Entrevistas



11 Jun 2020

“Hoje nós conseguimos achatar a curva”, diz prefeito de Ilhéus

Após passar por uma fase crítica devido ao avanço do coronavírus, Ilhéus, no Sul da Bahia, começa a ver no horizonte uma situação mais tranquila e menos caótica do que a registrada há algumas semanas. Dos quase 700 casos confirmados, mais de 65% já estão curados e a taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para a covid-19 está em cerca de 64%. Além disso, a taxa de aumento diário, que já foi de 33%, hoje está em torno de 4%, abaixo inclusive da média da Bahia, que é de cerca de 5%. A cidade tem, ainda, 40 mortes por covid-19.
 
Nesta entrevista ao site Alô Alô Bahia e ao Jornal CORREIO, o prefeito da cidade, Mário Alexandre (PSD), fala sobre as medidas adotadas para enfrentar o avanço da doença e sobre o início da retomada das atividades econômicas. O prefeito destaca que, hoje, o município conseguiu achatar a curva de crescimento. Segundo ele, o município, que tem forte apelo turístico, teve uma queda de 46% na arrecadação. Mesmo assim, ele diz que os salários dos cerca de 5 mil servidores estão em dia.
 
Assim como o prefeito de Itabuna, Fernando Gomes (PTC), Mário Alexandre acredita que o casamento de Marcela Minelli, irmã da influenciadora Gabriela Pugliesi, realizado em março, foi um dos focos de contaminação da doença na região Sul, que foi a mais atingida pela doença na Bahia.
 
A Região Sul foi bastante afetada pelo coronavírus. A que se deve isso, na opinião do senhor?
 
Nós temos uma região extremamente de referência no país. Somos a Princesinha do Sul, a Terra de Gabriela, temos o aeroporto, o porto, a rodoviária, todas as estradas, todo acesso de pessoas do país e do mundo. É realmente uma cidade bastante procurada e por isso fica muito mais suscetível a casos do coronavírus. Nós tivemos o primeiro caso, a contaminação se deu muito rápida e a gente agora tem equilibrado depois das medidas tomadas. A cidade tem tido incidência de contaminação muito parecida com a da Bahia e a do Brasil. Já chegamos a ter uma taxa de aumento de caso diária de 33%, hoje temos entre 3,8% e 4% e isso deixa a gente com mais segurança.
 
O prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, citou o casamento de Marcela Minelli, irmã da influenciadora Gabriela Pugliesi, como um foco grande de contaminação. O senhor concorda com ele?
 
Esse foi o primeiro caso que a gente teve que lidar. É claro que, se a pessoa está contaminada, transita pelo aeroporto de Ilhéus, pega um táxi ou aplicativo em Ilhéus, desce para alguns locais, o vírus acaba circulando. E foi assim que atendemos o primeiro caso de Itacaré. O paciente se contaminou e foram casos sucessivos de contaminação, que provavelmente nos faz pensar que a festa foi um dos focos iniciais dessa contaminação na nossa cidade e na nossa região.
 
Na semana passada o senhor já começou a flexibilizar a abertura do comércio. Em que se baseou essa decisão?
 
A gente tem muita responsabilidade no nosso gabinete de crise. Já tinham 4 semanas que os casos vinham se mantendo equilibrados, uma média de 3,8%, 4% de aumento diário, alguns dias até menos do que os outros locais do país. A gente já chegou a 30% e as medidas foram muito duras e hoje a gente começa com um plano gradual. Não significa uma abertura do comércio. A gente começa, com um planejamento estudado, feito pelo nosso gabinete de crise, em que a gente aos poucos vai abrindo aquelas lojas que contaminam menos, com todas as medidas restritivas e muita responsabilidade, além de uma avaliação semanal. Ou seja, se abrirmos alguma loja na fase 1 e notarmos alguma alteração, a gente recua. Se não aumentar, a gente continua para a fase 2. Então tem todo um processo gradual para o comércio com medidas restritivas de máscaras, lavagem das mãos, entrada gradual nos comércios. E a gente fez isso não só pelo comerciante, mas também para a população. Para tratar da vida do trabalhador, mas também de quem utiliza as lojas que estarão abrindo gradativamente.
 
O senhor acha que a cidade de Ilhéus já atingiu o pico da doença e agora está reduzindo?
 
Nós tivemos aquele pico inicial que foi realmente preocupante. Ontem (quarta-feira, 10) nós tínhamos confirmados 693 casos, com 452 curados. A gente tem acompanhado o ritmo de crescimento porque, quando há o ritmo de equilíbrio, a gente tem uma tranquilidade com reserva de leitos de UTI. Eu fiz agora um Covid-19 24 Horas. Atendimentos só de pacientes com covid-19, com sintomas, de domingo a domingo para casos leves.
Tudo isso leva a crer que temos mantido um controle maior. Hoje nós conseguimos achatar a curva. Já chegamos a 33% e agora estamos em 3.8%. Nós acompanhamos de perto e qualquer efeito, restringimos as medidas do comércio e caso haja qualquer aumento, voltamos à estaca zero. O monitoramento é feito diuturnamente para evitar o avanço acelerado.
 
Qual é a estrutura deste centro 24 horas que o senhor falou em relação a leitos, respiradores?
 
Temos médicos, enfermeiros, ambulância na porta. A gente atende aqueles pacientes que estão com sintomas menores, uma gripe, uma dor de cabeça, uma febre e lá eles são avaliados. Fizemos 4 leitos de emergência de UTI. A doença avança muito rápida então às vezes a pessoa chega na emergência e já começa a ter uma crise respiratória e é muito rápido. Já salva várias vidas quando se tem um leito específico para coronavírus. As ambulâncias são completamente isoladas, o isolamento delas é específico para isso, para que a gente possa cuidar e salvar a vida desses cidadãos.
 
No total, tanto na rede pública como na privada, quantos leitos de UTI a cidade tem e qual é a porcentagem hoje de ocupação que está?
 
Graças a Deus, com muito trabalho, nós temos 45 leitos de UTI destinados para pacientes com coronavírus e ainda no começo da semana que vem, no mais tardar, vamos ter mais 10. Com isso, vamos para 55 leitos de UTI. No interior da Bahia talvez seja a cidade que mais tenha leito de UTI. Hoje nós temos 29 leitos de UTI ocupados. Dá em torno de 64% de ocupação. Em janeiro comprei respiradores por causa disso, não fiz o Carnaval também pensando nisso, e eu sou médico, nós fomos treinados para salvar vidas.
 
No momento que a cidade estava com um número mais crítico, a gente teve em Ilhéus um alto número de profissionais da saúde com coronavírus. Chegou até a 80% no fim de abril. O que o senhor acha que chegou a isso?
 
Dos casos atuais, mais de 40% foram de profissionais da saúde. Isso é uma coisa nacional. Os médicos, enfermeiros, serviços gerais estão mais expostos e estão mais em riscos por estarem próximos aos contaminados. Quando você está no dia-a-dia, no contato direto com contaminados sintomáticos, então eles são mais suscetíveis a se contaminarem do que o cidadão comum. Mas graças a Deus a situação já passou. Até porque muitos já estão imunes. Tive muitos colegas que passaram por isso e estão salvos. A gente fica feliz que aquela taxa avançada seja menor. Depois nós vimos que a maior contaminação é quando você tira o Equipamento de Proteção Individual (EPI) e aí você tem contato com os vírus. É uma das coisas que foram colocadas e até mesmo a vivência dos profissionais com a situação.
 
Ilhéus tem um apelo turístico muito forte. O senhor consegue dimensionar esse impacto e o que está sendo planejado para o futuro?
 
No nosso governo, o turismo foi bastante reforçado. Todos os feriados, finais de semana eram 90%, 80% de ocupação hoteleira. Realmente foi uma queda muito grande com o fechamento de hotéis, pousadas, restaurantes. É uma cidade que estava com um ritmo bastante acelerado no turismo. Um dos grandes vetores da economia da cidade é o turismo. Estamos tratando não só com as categorias, com as questões tributárias, estamos também trabalhando com malhas aéreas. Então, estamos com três companhias aéreas para ver qual traz mais aviões para o fortalecimento mais rápido do turismo, comércio, da indústria.
 
Teve algum hotel, pousada que fechou as portas de forma definitiva?
 
 Até agora não tivemos nenhuma informação. Sabemos da dificuldade, mas até então não tivemos nenhuma informação desse fechamento. O município estará apoiando, inclusive a malha aeroviária será reaberta com muita responsabilidade para que a gente possa já ir recuperando a nossa recuperação econômica. A gente vai trabalhar o turismo no nível nacional porque é muito difícil você pensar em um retorno a nível mundial porque quanto mais perto, mais barato. Inclusive, quem vir a Ilhéus poderá conferir a nova ponte (Ilhéus-Pontal), que será entregue agora em junho. É uma ponte turística linda, com certeza uma das grandes obras do Brasil.
 
Em termos de arrecadação, qual foi a redução que Ilhéus teve com toda essa situação de pandemia?
 
Foi 46% da nossa arrecadação. É importante falar das dificuldades, mas nosso foco é salvar vidas e estamos planejando com a nossa Secretaria da Fazenda a recuperação mais rápida possível, e graças a Deus os salários e vales-alimentação dos 5 mil servidores estão em dia. A gente vai levando e cortando na própria pele com despesas da Prefeitura. Para recuperar a economia, nós temos que estar vivos. Então o nosso foco é na saúde das pessoas.
 
Como médico, prefeito, como o senhor está vendo o debate em torno do uso ou não da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes com coronavírus?
 
 É muito empírico. Tem os efeitos colaterais, mas teve resultado em vários pacientes que foram testados. Eu falo com muita tranquilidade que o uso da cloroquina, a depender do paciente e da gravidade do caso, é uma das alternativas médicas da ciência. Claro que depende do paciente. Ainda acho que o melhor tratamento é o isolamento, usar máscara, hidratação, higienização. Não se tem ainda a certeza de medicamentos. Se falam até na ivermectina, mas nada comprovado.
 
Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.
 
