A partir do próximo dia 25 de maio, todas as empresas devem, obrigatoriamente, identificar e gerenciar riscos psicossociais, como estresse crônico, assédio moral, jornadas exaustivas e fatores que afetam diretamente a saúde mental dos colaboradores, dentro do seu Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), determinada por Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), entra em vigor dias antes do Dia do Trabalho, em 1º de maio.
A nova exigência coloca a saúde mental como pauta prioritária e legal nas políticas internas de segurança e saúde do trabalho. “O bem-estar no trabalho deixou de ser apenas uma tendência ou diferencial competitivo. Agora é uma obrigação legal. Estamos falando de uma transformação real na forma como o Brasil lida com o sofrimento mental no ambiente corporativo”, destaca o médico Dr. Walter Viterbo, especialista no tratamento da dor e do estresse.
Segundo ele, a mudança representa um marco inédito na legislação brasileira e as empresas que não se adaptarem a tempo podem sofrer consequências sérias, como ações trabalhistas, afastamentos frequentes, queda na produtividade e na retenção de talentos.
“Não basta colocar uma palestra ou massagem no cronograma. É preciso criar uma cultura de saúde integral, com ações contínuas e comprometimento das lideranças“, defende o especialista, que alerta que muitas empresas ainda enxergam a saúde mental como um tema subjetivo, quando, na verdade, impacta diretamente a produtividade, a rentabilidade e o engajamento dos times, demandando investimentos em ações estruturadas e sustentáveis.
Cenário atual
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos mentais custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade. No Brasil, o desafio também é grande, já que muitas empresas ainda não sabem como mapear e mitigar fatores como sobrecarga de trabalho, assédio moral, ambientes tóxicos e jornadas exaustivas.
“Saúde mental exige um olhar 360º. É preciso semear o bem-estar no dia a dia da organização, com políticas claras, apoio psicológico e ambiente saudável”, explica Dr. Viterbo, que defende ações estruturadas, com envolvimento da liderança, recursos humanos e serviços especializados.
O que muda
Com a atualização da NR-1, o PGR das empresas passa a incluir riscos psicossociais em seu inventário de riscos. Com isso, RH e lideranças devem participar ativamente na prevenção, identificando sinais de esgotamento, sobrecarga ou ambientes tóxicos. Além disso, a gestão de saúde e segurança da empresa passa a exigir ações integradas de apoio emocional, com programas permanentes de suporte psicológico, capacitação e políticas humanizadas.