Lázaro Ramos diz que sequência de 'O Paí, Ó' foi "pedido do público"

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"Ó Paí Ó 2", sequência do clássico baiano lançado há 15 anos, chega aos cinemas brasileiros com grandes expectativas - do elenco, da produção e, claro, do público. Filmado no Centro Histórico de Salvador e no bairro do Rio Vermelho, utiliza humor e música para abordar temas sociais e denúncias do cotidiano da população pobre e, em sua maioria, negra.
 
Em entrevista exclusiva ao Alô Alô Bahia, o ator e diretor Lázaro Ramos comentou o retorno ao personagem Roque, o tom político do filme, o protagonismo do povo negro e a representatividade da obra e do Bando de Teatro Olodum para a cultura baiana e brasileira.

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Lázaro conta que a peça de teatro que deu origem ao filme foi montada pelo Bando de Teatro em apenas oito dias. “O Paí, Ó vem surpreendendo ao longo dos últimos vinte anos. O Bando já tem essa técnica de criação, pesquisa e ensaios e improviso. Os atores foram ao Pelourinho, andaram nas ruas, conversaram com pessoas e nasceu a peça. Então eram temas e arquétipos de personagens que não estavam presentes no teatro baiano até então”. É a essa pluralidade de personagens e histórias que Lázaro atribui a força e a longevidade da peça e do filme.
 
“Isso criou uma linguagem, que Vivi Ferreira (diretora de Ó paí, Ó 2) chama de ‘polifônica’. São muitos personagens. Não é multiplot, são muitos personagens. Nosso filme tem 18 protagonistas. Alguns têm mais cenas, outros menos. Mas a obra é invadida por essa multidão”, ressalta Lázaro.
 
O ator observa que a ideia de uma sequência veio do público e a partir do resgate de momentos da obra, principalmente nas redes sociais. “Do nada, voltou a ser assunto: Emicida fez uma música, a cena com Wagner viralizou de novo nas redes sociais, o povo fez figurinha de celular. Aí a gente se deu conta que a obra ainda estava muito presente ainda no dia a dia das pessoas. A partir disso, começamos a pensar quais histórias novas poderíamos contar”.
 
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No longa, que chega aos cinemas ainda em novembro, com pré-estreias esgotadas em Salvador, temas sociais importantes são discutidos. “Cada personagem representa um assunto muito relevante para o Brasil. A gente fala de moradia, da luta antirracismo, de silenciamento e relações afetivas. Falamos sobre aquilombamento, sobre mães que perderam seus filhos assassinados, de saúde mental também, um tema importante para a nossa população. A gente fala sobre criação de adolescentes e de jovens e suas preocupações, mas também das soluções que eles estão oferecendo para o mundo. Todas as ideias e discussões vêm como resposta à demanda do público de hoje”, diz Lázaro, sobre o tom político da obra cinematográfica.
 
Um ponto importante do projeto, comenta o ator, foi o olhar sobre temas sensíveis, como o sofrimento do povo negro, “É tema do nosso tempo assistir obras com pessoas negras que o sofrimento negro não seja fetiche. É tema do consumidor de entretenimento ver histórias com personagens negros que não fiquem só no diagnóstico do problema. Existe um propósito e um cuidado especial para tratar disso. O filme oferece várias alternativas de solução: seja pelo aquilombamento, seja por se assumir ou pela maneira de expressar afetividade. Queríamos fazer um segundo filme que sim, falasse de nossas feridas, mas que mostrasse também nossa potência e os caminhos que não estão ligados a um salvador externo, um super-homem que vem salvar a gente. São os nossos caminhos, as nossas reinvenções”.
 
A produção vai ter sessões de pré-estreia pagas nos dias 18, 19 e 20 de novembro, antes da estreia nacional, no dia 23 de novembro, com distribuição da H2O Films.

* Com colaboração de Antonio Neto / Fotos: Divulgação

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