18 Nov 2022
Copa do Catar começa no domingo (20) já mergulhada em polêmicas e boicotes
Alguns deles, como “armas com suas respectivas munições”, “substâncias radioativas” e “entorpecentes e substâncias psicotrópicas (a menos que esteja com prescrição médica)”, já eram esperados na lista, claro, mas alguns chamam a atenção, como “material para apostas”, “produtos falsificados” e “imagens de extrema violência, crueldade ou pornografia”.
Região de costumes religiosos bastante conservadores e rígidos, por lá serão proibidos ainda “objetos que podem ser ofensivos a outras religiões e cultos” e “carne de porco e seus derivados”. Esta última proibição afeta diretamente algumas delegações, como a da Espanha, para a qual a carne de porco é recorrente nos pratos da culinária local.
Não fossem apenas as proibições, as conhecidas violações aos direitos humanos e trabalhistas também preocupam a comunidade internacional. O próprio ex-presidente da Fifa, há menos de duas semanas, havia afirmado que sediar a Copa do Mundo no Catar "foi um erro".
De acordo com o Observatório dos Direitos Humanos, no país, as mulheres vivem sob um "sistema de tutela masculina", que as impede de casar e restringe a possibilidade de estudo, trabalho e viagens internacionais sem a permissão de seus "guardiões" masculinos. O adultério é punido com setes meses de detenção e 100 chibatadas.
Pessoas LGBTQIA+ e outros grupos vulneráveis não contam com políticas públicas de apoio, tendo, pelo contrário, coro da população a declarações como a de Khalid Salman, ex-jogador da seleção do Catar e embaixador da Copa, de que "a homossexualidade causa danos mentais".
A Fifa e a organização da competição jogaram panos quentes, garantindo que visitantes homossexuais seriam bem-vindos durante o evento e, desde que respeitem os costumes locais, podem se sentir seguros.
O país, que se diz "vítima de invenções e duplos padrões", também não é bem visto pelas condições de trabalho análogas à escravidão impostas a imigrantes do sudeste asiático. Recentemente, foi revelado um sistema de apadrinhamento, conhecido como "kafala", em que os empregados ficam completamente dependentes dos patrões.
Outro escândalo foi o tratamento aos trabalhadores que participaram da construção dos estádios e da infraestrutura para a Copa. Segundo o jornal britânico "The Guardian", 6,5 mil trabalhadores estrangeiros morreram no Catar desde que o país foi escolhido como sede do Mundial.
"Desde que conquistamos a honra de organizar a Copa do Mundo, o Catar é submetido a uma campanha sem precedentes que nenhum país sede jamais enfrentou", disse o emir Tamim bin Hamad al Thani, após campanhas, como a da Anistia Internacional, que, em maio, solicitou a doação da premiação da competição, de R$ 2,3 bilhões, para compensações aos trabalhadores explorados.
A Fifa, à época, apenas respondeu que a Copa gera empregos e "quando você dá emprego a alguém, mesmo em condições difíceis, está dando dignidade e orgulho". De lá pra cá, essas posturas das autoridades e dirigentes renderam boicotes de artistas como Dua Lipa, Shakira e Rod Stewart, que optaram por não se apresentarem no país durante o evento.
Foto: Matthew Ashton/AMA/Getty Images. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.