Copa do Catar começa no domingo (20) já mergulhada em polêmicas e boicotes

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A Copa do Mundo do Catar só começa neste domingo (20), às 13h, mas as polêmicas em torno da realização do campeonato no país do Oriente Médio começaram bem antes. Além da proibição, de última hora, do consumo de álcool dentro dos estádios, outros oito itens estão proibidos durante o evento.
 
Alguns deles, como “armas com suas respectivas munições”, “substâncias radioativas” e “entorpecentes e substâncias psicotrópicas (a menos que esteja com prescrição médica)”, já eram esperados na lista, claro, mas alguns chamam a atenção, como “material para apostas”, “produtos falsificados” e “imagens de extrema violência, crueldade ou pornografia”.
 
Região de costumes religiosos bastante conservadores e rígidos, por lá serão proibidos ainda “objetos que podem ser ofensivos a outras religiões e cultos” e “carne de porco e seus derivados”. Esta última proibição afeta diretamente algumas delegações, como a da Espanha, para a qual a carne de porco é recorrente nos pratos da culinária local.
 
Não fossem apenas as proibições, as conhecidas violações aos direitos humanos e trabalhistas também preocupam a comunidade internacional. O próprio ex-presidente da Fifa, há menos de duas semanas, havia afirmado que sediar a Copa do Mundo no Catar "foi um erro".
 
De acordo com o Observatório dos Direitos Humanos, no país, as mulheres vivem sob um "sistema de tutela masculina", que as impede de casar e restringe a possibilidade de estudo, trabalho e viagens internacionais sem a permissão de seus "guardiões" masculinos. O adultério é punido com setes meses de detenção e 100 chibatadas.
 
Pessoas LGBTQIA+ e outros grupos vulneráveis não contam com políticas públicas de apoio, tendo, pelo contrário, coro da população a declarações como a de Khalid Salman, ex-jogador da seleção do Catar e embaixador da Copa, de que "a homossexualidade causa danos mentais".
 
A Fifa e a organização da competição jogaram panos quentes, garantindo que visitantes homossexuais seriam bem-vindos durante o evento e, desde que respeitem os costumes locais, podem se sentir seguros.
 
O país, que se diz "vítima de invenções e duplos padrões", também não é bem visto pelas condições de trabalho análogas à escravidão impostas a imigrantes do sudeste asiático. Recentemente, foi revelado um sistema de apadrinhamento, conhecido como "kafala", em que os empregados ficam completamente dependentes dos patrões.
 
Outro escândalo foi o tratamento aos trabalhadores que participaram da construção dos estádios e da infraestrutura para a Copa. Segundo o jornal britânico "The Guardian", 6,5 mil trabalhadores estrangeiros morreram no Catar desde que o país foi escolhido como sede do Mundial.
 
"Desde que conquistamos a honra de organizar a Copa do Mundo, o Catar é submetido a uma campanha sem precedentes que nenhum país sede jamais enfrentou", disse o emir Tamim bin Hamad al Thani, após campanhas, como a da Anistia Internacional, que, em maio, solicitou a doação da premiação da competição, de R$ 2,3 bilhões, para compensações aos trabalhadores explorados.
 
A Fifa, à época, apenas respondeu que a Copa gera empregos e "quando você dá emprego a alguém, mesmo em condições difíceis, está dando dignidade e orgulho". De lá pra cá, essas posturas das autoridades e dirigentes renderam boicotes de artistas como Dua Lipa, Shakira e Rod Stewart, que optaram por não se apresentarem no país durante o evento.
 
Foto: Matthew Ashton/AMA/Getty Images. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

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