Entrevistas



6 Jan 2015

Antonio Medrado interrompe sua agenda e recebe o Alô Alô Bahia

Antonio Medrado, diretor da Dona Empreendimentos, interrompeu sua rotina pesada – sabemos o quanto isso custa para uma pessoa realmente ocupada – e recebeu o Alô Alô Bahia para uma super entrevista. Tivemos o privilégio de o conhecer melhor e de constar que seu sucesso é um farol de desenvolvimento para o mercado civil baiano.


 
Alô Alô Bahia - Você nasceu rico? Qual foi seu primeiro emprego?

Antonio Medrado – Digamos que tive o necessário para uma boa educação. Boas escolas, acesso fundamental à cultura, esporte e lazer. O meu pai foi um homem muito progressista para sua época, e conseguiu, com muito trabalho, uma boa consolidação financeira na sua breve vida, cessada por um processo precoce de mal de Alzheimer aos 59 anos. Fomos criados e educados com a extrema realidade da vida, com os pés cravados ao chão, sem ilusões, dando o devido valor a cada conquista.

Comecei muito cedo. Aos 16 anos, tive meu primeiro estágio de trabalho na MRM Construtora, e aos 21, fundei a minha própria empresa.

Alô Alô Bahia - Já passou por grandes problemas? Como superou os fracassos?

Antonio Medrado – Como todo e qualquer empresário no Brasil, problemas não nos faltam. Mas o meu maior desafio foi realmente enfrentar a doença de meu pai, pois era muito jovem e vi a minha vida de cabeça para baixo. De repente virei o arrimo de família, com uma responsabilidade tremenda, sem poder errar. Tudo que fazia, tinha muito peso, pois não podia falhar, não tinha a quem recorrer. E numa área muito perigosa, concorrida, que era a construção civil. Não tinha referências nesse mercado, pois ninguém da minha família era construtor ou coisa parecida. Tive muita sorte no inicio, acho que em função da minha fé. Sou um homem de muita fé. Consegui fazer muitos amigos, parcerias empresarias com as pessoas certas, e sempre muito atento respeitando meus limites e temendo os perigos.

Supero as minhas dificuldades com a fé em Deus, que não me falta um segundo!

Alô Alô Bahia - O crescimento leva você a precisar de mais capital e mais estrutura para suportar as dificuldades do mercado. De que forma lida com isso?

Antonio Medrado – Você cresce e seus riscos aumentam. O que tento fazer, e acho que faço bem, é avaliar com cuidado devido cada negócio. Estude, avalie, planeje, pondere, os riscos de cada negócio. Incorporação é uma atividade muito perigosa, pois envolve quase sempre muito dinheiro. Um erro pode ser fatal. Por tanto não devemos nos envergonhar do medo.

Alô Alô Bahia - Você está caminhando, a largos passos, para se transformar em um dos maiores construtores baianos. Continuará nesse caminho?

Antonio Medrado – Não me preocupo em ser um dos maiores. Penso sempre em tentar ser um dos melhores. Por isso, me preocupo muito com cada etapa que envolve o meu negócio. Respeito muito meu cliente, quero tê-lo por muito tempo. Tento a cada instante, qualificar minha mão de obra, melhorar nossos métodos construtivos, buscar a aplicação de materiais inovadores e realizar belos projetos.
 
Alô Alô Bahia - Inserir um novo olhar com mais modernidade e menos rigidez em uma área tão sisuda é andar em uma linha tênue. Esse é seu diferencial?

Antonio Medrado – Procuro sim olhar com menos rigidez e com mais modernidade. Acredito em empreendimentos tipo premium, mais exclusivos. Acredito ser uma saída em tempos difíceis, de retração de vendas. Venho apostando nisso e estou satisfeito com os resultados. Mas, apenas isso não resolve. Credibilidade e respeito ao cliente são fatores fundamentais na incorporação.

Alô Alô Bahia - Quais são os projetos da Donna para 2015?

Antonio Medrado – Acabamos de entregar o QUINTA AVENIDA, na Orla e o NOUVEAU, no Horto Florestal. Estamos executando o PANORAMA, 04 suítes na Ladeira da Barra, vamos lançar mais 02 empreendimentos, uma na Graça e um na Barra. Por tanto, para 2015 teremos mais 03 empreendimentos aqui em Salvador, e estamos executando um RETROFIT, em Lisboa, na Avenida da Liberdade.

Alô Alô Bahia - Antonio Medrado é um empresário vaidoso?

Antonio Medrado – Nem um pouco, fui educado de forma simples, realista, e procuro manter-me assim. A vaidade, principalmente no lado empresarial, é suicida!!!

Alô Alô Bahia - Tem uma pesquisa que fala que um bom CEO não pode durar mais de 8 anos no cargo porque ele perde a paciência para certas coisas do cotidiano e acaba não sendo tão eficiente. Onde busca frescor para recomeçar todo o tempo?

Antonio Medrado – A minha atividade é muito dinâmica. A cada empreendimento é como se fosse o primeiro. Ainda não estou sofrendo desse mal, e espero de coração, que custe a chegar.

Alô Alô Bahia - O que é o sucesso?             

Antonio Medrado – Trabalhar com o que gosta, conseguir o respeito das pessoas, ter muitos amigos, família ao lado, ter um certo resultado financeiro para poder curtir o que lhe dar prazer, sem esquecer da saúde e da qualidade de vida. Ah, de agradecer também!

Fotos: Reprodução.

28 Dec 2014

João Eduardo Brizola fala sobre sua galeria, a ArtsHaus

Neto de Leonel Brizola, João Eduardo Brizola acaba de inaugurar, no Rio de Janeiro, a ArtsHaus, uma espécie de galeria moderna, que une obras de artistas que manifestam em seus trabalhos os valores das primeiras décadas deste século. “A proposta é promover arte descontraída, leve, energia boa que buscamos ter em casa, no escritório e ambientes comerciais. Resumindo, é aquela obra que você gosta de olhar todo dia e que te faz bem. Chamamos esse estilo de "Ultracontemporâneo" -- a arte da verdade e do bem, que é direta, objetiva, e trabalha para o bem do apreciador” , explica João.