 

4 Jun 2020

Entrevista: leitos de UTI de Porto Seguro estão com média de 80% a 90% de ocupação, diz prefeita

Uma das principais cidades turísticas da Bahia, Porto Seguro, localizada no sul do estado, possui apenas 10 leitos de UTI disponíveis para pacientes com Covid-19. De acordo com a prefeita Cláudia Oliveira (PSD), a ocupação desses leitos já está entre 80% e 90% e alguns pacientes já foram transferidos para outras cidades para desafogar o sistema de saúde. Além do próprio município, Porto Seguro recebe também pacientes de outras cidades do entorno.
 
Até esta terça-feira (2), a cidade de Porto Seguro possuía 132 casos de coronavírus confirmados e 45 pessoas recuperadas, com um óbito pela doença. Cláudia Oliveira acredita que o município está mantendo o controle da situação. A própria prefeita anunciou na última segunda-feira (1º) que também está com coronavírus.
 
Ao contrário de alguns municípios da Bahia, Porto Seguro ainda não flexibilizou a abertura do comércio. A prefeita argumenta que as decisões são baseadas em um Comitê Operacional de Emergências (Coem) formado por diversos setores da sociedade. Para ela, o comércio fechado é uma estratégia para que as pessoas fiquem em casa.
 
A cidade ainda enfrenta um grande decréscimo na arrecadação de impostos. O mês de abril apresentou queda de 58% nas arrecadações em comparação com o mesmo período de 2019. A redução mais considerável foi a de ISS, que chegou a 66% somente no mês de abril. Cerca de 75% do ISS da cidade é composto pela movimentação turística.
 
 
Alô Alô - Porto Seguro tem hoje 132 casos confirmados e 45 pessoas recuperadas. Os números evoluíram em pequena escala nos últimos dias. Acredita que a situação da pandemia está controlada no município?
 
Cláudia Oliveira - A situação da pandemia infelizmente assola todo o mundo. Em nosso município estamos promovendo uma série de medidas, desde o registro do primeiro caso  e acreditamos estar mantendo controle da situação. Claro que isso depende também da participação e conscientização da população, evitando aglomerações, ficando em casa, usando máscaras e realizando os procedimentos recomendados de higiene e distanciamento.
 
Alô Alô - A senhora decidiu prorrogar as medidas restritivas, entre elas o funcionamento de atividades do comércio, até 14 de junho. Como está o diálogo com os setores comerciais? Acredita que ainda em junho estas medidas já poderão ser flexibilizadas?
 
CO - Todas nossas decisões são baseadas nos números e indicadores de controle da doença, que são tratados em um Comitê Operacional de Emergências  (Coem) formado por diversos setores da sociedade. Manter o comércio fechado é mais uma estratégia para que as pessoas fiquem em casa, evitando a circulação e proliferação do vírus. Ainda não temos como prever se serão flexibilizadas, pois vai depender da evolução dos números. Sim, estamos mantendo o diálogo com os comerciantes e sempre dispostos a conversar, levando em consideração que a prioridade atual é salvar vidas e promover a distensão gradual da economia.
 
Alô Alô - Como está a adesão da população ao isolamento social? Acredita que é suficiente ou ainda há muito desrespeito?

 
CO - Infelizmente poderíamos contar com uma adesão maior ao isolamento. Estamos promovendo medidas de contenção e também campanhas de conscientização para que as pessoas percebam a importância de ficar em casa.
 
Alô Alô - Porto Seguro conta com quantos leitos de UTI específicos para pacientes com covid-19? Como está a taxa de ocupação destes leitos?
 
CO - Porto Seguro conta com um hospital regional, o HDLEM (Hospital Deputado Luís Eduardo Magalhães), que conta com 10 leitos de UTI disponíveis para pacientes com covid-19, porém atende toda a região e não somente Porto Seguro. A ocupação está na média de 80% a 90% da capacidade e alguns pacientes inclusive já foram transferidos para outros locais na tentativa de desafogar. Também existem 34 leitos clínicos destinados exclusivamente para tratamento da covid-19, com ocupação de 24% e disponibilidade de 76%.
 
Alô Alô - Porto Seguro é uma cidade que tem no turismo um de suas principais fontes de receita e de geração de emprego. Qual o tamanho do prejuízo nesta área?
 
CO - O impacto é gigantesco e ainda não pode ser calculado de forma exata. Estima-se uma perda de receita na arrecadação do ISS, que chegou a 66% somente no mês de abril. Este imposto é composto em sua grande parte (75%) pela movimentação turística, com as atividades hoteleiras e de agências de viagens totalmente interrompidas.
 
Alô Alô - A prefeitura já trabalha com um plano de retomada do turismo para o período pós-pandemia?
 
CO - Sim, desde o início da pandemia, a Secretaria de Turismo vem trabalhando para que a retomada seja feita de forma equilibrada, contando com o auxílio e apoio do Conselho Municipal de Desenvolvimento do Turismo, trade turístico e diversos outros órgãos municipais. Para isso, encontros e reuniões têm sido realizadas para a criação de minutas e protocolos de vários setores, divididos em comissões de trabalho com representantes de diversas áreas, que podem contribuir de forma específica, como a hotelaria, representantes do trade, Anvisa, Abrasel, Secretaria de Saúde e Sinart.
 
Alô Alô - Com o avanço da doença em Ilhéus e Itabuna, quais medidas a senhora decidiu adotar para evitar que o surto da covid-19 chegasse com esta força a Porto Seguro?
 
CO - Desde o registro do nosso primeiro caso, fechamos todos os estabelecimentos comerciais e decretamos o isolamento social. Também foi proibida a circulação de transporte intermunicipal e fechado o aeroporto, hotéis e todas as atividades turísticas. Essas medidas iniciais tiveram forte impacto e conseguiram conter a curva de crescimento da doença.
 
Alô Alô - Qual o impacto da pandemia nas contas municipais? Quanto a prefeitura já deixou de arrecadar? A senhora adotou medidas de corte de custos?
 
CO - As contas públicas da Prefeitura de Porto Seguro já sofrem os efeitos da grave crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. Os resultados apresentados no mês de abril de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, mostram que houve uma queda de 58% na arrecadação dos recursos tributários, que são aqueles gerados dentro do próprio município. Os recursos tributários são compostos por IPTU, ITBI, ISS, IRRF, taxas diversas e contribuições. O que se pôde observar foi uma queda considerável na arrecadação do ISS, que chega a 66%. Este imposto é composto em sua grande parte (75%) pela movimentação turística, com as atividades hoteleiras e de agências de viagens, que se encontram totalmente interrompidas. No caso dos repasses federais, também se observa queda em todas as receitas, com destaque para a perda na receita do ICMS que teve uma queda aproximada de 30% no mês de abril. Sim, estamos adotando medidas de controle de custo para garantir a manutenção das atividades essenciais do município, bem como o pagamento da folha e os compromissos com os fornecedores. Dessa maneira, os servidores lotados em funções que foram temporariamente suspensas tiveram seus contratos interrompidos. Benefícios e vantagens como regência de classe, insalubridade, adicional noturno, hora extra, auxílio transporte, gratificação de difícil acesso, entre outros, também foram temporariamente suspensos.
 
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28 May 2020

Médico, prefeito de Alagoinhas diz que não descarta receitar cloroquina “em casos específicos”

Apesar de considerar que a cidade de Alagoinhas, com cerca de 155 mil habitantes, consegue ter um controle sobre a situação do coronavírus, o prefeito da cidade, Joaquim Neto (PSD), afirma que o município está em um momento de "aumento exponencial do número de casos". Até essa terça-feira (26), a cidade tinha 59 casos de coronavírus confirmados, 19 recuperados e 2 óbitos. De acordo com o prefeito, mais confirmações estão sendo realizadas por conta da aquisição de testes rápidos pela administração municipal.

 

Dentre as ações tomadas pela prefeitura mais recentemente estão medidas mais duras, como o toque de recolher de 20h às 5h e durante todo o domingo, além da adesão ao decreto estadual que antecipou os feriados de São João e Independência da Bahia.

 

Médico, o prefeito também comentou sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 e não descartou a possibilidade de receitar os medicamentos em casos específicos. “Apesar da cloroquina e da hidroxicloroquina terem demonstrado resultados positivos em alguns pacientes, sabemos que os efeitos colaterais ainda são muitos. Nesses casos a ciência tem que estar sempre em primeiro lugar”, afirmou.

 

O município tem até esta terça-feira 59 casos de coronavírus, com 19 pessoas já recuperadas. Como o senhor classifica a situação da pandemia em Alagoinhas?

 

Até esta terça-feira, temos um total de 59 casos de Covid-19 confirmados em nosso município, destes - graças a Deus - 19 já estão recuperados e infelizmente tivemos dois óbitos - um senhor de 82 anos e uma senhora de 102 anos. Alagoinhas tem cerca de 155 mil habitantes e uma população flutuante que chega a 200 mil. Como uma cidade de porte médio, acredito que temos controle sobre a situação epidemiológica se compararmos proporcionalmente com municípios menores e até mesmo com a capital. Agora, com a aquisição dos testes rápidos temos contabilizado mais confirmações e através dos dados coletados tomamos as ações cabíveis para controlar a proliferação do vírus.

 

Como o senhor avalia o resultado do toque de recolher anunciado em meados do mês? Com mais da metade dos casos confirmados na cidade já curados, o toque de recolher foi mesmo necessário?

 

Percebemos que nos bairros a população estava afrouxando as medidas de prevenção, deixando de lado o uso de máscaras e até mesmo frequentando bares e quadras poliesportivas. É importante dizer que todas as medidas tomadas em Alagoinhas são feitas a partir da análise do perfil epidemiológico e de dados do município, por isso decretamos o toque de recolher de 20h às 5h e agora também aos domingos durante todo o dia, para que possamos diminuir o alcance do coronavírus.

Estamos fiscalizando diariamente todas as localidades com o apoio de 22 viaturas da SMTT (Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito), Guarda Civil Municipal, Polícia Militar de Alagoinhas, policiais da Ceto (Companhia de Emprego Tático Operacional), Defesa Civil Municipal e Exército. Agora, com o aumento do número de casos, tivemos a certeza de que as nossas análises e previsões estavam corretas, por isso também aderimos ao decreto estadual, que antecipou os feriados de São João e Independência da Bahia.

 

Qual a estrutura do município para atender aos doentes? Quantos leitos de UTI e respiradores há em Alagoinhas, nas redes pública e privada?

