Santo Antônio de Jesus cria blog para que alunos estudem de casa, diz prefeito

Última cidade da Bahia com mais de 100 mil habitantes a registrar casos de coronavírus, Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo da Bahia, teve a primeira confirmação apenas no dia 1º de maio. Desde então, foram sete casos, um dos menores índices entre os 20 maiores municípios do estado.
 
Contudo, apesar do número, o sinal de alerta está ligado. O prefeito da cidade, Rogério Andrade (PSD), conta que, após a confirmação da contaminação do ex-deputado Augusto Castro, que ficou hospedado em um hotel do município em março, decidiu tomar uma série de medidas para impedir o contágio em Santo Antônio.
 
Entre as medidas estão a suspensão da entrada e saída de veículos da cidade e o monitoramento de funcionários e hóspedes do hotel por onde passou o ex-deputado. Funcionários e pessoas hospedadas em outros estabelecimentos também foram monitorados pela prefeitura, que decidiu ainda pela paralisação do comércio e da indústria.
 
Há alguns dias, o prefeito decidiu flexibilizar a abertura do comércio, ainda de maneira lenta. As indústrias também voltaram a funcionar, mas seguindo um plano de enfrentamento. Segundo o prefeito, a retomada das atividades produtivas será feita à medida que a curva de transmissão for achatada.
 
Santo Antônio de Jesus tem o menor número de casos entre as 20 maiores cidades da Bahia e foi uma das últimas a registrar o primeiro caso. A que o senhor atribui isso?
 
Santo Antônio de Jesus fez uma política de forma adiantada. Quando observamos o movimento do vírus, começamos a organizar estratégias para evitar aglomerações e informar a população acerca dos cuidados em relação ao contágio. Na semana seguinte à notícia da pandemia, paralisamos as escolas e apresentamos um plano para que os alunos tivessem aulas em casa. Para que os estudantes continuassem ativos, foi implantado um blog em que os pais e responsáveis têm acesso a conteúdo preparado pelos professores para estudarem junto com as crianças e adolescentes, mantendo o processo de aprendizagem. Na próxima semana também iniciaremos a realização de lives direcionadas para os professores da Rede Municipal de Educação.  Também conversamos com as cadeias produtivas. O comércio e as indústrias foram paralisados e isso ajudou muito. Somente há poucos dias começamos a flexibilizar o comércio lentamente. As indústrias voltaram a funcionar com um plano de enfrentamento. O comércio também, em especial os gêneros essenciais. Mas ainda temos academias, cinemas e bares fechados. O papel da fiscalização é muito importante também.
 
O ex-deputado Augusto Castro passou por SAJ antes de ter o diagnóstico da covid-19 confirmado. Foi praticamente na mesma época em que os casos na Bahia começavam a crescer. Quais as principais medidas adotadas pela prefeitura para impedir o avanço da doença na cidade?
 
Na época, já estávamos em pleno avanço do plano de enfrentamento e nesse sentido a secretaria monitorava todos os hóspedes nos hotéis de SAJ. Com a notificação do caso, imediatamente intensificamos o acompanhamento dos funcionários e demais hóspedes, isolando e testando pra COVID-19 todos que se fizeram necessário. Entre as medidas adotadas, podemos destacar que suspendemos as atividades na Rede Municipal de Educação, antes mesmo do Governo suspender na rede estadual. Também suspendemos a entrada e saída de veículos de transporte alternativo, a presença de comerciantes de outros municípios na Feira Livre Municipal e a realização de eventos esportivos, culturais e/ou religiosos até 31 de julho, inclusive, cancelando os festejos juninos. Iniciamos imediatamente uma campanha de conscientização sobre o uso de máscaras, distanciamento social e outras medidas preventivas. Montamos uma Central de Monitoramento exclusiva para COVID-19, implantamos barreiras sanitárias nos acessos ao município, instalamos pias públicas na Feira Livre e Praça Padre Mateus, estamos realizando a desinfecção regular de Praças, Feira Livre, Unidades de Saúde e do abrigo dos Idosos. Com o apoio da Câmara Municipal e de parceiros, fizemos a distribuição de aproximadamente 1.200 cestas básicas. Também distribuímos kit’s lanches para os estudantes da Rede Municipal e mais recentemente distribuímos kits de higiene pessoal, máscaras, pacotes de leite e fraldas descartáveis para famílias em situação de vulnerabilidade.
 
A cidade começou a ter os primeiros registros agora em maio. O senhor teme que haja uma explosão de casos e que haja problemas para o sistema de saúde?
 
Com o surgimento do primeiro caso numa circunstância de pandemia e transmissão comunitária no país, de um vírus altamente transmissível, a Prefeitura tem consciência da possibilidade real de aumento de casos e por isso segue monitorando e ampliando suas ações para evitar o colapso da rede. Entendemos o cenário e a necessidade de continuar realizando um trabalho intensivo para conseguir o achatamento da curva. Todavia é sabido que os números no Brasil estão alarmantes.
 
Como está a rede pública e privada de saúde? Há estrutura para atender à população em um eventual aumento dos casos?
 
Atualmente, temos 2 hospitais públicos e uma unidade de pronto atendimento (UPA) num total de 40 leitos de UTI na rede pública e 3 leitos para pacientes graves na UPA. Na rede privada, há uma unidade com mais 10 leitos de UTI.
 
No começo do mês, o senhor decidiu flexibilizar a abertura do comércio. Qual a situação hoje? Há possibilidade de fechar novamente? Como está o diálogo com o setor do comércio?
 
O plano de enfrentamento da COVID-19 prevê que, com base nos boletins epidemiológicos e a avaliação de cada caso concreto, haja uma flexibilização paulatina ou uma situação extrema de travamento. Mas, sempre com diálogo e equilíbrio entre saúde e economia. Num primeiro momento da flexibilização, optamos pelo sistema de rodízio, sempre fiscalizando os estabelecimentos cujo funcionamento era permitido. Desde a última segunda-feira (18), fizemos uma mudança e os segmentos já flexibilizados passaram a funcionar em um único turno de segunda à sexta.
 
 Como o senhor avalia o cumprimento pela população das medidas da prefeitura, como o uso de máscara e o próprio isolamento?
 
É perceptível o apoio da população e o cumprimento das exigências do plano de enfrentamento, como o uso obrigatório de máscaras. Os estabelecimentos comerciais, por exemplo, estão atentos aos decretos, exigindo o uso de máscaras e aferindo a temperatura dos clientes, além de disponibilizarem álcool em gel. Também implantaram marcações para facilitar o distanciamento e incentivaram o uso do delivery.
 
A prefeitura trabalha com expectativa de que a situação volte à normalidade? Há algum plano para a retomada plena da atividade econômica?
 
Sim. Achatando a curva de transmissão da COVID-19, a retomada das atividades torna-se uma realidade cada vez mais próxima. Mas é preciso cautela. Um dia de cada vez. A retomada parcial já existe, uma vez que encontramos no atual momento o equilíbrio da economia (cadeias produtivas abertas com plano de enfrentamento) X saúde (efetivo controle dos casos com giro leito nos hospitais). Quanto a retomada plena das atividades, vamos continuar acompanhando atentamente o comportamento da pandemia, priorizando sempre a vida das pessoas, nosso bem maior.
 
Foto: divulgação.  Siga o insta @sitealoalobahia.

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