né?
 
Não, a maioria não tem. Nós estamos contando com a logística do governo do estado. O governo do estado se comprometeu com os prefeitos que a média complexidade ele iria garantir de forma regionalizada. Até porque seria impossível colocar respirador em todos os municípios. Nesse sentido, o estado tem cumprido sua parte com os prefeitos de garantir a média complexidade, ou seja, garantir respiradores, UTI e estrutura regional para caso haja necessidade. Nessa parte de UTI não temos problemas, os problemas continuam com vagas normais, com regulação que sempre teve, é uma reclamação no Brasil inteiro.
 
Bom Jesus da Lapa tem respirador, leito de UTI?
 
Nós temos 10 respiradores e temos o Hospital Carmela Dutra que, em parceria com o governo do estado da Bahia, terá mais 30 leitos de UTI e nós aguardamos a conclusão nesses 30 dias. As obras já estão bastante avançadas, com 99% das intervenções prontas, só temos uma pendência com a Coelba. Demos entrada na parte elétrica, apresentamos projeto na Coelba e ainda não foi analisado. Inclusive pedi auxílio ao governador Rui Costa para que essa parte elétrica possa ser concluída. Neste momento de pandemia, isso deveria ser uma prioridade.
 
A ajuda para os estados e municípios foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro. O dinheiro é suficiente para os prefeitos?
 
A ajuda foi dividida em quatro parcelas, sendo que a primeira já foi paga. A maior parte é para reposição de perdas, cerca de 70% do valor, e o resto para covid-19. Estamos aguardando as próximas parcelas para que os prefeitos consigam cumprir suas obrigações. Ainda vejo risco de os prefeitos terem dificuldades para fecharem as contas, mas já foi uma grande ajuda e precisamos agradecer. Estão achando que a ajuda é para o combate ao coronavírus. Apenas uma parte é para o coronavírus, outra parte é reposição de perdas de arrecadação, como de ISS, ICMS e FPM. Os municípios, mesmo com essas reposições, ainda vão continuar tendo perdas. Essas reposições representam apenas 30% das perdas que os municípios tiveram de arrecadação. Inclusive, os municípios maiores perderam mais do que os menores, porque eles têm como principais fontes as receitas próprias, que caíram bastante.
 
O governo do estado perdeu muita arrecadação de ICMS também, sendo que parte ele passa para os prefeitos. Então, ainda há este impacto, certo?
 
 Exatamente. Com a queda do ICMS, o governo estadual perdeu e os municípios também perderam o ICMS. É importante destacar que a maioria dos municípios da Bahia são pequenos. Sobrevivem basicamente de transferências constitucionais, ou seja FPM e ICMS.
 
Nesse sentido, se a gente tiver uma duração mais estendida da pandemia, que tipo de consequência os municípios podem enfrentar, principalmente os pequenos?
 
A ajuda é mesmo muito bem-vinda, e nós somos gratos ao governo federal e aos parlamentares que apoiaram a aprovação. Agora, a ajuda é insuficiente para garantir que os municípios sigam funcionando até o fim do ano. Eu defendo que essa ajuda seja estendida até dezembro. As obrigações dos municípios não pararam. O pagamento de salário dos servidores, mesmo com eles em casa, precisa continuar. As obrigações dos municípios não desapareceram. Então é preciso pagar, porque não vai parar. Os municípios ainda estão com a necessidade maior de contratação de profissionais e gastos com saúde. Temos também barreiras sanitárias que geram custos, a gente tem que dar hora extra, gratificação para quem está fazendo uma hora extra e trabalhando mais durante a pandemia.
 
Como o senhor observa esta possibilidade cada vez mais real de adiamento das eleições deste ano para novembro ou dezembro?
 
Acho uma loucura. Adiar por 45 dias só vai representar mais gastos. Eu defendo que seis ou sete meses de adiamento para fazer a eleição fora da pandemia, mas falam em questões constitucionais. Então, é melhor fazer logo em outubro. Vão adiar as eleições por 45 dias, mas não vão adiar as convenções. Então, teremos mais tempo de campanha e isso representa mais gastos. Inclusive, quem tem mais poder econômico vence.
 
A matéria com Eures Ribeiro faz parte de uma série de entrevistas com os prefeitos das maiores cidades do interior. O objetivo é informar a sociedade baiana sobre as ações que estão sendo tomadas nos principais municípios do estado, que enfrenta o avanço da Covid-19. As entrevistas podem ser conferidas sempre, às quintas, no site Alô Alô Bahia e no Jornal CORREIO.
 
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