5 Mar 2022
“Não há critérios objetivos para definir o fim da pandemia”, dizem cientistas
Peter Doshi, editor da revista científica British Medical Journal, faz coro ao colega, com quem já publicou artigos também no The Washington Post sobre o tema. Assim como em outras epidemias no passado, ele crê que caberá às sociedades determinar quando voltar ao normal, já que o coronavírus seguirá circulando, sofrendo mutações e reinfectando pessoas.
"A pandemia é antes de tudo um evento social, não biológico. Podemos ver isso na variedade de respostas governamentais ao vírus. A principal lição da história é que sociedades seguem em frente, aceitando a circulação do vírus. Podemos e devemos continuar a desenvolver formas de proteger os mais vulneráveis, mas isso não envolverá sua erradicação", ponderou David.
Segundo ele, tentar estabelecer uma métrica epidemiológica que determine que a pandemia acabou sugere que o fim dela deve ser determinado por um único grupo de especialistas, que não concordam sobre qual deve ser a métrica utilizada. "Se usássemos alguma dessas métricas propostas, a pandemia teria 'acabado' várias vezes nos últimos dois anos", analisa Peter.
Para a dupla, a grande diferença histórica da pandemia de Covid-19 para as anteriores está no fato de que o ser humano acreditou que, desta vez, seria possível fazer o vírus desaparecer, o que foi desmentido com as sequentes ondas e variantes. "Era previsível que o Sars-CoV-2 se tornaria outro de nossos patógenos sazonais endêmicos. Historicamente, é isso que acontece", sentenciou Robertson.
Questionados se é possível voltar ao normal no Brasil, onde cerca de 600 pessoas ainda morrem diariamente e mais de 650 mil perderam as vidas, os pesquisadores foram categóricos. "As pandemias nunca terminam da mesma maneira e ao mesmo tempo em todos os lugares. Como a pandemia terminará no Brasil dependerá de como a sociedade brasileira continuará respondendo ao vírus nos próximos meses e anos".
Foto: Reprodução/UOL-iStock. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.