No total, 12 artistas de diferentes áreas expõe trabalhos na ArtsHaus. Entre eles, nomes como o de Jacqueline Bissett, de Londres, cujo trabalho serve marcas como Givenchy e Moet & Chandon, e Leonardo Moleiro, venezuelano baseado em Miami, dono de um traço sensual, com cores vivas e influências cubistas. Abaixo, João Eduardo fala mais sobre o assunto.






Alô Alô Bahia – Quando decidiu investir em obras de arte?

João Eduardo Brizola - Sempre gostei de trabalhar com criatividade. Amo liberdade. Sou publicitário de coração, mas tenho alma de artista. Tive conhecimento de alguns talentos com grande potencial no mercado e resolvi agir. Isso faz pouco mais de um ano. Reuni esse grupo, em paralelo montei um comitê de curadoria e lançamos a ArtsHaus em dezembro deste ano.

Alô Alô Bahia – Foi difícil pedir demissão de um bom cargo de gerente de marketing para enveredar numa nova área?

João Eduardo Brizola - Quando se tem um sonho, o tempo todo as noções de fácil e difícil se confundem. Nada é puramente fácil ou difícil. Difícil deve ser trabalhar com algo que não se gosta.

Alô Alô Bahia - Qual a grande diferença da ArtsHaus para outras galerias virtuais?

João Eduardo Brizola - Arte catalogada, registrada e homologada. Somos criteriosos para que nossa arte tenha potencial de valorização. Admiro bastante o trabalho de algumas galerias virtuais, mas a ArtsHaus é como um movimento estético e não uma loja de posters.

Alô Alô Bahia – Entre os artistas que expõe na ArtsHaus, qual sempre lhe impressiona?

João Eduardo Brizola - Reunimos o trabalho de artistas do Brasil e do exterior. Sou fã do trabalho de todos. Tito Ferrara é um gênio do grafite, domina a paleta de cores como poucos. O Rodrigo Tizil explora temas muito polêmicos e também impressiona. Leonardo Moleiro tem cores e sensualidade que explodem ao olhar. O importante na ArtsHaus é que a obra fale com seu apreciador – a experiência de cada um vai ser diferente, tenho certeza.

Alô Alô Bahia – Até quanto pagaria em um quadro?

João Eduardo Brizola - Isso depende do potencial de valorização da obra. Pago muito em um artista brilhante em início de carreira. Artistas renomados são como investir na poupança, artistas jovens são como saber ganhar dinheiro em cassino.


Obra de Leo Moleiro 


Fotos: Reprodução. 

10 Dec 2014

Sergio K abre o jogo para o Alô Alô Bahia



Paulistano de família rica, Sergio K trabalha quase todos os dias e toma Rivotril todas as noites por conta da hiperatividade. Extremamente reservado – o oposto do que as pessoas pensam, vive cercado de polêmicas por causa das ações de marketing e das frases de suas camisas. Aqui, para o Alô Alô Bahia, Sergio revela sua intimidade e dispara: “ Minha herança será doada, e o que sobrar gastarei em obras de arte”. Confere!
 
Alô Alô Bahia - É difícil manter-se sempre nos holofotes sociais?

Sergio K- Eu não me mantenho em nenhum holofote. Algumas pessoas que me colocam lá as vezes, tenho pavor a exposição.

Alô Alô Bahia - Já chegou a achar que sua empresa não iria prosperar?

Sergio K - Nunca tive tempo de parar e pensar nisso. Durmo e acordo pensando no que tem que ser feito na empresa. Prosperar é uma conseqüência do trabalho duro e bem direcionado.

Alô Alô Bahia - O que acha da juventude bem-nascida que não vai à luta?

Sergio K - Não acho nada. Estou mais preocupado com a minha vida. Cada um vive da forma que acha que tem que viver, eu tive a opção de não fazer nada, então que essa juventude ao menos faça caridade. Minha herança certamente será doada, e o que sobrar gastarei em obras de arte. O grande sucesso de um jovem bem nascido, é encarar sua herança como apenas um plus e não uma condição.

Alô Alô Bahia - Qual seu sonho de consumo?

Sergio K - Sou feliz com o que alcancei materialmente. Hoje meus maiores sonhos são relacionados à vida pessoal, uma tarde de sol com caipirinha me faz feliz.

Alô Alô Bahia - Ainda existe alta-sociedade?

Sergio K - A única alta sociedade brasileira de verdade, existia no Rio de Janeiro e acabou há mais de 50 anos. No Brasil tivemos apenas dois homens que efetivamente tinham trânsito livre nas festas mais privadas ao redor do mundo, são eles Dr. Ivo Pitanguy e Hugo Jereissati (já falecido).

Alô Alô Bahia - O que é exclusividade?

Sergio K - Isso sim é algo que não existe mais. Tudo hoje é acessível, tudo hoje é copia, a alta costura perdeu suas clientes, não apenas no Brasil (Carmem Mayrink Veiga era uma das maiores clientes de sua época em pelo menos meia dúzia das maisons francesas).

Alô Alô Bahia - Para quem você daria nota 10? E nota 0?

Sergio K - Não gosto dos extremos.

Alô Alô Bahia - Quem você gostaria que usasse uma camisa sua?

Sergio K - Dr. Drauzio Varela, não sei explicar o motivo, mas o cuidado que ele tem com o próximo e seu carisma me comove.

Alô Alô Bahia - Quantos emails recebe por dia? Responde a todos?

Sergio K - Mais do que gostaria. Tento na medida do possível responder a todos, que me mandam cv, que pedem orientações profissionais etc...

Alô Alô Bahia - Você deu de presente para seu pai, essa semana, um carro da Mercedes. Qual foi a sua sensação?


