Evaldo Macarrão celebra sucesso de Jupará e comenta amizade com Humberto Carrão: 'um irmão'

É jornalista, repórter e escreve para o Alô Alô Bahia | @tooonho.

“Uma pessoa de fé, movida pela ancestralidade e pela espiritualidade”. É assim que o ator Evaldo Maurício Silva, mais conhecido como Evaldo Macarrão, de 32 anos, se define. A cultura baiana, a história dos pais, a relação com o samba e as artes são temas de presença forte na história de Evaldo. Mas a espiritualidade ganha destaque. “É isso que falo para quem não me conhece: sou um homem de fé, filho de Deus e de orixá”, sustenta.

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Em entrevista exclusiva ao Alô Alô Bahia, Evaldo falou sobre carreira, projetos, Jupará e a forte amizade com Humberto Carrão.
 
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Nascido e criado no bairro de Cosme de Farias, Evaldo é engajado no movimento negro e enxerga a arte como uma forma de combater dores e criar espaços de representatividade e protesto, ocupando posições e assumindo protagonismos – especialmente por meio da arte e da educação.
 
Evaldo relembra os primeiros contatos com as artes cênicas, em um projeto social soteropolitano, o Centro de Referência Integral de Adolescentes (Cria), que forma multiplicadores artísticos para atuar nas comunidades de origem, identificando e desenvolvendo novos talentos. Um dos multiplicadores, Adenilton Nascimento, o  "Sassá", hoje amigo de Evaldo, foi quem primeiro prestou atenção às habilidades de atuação do então garoto. “Ele identificou em mim, além do interesse, uma sagacidade nesse encontro com o teatro”, relembra o ator.
 

Indicado por Adenilton, Evaldo foi selecionado para um grupo teatral, o Abebé Omi, onde afirma ter começado o seu desenvolvimento como ator e, também, multiplicador cultural. “Foi ali que despertei para as artes cênicas. Logo em seguida, surge um teste para Capitães da Areia, que foi meu primeiro trabalho no audiovisual”, conta. E foi no papel de Pirulito, um dos doze meninos da obra de Jorge Amado, que Evaldo afirma ter se encontrado como profissional. “Nesse momento, tive mais certeza ainda que era dessa água que eu deveria beber, que aquilo estava dando certo”.
 
Evaldo também participou de grupos de teatro importantes como o Bando de Teatro Olodum, interpretando diversos textos dramatúrgicos, ao lado de grandes nomes da arte no estado.
   
Depois do convite para o primeiro trabalho na Globo, em “A Grande Família”, veio a proposta para o "Zorra", programa humorístico também da rede. Aí, a “paquera” com o Rio de Janeiro ficou mais forte, e a vida profissional de Evaldo mudou de eixo. “Tive muita visibilidade com o Zorra e isso me possibilitou fazer outros trabalhos após o fim do programa, em 2020. E foram vários nesse universo do humor, no Multishow, por exemplo. Logo em seguida, fui convidado para duas séries e um filme da Netflix”.
 
 
Além do lado profissional, Evaldo conta que aprendeu com o Zorra a lidar com questões mais profundas, como o racismo. “Aprendi com Zorra a fazer intervenção nesse lugar de enfrentamento e combate ao racismo com o mecanismo do humor, para que eu não sofresse tanto com aquilo que me atinge de uma forma violenta. Aprendi a fazer denúncia com graça, e não para vulnerabilizar o oprimido, mas para denunciar e ridicularizar o opressor. Desenvolvi esse humor inteligente nas minhas denúncias contra o racismo”.
 
Jupará
 
Por seu trabalho mais recente, o icônico Jupará de Renascer, Evaldo recebeu uma avalanche de carinho dos fãs. “A repercussão está sendo linda. Muita gente falando, até chorando quando soube que o Jupará morreu, que não estaria mais na segunda fase”.
 
A reação nas ruas, muito positiva, emociona o ator. “Tenho dito que estou mais famoso que o Roberto Carlos”, brinca. “As pessoas estão me vendo e se reconhecem de alguma forma, se veem em mim. Muita gente me parando, pedindo foto e até para que o personagem volte. Respondo que esse poder eu não tenho, só o Benedito Ruy Barbosa”, completa.
 

Foi também a novela que proporcionou um encontro que deu certo: Evaldo e Humberto Carrão, que viveu o protagonista José Inocêncio na primeira fase. A dupla esteve em Salvador no verão e viveu uma intensa temporada pela cidade.