 

Recentemente inauguramos a nossa UPA, que durante a pandemia será exclusiva para o tratamento de pacientes com a Covid-19, nela possuímos 12 leitos de atendimento primário e 6 respiradores. Contamos também com o Hospital Regional Dantas Bião que possui 12 leitos de média complexidade. Em breve, através da parceria com o governo do estado, o hospital contará com mais 10 leitos que já estão sendo construídos. Na rede privada contamos com o Hospital das Clínicas de Alagoinhas (HCA) com leitos de média e baixa complexidade. Estão em construção no HCA mais 20 leitos que serão exclusivos para pacientes infectados pelo novo coronavírus, a entrega está prevista para daqui a 1 mês. Devido a determinações do governo do estado, pacientes em caráter de alta complexidade devem ser transferidos para os hospitais de referência em Salvador.

 

Em caso de aumento nos casos, o senhor teme que haja um colapso do sistema de saúde do município?

 

Sim, claro, todos temos esse medo, não só aqui em Alagoinhas, em todos os municípios. Mas acredito que com as medidas preventivas que estamos tomando e principalmente com o apoio da população, vamos conseguir vencer a luta contra o coronavírus antes de chegar a esse estágio.

 

Quais as principais ações da prefeitura o senhor destaca para combater a pandemia?

 

Desde fevereiro, quando foram detectados os primeiros casos de Covid-19 no Brasil, a prefeitura de Alagoinhas iniciou um trabalho intenso e precoce de combate ao vírus e principalmente de proteção às pessoas. Decretamos o fechamento de escolas, academias, bares e restaurantes, praças, proibimos eventos, aglomerações, criamos campanhas educativas e veiculamos nos principais meios de comunicação. Instalamos barreiras sanitárias nas principais entradas da cidade, iniciamos uma higienização especial de locais públicos e bairros populosos e instalamos pias em diversos pontos para higienização das mãos. Criamos restrições e normas para o funcionamento do comércio, tornando obrigatório o uso de máscaras para funcionários e clientes. Ampliamos significativamente os investimentos na saúde. Inauguramos a UPA de Santa Terezinha, que durante a pandemia servirá como centro de atendimento a pacientes com Covid-19, bem como adquirimos duas ambulâncias tipo semi-UTI com respiradores, monitores e bombas de infusão. Além disso, em parceria com o governo do estado, em breve alagoinhas terá mais 10 leitos, que estão sendo construídos no Hospital Regional Dantas Bião. Contratamos mais médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde e adquirimos EPI's apropriados para a proteção desses guerreiros. Estamos distribuindo cestas básicas para cerca de 13 mil alunos da rede pública municipal, por um período de três meses; mais de 5  mil kits lanches para usuários dos programas de assistência social; 1,4 mil refeições pelo Restaurante Popular e mais de 10 mil máscaras. Suspendemos o corte de água por 90 dias e isentamos o pagamento de tarifas sociais. Para garantir que todas as pessoas que têm direito ao auxílio emergencial do governo federal tivessem acesso ao benefício, criamos uma força tarefa com equipes de assistência social nos distritos de Riacho da Guia e Boa União; na sede do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) em Nova Brasília e em Santa Terezinha, no núcleo do Bolsa Família no centro da cidade, no CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e na Secretaria de Assistência Social, na Rua Severino Vieira, incluindo orientação e organização nas filas dos bancos e casas lotéricas, onde fizemos o fechamento e demarcações das ruas. Já foram atendidas mais de 10 mil pessoas. Adotamos um pacote de austeridade que inclui a redução do meu próprio salário em 25% e dos secretários em 15%. Reduzimos os custos de telefonia, água, luz, combustível, locação de veículos. Suspendemos hora extra, diárias, renegociamos e reduzimos contratos, além de outras ações. No último sábado, em parceria com a rede Bahia, conseguimos arrecadar quase 19 toneladas de alimentos não perecíveis no nosso Drive Thru solidário. Os itens arrecadados serão doados para lares de idosos do nosso município, artistas locais e famílias em situação de vulnerabilidade social.

 

 

Alagoinhas tem recebido pessoas doentes de municípios vizinhos menores e com menos estrutura de saúde?

 

Sim, o nosso Hospital Regional Dantas Bião possui 12 leitos que atendem a 18 municípios.

 

O comércio da cidade tem funcionado de maneira limitada, com lojas de no máximo 200 metros quadrados. O município, mesmo assim, não tem um número grande de casos. O senhor tem uma previsão de quando a situação poderá ser normalizada, caso o ritmo não aumente?

 

Estamos em um momento de aumento exponencial do número de casos, os especialistas já tinham nos alertado que isso poderia acontecer em meados de maio. Pudemos comprovar as teorias com o recente aumento da testagem positiva para a Covid-19 no nosso município. Não temos uma previsão de normalidade, reforço mais uma vez que estamos tomando novas medidas a partir da evolução da situação epidemiológica do Brasil, da Bahia e de Alagoinhas. Torço para que a normalidade venha rápido.

 

Alagoinhas tem uma indústria de bebidas muito forte. Como está esse setor com a pandemia?

 

Por termos a 3ª melhor água do mundo, as indústrias do ramo de bebidas sempre valorizaram a nossa terra. Nesse momento de pandemia todos os setores têm sido afetados, mas os empresários têm se esforçado para continuar produzindo, ao mesmo tempo em que mantêm os funcionários trabalhando, tomando todas as medidas de segurança. Uma indústria chegou a dar férias para boa parte de seus trabalhadores, como medida de prevenção.

 

Como médico, como o senhor vê essa polêmica em torno do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina? O senhor receitaria, caso estivesse atuando na medicina, receitaria caso achasse necessário a algum paciente com Covid-19?

 

Como você disse, além de prefeito sou médico e por isso a saúde da população está em primeiro lugar. Nesse momento de pandemia estamos investindo maciçamente em leitos, profissionais e equipamentos. Apesar da cloroquina e da hidroxicloroquina terem demonstrado resultados positivos em alguns pacientes, sabemos que os efeitos colaterais ainda são muitos. Nesses casos a ciência tem que estar sempre em primeiro lugar. Porém, não descarto a possibilidade de receitar em casos específicos, após analisar o quadro do paciente e a sua resposta com outros medicamentos. Vamos torcer para que os cientistas achem logo a cura e a vacina, enquanto isso tomaremos as medidas de prevenção necessárias para achatar a curva.
 

Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.

20 May 2020

Santo Antônio de Jesus cria blog para que alunos estudem de casa, diz prefeito

Última cidade da Bahia com mais de 100 mil habitantes a registrar casos de coronavírus, Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo da Bahia, teve a primeira confirmação apenas no dia 1º de maio. Desde então, foram sete casos, um dos menores índices entre os 20 maiores municípios do estado.
 
Contudo, apesar do número, o sinal de alerta está ligado. O prefeito da cidade, Rogério Andrade (PSD), conta que, após a confirmação da contaminação do ex-deputado Augusto Castro, que ficou hospedado em um hotel do município em março, decidiu tomar uma série de medidas para impedir o contágio em Santo Antônio.
 
Entre as medidas estão a suspensão da entrada e saída de veículos da cidade e o monitoramento de funcionários e hóspedes do hotel por onde passou o ex-deputado. Funcionários e pessoas hospedadas em outros estabelecimentos também foram monitorados pela prefeitura, que decidiu ainda pela paralisação do comércio e da indústria.
 
Há alguns dias, o prefeito decidiu flexibilizar a abertura do comércio, ainda de maneira lenta. As indústrias também voltaram a funcionar, mas seguindo um plano de enfrentamento. Segundo o prefeito, a retomada das atividades produtivas será feita à medida que a curva de transmissão for achatada.
 
Santo Antônio de Jesus tem o menor número de casos entre as 20 maiores cidades da Bahia e foi uma das últimas a registrar o primeiro caso. A que o senhor atribui isso?
 
Santo Antônio de Jesus fez uma política de forma adiantada. Quando observamos o movimento do vírus, começamos a organizar estratégias para evitar aglomerações e informar a população acerca dos cuidados em relação ao contágio. Na semana seguinte à notícia da pandemia, paralisamos as escolas e apresentamos um plano para que os alunos tivessem aulas em casa. Para que os estudantes continuassem ativos, foi implantado um blog em que os pais e responsáveis têm acesso a conteúdo preparado pelos professores para estudarem junto com as crianças e adolescentes, mantendo o processo de aprendizagem. Na próxima semana também iniciaremos a realização de lives direcionadas para os professores da Rede Municipal de Educação.  Também conversamos com as cadeias produtivas. O comércio e as indústrias foram paralisados e isso ajudou muito. Somente há poucos dias começamos a flexibilizar o comércio lentamente. As indústrias voltaram a funcionar com um plano de enfrentamento. O comércio também, em especial os gêneros essenciais. Mas ainda temos academias, cinemas e bares fechados. O papel da fiscalização é muito importante também.
 
O ex-deputado Augusto Castro passou por SAJ antes de ter o diagnóstico da covid-19 confirmado. Foi praticamente na mesma época em que os casos na Bahia começavam a crescer. Quais as principais medidas adotadas pela prefeitura para impedir o avanço da doença na cidade?
 
Na época, já estávamos em pleno avanço do plano de enfrentamento e nesse sentido a secretaria monitorava todos os hóspedes nos hotéis de SAJ. Com a notificação do caso, imediatamente intensificamos o acompanhamento dos funcionários e demais hóspedes, isolando e testando pra COVID-19 todos que se fizeram necessário. Entre as medidas adotadas, podemos destacar que suspendemos as atividades na Rede Municipal de Educação, antes mesmo do Governo suspender na rede estadual. Também suspendemos a entrada e saída de veículos de transporte alternativo, a presença de comerciantes de outros municípios na Feira Livre Municipal e a realização de eventos esportivos, culturais e/ou religiosos até 31 de julho, inclusive, cancelando os festejos juninos. Iniciamos imediatamente uma campanha de conscientização sobre o uso de máscaras, distanciamento social e outras medidas preventivas. Montamos uma Central de Monitoramento exclusiva para COVID-19, implantamos barreiras sanitárias nos acessos ao município, instalamos pias públicas na Feira Livre e Praça Padre Mateus, estamos realizando a desinfecção regular de Praças, Feira Livre, Unidades de Saúde e do abrigo dos Idosos. Com o apoio da Câmara Municipal e de parceiros, fizemos a distribuição de aproximadamente 1.200 cestas básicas. Também distribuímos kit’s lanches para os estudantes da Rede Municipal e mais recentemente distribuímos kits de higiene pessoal, máscaras, pacotes de leite e fraldas descartáveis para famílias em situação de vulnerabilidade.
 