Sergio K - Quando tinha 17 anos, meu pai inventou uma desculpa qualquer para eu descer na garagem e quando cheguei lá, na mesma vaga desse mesmo prédio, estava meu primeiro carro.
Me sinto o homem mais feliz do mundo ao poder tentar retribuir em vida parte das coisas que meu pai já fez por mim. Hoje sou eu quem o presenteia com a alegria maior ainda da que senti, quando fui eu o presenteado.




Alô Alô Bahia - Já teve um grande amor?

Sergio K - Todos os amores foram e são um grande amor, alias só é amor se grande for. O maior amor da minha vida é minha avó Sirvart Kamalakian.

Alô Alô Bahia - O pior de 2014?

Sergio K - O resultado das urnas, o país esta dividido.

Alô Alô Bahia - Fez se forte para?

Sergio K - Conseguir deixar um pouco o trabalho e valores materiais de lado e me abrir mais para minha família e amigos.

Alô Alô Bahia - Aonde você quer chegar?

Sergio K - Quero ser lembrado mesmo depois da minha morte, talvez uma fundação que capacite menores carentes, aos poucos ir retribuindo pro mundo aquilo que recebi.

Alô Alô Bahia - Sergio K por Sergio K?

Sergio K - Exatamente ao contrario do que pensam sobre mim, Não sou formado, nunca consegui concluir um curso até o fim, não saio de casa quase nunca, odeio qualquer tipo de droga, tenho medo da morte, gosto de contratar anões para trabalharem comigo, sou a Zebra da vida, tinha tudo pra não dar certo!

Fotos: Reprodução. 
 

1 Dec 2014

Alô Alô Bahia entrevista Lenny Niemeyer



Lenny Niemyer, que é apontada pela Harper´s Bazzar como “ Guru dos biquínis”, esteve em Salvador para lançar a nova coleção da loja que mantém por aqui, no Shopping Barra, em sociedade com Anna Claudia Liborio e Valeria Sangalo. Aproveitamos a deixa e puxamos ela de lado para um delicioso bate-papo. Confere abaixo!

Alô Alô Bahia - Como surgiu a relação com Anna Claudia Liborio, para viabilizar a vinda da marca para Salvador?

Lenny Niemeyer - Apesar de eu sempre sonhar em ter uma loja em Salvador, a iniciativa foi dela de nos procurar, e eu não a conhecia pessoalmente. Fiquei muito encantada com ela, como pessoa e profissional. Uma mulher empreendedora, e achei que era a hora certa com a pessoa certa. Ana e Valeria (Sangalo) são incríveis!

Alô Alô Bahia - Ficou surpresa como a Bahia recebeu a marca?

Lenny - Não esperava uma recepção tão calorosa, isso me deu muita alegria.

Alô Alô Bahia - A Lenny, que ficou muito famosa com moda praia, também está investindo em belas roupas...

Lenny - A moda não pode se limitar só a praia. É importante o que vai se usar no pós praia. Vivemos num país com um imenso litoral. É um mercado muito grande.

Alô Alô Bahia - Qual a principal diferença da mulher carioca para a baiana?

Lenny -  Elas têm mais similaridades do que diferenças. São sensuais, graciosas, e lindas de uma forma natural, espontânea...
O que adoro na baiana é a personalidade marcante e a sensualidade nata na maneira de falar, andar, dançar... São encantadoras. 

Alô Alô Bahia - Pretende fazer uma moda invernal para a próxima coleção?

 Lenny - Sim, mas uma coleção de inverno leve, de acordo com nosso clima tropical.

Alô Alô Bahia - Conseguiria definir como é a mulher para quem você cria suas peças?

 Lenny -  A mulher Lenny é chic, moderna , sem exageros. Uma mulher que chama atenção mais pela atitude do que pelo que esta vestindo.

Alô Alô Bahia - Moraria em Salvador?

Lenny -  Com toda certeza!!! Nasci e fui criada numa cidade de praia, amo o mar, e vamos combinar, não existe nada igual ao mar da Bahia! Além de ser uma cidade linda, o povo e encantador! A energia da Bahia é contagiante, senti isso desde a primeira vez que estive aqui, aos meus 18 anos. 

Alô Alô Bahia - Esse ano, como de costume, não comemorará seu aniversário em Trancoso. Por que decidiu mudar de pouso?

Lenny -  Foi um convite de uma amiga muito querida. Mas não resisti , e Ano Novo fico em Trancoso, aquela energia me  anima para o resto do ano,

Alô Alô Bahia - O que lhe inspira?

Lenny - O mar, a natureza!

Alô Alô Bahia -  Onde uma mulher não pode errar?

 Lenny - Na atitude.... E no perfume.

Alô Alô Bahia - Lenny Niemeyer por Lenny Niemeyer? 

Lenny - Alegria de criar, de trabalhar, de viver!
 
Foto: Uran Rodrigues. 
 

12 Nov 2014

Conheça Kiolo, o homem que transforma fotografia em arte moderna

Todos os aspectos que existem na arte contemporânea, existem também na personalidade desse artista. Conversamos com Lucas Ferraz, conhecido como Kiolo – um apelido de infância que não tem nenhuma relação com a cultura oriental. Pois é, nome único, como artista gosta, e seu público também. Na sala de Joyce Pascowitch há uma obra sua, na casa de Claudia Leitte também, mas antes de adentrar no infinito particular de personalidades, ele põe seu trabalho no mundo de quem tem olhos virados, e brilhantes, para a fotografia. O registro de um momento, ganha uma grandiosidade icônica pelas suas lentes, isso vira imagem, que vira arte. Nesse bate-papo ele decifra a inspiração que tanto encanta na Bahia – mas desvenda o que existe em todo o mundo, elege seu melhor trabalho, fala sobre cores e de quebra cita seus nomes preferidos na arquitetura e na decoração. A conversa é com alguém que produz na nossa Bahia. 

