6 Jul 2023
Turismo de vingança: aumento de visitantes acende alerta em paraísos europeus

O The Wall Street Journal publicou uma reportagem que relata em detalhes a sensação angustiante de quem resolveu conhecer, por exemplo, as Cinque Terre (Riomaggiore, Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterosso al Mare, as cinco terras), aldeias cravadas na costa italiana da Ligúria, uma atração turística global. “Enxames de pessoas carregando mochilas e garrafas de água se espremem, alguns indo para um trem que parte, outros para a saída... Fora da estação, as filas se formam nas lojas de alimentos. As placas dizem que todos os guarda-sóis e cadeiras reclináveis estão ocupados na praia paga na orla de Monterosso. Becos estreitos estão lotados de turistas comendo gelato ou bebendo chá de bolhas”.
Mesmo com todos esses perrengues, o turismo é necessário na Europa. Na Itália, o setor responde por mais de 10% da economia. E não é diferente da Espanha (15%) e da Grécia (19%), segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo. Na França e nos Estados Unidos, por exemplo, essa porcentagem cai para cerca de 9%.
A expectativa é que esse desconforto gerado pelo grande volume de pessoas visitando os destinos aumente ainda mais com a chegada do Verão no Hemisfério Norte. É o que os especialistas do setor estão chamando de “turismo de vingança”, uma espécie de compensação pelo tempo perdido, sem viajar, durante os anos afetados pela pandemia. De acordo com a reportagem, espera-se que milhões de turistas chineses visitem a Europa após a eliminação das restrições de viagem da China, além dos milhões de europeus e americanos aguardados.
Com tanta gente vindo de todos os cantos do mundo, é provável que a Itália ultrapasse o número recorde de turistas e pernoites estabelecido em 2019, antes da Covid. De acordo com a empresa de pesquisa de mercado Demoskopik, os desembarques entre junho e setembro devem ser 3,7% maiores do que no mesmo período de 2019 e 30% a mais que uma década atrás. O Ministério do Turismo da Itália também disse que espera um ano recorde, assim como as autoridades espanholas e gregas.
Dados excelentes do ponto de vista econômico, mas o que se pergunta agora é se estes locais vão suportar um volume tão avassalador de pessoas sem colapsar. Em Portofino, um pequeno vilarejo sofisticado na Riviera italiana, a polícia está multando as pessoas que bloqueiam o tráfego de pedestres para tirar selfies. Em 2024, Veneza planeja introduzir uma taxa de entrada na cidade nos dias de maior movimento do ano, de acordo com o gabinete do prefeito, como forma de amenizar o problema.
Quem sofre são os habitantes, que precisam abrir mão de sua paz para se adequar. Em Barcelona, na Espanha, os moradores penduram cartazes nos quais se lê: “turistas são terroristas”. Já em Atenas, na Grécia, os “nativos” relatam que a disseminação dos Airbnb para turistas causou o aumento dos aluguéis, expulsando os gregos do centro da cidade.
Essa realidade traz duas reflexões. A primeira é: será que vale mesmo viajar na alta estação e passar tanto aperto? Não seria melhor tentar trocar as férias para a primavera ou o outono, quando o clima é mais ameno e o fluxo de turistas menor? Já a segunda é um alerta para nós, aqui na Bahia, nos prepararmos para quando o verão chegar por aqui. Destinos de natureza, seja no campo ou no litoral, podem sofrer o mesmo que as localidades europeias estão vivendo nesse momento.
Fotos: Divulgação.
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