A cidade começou a ter os primeiros registros agora em maio. O senhor teme que haja uma explosão de casos e que haja problemas para o sistema de saúde?
 
Com o surgimento do primeiro caso numa circunstância de pandemia e transmissão comunitária no país, de um vírus altamente transmissível, a Prefeitura tem consciência da possibilidade real de aumento de casos e por isso segue monitorando e ampliando suas ações para evitar o colapso da rede. Entendemos o cenário e a necessidade de continuar realizando um trabalho intensivo para conseguir o achatamento da curva. Todavia é sabido que os números no Brasil estão alarmantes.
 
Como está a rede pública e privada de saúde? Há estrutura para atender à população em um eventual aumento dos casos?
 
Atualmente, temos 2 hospitais públicos e uma unidade de pronto atendimento (UPA) num total de 40 leitos de UTI na rede pública e 3 leitos para pacientes graves na UPA. Na rede privada, há uma unidade com mais 10 leitos de UTI.
 
No começo do mês, o senhor decidiu flexibilizar a abertura do comércio. Qual a situação hoje? Há possibilidade de fechar novamente? Como está o diálogo com o setor do comércio?
 
O plano de enfrentamento da COVID-19 prevê que, com base nos boletins epidemiológicos e a avaliação de cada caso concreto, haja uma flexibilização paulatina ou uma situação extrema de travamento. Mas, sempre com diálogo e equilíbrio entre saúde e economia. Num primeiro momento da flexibilização, optamos pelo sistema de rodízio, sempre fiscalizando os estabelecimentos cujo funcionamento era permitido. Desde a última segunda-feira (18), fizemos uma mudança e os segmentos já flexibilizados passaram a funcionar em um único turno de segunda à sexta.
 
 Como o senhor avalia o cumprimento pela população das medidas da prefeitura, como o uso de máscara e o próprio isolamento?
 
É perceptível o apoio da população e o cumprimento das exigências do plano de enfrentamento, como o uso obrigatório de máscaras. Os estabelecimentos comerciais, por exemplo, estão atentos aos decretos, exigindo o uso de máscaras e aferindo a temperatura dos clientes, além de disponibilizarem álcool em gel. Também implantaram marcações para facilitar o distanciamento e incentivaram o uso do delivery.
 
A prefeitura trabalha com expectativa de que a situação volte à normalidade? Há algum plano para a retomada plena da atividade econômica?
 
Sim. Achatando a curva de transmissão da COVID-19, a retomada das atividades torna-se uma realidade cada vez mais próxima. Mas é preciso cautela. Um dia de cada vez. A retomada parcial já existe, uma vez que encontramos no atual momento o equilíbrio da economia (cadeias produtivas abertas com plano de enfrentamento) X saúde (efetivo controle dos casos com giro leito nos hospitais). Quanto a retomada plena das atividades, vamos continuar acompanhando atentamente o comportamento da pandemia, priorizando sempre a vida das pessoas, nosso bem maior.
 
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18 May 2020

Alô Alô Bahia entrevista Silvia Braz

Em quarentena há mais de dois meses com a família, a influencer Silvia Braz tem promovido lives de alto nível com convidados renomados que têm movimentado este período de distanciamento social. Nesta semana, por exemplo, ela recebe o chef Erick Jacquin para um bate-papo especial. Em conversa com o Alô Alô Bahia, Silvia falou sobre como tem sido a sua quarentena, saúde mental, perspectivas para a área da comunicação, do bazar beneficente que está promovendo e muito mais. Confira:


Alô Alô Bahia - Como tem sido a sua quarentena e quais têm sido os principais desafios?

Sílvia Braz - Já estou há 65 dias de quarentena com minha família. Não posso reclamar por nenhum minuto: tenho casa, estamos unidos, com saúde e tenho aproveitado esse tempo para estar ainda mais ao lado das minhas filhas, pois sempre viajei muito a trabalho. Na situação atual do nosso país, seria injusto reclamar de estar em casa com tédio enquanto outras pessoas estão em casa sem ter o que comer.

Alô Alô Bahia - Quais sugestões você daria para que as pessoas cuidem da saúde mental neste momento de isolamento social?

SB - Todos os dias levantar da cama, tirar o pijama, tomar um banho, colocar uma roupa confortável como se estivesse saindo para trabalhar . Dessa forma tenho começado meus dias: esse apreço por si mesma e o auto cuidado são importantes nesse momento para nos tirar da prostração que, claro, insiste em nos rodear num momento tão difícil como esse. Ver séries também é uma ótima forma de entreter o cérebro com conteúdos interessantes que captam totalmente nossa atenção e nos diverte. Estudar nesse período em casa tem sido um delícia para mim, voltei para o inglês e tem sido ótimo. Cozinhar, fazer bolos, se permitir esses momentos de pura indulgência ...esse período não é o momento de nos cobrarmos, mas sim de cuidarmos com mais amor e generosidade de nós e dos outros.

Alô Alô Bahia - Como surgiu a ideia de promover lives com convidados renomados e o que você acha que tem contribuído para que elas tenham tanta audiência?   

SB - Sempre gostei de me comunicar, essa é a base do meu trabalho. As lives partiram, inicialmente, de um desejo meu de conversar com pessoas que fossem referência em suas áreas sobre questionamentos que eu estava me fazendo a respeito da nova comunicação que surge nesse momento, sobre a real situação do novo coronavírus no Brasil, sobre a retomada da economia. A partir disso, busquei convidados (médicos, empresários, publicitários, etc) e pensei: por que não abrir essa conversa para todas as pessoas que me seguem? Assim, consigo, de alguma forma, ajudar e tocar as pessoas que estão assistindo da mesma forma que eu sou ajudada. Então, a ideia é levar um insight e uma luz para as pessoas que me assistem. Com isso, a audiência veio naturalmente. Meu objetivo nunca foi ter números altos, mas sim ter conteúdo de qualidade e elevar o nível de debate na internet, que muitas vezes é superficial.

Alô Alô Bahia -  Quais mudanças você acredita que o atual contexto pode provocar no trabalho dos influenciadores digitais? Você acredita que este trabalho foi ressignificado de alguma forma?

SB - O mundo muda e a comunicação muda! Não só influenciadores digitais, mas qualquer título, empresa de marketing ou pessoa que trabalha com comunicação precisa adequar sua fala para esse momento tão sensível que estamos vivendo. E mudanças sempre são bem vindas. Eu olho para tudo que está acontecendo nesse momento como uma possibilidade de melhorar como ser humano e profissional também. É uma oportunidade única e quem ousar fazer a travessia sairá fortalecido.

Alô Alô Bahia - Quais principais aprendizados você acredita que podemos ter a partir dessa situação difícil que estamos vivendo?

SB - A pandemia escancarou a divisão de classes no Brasil e a necessidade de ajudarmos uns aos outros, independente da briga política que se encontra no nosso país. O vírus nos ensinou que não adianta eu cuidar apenas de mim, eu preciso cuidar do outro também. Precisamos ser mais humanos!

Alô Alô Bahia - Além das lives, você também está promovendo um bazar beneficente com peças suas e das suas filhas. Como funciona esse projeto?

SB - Esse é o quarto bazar que faço e, dessa vez, será on-line devido a situação que vivemos de isolamento social. São peças minhas, das minhas filhas e de marcas parceiras. Espero arrecadar um valor expressivo como aconteceu das outras vezes. O foco é ajudar instituições que estão passando por sérias dificuldades devido ao novo coronavírus. Tenho me movimentado, articulado com várias pessoas e instituições.

O momento do nosso país espera atitude de nós e que cada um ajude da maneira que puder. As pessoas estão com fome, então se puder, doe um prato de comida, um copo de água. Se sua realidade é outra, doe  dinheiro. Se não puder doar nada físico, doe sua força de trabalho. Eu acredito que, mais do que nunca, só a união e a generosidade com outro ser humano nos tirará dessa situação.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 


14 May 2020

Mesmo com poucos casos de coronavírus, Juazeiro chegou a alcançar 60% de ocupação em UTI, diz prefeito

Apesar de ser a quinta maior cidade da Bahia em número de população, Juazeiro, no norte baiano, não figura entre os municípios com mais casos confirmados de coronavírus no estado. Até esta terça-feira (12), a cidade registrava de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), 12 casos confirmados e 2 óbitos. De acordo com o próprio município, no entanto, já são 36 casos confirmados, sendo 19 por teste rápido e 17 por laboratório. Ainda aguardam resultado 121 casos que foram notificados.
 
O prefeito da cidade, Paulo Bonfim, diz que não está tranquilo com esses números e que, nos últimos dias as notificações cresceram novamente. O isolamento em Juazeiro tem caído e isso pode fazer com que a Prefeitura tenha que tomar medidas ainda mais restritivas.
 
Paulo Bomfim afirma que Juazeiro foi a primeira cidade no estado a suspender as aulas e que também logo tomou medidas no setor bancário, que foi uma das áreas que mais preocupava por conta das aglomerações. O número crescente na cidade, apontado pelo prefeito, pode ser alarmante porque, mesmo com números com apenas duas casas decimais, o município já chegou a alcançar 60% na média de ocupação da UTI. A cidade atualmente tem dez leitos exclusivos para o coronavírus no Hospital Regional de Juazeiro. A Prefeitura está em um processo para contratar outros 10 na rede privada.
 
A Prefeitura de Juazeiro montou um comitê para avaliação do avanço da pandemia, além de ser responsável também por um plano para retomada da atividade econômica. A cidade, de acordo com Paulo Bomfim, já sente o impacto do coronavírus na arrecadação, que apresentou forte queda.
 
 
 Juazeiro tem até essa terça 36 casos de Covid-19, sendo que 17 curados, e duas mortes. Os números estão abaixo em relação às demais maiores cidades do estado. O senhor acredita que a pandemia está controlada em Juazeiro ou ainda preocupa? Quais ações têm sido tomadas para frear o avanço do coronavírus?
 