Tamyr Mota: Como e quando nasceu a vontade de capturar imagens e transformá-las em arte?
Lucas Ferraz – Kiolo
: Sempre gostei muito de desenhar e isso me levou a fazer faculdade pra design gráfico. No curso, tinham várias disciplinas que complementavam os meus interesses, a fotografia foi uma delas. Minha mãe sempre gostou muito de fotografia também e acredito que o dom esteja no sangue, juntou o hereditário com o técnico que aprendi na faculdade! Agora transformar fotografia em arte é exatamente a forma como eu vejo as coisas, eu enxergo enquadrado, fico atento a tudo: simetrias, "encaixes", formas alinhadas, geometrias, texturas em evidência, contraste de cores e acredito que todas essas percepções juntas formam um resultado artístico.

TM: Qual a fotografia que lhe deu maior trabalho para ser feita?
Kiolo
: Não tenho uma foto especificamente. Acho que as fotos mais difíceis são quando envolvem ser humano. Eles têm expressão e vontade própria. Registrar pessoas e colocá-las da forma como o fotógrafo imagina é bem complicado. A fotografia de moda, por exemplo, exige uma série de detalhes necessários para que o resultado fique extraordinário. Além do talento do fotógrafo e da sua ótica, ainda precisa de make, cabelo, figurino e acima de tudo, beleza e disposição do (a) modelo.



TM: A Bahia inspira? Quais outras cidades e estados lhe arrancam inspiração?
Kiolo
: A Bahia é uma fonte de inspiração inesgotável. Aliás, o Brasil também! Nós (brasileiros), por uma insatisfação econômica e política com o país, acabamos olhando muito pra fora como se tudo em outro país fosse melhor e mais legal, mas acredito muito no nosso país. Aqui temos paisagens incríveis, temos um povo acolhedor, temos fauna, flora, turismo, eventos, cultura, música e muita coisa a ser explorada. Ainda quero conhecer cidades com culturas tão ricas e cenários tão lindos, como a Bahia. Natal, Alagoas, Fortaleza, Belém, Manaus e muito mais. Quando o assunto é "MUNDO", acabei de voltar de Nova York, onde fiz fotos dos mais variados cenários e elementos. NY tem tudo em um só lugar! Na Europa, amo Roma e Paris, um infinito de possibilidades.

TM: As cores na arte e na fotografia deixam um espaço mais...
Kiolo
: ...alegre e com personalidade. A fotografia em preto e branco é mega conceitual, mas tenho um estilo mais puxado pro colorido. Acho que até pela formação e trabalho cotidiano com o design, existe em mim um apreço muito grande pelas cores.

TM: Em suas andanças, o que mais já chamou atenção das suas lentes?
Kiolo
: Costumo dizer que tudo o que gosto muito, acaba virando uma série. Adoro registrar fachadas de casas de interior, bicicletas, portas, carros antigos e detalhes como para-choques, rodas, retrovisores, curvas de chaparia, etc.

TM: Algum ritual antes de começar a fotografar?
Kiolo
: Gosto de fotografar quando estou tranquilo, sem nada pra resolver e sem pressão de entregar algum outro trabalho. O principal ritual é não ter nada na cabeça e deixar os olhos capturarem tudo sem limite. Minhas melhores fotos foram feitas na tranquilidade de não TER que fazer aquilo. É claro que quando tem um job comercial e preciso registrar elementos pré-definidos, já chego focado e faço o meu trabalho. Mas quando se trata de foto artística, basta um belo dia ao nascer do sol ou quando ele se põe. Gosto das luzes menos intensas...

TM: O Brasil é um país que respira arte?
Kiolo
: Sem dúvida! O Brasil tem música, cinema, teatro, fotografia, escultura, dança, canto, tem tudo. A arte está por toda parte, não só no que se diz respeito ao que está claro que é arte, mas também no subjetivo! Um belo prédio cortando o céu é arte feita por um arquiteto. E assim vai...

TM: Ter seu trabalho na Casa Cor Bahia (em Salvador e Ilhéus) tem lhe rendido bons frutos?
Kiolo
: Sim! Como todo artista, gosto muito de ver meu trabalho contracenando com outros elementos e isso é muito gratificante. Daí surge a venda, o contato e a divulgação. Poder participar de mostras do mesmo segmento, porém com personalidades distintas, me dá a possibilidade de mostrar como o meu trabalho é versátil. Na Casa Cor Salvador, no ambiente de Eliane e Laís Kruschewsky, as fotos expostas são texturas, estruturas metálicas e elementos "frios". Já no ambiente de Roberto Leal Neto, a temática é hipismo. Minhas fotos são de cavalos, elementos do esporte, obstáculos das provas, textura do pelo de animal, rodas de carroças e por aí vai. Na Casa Cor Ilhéus é uma exposição coletiva, tive autonomia pra escolher o que eu queria, então usei fotos mais vernaculares, fotos modernas como as recém-capturadas em Nova York e até uma foto de sombreiros coloridos que fiz na Feira de Design de Milão no ano passado. Coisas completamente diferentes feitas pelo mesmo autor. 

TM: Qual sua fotografia mais memorável?
Kiolo
: Como falei anteriormente, na feira de Milão, fiz uma foto de uma bicicleta branca encostada em uma parede branca. Até então nada demais, mas a bicicleta era retrô com elementos em couro e metal o que deu um aspecto super bonito. A parede tinha uma textura meio rugosa contrastando com a superfície lisa da bicicleta e isso resultou num conjunto lindo. O carinho que tenho por esta foto é que ela foi a primeira foto que vendi e já fiz umas 3 ou 4 repetições, inclusive a maior delas foi adquirida por Cláudia Leitte, através da Galeria Goca Moreno, no shopping Paseo Itaigara.



TM: A beleza humana não chama sua atenção para a fotografia?
Kiolo
: A minha carreira como fotógrafo é nova se comparada com a carreira como designer. Nunca tive a oportunidade de fotografar gente e, sinceramente, não sei se tenho tato pra isso. Mas tenho me permitido fotografar de tudo e recentemente até fiz uma fotografia comercial para uma empresa de Táxi Aéreo. Nunca tinha feito, fui lá experimentar e o resultado ficou bem legal. Se um dia rolar de fotografar a beleza humana, estarei a postos para experimentar.

