Informações do Censo 2022 divulgadas nesta sexta-feira (6) revelam o perfil religioso dos moradores de Salvador. Pela primeira vez, menos da metade da população da capital se declarou católica. Os adeptos da doutrina representam 44% da população. Já os evangélicos, 24,3%. Chama atenção ainda o número de soteropolitanos que não se identificam com qualquer religião – eles são o terceiro grupo mais representativo da cidade.
A proporção de pessoas sem religião é de 18,5% em Salvador, a maior entre todas as capitais do Brasil. Assim como acontece na Bahia e no Brasil, o número de evangélicos cresceu em 12 anos – aumento de 17,9% na capital. Enquanto isso, o número de católicos reduziu 22,5%. “A Bahia acompanha o que está acontecendo no plano nacional, onde a Igreja Católica vem sofrendo um declínio do número de fiéis desde os últimos censos. Vemos uma pluralidade maior no campo religioso, com a diminuição da hegemonia católica, que é histórica no Brasil”, detalha Magali Cunha, pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (Iser).
O número de pessoas sem religião é mais representativo entre os jovens. Especialistas apontam que eles estão mais sujeitos ao trânsito religioso. “O campo religioso no Brasil vem se modificando com força desde os anos 1990, e vemos um aumento do trânsito religioso, que é o caminhar que as pessoas fazem entre uma igreja e outra, sem grande comprometimento”, analisa Vilson Caetano, que possui doutorado em Antropologia e é babalorixá da Casa do Rei e Senhor das Alturas.
As pessoas que não se identificam com determinada religião não são necessariamente ateias. Elas podem ter algum tipo de crença, mas não seguir uma doutrina religiosa. Em números absolutos, Salvador possui a 3ª maior população sem religião do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
O Censo também revela que o número de adeptos da umbanda ou candomblé duplicou na capital, saindo de 25,8 mil para 59,9 mil. “As religiões de matrizes africanas vêm conscientizando os próprios adeptos a sair do anonimato e verbalizar qual é a sua religião. As políticas públicas nos últimos 12 anos que contemplaram as comunidades tradicionais e povos de terreiros também contribuem para isso”, pontua Vilson Caetano. Já os espíritas representam 2,4% da população, o 6º maior número absoluto do país.