É claro que preocupa. Juazeiro tem mantido certo controle da pandemia porque tomou medidas cedo. Fomos a primeira cidade da Bahia a, por exemplo, suspender as aulas, implementamos medidas no setor bancário, o que mais nos preocupava pelas aglomerações, e temos visto uma melhor organização. A maioria da nossa população tem colaborado, usado máscaras e seguido as orientações de higienização.  Todavia, percebemos que o isolamento social tem caído e algumas pessoas estão indo às ruas e se aglomerando. Nos últimos dias, os números cresceram novamente e isto indica a necessidade de mantermos as medidas e, se necessário for, torná-las ainda mais restritivas.
 
O município tem 73 casos notificados de H1N1 e 18 confirmados. Em Juazeiro, o senhor considera que a H1N1 preocupa mais do que a Covid-19?
 
Nós temos 18 confirmados. São 73 notificados, 27 descartados e 28 em investigação. O H1N1 nos preocupa de igual forma, mas estes números graças a Deus não têm crescido na mesma intensidade (do que a Covid-19). Isto se deve às campanhas de imunização. Esta semana já iniciamos a terceira fase.
 
A prefeitura decidiu prorrogar o fechamento do comércio e de outros serviços não essenciais até o dia 30 de maio. A gestão tem algum planejamento ou meta para retomar progressivamente as atividades comerciais? Há algum prazo para isso?
 
Temos um Comitê que avalia permanentemente o avanço da pandemia. Ele também está se debruçando sobre um plano de retomada da atividade econômica, mas tudo tem sido pensado de forma técnica, cuidadosa, sem pressa. É hora de pensar em salvar vidas, mas estamos dialogando inclusive com setores do comércio na elaboração deste planejamento. O momento certo quem vai dizer são os indicadores da pandemia e a capacidade de nossa rede de Saúde. Friso, porém, nada é mais importante do que preservar a vida humana.
 
Como está o diálogo com o setor empresarial da cidade? Existe pressão para a reabertura do comércio?
 
Todos os gestores têm sofrido cobranças dos diversos segmentos da atividade econômica, mas em Juazeiro não nos furtamos ao diálogo. Ele tem sido permanente e temos contado com a sensibilidade destas entidades.
 
A cidade está preparada para um eventual aumento no número de casos? Quantos leitos de UTI tem hoje em Juazeiro? Há previsão para ampliação dessa quantidade?
 
Temos atualmente dez leitos exclusivos para o coronavírus no Hospital Regional e outros dez estão sendo contratados na rede privada. Além deles, outros 29 leitos intermediários estão disponíveis no Hospital Regional de Juazeiro. A média de ocupação da UTI tem variado, mas já chegou a 60%. Nos leitos intermediários, tem girado em torno de 40% de ocupação.
 
Uma preocupação das autoridades baianas é com o cumprimento do isolamento social pela população. Como está o isolamento em Juazeiro? A população tem cumprido?
 
Alguns fatores contribuíram para uma queda recente no isolamento. Além da falta de uma orientação nacional única, o pagamento dos auxílios emergenciais acabou promovendo grandes aglomerações nos bancos. Contudo, colocamos toldos, banheiros químicos, interditamos a área, disponibilizamos balcões de atendimento e hoje a aglomerações diminuíram de forma significativa. A maior parte da população tem colaborado, mas infelizmente sempre existem aqueles que resistem ao cumprimento das medidas.
 
Juazeiro faz divisa com Petrolina, que fica em Pernambuco, estado que tem sofrido com o grande número de casos. Já são mais de 14 mil casos e mais de 1.100 mortes naquele estado, números que são muito maiores do que a Bahia. Há uma preocupação do senhor em relação a isso? Quais medidas foram tomadas para que o avanço da doença em Pernambuco não chegasse a Juazeiro?
 
Nosso diálogo com o prefeito da cidade vizinha, Miguel Coelho, tem sido constante e procuramos fazer com que nossas medidas sejam as mais uniformes possíveis. Existe um sentido de colaboração muito forte entre as duas administrações.  Ambas as cidades funcionam como uma só e, realmente, precisamos nos manter vigilantes para o que acontece do outro lado do rio.
 
Prefeitos de todo o estado mostram preocupação com a queda de arrecadação. Juazeiro já começou a sofrer com isso? No longo prazo, há risco de o funcionamento dos serviços públicos e o pagamento dos servidores ser comprometido?
 
Por iniciativa do Congresso, alguns recursos prometem chegar nos próximos dias para atenuar os efeitos da pandemia sobre a arrecadação. Eles já são sentidos e nossas principais fontes já apresentam forte queda. De toda sorte, temos garantido o pagamento em dia dos servidores e isto será sempre uma prioridade para nossa gestão.
 
Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.
 

7 May 2020

Prefeito de Itabuna acredita que casamento da irmã de Gabriela Pugliesi foi “grande foco” do coronavírus no Sul da Bahia

Cidade pólo do Sul da Bahia, Itabuna tem 249 casos confirmados de coronavírus e dez mortes em decorrência da doença. Para enfrentar o crescimento do número de pessoas infectadas, a prefeitura da cidade implementou diversas ações, como a instalação de lavatórios em praça pública, a doação de máscaras para a população e a compra de testes para futura testagem em massa.

O prefeito Fernando Gomes destaca também a ampliação do Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães, além da quantidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da cidade, a instalação de disk denúncia para quem não obedece o isolamento social e a implantação de um centro de triagem no município. Anteontem, a prefeitura começou a testar também profissionais de segurança e trânsito que estão na linha de frente do combate à pandemia.

Para além do fato de Itabuna ser uma cidade pólo, Gomes ainda acredita que o casamento da irmã da influencer Gabriela Pugliesi, Marcella Minelli, em Itacaré, também foi um ponto de foco para a disseminação do coronavírus no sul do estado. Após a festa, diversos casos de coronavírus dos convidados foram confirmados. Sobre o retorno do funcionamento do comércio, o prefeito destacou que a equipe técnica do município está desenvolvendo estudos para viabilizar a reabertura gradativa do comércio assim que o cenário for seguro para os cidadãos. Itabuna chegou a flexibilizar a reabertura do comércio, mas o Ministério Público da Bahia recomendou que o fechamento fosse retomado.

A entrevista com Fernando Gomes é a quarta da série de entrevistas, do site Alô Alô Bahia em parceria com o Jornal CORREIO, com os prefeitos das maiores cidades do interior. O objetivo é informar a sociedade baiana sobre as ações que estão sendo tomadas nos principais municípios do estado, que enfrenta o avanço da Covid-19.

Alô Alô - O governo tem se mostrado preocupado com o avanço do coronavírus no Sul da Bahia nos últimos dias. Até esta terça (5), Itabuna tem 239 casos confirmados e seis mortes. O que tem sido feito para impedir este avanço da doença?

Fernando Gomes - Nos últimos dias nós intensificamos nossas ações de conscientização, reforçando para a comunidade a importância de ficar em casa e manter o isolamento social. Para agir com mais rigor, nós decretamos a obrigatoriedade do uso de máscaras para quem sair à rua e estamos realizando a desinfecção de toda a cidade. Ainda colocamos agora lavatórios em praças públicas, em parceria com uma empresa, para que o cidadão possa lavar as mãos sempre que for ao centro da cidade, e com a ajuda de algumas empresas, estamos doando máscaras à população. Já determinei a compra de testes para realizarmos uma testagem em massa da população, além de estarmos ampliando a capacidade de atendimento em nosso Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães. Estamos fazendo de tudo para preservar a nossa população. Prefeitura de Itabuna deu início à testagem para detecção de Covid-19 nos profissionais de segurança e trânsito que estão na linha de frente do combate à pandemia. No total, 1.512 profissionais serão submetidos aos testes.

Alô Alô - Por que o senhor acredita que a doença tem avançado de forma mais rápida no Sul da Bahia? O senhor acredita que a situação em Itabuna está controlada ou é preocupante?

FG - Porque Itabuna e Ilhéus são duas cidades pólo. Pessoas de todas as partes do sul, extremo sul e até sudoeste da Bahia chegam aqui para estudar, trabalhar, comprar. Infelizmente ainda tivemos um foco grande aqui na região, que foi o casamento que aconteceu em Itacaré, de onde surgiram os primeiros casos. Por isso, apesar de todo o esforço que a Prefeitura, juntamente com o Governo do Estado estão fazendo, a nossa situação ainda é preocupante. É preciso que a população respeite as orientações e fique em casa.

Alô Alô - As autoridades alertam que, caso o avanço da doença seja desenfreado, há um risco de colapso do sistema de saúde. O senhor acredita que Itabuna pode sofrer um colapso caso a doença continue avançando rápido?

FG - Nós estamos trabalhando para evitar um colapso. Estamos com essas ações para evitar novas contaminações e estamos executando medidas práticas, ampliando a capacidade do nosso maior Hospital, que é o Hospital de Base, transformamos a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 num centro de triagem, tudo para evitar uma sobrecarga em nosso sistema de saúde.

Alô Alô - Quantos leitos a cidade tem só para pacientes com Covid-19? E respiradores? O senhor acredita que o número é suficiente?

FG - O estado contratou 10 leitos de UTI para adultos, 3 leitos de UTI pediátrica, além de 30 leitos clínicos para adultos e 10 pediátricos, todos na Santa Casa de Misericórdia. Já no Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães, nós temos 38 leitos clínicos exclusivos para pacientes com o Coronavírus e estamos entregando nos próximos dias mais 15 leitos de UTI, com toda a aparelhagem necessária, incluindo os respiradores. Vamos tentar conseguir ainda mais respiradores para ampliar os leitos de UTI. Nossa intenção é chegar em 30 leitos de UTI e nós esperamos que isso atenda a nossa demanda. Infelizmente é um vírus muito agressivo, principalmente com os idosos e não é possível projetar quantos leitos serão o suficiente. Esperamos que nossas ações salvem vidas em nosso município.

Alô Alô - Como está a adesão da população às medidas de isolamento na cidade? O senhor defende punição para pessoas que não respeitam a medida?

FG - Infelizmente muitos ainda não levam à sério os riscos desse vírus. Nós temos um disk denúncia, estamos com a Guarda Civil Municipal diariamente na rua, orientando que as pessoas voltem às suas casas, mas isso tem sido uma tarefa árdua, porque bancos e lotéricas andam cheios. Mas estamos monitorando isso e também atento aos bairros para coibir situações de aglomerações.