TM: Quais são os nomes da arquitetura e da decoração que lhe arrancam admiração?
Kiolo
: Muitos! Na arquitetura e decoração, gosto muito de David Bastos, Isay Weinfield, Roberto Migoto, José Ricardo Basiches, Índio da Costa, Dado Castello Branco, e etc.
 
Fotos: reprodução.

 

30 Oct 2014

Caio Bandeira: Não dispenso Macbook air, goPro hero 4 e lapiseiras Caran D´Ache


Caio Bandeira é arquiteto e apresentador de TV. Viaja sempre que pode e está sempre com o radar ligado para captar as melhores dicas around the world. Aqui, ele confessa alguns locais, paisagens e incríveis sabores.
 
Melhores experiências gastronômicas: La Paradeta em Barcelona, Hotel Costes em Paris, Seasalt and Pepper em Miami, Lion em Ibiza e Juan e Andreaz em Formentera.

Paisagem para respirar fundo: Lagos glaciais suíços.

Kit high-tech que não dispensa? Macbook air, goPro hero 4 e lapiseiras Caran d´Ache.

Roteiros alternativos: Dirigindo pelo sul do Mediterrâneo... Figueiras, Cadaques e Sul da França.

Praias paradisíacas: Maldivas, Hadahaa Island.

Vista impressionante: Burj Dubai (torre de Dubai).

Cidade que o surpreendeu? Guimarães, em Portugal.

Trilha sonora de viagem: The Basement, rádio de um amigo, DJ Tino, do Ushuaya, Ibiza.

Perder, nem pensar: Coachella Valley Music and Arts Festival, 2015.

Fotos: Reprodução. 

13 Oct 2014

Um pouco mais sobre Christian Cravo, que tem a arte no seu DNA.

Os artistas plásticos costumam dizer que não são bons de palavras. Christian Cravo diz que o fundamental são as imagens, pois através delas, se diz tudo. Contudo, fomos de encontro a esse pensamento, e batemos um papo com o fotógrafo baiano, cidadão do mundo, que hoje ocupa um lugar de muito reconhecimento quando o assunto é arte contemporânea e fotografia no Brasil. Dois minutos de conversa, e já é notório perceber o quão centrado é Christian. Ele não brinca com assunto sério, não foge das emoções, e também não exagera em dados e números. Além disso é mestre em ser exigente e nunca sartisfeito. "Meus momentos de paz, são com a minha família", assume, derretido, mas contido. Confiram:  

Tamyr Mota: Filho de um fotógrafo e neto de um escultor. A vida tinha que te levar para o caminho da arte. Concorda?

Christian Cravo: Não necessariamente, mas o contato com o universo artístico favorece as possibilidades e o entendimento sobre como de fato é a vida de um artista. Suas responsabilidades e compromissos. Caribé já dizia que a vida do artista é acordar cedo, se alimentar bem e trabalhar todos os dias. É um equívoco atrelar a arte a boemia.

TM: Você nasceu em Salvador, viveu na Dinamarca e hoje mora em São Paulo. Quais as influências desses lugares na sua obra?

CC: A Bahia é a grande fonte de inspiração e energia! Por isso  sempre volto. Adoro a simplicidade que encontro aqui, acho fundamental para minha cabeça, para minhas meninas (A mulher Adriana e as filhas Sophia e Stella). Sem falar que sou viciado em acarajé! Aliás, digo que comida baiana é a melhor do mundo! A Dinamarca é o berço que me acolheu e me deu disciplina, que talvez não tivesse tido crescendo nos trópicos. E São Paulo é a cidade do trabalho.

TM: A impressão que temos é de que você é um homem inquieto. Mas ao mesmo tempo, muito calmo e sereno. Como se define?

CC: Não sou calmo, nem sereno (risos), sou muito inquieto!  Leonino. Competitivo e dinâmico. Meus momentos de paz são com a minha família. Adriana, minha mulher, é muito calma. É quem me equilibra. Ela contribui intelectualmente para o desenvolvimento dos projetos. Planeja, guia e transforma em palavras o que em mim é energia criativa. O cineasta que fez o filme "Sonho de Darwin" presente na mostra, o Marco, brinca que o nome do filme que esta fazendo sobre minha história deveria ser "Nunca Satisfeito"… acho engraçado. Mas reconheço que sou muito exigente. Para um clique que me satisfaça, as vezes faço 5 mil imagens. Sem exagero...

TM: Cidadão do mundo, na exposição 'Luz e Sombra', em cartaz no Palacete das Artes, aqui em Salvador, você põe seus olhos diante da África. Como surgiram as imagens que compõem a mostra?

CC: O trabalho da África, assim como outros, é uma construção mental. Ele inicia em uma pesquisa e se desdobra nas viagens. Quando vou a Tanzânia sei exatamente o que estou buscando, como o caso da foto da migração dos gnus. Mas obviamente sou surpreendido por belas oportunidades fotográficas. Para este projeto foram 10 viagens para diferentes países. Na maioria das vezes fui mais de uma vez a cada um deles. Estava em um momento de luto (se refere a morte do seu Pai e ao terremoto que atiniu o Haiti, onde trabalhava). Busquei contemplar a natureza para fotografar e encontrar caminhos para minha própria vida. O final de um projeto é o fechamento de um ciclo.

Fotos: reprodução.

2 Oct 2014

Conheça Núbia e Sonja, as maiores decoradores de eventos da Bahia

No nosso encontro semanal com gente interessante, conversamos com as decoradoras Núbia e Sonja, as maiores referências em design, flores e bom gosto. Confira o bate-papo a seguir.
 
Alô Alô Bahia- Fale um pouco sobre a formação profissional de vocês...
 
