2 Mar 2023
Pedido de cassação de vereador que discursou contra baianos é aceito em Caxias do Sul

Na última terça-feira (28), Fantinel usou a tribuna da Câmara de Vereadores para pedir que os produtores da região "não contratem mais aquela gente lá de cima", se referindo a trabalhadores vindos da Bahia.
A declaração foi feita após a descoberta de mais de 200 homens em situação análoga à escravidão em um alojamento de Bento Gonçalves. A maioria deles era da Bahia e atuava na colheita de uvas de três vinícolas da região.
Além de ter tido um boletim de ocorrência registrado contra ele pelo deputado estadual Leonel Radde (PT), o Ministério Público do Trabalho (MPT) do Rio Grande do Sul também investigará o parlamentar por apologia ao trabalho escravo.
Entre os pedidos de cassação está o feito pelo ex-vice-prefeito de Caxias do Sul, Ricardo Fabris de Abreu, na manhã de quarta (1º). No pedido, ele diz que "Caxias do Sul e o Rio Grande do Sul são agora vergonha nacional, acusados de serem locais racistas, extremistas e xenófobos" e que o vereador transformou a Câmara de Vereadores em "uma câmara dos horrores, com a tribuna servindo de picadeiro".
Em entrevista à RBS TV, Fantinel disse ter sido mal interpretado. "A intenção era transmitir para os agricultores terem um certo cuidado. Porque existem alguns grupos que estão dando golpes usando a questão da analogia à escravidão. Quando a gente está no calor da fala, a gente diz palavras que não representam a gente", afirmou.
Nas redes sociais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também condenou a fala do vereador, se posicionando contra o "discurso xenófobo e nojento" do parlamentar. "Não representa o povo do Rio Grande do Sul. Não admitiremos esse ódio, intolerância e desrespeito na política e na sociedade. Os gaúchos estão de braços abertos para todos, sempre", disse Leite.
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