Alô Alô - Os governos do estado e federal estão dando suporte ao município? Como está o diálogo com o estado e com a União?

FG - Depois que apresentamos nosso Plano de Ação, o Ministério da Saúde destinou R$ 8,9 milhões para o nosso município, dos quais encaminhei 2 milhões para aquisição de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) e 6 milhões para o Hospital de Base ampliar, sendo 2 para reforma da ala destinada aos pacientes do Covid, ampliação da usina de oxigênio e melhoria da rede de tratamento de esgoto do hospital, e R$ 4 milhões para equipar os leitos clínicos e de UTI. O Estado também tem nos ajudado. Temos um diálogo muito próximo do governador Rui Costa e do secretário Fábio Vilas-Boas, que já destinaram testes para o município, contrataram leitos na Santa Casa e estão nos ajudando na instalação dos leitos no Hospital de Base.

Alô Alô - O setor empresarial de todo o estado tem mostrado preocupação por conta das medidas restritivas, que já estão provocando prejuízos para o setor. Como está o diálogo com este setor? Há uma previsão para flexibilizar as medidas e permitir a abertura do comércio?

FG - Aqui em Itabuna nós estamos conversando com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e entidades representantes do comércio. Num primeiro momento, chegamos a avaliar a flexibilização da reabertura do comércio, mas o Ministério Público da Bahia (MP-BA) nos enviou uma recomendação para que permanecesse fechado e nós acatamos. Agora, com essa crescente nos números de casos confirmados, nós iremos manter essa medida. Mas já determinei que a equipe técnica do município faça estudos para, assim que for seguro para a população, podermos viabilizar essa reabertura gradativa do comércio. Nossa preocupação, em primeiro lugar, é com a saúde do povo de Itabuna.

Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.
 
 

30 Apr 2020

Teremos testagem em larga escala nos próximos dias, diz prefeito de Vitória da Conquista

Segunda maior cidade do interior da Bahia, Vitória da Conquista implantará nos próximos dias a testagem em larga escala para o Coronavírus na população. O município, que está com 31 casos confirmados e três mortes, pode ser o primeiro da Bahia a introduzir o sistema. Para o prefeito Herzem Gusmão (MDB), os testes servirão para obter um quadro real da cidade perante o contágio do vírus e ainda podem vir a viabilizar a reabertura do comércio na cidade.

O prefeito se orgulha por “ter tomado decisões pioneiras” na corrida contra o coronavírus. De acordo com Gusmão, Vitória da Conquista foi a primeira cidade a fechar o comércio totalmente, suspender o funcionamento das escolas e a anunciar que o São João não seria realizado neste ano. Com relação ao retorno do funcionamento normal da cidade, Herzem Gusmão afirmou que ainda não há previsão para isso. A gestão, no entanto, já prepara um projeto pedagógico com retomada das aulas para junho ou julho, dependendo do desenvolvimento da pandemia. Por fim, Herzem ainda diz que “a providência mais importante é continuar pedindo orações”. 

A entrevista com Herzem Gusmão é a terceira de uma série de entrevistas com os prefeitos das maiores cidades do interior. Nas últimas semanas, entrevistas foram realizadas com Colbert Martins, prefeito de Feira de Santana, e com Elinaldo Araújo, prefeito de Camaçari. O objetivo é informar a sociedade baiana sobre as ações que estão sendo tomadas nos principais municípios do estado, que enfrenta o avanço da Covid-19.



Alô Alô - O primeiro caso de Vitória da Conquista somente foi divulgado no dia 31. De lá pra cá, o número foi para 31, sendo 24 já curados e 3 mortes. Há uma preocupação ou o senhor acredita que a situação está controlada na cidade? 

Herzem - Ninguém pode assegurar que a situação está controlada. Nós estamos ouvindo, inclusive, diversos debates técnicos sobre a curva do coronavírus no Brasil, alguns especialistas falam que a curva do nosso país ultrapassa a Espanha, a Itália e a própria China em número de mortes, outros já dizem que não. O que nós sabemos, de fato, é a nossa realidade, e nós começamos a tomar decisões pioneiras aqui na cidade. Fomos a primeira cidade a fechar o comércio totalmente, depois fomos também a primeira a flexibilizar, permitindo o funcionamento da cadeia produtiva da construção civil, casas de materiais de construção, depósitos de cimento, serrarias, marmorarias, vidraçarias, serralherias. Nós viabilizamos também o funcionamento do setor de autopeças, atendendo ao apelo do Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que falou que os caminhoneiros que viajam pelo Brasil estavam encontrando dificuldades na manutenção de seus caminhões e a falta de peças, então nós abrimos também todo esse setor, mantendo os serviços essenciais. Conquista foi a primeira cidade do interior do estado que, mesmo com a recomendação naquele momento do Secretário de Saúde do Estado,Fábio Vilas-Boas, de que não precisaria encerrar as atividades das escolas, suspendemos o funcionamento aqui em Conquista, sendo a medida pioneira, tanto nas escolas da rede municipal, como na rede das escolas privadas e das faculdades, instituições de ensino superior privado. Logo na sequência tivemos a adesão da Ufba e também do Ifba. Então foram medidas importantes que nós tomamos. 

Alô Alô -  A prefeitura também anunciou com certa antecedência o cancelamento dos festejos juninos, certo? 

Herzem - Nós também fomos a primeira cidade da Bahia a anunciar que não iríamos realizar o São João. Também suspendemos, em comum acordo com a Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense (Coopmac), a exposição agropecuária que estava marcada para a primeira semana de junho. Suspendemos também atividades em teatros, cinemas, eventos acima de 50 pessoas, então Conquista foi pioneira. Em função desse isolamento, nós estamos colhendo hoje bons resultados, inclusive deste quadro que se apresenta até esta data. Como já falei, gostaria de enfatizar, que Conquista foi a primeira cidade a flexibilizar alguns setores do comércio. Hoje nós mantemos o comércio de rua ainda fechado, a testagem que vamos ter em larga escala será iniciada nos próximos dias. 

Alô Alô - Como será essa testagem em larga escala? 

Herzem - Já enviamos uma equipe para Salvador que recebeu o treinamento adequado, já temos uma máquina avançada e o nosso Lacen Municipal realizará testes em larga escala para que tenhamos um quadro real da cidade de Vitória da Conquista. Portanto são essas as providências aqui elencadas que tomamos e ainda tivemos outras, como a contratação de leitos de hospitais, a criação do Centro de Atenção Municipal – Coronavírus, entre outras. 

Alô Alô - Quantos leitos de UTI existem em Conquista? O senhor avalia que será necessária a implantação de hospitais de campanha? Espaços da cidade já estão estudados?

Herzem - Nós já estamos tomamos todas providências necessárias para garantir o atendimento aos nossos conquistenses. Já contratamos leitos no Hospital Filantrópico São Vicente, que é da Irmandade da Santa Casa, colocamos em funcionamento nesta segunda-feira um Centro de Atenção Municipal ao Coronavírus, que conta com equipe composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, recepcionista e higienização. O serviço oferece leitos de atendimento a pacientes que apresentem quadro leves e moderados de suspeita ou confirmação de infecção por Covid-19, além de uma sala vermelha que poderá ser usada caso surja algum paciente em estado grave até que ele seja transferido para um dos hospitais credenciados ao município. É o único do interior da Bahia. 

Em relação a Hospital de Campanha, nós não pensamos, porque tem um hospital desativado aqui em Conquista, inclusive é o terceiro mais antigo, a Casa de Saúde São Geraldo, e que pertence ao grupo do Hospital Samur. Nós já estamos em tratativas com o hospital para que, a depender do quadro de Conquista, possamos utilizar o espaço que já conta com toda a estrutura hospitalar e, certamente, atenderá melhor que um hospital de campanha. Também temos a expectativa do Hospital das Clínicas de Conquista (HCC) que o governo do estado já disse que está contratado para os casos de alta complexidade aqui em nossa cidade. 

Alô Alô - Quais foram as principais ações determinadas pela prefeitura para conter a propagação do coronavírus? 

Herzem - Todas as ações foram importantes, como eu disse, isolamento social, quase que horizontal, a suspensão das aulas nas escolas e faculdades, a obrigatoriedade do uso de máscaras através de decreto municipal, nenhum estabelecimento e nem mesmo os bancos podem aceitar clientes sem máscara. Nós também fomos pioneiros neste decreto da obrigatoriedade do uso de máscaras e depois o Governador acertadamente também fez um decreto estadual. Para garantir o cumprimento dos decretos, nós estamos fiscalizando com nossas equipes da Prefeitura e contando com apoio da Polícia Militar e dos atiradores do Tiro de Guerra.  A comunidade está nos apoiando, as pessoas aderiram e estão nos ajudando utilizando as máscaras. Nós também realizamos a higienização em parceria com empresas privadas nas feiras livres, terminais de ônibus, em áreas hospitalares, prédios públicos, avenidas de grande circulação e a manutenção apenas dos serviços essenciais.  Outro ponto importante foi a suspensão das atividades em teatros, cinemas, eventos acima de 50 pessoas, então Conquista foi pioneira nessas medidas preventivas. E nós também já iniciamos as barreiras sanitárias nas entradas da cidades. Enfim, em função desse isolamento e de tantas outras medidas nós estamos colhendo hoje bons resultados. Essas ações eu entendo que foram verdadeiramente importantes para que nós pudéssemos chegar aonde nós chegamos no controle da propagação do vírus. 

Alô Alô - O senhor acredita que a transmissão da doença irá ultrapassar o mês de junho na cidade? Há uma previsão para a retomada das atividades? 


Herzem - É uma previsão que ninguém sabe. Ninguém pode afirmar nada neste momento, mas algumas medidas já estão sendo estudadas e outras elaboradas. Essa semana já conversei com o Secretário de Educação, Coronel Esmeraldino Correia, e em relação às escolas eu já solicitei que ele fizesse um planejamento, um projeto pedagógico para a retomada das aulas com duas datas, uma data prevista para primeiro de junho e outra com a previsão de primeiro de julho, mas nós não temos ainda a mínima ideia do que vai acontecer.
 
Alô Alô - Já há números em relação ao impacto na arrecadação? Como está o diálogo com o setor do comércio e da indústria?