N&S - Eu e Nubia nos conhecemos na UFBA, no curso de design de interiores. Éramos colegas de curso e de turma e logo no primeiro trabalho em grupo percebemos que compartilhávamos dos mesmos ideais! Já no segundo semestre de faculdade tivemos a oportunidade de entrar no escritório do arquiteto David Bastos como estagiárias e lá passamos cerca de sete anos.
 
Dedicação e pesquisa aprimoraram nosso olhar para diversidade do mundo do design. Na época o DB estava transferindo o escritório para Marina do Contorno onde simultaneamente estava sendo inaugurado o Restaurante Trapiche Adelaide. E foi ali naquele ambiente saudável e inspirador que teve inicio a nossa trajetória.
 
Para a inauguração do restaurante participamos na produção de peças, da cenografia, escolhas e fornecimento das flores. O ritmo do escritório de David fora intenso!E a atividade de produtora em escritórios de arquitetura era uma novidade na época aqui em Salvador. Em dupla acompanhávamos e participávamos ativamente das produções do escritório em residências, edições de Casa Cor,publicações para livros e revistas, vitrines dentro e fora do estado. Convivíamos com os melhores fotógrafos de interiores e revistas atuantes na época. Garimpávamos objetos em lojas e com os lojistas trocávamos informações e conhecimentos, como, por exemplo,o saudoso Empório de Mariza Seclkes – loja situada numa das transversais do Corredor da Vitória.
 
 Quando necessário desenhávamos e produzíamos peças (profissionalizando novos fornecedores que ate então não tinham pratica com design). Pesquisávamos novos materiais, buscávamos novos talentos para inserir e enriquecer o universo da decoração. Era um prazeroso desafio em busca do melhor!
 
O David é pungente e tem um olhar e gosto apurado! Nós apaixonadas e vaidosas pela profissão mergulhamos de cabeça para acompanhar o seu ritmo e estar atualizadas sempre.
 
Alô Alô Bahia - Como vocês se envolveram no trabalho com flores e cenografia?
 
N&S - Para produzir os ambientes sentimos que não bastava que tivéssemos apenas objetos e peças de arte. As flores, sem dúvida, davam o toque final e acolhedor! Mas como as variedades de flores eram limitadas por aqui - e só se conhecia praticamente o trivial - tivemos que ir aprimorando o design floral intuitivamente para produzir novos conceitos com o que tínhamos em mãos. Visitávamos hortos e passamos a desconstruir os arranjos tradicionalmente montados em floriculturas. Fazíamos experimentos! Passamos a usar as flores puras e/ou a misturá-las harmoniosamente em variedades e cores. Experimentávamos novos recursos como galhos de boungaville, jasmim manga, laranjeiras, galhos com espinhos e flores de plantas de jardim como: ixoras, azaléias e suculentas para produzir arranjos. As flores, folhagens e sementes tropicais da nossa região dispunham de novo conceito que as valorizavam. Os clientes começaram a gostar do tropical, do nativo. Naturalmente, percebemos que havia uma diversidade de materiais e possibilidades na natureza.
 
Ainda no escritório do David tivemos o contato com uma importadora de flores recém-inaugurada em SP. Flores que vinham de vários países. Nossa! Tudo que mais queríamos!Novidades a vista! Daí, passamos a fazer este intercâmbio. Fomos a São Paulo, visitamos a empresa, vivenciamos a CEAGESP e estreitamos relacionamento com parceiros dispostos a nos oferecer muitas novidades. Com exclusividade, começamos a trazer flores como íris, alium, callas, delphinus, protéias, tulipas francesas, cerejeiras, pessegueiros, rosas com cores incríveis, entre outras variedades produzidas ou não no Brasil. Assim, as flores e como fazíamos as composições começaram a se destacar nos ambientes e produzir sensações especiais. Fazer arranjos florais passou a ser um enorme prazer e uma atividade dentro de tantas outras que tínhamos no do escritório do DB, até a passagem definitiva para o mundo dos eventos!
 
Alô Alô Bahia - Quais os eventos memoráveis em todos esses anos de carreira?
 
N&S - Muitos eventos especiais e memoráveis, cada qual com sua particularidade. Mas, posso citar um dos aniversários do David, onde as flores, por suas diversidades de cores e formas, chamaram a atenção da editora da revista e deu capa e matéria para Casa Vogue. E, como conseqüência, inspirou muita gente Brasil a fora a perder o medo de colorir!
 
Outros incríveis eventos foram as duas edições dos réveillons do Restaurante Trapiche Adelaide sobre uma plataforma flutuante no mar, os réveillons da ilha, Réveillon do Tivoli Eco resort, o aniversario de 60 anos de um renomado arquiteto que foi um marco para os eventos na Bahia, entre outros.
 
E, para dizer que não falei de design e arquitetura, que é nossa formação e principal atividade, além de uma grande paixão, cito os camarotes de carnaval: camarote como o Expresso 2222 (que fazemos há 16 anos) ;camarote Vogue ;Camarote Cerveja e Cia, Camarote Claudia Leitte, Camarote Gueto e entre outros. O exercício do design, arquitetura e cenografia nos fascina, mexe com nossos sentidos e é onde podemos dar asas à criatividade. Adoramos projetar espaços. Construir do zero!
 
Alô Alô Bahia - Alguma história inusitada nesse percurso?
 
N&S - Muitas histórias... Fazer o réveillon do Trapiche e simultaneamente atravessar a ilha para realizar dois outros réveillons... passar a virada no Ferry boat...!
Fazer um réveillon para lá de sofisticado na Penha inaugurando casa com projeto chic, moderno e inovador e simultaneamente, a 500 metros, fazer outro evento para jovens da família Mendonça com tecnologia e uso de moveis infláveis– eventos de conceito completamente opostos.Estas lembranças nos fascinam!
 
