Prefeito de Itabuna acredita que casamento da irmã de Gabriela Pugliesi foi “grande foco” do coronavírus no Sul da Bahia

Cidade pólo do Sul da Bahia, Itabuna tem 249 casos confirmados de coronavírus e dez mortes em decorrência da doença. Para enfrentar o crescimento do número de pessoas infectadas, a prefeitura da cidade implementou diversas ações, como a instalação de lavatórios em praça pública, a doação de máscaras para a população e a compra de testes para futura testagem em massa.

O prefeito Fernando Gomes destaca também a ampliação do Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães, além da quantidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da cidade, a instalação de disk denúncia para quem não obedece o isolamento social e a implantação de um centro de triagem no município. Anteontem, a prefeitura começou a testar também profissionais de segurança e trânsito que estão na linha de frente do combate à pandemia.

Para além do fato de Itabuna ser uma cidade pólo, Gomes ainda acredita que o casamento da irmã da influencer Gabriela Pugliesi, Marcella Minelli, em Itacaré, também foi um ponto de foco para a disseminação do coronavírus no sul do estado. Após a festa, diversos casos de coronavírus dos convidados foram confirmados. Sobre o retorno do funcionamento do comércio, o prefeito destacou que a equipe técnica do município está desenvolvendo estudos para viabilizar a reabertura gradativa do comércio assim que o cenário for seguro para os cidadãos. Itabuna chegou a flexibilizar a reabertura do comércio, mas o Ministério Público da Bahia recomendou que o fechamento fosse retomado.

A entrevista com Fernando Gomes é a quarta da série de entrevistas, do site Alô Alô Bahia em parceria com o Jornal CORREIO, com os prefeitos das maiores cidades do interior. O objetivo é informar a sociedade baiana sobre as ações que estão sendo tomadas nos principais municípios do estado, que enfrenta o avanço da Covid-19.

Alô Alô - O governo tem se mostrado preocupado com o avanço do coronavírus no Sul da Bahia nos últimos dias. Até esta terça (5), Itabuna tem 239 casos confirmados e seis mortes. O que tem sido feito para impedir este avanço da doença?

Fernando Gomes - Nos últimos dias nós intensificamos nossas ações de conscientização, reforçando para a comunidade a importância de ficar em casa e manter o isolamento social. Para agir com mais rigor, nós decretamos a obrigatoriedade do uso de máscaras para quem sair à rua e estamos realizando a desinfecção de toda a cidade. Ainda colocamos agora lavatórios em praças públicas, em parceria com uma empresa, para que o cidadão possa lavar as mãos sempre que for ao centro da cidade, e com a ajuda de algumas empresas, estamos doando máscaras à população. Já determinei a compra de testes para realizarmos uma testagem em massa da população, além de estarmos ampliando a capacidade de atendimento em nosso Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães. Estamos fazendo de tudo para preservar a nossa população. Prefeitura de Itabuna deu início à testagem para detecção de Covid-19 nos profissionais de segurança e trânsito que estão na linha de frente do combate à pandemia. No total, 1.512 profissionais serão submetidos aos testes.

Alô Alô - Por que o senhor acredita que a doença tem avançado de forma mais rápida no Sul da Bahia? O senhor acredita que a situação em Itabuna está controlada ou é preocupante?

FG - Porque Itabuna e Ilhéus são duas cidades pólo. Pessoas de todas as partes do sul, extremo sul e até sudoeste da Bahia chegam aqui para estudar, trabalhar, comprar. Infelizmente ainda tivemos um foco grande aqui na região, que foi o casamento que aconteceu em Itacaré, de onde surgiram os primeiros casos. Por isso, apesar de todo o esforço que a Prefeitura, juntamente com o Governo do Estado estão fazendo, a nossa situação ainda é preocupante. É preciso que a população respeite as orientações e fique em casa.

Alô Alô - As autoridades alertam que, caso o avanço da doença seja desenfreado, há um risco de colapso do sistema de saúde. O senhor acredita que Itabuna pode sofrer um colapso caso a doença continue avançando rápido?

FG - Nós estamos trabalhando para evitar um colapso. Estamos com essas ações para evitar novas contaminações e estamos executando medidas práticas, ampliando a capacidade do nosso maior Hospital, que é o Hospital de Base, transformamos a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 num centro de triagem, tudo para evitar uma sobrecarga em nosso sistema de saúde.

Alô Alô - Quantos leitos a cidade tem só para pacientes com Covid-19? E respiradores? O senhor acredita que o número é suficiente?

FG - O estado contratou 10 leitos de UTI para adultos, 3 leitos de UTI pediátrica, além de 30 leitos clínicos para adultos e 10 pediátricos, todos na Santa Casa de Misericórdia. Já no Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães, nós temos 38 leitos clínicos exclusivos para pacientes com o Coronavírus e estamos entregando nos próximos dias mais 15 leitos de UTI, com toda a aparelhagem necessária, incluindo os respiradores. Vamos tentar conseguir ainda mais respiradores para ampliar os leitos de UTI. Nossa intenção é chegar em 30 leitos de UTI e nós esperamos que isso atenda a nossa demanda. Infelizmente é um vírus muito agressivo, principalmente com os idosos e não é possível projetar quantos leitos serão o suficiente. Esperamos que nossas ações salvem vidas em nosso município.

Alô Alô - Como está a adesão da população às medidas de isolamento na cidade? O senhor defende punição para pessoas que não respeitam a medida?

FG - Infelizmente muitos ainda não levam à sério os riscos desse vírus. Nós temos um disk denúncia, estamos com a Guarda Civil Municipal diariamente na rua, orientando que as pessoas voltem às suas casas, mas isso tem sido uma tarefa árdua, porque bancos e lotéricas andam cheios. Mas estamos monitorando isso e também atento aos bairros para coibir situações de aglomerações.

Alô Alô - Os governos do estado e federal estão dando suporte ao município? Como está o diálogo com o estado e com a União?

FG - Depois que apresentamos nosso Plano de Ação, o Ministério da Saúde destinou R$ 8,9 milhões para o nosso município, dos quais encaminhei 2 milhões para aquisição de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) e 6 milhões para o Hospital de Base ampliar, sendo 2 para reforma da ala destinada aos pacientes do Covid, ampliação da usina de oxigênio e melhoria da rede de tratamento de esgoto do hospital, e R$ 4 milhões para equipar os leitos clínicos e de UTI. O Estado também tem nos ajudado. Temos um diálogo muito próximo do governador Rui Costa e do secretário Fábio Vilas-Boas, que já destinaram testes para o município, contrataram leitos na Santa Casa e estão nos ajudando na instalação dos leitos no Hospital de Base.

Alô Alô - O setor empresarial de todo o estado tem mostrado preocupação por conta das medidas restritivas, que já estão provocando prejuízos para o setor. Como está o diálogo com este setor? Há uma previsão para flexibilizar as medidas e permitir a abertura do comércio?

FG - Aqui em Itabuna nós estamos conversando com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e entidades representantes do comércio. Num primeiro momento, chegamos a avaliar a flexibilização da reabertura do comércio, mas o Ministério Público da Bahia (MP-BA) nos enviou uma recomendação para que permanecesse fechado e nós acatamos. Agora, com essa crescente nos números de casos confirmados, nós iremos manter essa medida. Mas já determinei que a equipe técnica do município faça estudos para, assim que for seguro para a população, podermos viabilizar essa reabertura gradativa do comércio. Nossa preocupação, em primeiro lugar, é com a saúde do povo de Itabuna.

Foto: divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.
 
 

NOTAS RECENTES

TRENDS

As mais lidas dos últimos 7 dias