Médico neurologista Ivar Brandi fala sobre sequelas da Covid-19; veja vídeo

Após mais de um ano do início da pandemia de COVID-19, a doença que inicialmente foi tratada como uma síndrome respiratória atualmente é compreendida como uma doença multissistêmica, que pode afetar diversos órgãos e sistemas, incluindo o cérebro, um dos principais alvos. Com o aumento de número de casos e aparecimento de novas variantes do vírus, o número de pacientes com sintomas neurológicos e psiquiátricos aumentou consideravelmente.
 
O novo coronavírus (SARS Cov-2) pode afetar o sistema nervoso central por diferentes maneiras:

- Propagando-se de modo retrógrado desde as fossas nasais onde infecta células do sistema olfatório até alcançar o cérebro
- Através de pequenas isquemias cerebrais que resultam do estado de hipercoagulabilidade sanguínea associada à infecção pelo vírus
- Como consequência da resposta inflamatória sistêmica ao vírus
 
A intensidade dos sintomas neurológicos não tem relação com a gravidade da síndrome respiratória. Sintomas neurológicos podem ocorrer após as formas graves de COVID-19, em pacientes que necessitaram de internação em UTI e receberam suporte invasivo. Os sintomas são diversos: fraqueza muscular com dificuldade para andar e realizar atividades básicas, crises convulsivas, alterações cognitivas como déficit de memória, dificuldade de concentração, fadiga crônica, acidente vascular encefálico entre outros. Muitos destes pacientes necessitarão de atividades de neurorreabilitação após a alta da UTI.
 
Mas, mesmo após formas leves de COVID-19, ou nos casos de COVID longa (mais de 12 semanas de sintomas), as alterações neurológicas podem ocorrer. São frequentes pacientes que relatam dificuldades de memória e atenção, alterações do sono, dor de cabeça persistente, ansiedade e depressão, alterações do olfato e paladar que levam a dificuldades para retornar ao trabalho e atividades de lazer.
 
Há várias alternativas de tratamento que podem incluir medicamentos como antidepressivos, indutores do sono, anticonvulsivantes e vários outros. Os fitocanabinóides também podem ser empregados e têm se mostrado promissores nestes casos. Medidas não medicamentosas como prática regular de atividade física, cuidados dietéticos, atividades cognitivas, meditação e mindfulness também podem ser utilizadas.
 
O legado da COVID 19, infelizmente, irá nos acompanhar por muito tempo. Caso você tenha apresentado a doença e apresente algum sintoma persistente, recomenda-se realizar avaliação médica. Evite a auto-medicação e não negligencie os sintomas.
 
E não se esqueça, vacine-se e mantenha as medidas de prevenção.

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Por Ivar Brandi. Médico neurologista pela UFPR. Mestre em Medicina e Saúde - UFBA. Pós graduação em Pesquisa Clínica - Harvard School of Public Health.

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Foto: Rodolfo Carvalho. Siga o insta @sitealoalobahia.

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