Houve também o aniversário do arquiteto Fernando Frank com projeto maravilhoso e sofisticado, que contou com apresentação de Nana Caymmi acompanhada de piano de cauda, show de Simone Sampaio, harpista vinda do Rio de janeiro, café da manha com banda Olodum, carrinhos de golfe transportando os convidados, orquestra de 40 músicos para recepção, projeção em cortina de água, performances circenses e performances com bartenderes de Curitiba.  Foi algo para lá de especial e inovador e arrojado para a época.
 
Mais recentemente, desenvolvemos um Halloween no Unique para uma querida cliente comemorar seus 60 anos. Foi um processo criativo, divertido e prazeroso que resultou em cliente, criadores e convidados felizes e participativos! Festa inesquecível. Produção maravilhosa!
 
Alô Alô Bahia - Qual um roteiro bacana para garimpos de décor?
 
N&S - Tudo pode inspirar um decorador. Viagens, literatura, filme, paisagem, feiras e até o silêncio.
 
Alô Alô Bahia - Como deve ser um arranjo simples e chique para o ano todo?
 
N&S - Aquele em que as flores estejam adequadas e proporcionais ao ambiente, a estação, a circunstância e a ocasião. E, sobretudo, que pareçam ser coletadas e manuseadas pelo próprio cliente!
 
Alô Alô Bahia - O que não pode faltar numa festa?
 
N&S – O equilíbrio e proporcionalidade!
 
Alô Alô Bahia - Qual o diferencial da empresa de vocês?
 
N&S – Apesar de o mercado local ter se desenvolvido e se profissionalizado em alguns setores. A experiência,expertise e conhecimento técnico de uma empresa como a nossa,que teve que até recentemente transitar em todos os setores para construção e organização do evento como um todo,nos habilita a participar de todas as etapas do desenvolvimento do processo construtivo e criativo e ajudar ao cliente na composição e decisões do seu projeto. Atualmente a empresa estar voltada para a arquitetura, decoração, design e cenografia onde projetamos,executamos e ambientamos nossos projetos sempre com o desafio de respeitar a personalidade e necessidade de cada cliente.
 
Alô Alô Bahia - A concorrência, nesse segmento, é pacifica?
 
N&S – Concorrência deveria ser naturalmente pacifica, saudável e leal. No entanto há concorrentes que se alimentam da prática da concorrência desleal e parasitária que certamente vão aviltar no mínimo a preocupação e indignação de empresas, profissionais e clientes sérios.
Alô Alô Bahia - Como está a agenda de Núbia& Sonja para final de 2014 e inicio de 2015?
 
N&S - Muito bem obrigada! Saudável, com projetos de clientes novos e assíduos! Além de parceria com profissionais e clientes de outros estados.




Fotos: Divulgação. 

22 Aug 2014

Marina Lima: “ Sou uma artista contemporânea”


Marina Lima esteve em Salvador, semana passada, para apresentar seu show “No Osso”. Foi no Teatro Castro Alves, com produção de Tereco Costa Lino e Ira Carvalho. Marina cantou músicas de todas as fases de sua carreira e contou diversas histórias. Abaixo, uma pequena entrevista que o RG, parceiro do Alô Alô Bahia, fez com a estrela. Confere!


Como você se sente depois de ter apresentado pela primeira vez esse show?
Foi revelador pra mim porque é como se eu tivesse feito uma viagem para as origens de cada uma das canções. Eu, meu violão e minha alma ali, foi uma vitamina na veia. Estou empolgada com esse show, demorei muito para ter essa ideia porque achava muito simples fazer um show só voz e violão, mas para o público não é, porque eles veem as origens, é o raio-x das canções, por isso “No osso”.


Você lançou seu primeiro livro em 2012, o “Maneira de ser”. Você tem planos para um novo livro? Podemos esperar isso?
Olha… Escrever um livro foi uma janela que se abriu. Eu já escrevia muitos artigos para jornais, porém é muito diferente de escrever música, não tem melodia, o que da o ritmo são os pontos, mas confesso que adorei, foi uma experiência muito bacana. Eu quero e pretendo escrever mais um no futuro.


Seu último disco, “Clímax”, foi gravado em 2011 e você só tem um DVD em seus 30 anos de carreira. Podemos esperar novidades?
Claro, sempre! Já estou compondo músicas novas, inclusive apresento duas nesse show, um rock chamado “Partiu” e um samba chamado “Da Gávea”. Pretendo lançar um novo CD ano que vem. Para esse ano estou produzindo um DVD documentário contando dos meus últimos quatro anos, a mudança para São Paulo, as composições para o Clímax e etc. Com direção de Candé Salles, e irá se chamar “Chegando ao clímax com Marina Lima”.


Você tem vontade de cantar/compor com alguém que ainda não tenha realizado?
Sou uma grande admiradora do trabalho da Vanessa da Mata. Já cantamos juntas e gostaria de compor algo com ela.


Seu público é composto por idades bem variadas. O que você acha que mantém essas gerações ao seu lado?
Eu não sou uma pessoa nada nostálgica e nem saudosista, eu acho que meu tempo é hoje, é o que me foi dado. Eu entendo tudo que eu fiz, adoro toda a minha bagagem, mas eu estou aqui olhando para o mundo em que vivo e tudo isso me inspira para compor. Sou uma artista contemporânea.

Foto: Reprodução/Glamurama. 


4 Aug 2014

Regina Navarro: "Ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa"

Você sente calafrios só de pensar que não tem domínio sobre a vida sexual do seu parceiro ou parceira? Segundo a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, acreditar que é possível controlar o desejo de alguém é apenas uma das mentiras do amor romântico.

"É comum alimentar a fantasia de que só controlando o outro há a garantia de não ser abandonado", afirma ela, que lançou recentemente  "O Livro do amor" (Ed. Best Seller). Dividida em dois volumes ("Da Pré-História à Renascença" e "Do Iluminismo à Atualidade"), a obra traz a trajetória do amor e do sexo no Ocidente da Pré-História ao século 21 e exigiu cinco anos de pesquisas.