Herzem - Todo o Brasil sabe da queda drástica de arrecadação e, já pensando nisso, nós temos algumas medidas como redução de gratificações, salários do prefeito, vice e secretários, publicação do decreto que propõe redução de no mínimo 50% nos contratos de aluguéis, revisão de todos os contratos da Prefeitura. Estamos também tomando medidas jurídicas com pleitos junto à Justiça para que possamos suspender pagamentos de algumas obrigações do município com a previdência, INSS entre outros. Estamos detalhando as finanças para saber exatamente o que nós perdemos, o que contingenciamos, o que renegociamos e assim ter o cenário real do impacto. Nós estamos tomando todas as medidas para minimizar o impacto da queda de arrecadação. 

Alô Alô - Algumas cidades já começaram a flexibilizar o funcionamento do comércio, como Feira de Santana. Em Conquista, o número de casos é bem menor. Na semana passada o senhor anunciou que flexibilizaria algumas medidas, mas voltou atrás após pressão popular. O senhor pretende, nos próximos dias, propor uma nova flexibilização?

Herzem - Nós já flexibilizamos, como já falei. Nós fomos a primeira cidade a flexibilizar permitindo o funcionamento da cadeia produtiva da construção civil, casas de materiais de construção depósitos de cimento, serrarias, marmorarias, vidraçarias, serralherias, dentre outros. A Indústria está liberada geral. Nós viabilizamos também o setor de autopeças, ampliamos e colocamos as lavanderias, os postos de lavagem de carros, óticas. Nós estamos mantendo os serviços essenciais. Agora o comércio de rua no centro da cidade, nós estamos trabalhando  para que depois que inicie as testagens, a eficácia das barreiras sanitárias,  e que finalize alguns detalhes para garantir o pleno e amplo atendimento à comunidade para viabilizar a abertura do comércio. Mas isso também vai depender do que determinar o Supremo Tribunal Federal e o Ministério Público Federal. Nós inclusive fizemos uma experiência de colocar o comércio para funcionar em dois turnos, em sistema de revezamento, pela manhã um tipo de segmento e pela tarde outro. Nós iniciamos mas tivemos que recuar por conta da recepção da população, que não foi boa. Eu ouvi a população e a população estava certa. E agora para tomar a medida de abrir geral, incluindo o comércio e as escolas, nós estaremos prudentemente aguardando o momento certo. E, para finalizar, nós tomamos diversas medidas, mas a providência mais importante é continuar pedindo orações. E peço que continuem Orando pelo Brasil, pelo nosso Estado e por nossa querida Vitória da Conquista. E que Deus nos abençoe.

Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.
 

23 Apr 2020

“Camaçari usará de todas ferramentas disponíveis para incentivar retomada de crescimento”, diz Elinaldo Araújo

Busca por novos investimentos e apoio a empresas será feito pela Prefeitura de Camaçari no pós-crise.

Cidade mais populosa da Região Metropolitana de Salvador depois da capital, Camaçari possui 24 casos de coronavírus confirmados até esta quarta-feira (22). Para o prefeito Elinaldo Araújo (Democratas), a gestão municipal “conseguiu controlar o avanço da doença” por conta das medidas de isolamento social tomadas, mas ainda há um alerta ligado para a manutenção das ações a fim de evitar um novo crescimento no número na cidade.

De acordo com Elinaldo, a cidade montou um planejamento com medidas de isolamento social e apoio às pessoas, principalmente por conta da proximidade com Salvador e pelo aspecto turístico das praias da cidade. Assim como outras cidades com maior número de população, Camaçari está ampliando a quantidade de leitos para aumentar a capacidade de atendimento a pacientes que necessitarem de internamento em UTI. O Centro Intensivo de Combate ao Coronavírus (CICC) terá 21 leitos, sendo 10 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), seis de semi-intensiva e cinco de observação. Além disso, o local terá capacidade de expansão para 60 leitos.

Nesta entrevista exclusiva para o Alô Alô Bahia e Jornal CORREIO, Elinaldo fala sobre as medidas, explica a projeção de prejuízo de R$ 220 milhões por conta da pandemia, e anuncia que a gestão está elaborando planos para o pós-coronavírus, visando atrair novos investimentos e dar apoio às empresas que enfrentam dificuldades agora, além de investir na promoção dos destinos turísticos da cidade. Atração de novas indústrias à cidade e o parcelamento e refinanciamento de dívidas estão nos planos.

A entrevista com Elinaldo é a segunda de uma série de entrevistas com os prefeitos das maiores cidades do interior. A primeira, divulgada na última semana, foi com Colbert Martins, prefeito de Feira de Santana. O objetivo é informar a sociedade baiana sobre as ações que estão sendo tomadas nos principais municípios do estado, que enfrenta o avanço da Covid-19.

Confira a entrevista:

- O primeiro caso de coronavírus de Camaçari foi confirmado no dia 20 de março. Antes, contudo, a Bahia já havia registrados casos. Como a cidade se preparou para chegada do coronavírus?

Elinaldo: Nós começamos a nos preparar muito antes do primeiro caso confirmado em Camaçari. Nossa estratégia foi baseada em montar todo um planejamento para evitar o contágio em massa e, assim, elaboramos um plano prevendo medidas de isolamento social e de apoio às pessoas, especialmente aquelas que mais precisam. Sabíamos que, pela proximidade com Salvador, cidade com maior número de casos, dificilmente deixaríamos de ter casos. Então, conseguimos implementar medidas que impediram o avanço descontrolado da doença na cidade.

- Camaçari tem 24 casos confirmados da doença até esta quarta-feira (22). O senhor acredita que a Covid-19 está controlada no município? O senhor teme um colapso do sistema de saúde da cidade?

Elinaldo: Acredito que conseguimos controlar o avanço da doença em Camaçari, graças às medidas de isolamento social, com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das principais entidades da área da saúde. Óbvio que não podemos, ainda, relaxar as medidas uma vez que ainda há um risco de contágio em massa, o que seria terrível. Contudo, não acredito que sofreremos um colapso no sistema de saúde se continuarmos seguindo as recomendações e cumprindo as medidas de isolamento social. Nós nos preparamos bastante. Temos equipes de saúde reforçadas em nossas unidades e estamos em fase final de implantação do Centro Intensivo de Combate ao Coronavírus (CICC), que funcionará na Avenida Deputado Luís Eduardo Magalhães, na antiga Clirca. Estamos investindo R$ 2,7 milhões no centro, que terá 21 leitos, sendo 10 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), seis de semi-intensiva e cinco de observação. Além disso, o local terá capacidade de expansão para 60 leitos. Então, posso dizer que estamos preparados para o pior, mas fazendo nossa parte para conter o avanço do contágio.

- Quais foram as principais ações determinadas pela prefeitura para conter a propagação do coronavírus?

Elinaldo: Acredito que todas as medidas que tomamos são importantes, mas destaco aqui algumas que foram cruciais para contermos o contágio em massa. Logo no início, decidimos fechar as escolas e, assim, evitamos as aglomerações, o que é considerado fundamental, pois as pesquisas apontam que a grande maioria das crianças é assintomática. Com isso, se tivéssemos um número grande de crianças infectadas, corríamos o risco de ter um contágio grande entre pessoas idosas e com doenças associadas, que são os públicos mais vulneráveis. Mas destaco também o fechamento do comércio, mantendo apenas as atividades essenciais, e a interdição de nossas praias, que são grandes pontos turísticos e atraem pessoas do Brasil todo. Não foram decisões fáceis, porque sabemos que haverá um impacto econômico grande, mas acreditamos que foram medidas necessárias. Foi graças a estas medidas que não tivemos um número elevado de casos da doença em Camaçari. Elas foram essenciais para preservar vidas. E tenho para mim que cada vida salva é uma vitória nesta guerra contra o coronavírus.

- O senhor acredita que a proximidade com Salvador e a característica turística da cidade podem influenciar na propagação de casos?

Elinaldo: Não apenas isso. Camaçari é uma cidade com intensa produção industrial, o que atrai pessoas de todo o país. Somado a isso, a proximidade com Salvador e nossas áreas turísticas nos deixam mais vulneráveis. Salvador tem o maior número de casos, por ser uma metrópole e a maior cidade da Bahia. Agora, mesmo com estes fatores, acredito que as medidas que tomamos foram fundamentais para que conseguíssemos barrar o avanço da doença.

- Como está a adesão ao isolamento social na cidade? É suficiente?

Elinaldo: Em Camaçari, a maioria da população já entendeu que o isolamento social é uma medida importante para evitar o contágio. Agora, é claro que temos aqueles que insistem em descumprir a medida e, por vezes, acabam gerando aglomerações. Observamos maior fluxo de pessoas especialmente em agências bancárias, lotéricas e em algumas áreas públicas. Nossas equipes estão permanentemente nas ruas tentando ao máximo conscientizar as pessoas para que evitem o contato social, que respeitem as medidas restritivas. Estamos levando para a população a mensagem de que, quanto mais respeitarmos as medidas restritivas, mais rápido vamos sair desta crise. É para isso que estamos trabalhando.

- Sabemos que existe uma pressão dos empresários locais para a reabertura do comércio. Como está o diálogo com este setor? Há alguma previsão para uma flexibilização do funcionamento do comércio, como outras cidades estão fazendo, a exemplo de Feira de Santana?

Elinaldo: Nós estamos em permanente diálogo com o comércio, com a indústria, enfim, com todos os setores. Óbvio que há uma preocupação dos empresários com este momento, porque estão com suas atividades paralisadas. É também uma preocupação nossa, porque isso vai causar um impacto grande nas nossas contas e pode gerar uma alta no desemprego. O que estamos fazendo é justamente tomando medidas para auxiliar as empresas e proteger ao máximo os empregos. Prorrogamos, por exemplo, o pagamento da cota única do IPTU e as licenças expedidas pela Sedur, visando dar um auxílio às empresas e proteger os empregos. Quanto a uma flexibilização do funcionamento do comércio, nós fazemos avaliações diariamente. Fazemos reuniões e estamos em contato permanente com todas as áreas da prefeitura para avaliar qualquer mudança nas medidas. Neste momento, contudo, entendemos que precisamos manter o isolamento social.

- A prefeitura anunciou que a pandemia pode gerar um prejuízo de R$ 220 milhões. Como sua gestão está se preparando para isso?

