França planeja penitenciária de segurança máxima na Amazônia; entenda

França planeja penitenciária de segurança máxima na Amazônia; entenda

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas, com informações do g1

Unsplash/Agência Brasil

Publicado em 20/05/2025 às 08:31 / Leia em 2 minutos

A França pretende construir uma prisão de segurança máxima em plena selva amazônica, no município de Saint-Laurent-du-Maroni, na Guiana Francesa, para abrigar traficantes de drogas e condenados por radicalismo islâmico.

A proposta, confirmada pelo ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, prevê um anexo de alta segurança com 60 vagas dentro de uma nova unidade prisional, orçada em US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões), com inauguração prevista para 2028.

Segundo o governo, 15 dessas vagas serão destinadas a detentos considerados islamistas radicais, enquanto o restante será ocupado por chefes de redes do narcotráfico. A localização estratégica e isolada da prisão, próxima às fronteiras com Brasil e Suriname, visa dificultar a comunicação dos criminosos com suas organizações.

“A ideia é retirá-los completamente de circulação”, afirmou Darmanin, destacando que o projeto faz parte de uma ofensiva mais ampla contra o crime organizado.

A iniciativa, no entanto, gerou forte reação negativa entre autoridades e moradores da Guiana Francesa, território ultramarino francês com a maior taxa de homicídios per capita do país, que é de 20,6 por 100 mil habitantes em 2023.

Representantes locais acusam Paris de impor a medida sem diálogo e de transformar a região em um “depósito de criminosos” vindos da França continental.

“Fomos pegos de surpresa. Esse anúncio não respeita os compromissos anteriores”, criticou Jean-Paul Fereira, presidente interino da Coletividade Territorial da Guiana Francesa. Ele lembra que o acordo original, firmado em 2017, previa a construção de uma prisão comum, para aliviar a superlotação do sistema prisional local, e não para receber criminosos de alta periculosidade vindos de fora.

O projeto também revive memórias do passado penal da região. Saint-Laurent-du-Maroni abrigou por um século o infame campo de prisioneiros de onde milhares foram enviados à Ilha do Diabo. A antiga colônia penal inspirou o livro e filme “Papillon”.

Para o deputado Jean-Victor Castor, a decisão do governo francês é “uma provocação política” e representa um “retrocesso colonial”. Ele exige a retirada imediata do plano. A pressão sobre o governo central deve aumentar nas próximas semanas, com manifestações previstas no território.

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