Regina, que é consultora do programa "Amor & Sexo", apresentado por Fernanda Lima na Rede Globo, acredita que, na segunda metade deste século, muita coisa ainda vai mudar: "Ter vários parceiros será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem", diz ela. Leia a entrevista concedida pela psicanalista ao UOL Comportamento. 

Na sua pesquisa para escrever "O Livro do Amor", o que você encontrou de mais bonito e de mais feio sobre o amor?
Regina Navarro Lins: Embora "O Livro do Amor" não trate do amor pela humanidade, e sim do amor que pode existir entre um homem e uma mulher, ou entre dois homens ou duas mulheres, a primeira manifestação de amor humano é muito interessante. Ela ocorreu há aproximadamente 50 mil anos, quando passaram a enterrar os mortos –coisa que não ocorria até então– e a ornamentar os túmulos com flores. O que encontrei de mais feio no amor foi a opressão da mulher e a repressão da sexualidade. 
 
Como você imagina a humanidade na segunda metade deste século?
Regina: Os modelos tradicionais de amor e sexo não estão dando mais respostas satisfatórias e isso abre um espaço para cada um escolher sua forma de viver. Quem quiser ficar 40 anos com uma única pessoa, fazendo sexo só com ela, tudo bem. Mas ter vários parceiros também será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem. Na segunda metade do século 21, provavelmente, as pessoas viverão o amor e o sexo bem melhor do que vivem hoje.
 
Você fala sobre as mentiras do amor romântico. Quais são elas? 
Regina: O amor é uma construção social; em cada época se apresenta de uma forma. O amor romântico, que só entrou no casamento a partir do século 20, e pelo qual a maioria de homens e mulheres do Ocidente tanto anseia, não é construído na relação com a pessoa real, que está ao lado, e sim com a que se inventa de acordo com as próprias necessidades.

Esse tipo de amor é calcado na idealização do outro e prega a fusão total entre os amantes, com a ideia de que os dois se transformarão num só. Contém a ideia de que os amados se completam, nada mais lhes faltando; que o amado é a única fonte de interesse do outro (é por isso que muitos abandonam os amigos quando começam a namorar); que cada um terá todas as suas necessidades satisfeitas pelo amado, que não é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, que quem ama não sente desejo sexual por mais ninguém.
 
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"O Livro do Amor" (ed. Best Seller) é dividido em dois volumes: "Da Pré-História à Renascença" e "Do Iluminismo à Atualidade"
A questão é que ele não se sustenta na convivência cotidiana, porque você é obrigado a enxergar o outro com aspectos que lhe desagradam. Não dá mais para manter a idealização. Aí surge o desencanto, o ressentimento e a mágoa.

Por que você diz que o amor romântico está dando sinais de sair de cena?
Regina: A busca da individualidade caracteriza a época em que vivemos; nunca homens e mulheres se aventuraram com tanta coragem em busca de novas descobertas, só que, desta vez, para dentro de si mesmos. Cada um quer saber quais são suas possibilidades, desenvolver seu potencial.

O amor romântico propõe o oposto disso, pois prega a fusão de duas pessoas. Ele então começa a deixar de ser atraente. Ao sair de cena está levando sua principal característica: a exigência de exclusividade. Sem a ideia de encontrar alguém que te complete, abre-se um espaço para outros tipos de relacionamento, com a possibilidade de amar mais de uma pessoa de cada vez. 
 
E como fica o casamento?
Regina: É provável que o modelo de casamento que conhecemos seja radicalmente modificado. A cobrança de exclusividade sexual deve deixar de existir. Acredito que, daqui a algumas décadas, menos pessoas estarão dispostas a se fechar numa relação a dois e se tornará comum ter relações estáveis com várias pessoas ao mesmo tempo, escolhendo-as pelas afinidades. A ideia de que um parceiro único deva satisfazer todos os aspectos da vida pode vir a se tornar coisa do passado.  
 
Só de pensar na possibilidade de ter um relacionamento em que a monogamia não é uma regra, muitos casais têm calafrios. Por que?
Regina: Reprimir os verdadeiros desejos não significa eliminá-los. W.Reich [psicanalista austríaco] afirma que todos deveriam saber que o desejo sexual por outras pessoas constitui parte natural da pulsão sexual. 

Pesquisando o que estudiosos do tema pensam sobre as motivações que levam a uma relação extraconjugal na nossa cultura, fiquei bastante surpresa. As mais diversas justificativas apontam sempre para problemas emocionais, insatisfação ou infelicidade na vida a dois. Não li em quase nenhum lugar o que me parece mais óbvio: embora haja insatisfação na maioria dos casamentos, as relações extraconjugais ocorrem principalmente porque as pessoas gostam de variar. As pessoas podem ter relações extraconjugais e, mesmo assim, ter um casamento satisfatório do ponto de vista afetivo e sexual.
 
A exclusividade sexual é a grande preocupação de homens e mulheres. Mas ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa. Homens e mulheres só deveriam se preocupar em responder a duas perguntas: Sinto-me amado(a)? Sinto-me desejado(a)? Se a resposta for "sim" para as duas, o que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito. Sem dúvida as pessoas viveriam bem mais satisfeitas. 
 
Como as pessoas poderiam viver melhor no amor e no sexo?
Regina: Para haver chance de se viver a dois sem tantas limitações, homens e mulheres precisam efetuar grandes mudanças na maneira de pensar e de viver.

Acredito que para uma relação a dois valer a pena, alguns fatores são primordiais: total respeito ao outro e ao seu jeito de ser, suas ideias e suas escolhas; nenhuma possessividade ou manifestação de ciúme que possa limitar a vida do parceiro; poder ter amigos e programas em separado; nenhum controle da vida sexual do parceiro, mesmo porque é um assunto que só diz respeito à própria pessoa. 
 
Poucos concordam com essas ideias, pois é comum se alimentar a fantasia de que só controlando o outro há a garantia de não ser abandonado. A questão é que não é tão simples. Para viver bem é preciso ter coragem.
 

Por Vladimir Maluf, Uol - Foto: Reprodução. 

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