Elinaldo: Nossa conta se baseia na projeção do governo do estado de queda de 40% na arrecadação do ICMS, o que poderia gerar um prejuízo de R$ 70 milhões a Camaçari. Lembrando que o governo repassa 25% do que arrecada com ICMS aos municípios. Se nossa receita própria (IPTU, ISS e taxas, cuja previsão este ano é de R$ 390 milhões) também cair 40%, haverá uma redução de mais R$ 150 milhões. Ou seja, é um cenário complicado. Agora, estamos tomando todas as medidas possíveis para minimizar este prejuízo, como a renegociação de contratos e cortes de investimentos, para que possamos atravessar esse período sem deixar de prestar serviços essenciais à população. Outros cortes estão sendo avaliados e vamos seguir tomando as medidas necessárias.

- Olhando para frente, como está o planejamento de atividades da prefeitura para o pós-coronavírus? Há, por exemplo, um plano para incentivar e até aumentar a produção industrial, que é um forte da cidade? Ou até mesmo um calendário de turismo e eventos?

Elinaldo: Assim que a gente esteja em uma situação de normalidade, o município usará de todas as suas ferramentas disponíveis para incentivar a retomada do crescimento econômico, desde a redução de impostos até o parcelamento e refinanciamento de dívidas. Além disso, preparamos um plano de atração de investimentos através da cessão de áreas inutilizadas, como galpões que hoje estão parados. Buscaremos a parceria da iniciativa privada. Estamos preparando também um plano de promoção turística para Camaçari para este período pós-pandemia, com o objetivo de retomar com mais velocidade o fluxo de turistas em nossa cidade. Agora, é importante frisar que o município tem muita limitação no sentido de apoio tributário, mas fará todo o possível para dar apoio aos setores e retomar nossa economia, inclusive com maior oferta de empregos. Conto, inclusive, com o apoio da Câmara Municipal para dar contribuições e aprovar projetos que visem a atração de investimentos, indústrias, assim como para aprovar medidas mitigadoras para as empresas que hoje enfrentam dificuldades. Buscaremos a atração de novos investimentos e, ao mesmo tempo, daremos apoio às empresas que estão aqui e que enfrentam os efeitos desta pandemia.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.

16 Apr 2020

"Usar cloroquina para prevenir coronavírus não existe", diz Colbert Martins

Primeira cidade a registrar casos de coronavírus na Bahia, Feira de Santana, segundo maior município do estado, parece ter conseguido bloquear o crescimento desenfreado da doença. Ao menos é o que o prefeito Colbert Martins (MDB) acredita. Para ele, as investigações epidemiológicas adequadas somadas a um levantamento e organização prévia de equipamentos e estratégias necessárias para o acompanhamento dos casos foi o que manteve a cidade com um crescimento mais contido.
 
Mesmo acreditando que as ações tomadas com antecedência foram efetivas, Colbert Martins, que, além de prefeito também é médico e professor de epidemiologia, admitiu em entrevista especial ao Alô Alô Bahia, em parceria com o Jornal CORREIO, que a cidade ainda tem dificuldades de acompanhar o crescimento da curva de pacientes de internação e identificar a quantidade exata de pessoas que irão precisar de internação futuramente. O prefeito ainda comentou sobre o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes e revelou que uma pessoa na cidade foi tratada com o medicamento.
 
A entrevista com Colbert Martins é a primeira de uma série de entrevistas com os prefeitos das maiores cidades do interior. O objetivo é informar a sociedade baiana sobre as ações que estão sendo tomadas nos principais municípios do estado, que enfrenta o avanço da Covid-19.
 
Antes da Bahia receber casos da covid-19, outros estados do Brasil já tinham registrado confirmações. Como Feira de Santana se preparou para os casos?
 
Na Bahia o primeiro caso aconteceu em 6 de março e nós já estávamos com as equipes prontas para fazer esse acompanhamento, principalmente a Vigilância Epidemiológica, além de termos feito um levantamento de todos os equipamentos possíveis e necessários para o acompanhamento desses casos. Passamos a seguir todos os possíveis casos, fazendo as investigações epidemiológicas adequadas, e nós conseguimos bloquear o crescimento maior dessa doença numa cidade do porte de Feira de Santana, principalmente pela quantidade de pessoas que por aqui circulam. Então nós começamos a nos preparar ainda em fevereiro, quando a doença estava no auge lá na China. Começamos a fazer as nossas preparações aqui com antecedência, junto com nossas equipes, dentro dos nossos limites, para poder ter o resultado que a gente tem hoje, que é um cenário positivo com relação a frear o crescimento e o desenvolvimento dessa epidemia.
 
Feira de Santana foi o primeiro município a confirmar casos do novo coronavírus. Quais foram as principais dificuldades enfrentadas por vocês por conta do desconhecimento? Houve um apoio da Secretaria de Saúde do Estado?
 
 Nós tomamos conhecimento da existência de um caso no dia 6 de março. Essa pessoa chegou no dia 25 de fevereiro da Itália. A pessoa foi atendida em Salvador por duas vezes e nós não tínhamos conhecimento do caso. Só soubemos quando ele foi confirmado, no dia 6 de março. Em razão disso, houve uma transmissão intradomiciliar para outras pessoas e esse caso foi contido graças à ação da Vigilância Epidemiológica e do bloqueio de todas aquelas transferências. Nós entendemos que era necessário que tivéssemos sido informados primeiro. A integração entre Secretaria de Saúde do Estado e secretarias municipais deve-se dar, na minha maneira de entender, de forma muito mais rápida. Eu mesmo fui surpreendido às 6 horas da manhã do dia 6 quando houve uma informação pelo Twitter de que havia um caso em Feira de Santana. Nós nunca tomamos conhecimento de que esse caso era de uma pessoa daqui da nossa cidade, mas a partir das 10 horas da manhã da sexta-feira nós tivemos exatamente a localização e acompanhamos o caso.
 
Quais são as principais dificuldades neste momento?
 
Acompanhar o crescimento da curva de pacientes que vão precisar de internação. Há um número grande de casos, são 44 em Feira de Santana (até esta terça-feira, 14), sendo que em cinco destes o paciente foi identificado como caso daqui de Feira, mas não são moradores da nossa cidade. Então uma das dificuldades neste momento é seguir cada caso que a gente não sabe a origem, chamados casos comunitários.  A gente não consegue mais prevenir efetivamente como nós viemos fazendo até então. Outro aspecto é identificar a quantidade de pessoas que vão precisar de internação. Para isso, estamos já preparando a Mater Dei, que é um hospital que estava desativado em Feira, crescendo o máximo possível de leitos para que a gente possa, além de leitos de UTI, enfrentar uma eventual necessidade, que eu acho que vai acontecer, com o aumento do número de casos.
 
Como está a situação da cidade com relação ao número de leitos? Muito se fala em um possível colapso no sistema de saúde. Acredita que Feira pode sofre esse colapso?
 
Eu acredito que não. Mas nós estamos nos preparando, pois de qualquer forma é preciso deixar aberta uma possibilidade desse tipo. Porque se o número de casos for alto demais, por mais leito que se tenha, não é suficiente. E eu estou falando tanto de leitos públicos, como de privados. Neste momento existem três pessoas internadas, uma delas numa UTI privada. Os primeiros casos na Bahia, em Salvador, todos foram em hospitais privados. Aliás, o primeiro caso do Brasil foi no Albert Einstein, em São Paulo, um hospital privado. Então do ponto de vista de leitos públicos, nós estamos tentando reduzir o aumento dessa curva de incidência do coronavírus para poder ter um número menor de pessoas internadas em um mesmo período, para o sistema de saúde poder absorver bem. Então esse é o objetivo. O Hospital Geral Clériston Andrade deve montar uma UTI para 40 leitos, não sei se estão prontos ainda; o Hospital Estadual da Criança terá uma UTI também para mais de 20 leitos, não sei se estão prontos ainda; e nós estamos aqui nos aprontando para poder oferecer 50 leitos, 40 dos quais para pacientes de média e baixa complexidade e uma UTI de 10 leitos também.
 
Qual sua opinião sobre o uso da hidroxicloroquina no tratamento dos pacientes com coronavírus? Em Feira, há pacientes usando este medicamento?
 
Em Feira de Santana tivemos uma paciente que usou esse medicamento e o resultado foi muito ruim porque ela teve um aumento de destruição de enzimas hepáticas, e se não fosse suspenso, ela poderia inclusive vir a sofrer de uma insuficiência hepática gravíssima. A Cloroquina é um medicamento usado para malária, para lúpus, etc., pode ser usado sim, como é um potente anti-inflamatório, mas resulta em problemas graves como arritmia e problemas também com alterações hepáticas importantes. Então é preciso saber qual é o caso, é preciso saber a necessidade, é preciso que o pai ou a mãe ou família autorize e o médico queira fazê-lo. Não é simplesmente o uso. E usar cloroquina em comprimido para poder prevenir coronavírus, isso é que não existe. Ela não tem função de prevenir absolutamente nada. A única forma de prevenir um vírus, uma viremia como essa, é uma vacina e não tem a vacina ainda. Como é que com H1N1? Tem uma vacina, ninguém combate H1N1 com Cloroquina. Então no dia que houver uma vacina, nós vamos utilizá-la e aí sim, a vacina é a única a forma de ativar a defesa do nosso organismo para poder derrotar o vírus.
 
Como está a adesão ao isolamento social na cidade? É suficiente?
 
Baixou muito na semana passada. Na semana santa, na terça, quarta, na quinta-feira, no sábado e no domingo tivemos muitas pessoas indo ao centro da cidade, principalmente as áreas bancárias, e para minha surpresa, filas enormes para comprar ovo de Páscoa. Ovo de Páscoa não é indispensável para ninguém, mas as pessoas se juntam muito e toda vez que se juntam muito o vírus tende a passar de uma para outra com muita velocidade. E quanto mais gente adoece, mais gente pode evoluir com gravidade. E essa história de dizer que só tem risco para pessoas idosas, é mentira. Aqui em Feira de Santana nós temos uma criancinha com alguns dias de nascido também. Então tem criancinhas morrendo aqui no Brasil, no mundo inteiro, tem adultos jovens de 27, 29 anos, tem o médico que morreu em São Paulo do SAMU na semana retrasada e pessoas mais velhas que também morrem. E nas pessoas que tem mais de uma doença pode acontecer sim problemas mais graves, inclusive a perda da vida.
 
Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.

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