“Meu parceiro, meu amigo querido, um irmão”, é assim que Evaldo define o amigo.

Desde o primeiro contato com Humberto, em uma leitura do texto de Renascer, Evaldo sentiu uma forte sintonia entre os dois. “Na preparação para novela, fui no samba que ele faz lá no Rio de Janeiro, ele tem um grupo de samba e eu não sabia que ele tocava repique. Até hoje, arrepio quando vejo ele tocando, lembro muito do meu pai”. O pai de Evaldo tocava o mesmo instrumento – e foi figura de destaque na história do tradicional bloco Alerta Geral - sendo conhecido em Salvador como Edvaldo do Repique.

“Humberto tem a minha idade, mas ele parece um senhorzinho falando e pensando a vida. Ele tem um jeito de comentar a vida, as coisas e as pessoas de uma forma bastante política”, revela. Da parceria de trabalho, nasceu uma irmandade. Evaldo descreve Carrão como um “parceiro de cena bastante generoso e iluminado”. Na despedida da primeira fase da novela, Humberto Carrão publicou um texto especial para os amigos e colegas de trabalho.
   
Carnaval de Salvador

No verão soteropolitano, duas coisas eram certas: o calor na cidade e a presença de Humberto Carrão nos mais diversos eventos culturais. Grande parte deles, ao lado de Evaldo. Entre os diversos momentos, Evaldo cita dois que foram particularmente especiais.

“O primeiro foi no Alerta Geral. Falei muito para Humberto do Alerta, contei que meu pai, de alguma forma colaborou com esse bloco então na maioria das vezes eu faço questão de estar presente, é uma paixão para mim. Ele ficou empolgado para conhecer o Alerta Geral e, como ele é amigo do Xande de Pilares, fomos convidados para ficar no trio. Foi um momento de grande emoção para mim, lembrei de meu pai naquele lugar e de tudo que ele viveu ali. E compartilhei isso com Humberto, que também se emocionou bastante".
 
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Outro momento que vai ficar na memória de Evaldo é a saída do afoxé Filhos de Gandhy. Evaldo e Humberto já haviam sido convidados para conhecer a sede do bloco e receber o traje que, em 2024, homenageou Caetano Veloso.
 
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“Primeiro, vivemos aquele momento incrível que é o padê de Exu na saída do Gandhy. Depois, ficamos no trio ao lado de Caetano e Gil e, quando me vi ao lado deles, chorei muito. Foi um momento de êxtase estar ao lado dos maiores mestres desse país e em uma celebração tão histórica como foi a desse ano, com homenagens e comemorações tão importantes”. E, continua Evaldo, dividir o momento com Carrão – que também é um fã declarado de Caetano e Gil, só potencializou a experiência.
   
A imersão na Bahia foi tão boa que Evaldo chegou a definir o amigo como "mais soteropolitano" que ele.

“Gostinho de quero mais”

Depois de Jupará, Evaldo planeja permanecer nas telinhas. “Tenho vontade de estar em outras novelas, gostei e fiquei com essa sede e quero beber mais um pouco dessa água”.

Antes de um novo personagem na teledramaturgia, Evaldo já tem um projeto em vista: Pablo e Luisão, uma série da Globoplay, capitaneada por Paulo Vieira. “Paulo é um amigo querido e me convidou para participar dessa nova série de TV e estou bem animado”, anuncia.

Além da proximidade com as artes, Evaldo tem uma relação afetiva e profissional com a educação – o artista é formado em pedagogia pela Universidade Católica do Salvador (Ucsal). Ele conta que também tem recebido convites mais direcionados a essa área de atuação. “Tenho sido convidado para festivais literários, mesa de debates e estou muito feliz por isso também, estudei me dediquei muito para esse lado e permaneço ativista da arte-educação”, relata.

O menino de Cosme de Farias saiu de Salvador com uma missão e um lema: “Honrar e orgulhar os meus ancestrais”. Pela trajetória até aqui, a missão está sendo cumprida de sorriso largo no rosto, sucesso, arte e a energia corajosa e contagiante da fala tranquila – e potente – de Evaldo. Tudo isso sem perder o que ele mesmo define como a “doçura do cacau”.
   

Fotos: Aline Martins/Imprensa/Alerta Geral/ Marilha Galla/Reprodução/Redes sociais

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