Thais Darzé fala sobre arte, curadoria, criatividade e revela os planos para os 40 anos da Paulo Darzé Galeria

Thais Darzé nasceu no mesmo ano em que seu pai, Paulo, fundou a galeria de arte que leva seu nome. Era 1983 e o empresário tinha uma loja de móveis na Rua Chile, Centro de Salvador. Por conta do convívio com muitos artistas, passou a fazer algumas permutas, foi se encantado com o universo da arte e abriu o espaço, que na época recebeu o nome de Escritório de Arte da Bahia
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Desde pequena, Thais frequentava ateliês de artistas, ia a exposições e o calendário familiar seguia em função dos grandes eventos de arte. “Em 2005, deixei o mercado publicitário e fui assumir a direção da galeria ao lado de Paulo”, conta. Em 2009, sentindo falta de formação específica – ela é bacharel Comunicação Social pela ESAMC e pós-graduada em Administração pela UFBA – e foi para a Inglaterra estudar Art and Business na Sotheby’s Institute of Art, onde passou uma temporada de 1 ano e meio antes de retornar.
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Em quatro décadas, a galeria construiu uma reputação que vai além das fronteiras do estado, representando tanto artistas já consolidados, como Leda Catunda, Tunga, Antonio Dias e Vik Muniz, quanto nomes mais recentes, como Anderson Cunha, Lara Viana e Mirela Cabral. Em 2022 participou de grandes eventos, como a SP-Arte, e passou por uma expansão no espaço que ocupa em uma rua transversal do Corredor da Vitória. Thais Darzé esteve presente em cada um desses momentos e revela alguns detalhes desse universo criativo na entrevista a seguir.
 
Alô Alô Bahia - Desde que a galeria foi criada, a arte passou por diversas fases, mais ou menos otimistas em termos de visibilidade e consumo. Como você avalia o momento atual?
Thais Darzé - Avalio o momento atual como um período de suspensão. Isso acontece devido ao momento político em que vivemos: com a mudança de governo federal, muitos colecionadores ficam aguardando essa transição para tomar decisões.
 
AAB - A Paulo Darzé está hoje entre as principais galerias do país. Como se deu essa construção e a que se deve essa relevância?
TD - Faremos 40 anos de atividade ininterrupta em 2023. Ao longo desses anos, a galeria desenvolveu um trabalho sério não só voltado para a venda e comercialização de obras de arte, mas assumimos um compromisso em difundir e promover as artes visuais, mantendo uma pauta consistente de exposições, participando de feiras nacionais e internacionais, produzindo catálogos, etc.
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AAB - Qual a importância de participar de grandes feiras, como a SP-Arte?
TD - A importância é justamente colocar a galeria dentro do circuito nacional. As feiras são estratégias mais institucionais do que comerciais. Obviamente que são feiras de negócios e que a comercialização é importante, mas o mais relevante nesse caso é ampliação do público e a possibilidade de divulgar grandes nomes da arte baiana no cenário nacional.
 
AAB - Além de comercializar artistas consagrados, a galeria abre espaço e dá visibilidade à artistas ainda sem projeção nacional, mas com potencial. Como é feita essa curadoria?
TD -
Sim, estamos sempre atentos a novos talentos e construindo essa projeção em conjunto com os artistas que fazem parte da galeria. Atualmente, temos muita preocupação com questões de representatividade, tentando construir um acervo o mais polifônico possível.
 
AAB - O que te motiva no seu trabalho?
TD - Hoje, uma das coisas que mais me motiva no meu trabalho são as curadorias e a produção dos textos. A experiência de adentrar profundamente no universo de cada um dos artistas e construir narrativas ao lado deles é fascinante.
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AAB - O que mudou na última década na forma de conduzir uma galeria de arte?
TD - Sem dúvida nenhuma, a maior mudança vem por conta do universo digital. A forma de divulgação e difusão de informações mudou de forma revolucionária nos últimos 10 anos. A força e importância das mídias sociais nos dias de hoje mudou totalmente a forma de conduzir o negócio. A velocidade que o cliente aguarda um orçamento e a necessidade de criar conteúdo ganharam uma dinâmica totalmente nova.
 
AAB - Por que vocês decidiram ampliar a galeria?
TD -
Por duas razões: a primeira, necessidade de mais espaço para o acervo; a segunda, para ter um segundo espaço para exposições um pouco menores.
 
AAB - Qual exposição foi mais marcante para você até hoje e por quê?
TD - Entre Bahia de África - Pierre Verger. Foi a primeira exposição que assinei a curadoria dentro da Paulo Darzé Galeria. Cresci ouvindo a admiração que meu pai sempre teve pela obra de Verger e o seu relato de como desejava fazer uma exposição dele na galeria, que seria a realização de um sonho. Fazer essa exposição e ainda assinar a curadoria foi muito especial.
 
AAB - Quais os planos da galeria para 2023?
TD - Vamos completar 40 anos em 2023 e estamos pensando uma pauta muito especial, além do lançamento de um livro com a trajetória dessas quatro décadas.

Fotos: divulgação e reprodução. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.
 

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