Duas cidades baianas estão entre as cinco com mais registros de roubos e furtos de celulares. O ranking foi divulgado, na quinta-feira (18), na 18º edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que revela que vítimas de crimes desse tipo se acumulam na Bahia – as ocorrências cresceram 16,7% em um ano – de 63.311, em 2022, o número saltou para 73.907 em 2023.
A capital aparece em 4º lugar, com 1.716,6 crimes a cada 100 mil habitantes. Em seguida, está Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), com taxa de 1.695,8. As duas cidades baianas estão atrás de Manaus (2.096,3), Teresina (1.866) e São Paulo (1.781,6). Como é a primeira vez que o levantamento revela dados com o recorte de municípios, não há como comparar com dados anteriores.
“O celular passou a ser a porta de entrada mais fácil para uma série de golpes, que têm gerado uma receita muito alta para o crime. Roubar um celular é mais rentável do que roubar um banco, por exemplo. Estudos mostram que com cinco ou seis celulares, em média, é possível dar golpes de valores de um caixa eletrônico”, revela Renato Sérgio Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que realiza a pesquisa.
Em dezembro do ano passado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), lançou o programa Celular Seguro, que alerta operadoras de telefonia e bancos em caso de roubo ou furto do aparelho. É preciso se cadastrar previamente na plataforma e registrar a ocorrência no aplicativo, mas não há garantia de bloqueio automático das contas. O objetivo é facilitar a vida da vítima.
Trinta dias após o lançamento da plataforma, a Bahia já se destacava com o maior número de ocorrências registradas no aplicativo. Àquela altura, eram 718 bloqueios no estado. Os dados mais atualizados, fornecidos pelo MJSP, apontam que o estado subiu para o quarto lugar no ranking, com 5.222 pedidos de bloqueio, perdendo para São Paulo e Rio de Janeiro.
Além de Salvador e Lauro de Freitas, outras três cidades da Bahia estão entre as 50 brasileiras com as maiores taxas: Camaçari (1.066,3), Simões Filho (973,3) e Feira de Santana (761,5). Os números absolutos de aparelhos não foram divulgados.
Realidade na Bahia
Em nota enviada ao jornal Correio, parceiro do Alô Alô Bahia, a Secretaria da Segurança Pública do estado (SSP) afirma que “são constantes os investimentos em tecnologia, inteligência, equipamentos, capacitação e reforço dos efetivos, com o objetivo de combater as organizações criminosas que violentam as comunidades”. Segundo especialistas, para diminuir a prática desses crimes, é preciso que investigações da polícia cheguem aos receptores dos aparelhos roubados.
“Para mitigar os danos, o usuário pode dispor de aplicativos para localizar o aparelho e apagar as informações, em caso de roubo. Além de usar senhas mais complexas e biometria facial”, orientou a advogada Tamíride Monteiro, especialista em Direito Digital e cybercrimes, que reforça ainda a importância do registro da ocorrência, para que a polícia possa mapear os crimes.
Outra sugestão é que se comunique o roubo ou furto no site gov.br com a indicação do IMEI, para que o aparelho não possa ser comercializado, já que pessoas que compram celulares roubados, mesmo que sem intenção, também podem ser responsabilizadas por receptação, com pena de até quatro anos de reclusão.
Frequência
Segundo o relatório apresentado, o volume de ocorrências de roubo e furtos de celulares teve redução de 4,7% no Brasil, em comparação com 2022. Mas, ainda são quase 1 milhão de aparelhos subtraídos no país. O Anuário detalha como as ocorrências acontecem, principalmente em vias públicas – 78%, no caso dos roubos, e 44%, no caso dos furtos. A maioria dos furtos acontecem nos finais de semana, com sábados e domingos representando 35% dos registros. Já os roubos são mais frequentes entre terça e sexta-feira.
Os furtos de celular atingiram homens e mulheres na mesma proporção no Brasil, mas os roubos acontecem mais com os homens (58% dos casos). O grupo mais atingido são jovens de 20 a 29 anos. Cidadãos brancos são mais furtados, enquanto os negros são mais roubados, em situações mais violentas.