26 Jun 2023
Três teatros reabrem em julho em Salvador: Casa do Comércio, Espaço da Barroquinha e Sala do Coro

O espaço na Casa do Comércio, fechado há 3 anos, passou por intervenções no palco, troca de poltronas na plateia, reformulação nos camarins e no foyer e ganhou maior acessibilidade, com melhorias ainda no sistema de som, luz e nos revestimentos acústicos. O investimento, segundo a Fecomércio, chegou a R$ 15 milhões. Nesta terça (27), na festa de reabertura, Carlinhos Brown apresentará o show Umbalista, em um evento fechado para convidados.

Ao longo do mês, a programação trará duas peças infantis (Histórias do Mundão e O Jabuti e a Sabedoria do Mundo) e quatro opções para os adultos: as comédias Fanta Maria e Pandora, da Cia Baiana de Patifaria; e Koanza, do ator Sulivã Bispo (a Mainha); e os solos Medeia Negra, do grupo Vilavox, e Árcade - versos para olhar o tempo, do roteirista e diretor baiano Daniel Arcades. Parte dos eventos já tem ingressos disponíveis no Sympla.

Depois de 1 ano com as portas cerradas ao ter cabos furtados, o Espaço Cultural da Barroquinha voltará à cena no dia 4 de julho. Mais uma vez, Sulivã Bispo deverá ser uma das atrações.

A Sala do Coro, fechada desde o incêndio no TCA em fevereiro, recebe as aulas abertas do Balé do teatro e está contratando as próximas atrações. Confira a programação especial.

Cenário da crise
No pandêmico 2021, foi fechado o Teatro Eva Herz, que funcionava dentro da Livraria Cultura do Shopping Salvador, e demolido o Teatro Acbeu, no Corredor da Vitória. No lugar, um empreendimento imobiliário e fim de papo.
E não é só isso. Para a produtora cultural Eliana Pedroso faltam espetáculos grandiosos. Ela participou, em maio, de uma audiência na Câmara de Vereadores de Salvador para cobrar a regulamentação de uma lei municipal que existe há 13 anos e que obriga os shoppings da capital a terem teatro. Eliana classifica o cenário atual na Bahia como “cruel”, “árido”, “em crise intensa”, “um retrocesso”.
“Não há movimento efervescente, a não ser da música de massa. Falta estratégia por parte do poder público de implantar projetos estruturantes a longo prazo e determinar recursos para produções locais significativas.” Ela não economiza em dizer que vive-se hoje um esgarçamento absurdo das artes de vanguarda na Bahia, incluindo também a dança. “Teatro fechado é teatro morto.”
Nas palavras do diretor teatral e gestor cultural Fernando Guerreiro, é preciso que o teatro volte à ordem do dia. “Ele sumiu, entre aspas, está esquecido. É lamentável, mas é verdade”, afirma Guerreiro, ele próprio afastado das produções de teatro, uma vez que está à frente da Fundação Gregório de Mattos.

Guerreiro cita ainda os preços altos dos ingressos, as temporadas curtas e a crise real de criatividade – “Me incluo nisso, já que não estou produzindo” – como outros fatores que caracterizam o teatro baiano em pleno 2023. Ele reconhece, porém, as exceções. Uma delas foi o espetáculo da atriz Maria Menezes ao comemorar 30 anos de carreira, dirigida por João Sanches. Maria ao vivo, no entanto, já encerrou a “temporada” no Teatro Módulo.
Com quase 41 anos na estrada, quem está para subir ao palco após o recesso de São João é Lelo Filho e sua Cia Baiana de Patifaria, que fechou a sede física na Barra, espalhou o acervo de 35 anos por onde deu, incluindo a casa do ator, virou uma empresa virtual e ressurgiu com Fanta Maria e Pandora. É um recorte de A Bofetada, que estará em cartaz no Cine Teatro de Lauro de Freitas, no Teatro do Saber de Camaçari, no Amélio Amorim de Feira de Santana, no Sesc Casa do Comércio em Salvador (sessão única no dia 9 de julho) e voltará ao Teatro Módulo de 15 de julho a 30 de setembro.

Ele também vê uma desaceleração da produção artística de Salvador e arrisca alguns porquês: “Há falta de investimento. Faltam casas de espetáculo. A gente tem os projetos, mas sem verba? E onde vou me apresentar? Além disso, os teatros não oferecem temporadas prolongadas. Mas estamos sobrevivendo e resistindo”, diz ele, que ama fazer teatro e também assisti-lo.
Uma boa dica é sempre conferir a programação do Teatro Vila Velha, da Escola de Teatro da Ufba no lendário Martim Gonçalves, do Teatro Jorge Amado, do Molière na Aliança Francesa, do Sesc Rio Vermelho e Pelourinho e ainda os Espaços Boca de Brasa em Cajazeiras, Coutos e Valéria. Esses três contarão com apresentações do musical A Resistência Cabocla, do Bando de Teatro Olodum, também em julho. Deverá participar o ator Érico Brás, com direção de Jarbas Bitencourt e coreografia de Zebrinha.
Há outras boas novas. A Prefeitura de Salvador estuda a construção de um teatro municipal, e o governo do estado autorizou agora a requalificação do Teatro do Irdeb, com previsão de entrega no ano que vem.
Fotos: Divulgação.
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