'Vamos aprofundar ainda mais os laços com a sociedade', diz Prazeres sobre os próximos meses na Osba

Com informações do Correio24Horas

Reverenciado como o grande responsável pela popularização da Orquestra Sinfônica da Bahia, Carlos Prazeres deve permanecer a frente da Osba até março de 2024. O prazo diz respeito à decisão emergencial tomada pelo Governo do Estado de manter a orquestra sob gestão da Associação Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA). Depois disso, o futuro de Prazeres é incerto. Enquanto segue como maestro da orquestra, promete dar continuidade à mescla entre o popular e o clássico, sua marca registrada. “A Bahia é o nosso objetivo”, afirma.

Antes de se apresentar no concerto que celebrou os 41 anos da Osba, o maestro conversou com o Jornal Correio*, parceiro do Alô Alô Bahia, sobre a esteira de decisões que popularizaram a orquestra e deu indícios do que vem pela frente. Revelou que mais uma edição da Osbrega, concerto que conta com sucessos da música romântica, será realizada em janeiro em Salvador. E falou ainda sobre a ansiedade diante do prazo de 180 dias concedido pelo governo estadual, garantindo que não vai desistir de continuar como maestro da Osba, função que ocupa desde 2011.

A Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) completa 41 anos sendo que, em 12 deles, você esteve a frente como maestro. Qual a sua avaliação sobre a evolução da Osba ao longo desses anos?
A Osba hoje é um prolongamento da sua sociedade. Isso quer dizer que a orquestra gera uma sensação de pertencimento. O próprio imbróglio recente que teve a Osba como protagonista mostrou que a sociedade está preocupada com a orquestra e quer interferir no futuro dessa instituição. Esse sempre foi o meu pensamento de trabalho: que a orquestra não fosse um disco voador vienense pousados em terras baianas. O nosso diferencial como orquestra é justamente o orgulho de ser baiano e foi o que nos levou a ser premiados como a melhor orquestra sinfônica do Brasil. A Osba está mais do que de parabéns.

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A Osba ficará sob a gestão da Associação Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA) até, pelo menos, março de 2024. Quais são os planos para a orquestra nesse período?
Nesses seis meses vamos procurar aprofundar ainda mais os laços com a sociedade. Vamos continuar percorrendo a Bahia com o Osba na Estrada porque acho muito importante que a gente esteja no nosso estado, que tem um tamanho continental. Esse não é o momento para tocarmos em outros estados ou países, a Bahia é o nosso objetivo.

Quais projetos estão em andamento?
Vamos fazer o Osba na Estrada em Ilhéus e Itabuna ainda neste ano. Queremos fazer o Osbrega novamente em janeiro porque percebemos que ele é visto não só como um concerto, mas como um diálogo com a nossa sociedade. É uma forma de luta contra o elitismo e o preconceito musical. No próximo final de semana teremos a estreia do Gregorianas, que vai inserir a poesia de Gregório de Matos no contexto da música baiana, em apresentação no Teatro Gregório de Mattos, em Salvador.

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A Associação Amigos do Teatro Castro Alves vai continuar na disputa pela gestão da Osba, que também é objeto de desejo do Instituto de Desenvolvimento Social pela Música (IDSM)?
A ATCA vai concorrer novamente e vai buscar melhorar naquilo que ainda pode ter como questão. Foi nas mãos da ATCA que a Osba foi premiada como a melhor orquestra sinfônica do Brasil. A ATCA é uma vencedora, que não deve ser vista como um ente problemático ou derrotado. Precisamos melhorar cada vez mais, o que também vale para o IDSM e qualquer outra organização social que se proponha a uma função desse tipo.

Não se sabe ainda qual será o futuro dessa disputa. As incertezas te deixam ansioso?
É claro que me sinto ansioso pelo projeto e até pela minha vida pessoal. É difícil pensar em contratos de apartamento e coisas desse tipo. Eu moro de aluguel, por exemplo. Então tudo fica mais complicado. Mas a orquestra está munida de muita força para convencer que o que fazemos hoje é muito legal para sociedade baiana e que queremos fazer cada vez mais.

Como você enxerga o futuro da Osba daqui a 41 anos?
Ainda estamos numa fase de correr atrás de resolver dificuldades que ainda são premissas básicas, como o nosso efetivo orquestral e os lugares que nos recebem. Estamos enfrentando o desafio de estarmos sem o Teatro Castro Alves [o equipamento cultural pegou fogo em janeiro e não há data para que volte a receber apresentações na sala principal]. Mas tenho certeza que a Secretaria de Cultura está ao nosso lado e que, mesmo com todos os problemas, vamos resolver essas questões.

*Por Maysa Polcri, do Jornal Correio. Fotos: Elias Dantas e Jefferson Peixoto/Alô Alô Bahia | Ana Lucia Albuquerque/CORREIO. 

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