17 May 2022
Presidente do iFood, empresário baiano revela trajetória em entrevista inédita
Bloisi é natural de Salvador (BA) e ainda jovem mudou-se para São Paulo para realizar seu sonho: estudar ciências da computação. Ele passou pelas principais escolas de negócios do mundo como a Harvard Business School e a Stanford University School of Business. Os detalhes sobre essa trajetória de sucesso foram contados na conversa com o CEO da HSM e co-CEO da SingularityU, Reynaldo Gama.
Relembre a trajetória de Fabricio Bloisi:
Sonho grande
“O sonho grande começou pra mim aos 17 anos. Eu estava me preparando para o vestibular e li um livro que dizia ‘pense metas muito grandes, pense metas incrivelmente grandes para daqui a 20 anos. Só que tem que ser grande o suficiente para que, se você contar para os seus amigos e a sua família, eles riam e digam que isso é completamente impossível. Se eles disserem isso, é grande o suficiente.
Pense esse sonho para daqui a 20 anos. Depois pense em outro, intermediário, para 10, depois para 5, depois para 1, depois para 6 meses, depois para 1 mês.’ Esse mesmo livro diz que se você teve uma ideia ou um sonho e ele é realmente importante para você, anote, porque se você não teve disposição para anotar isso, não era importante e significativo o suficiente.
Esses poucos conselhos definem como funciona um monte de coisas na minha vida, desde os 17 anos. E talvez definam como funcionam o iFood e a Movile, porque a gente tem essa disciplina de sonhar grande, colocar no papel, colocar data, contar para todo mundo e ir executando com disciplina, passo a passo, até chegar lá.
Comecei com o sonho grande de ser um piloto de helicóptero, que é uma paixão minha, mas também o de criar uma empresa muito grande, de ser honesto no longo prazo e de contar essa história para ser referência de que é possível fazer as coisas direito. [Outro sonho grande era] que eu ia passar em vários vestibulares e ia estudar o que eu queria, que era tecnologia. Esse foi o primeiro desenho de quais seriam meus sonhos grandes, aos 17 anos. Os próximos 20 anos vão ser melhores ainda, então eu tô bem animado”.
Criatividade e disciplina
“Eu não faço as coisas iguais todos os dias: eu mudo tudo, tenho ideias diferentes, tenho ideias loucas e mudo de ideia, e acho isso super importante. São duas coisas que eu falo sempre: a importância de ser criativo, ao máximo, e ao mesmo tempo disciplinado. É daí que a gente fala um pouco de ambidestria.
Eu sou criativo, naturalmente eu sou mais aberto a fazer coisas diferentes, sempre. Mas descobri que, para atingir objetivos grandes ou fazer coisas grandiosas, é preciso ter disciplina e se manter mais ou menos na mesma direção, mesmo com as coisas dando errado, fazendo pequenos ajustes.
Mesmo eu não sendo naturalmente disciplinado —aliás, algumas pessoas dizem: ‘Fabricio, você sabe falar em público, falar no longo prazo, você sabe ser disciplinado—, a maior parte desses pontos eu aprendi porque achei que eram características boas para construir a história que eu queria construir. Então dá para aprender a falar em público, a ser disciplinado, mesmo não sendo assim naturalmente. Para construir uma empresa, um sonho, um propósito que é difícil, você precisa de disciplina ao longo do tempo.
Então eu me forcei a ter o lado criativo, mas ter o lado que fala ‘olha, eu tenho esse plano, que vai ser executado desse jeito, essas são as datas, vou ter a disciplina de juntar as pessoas, contar, comunicar, cumprir aquela agenda. Foi fundamental ter esse lado para fazer a história do iFood e da Movile andar”.
Fabricio no dia a dia
“Minha rotina, hoje, envolve exercício físico de manhã, quatro vezes por semana eu faço ginástica, uma hora, duas, três. Normalmente no final de semana faço duas ou três horas e, durante a semana, uma hora. Isso foi super importante para mim. Não tinha nada a ver com a minha vida há cinco anos, eu era totalmente zero exercício. Agora eu acho que faz muito bem para a saúde, faz muito bem para a cabeça.
Eu sempre começo o dia com o exercício, depois tento ficar algumas horas sem fazer muitas reuniões pré-marcadas das 9h às 12h, para eu ter alguma flexibilidade no dia. Eu sempre faço reuniões nesse horário, mas marco na véspera, porque assim eu tenho alguma flexibilidade no meu dia.
Depois eu tenho dez reuniões por dia, de meia em meia hora, sem parar, de muitos assuntos. O difícil de ser presidente de uma empresa muito grande é que são muitos assuntos muito diferentes e não conectados. Às vezes eu tenho meia hora de reunião sobre contabilidade, finanças, outra com alguém da Colômbia, da Europa, dos Estados Unidos, aí leio um livro sobre criatividade, reunião de inovação.
Conseguir organizar essa mudança de contexto várias vezes por dia é um desafio enorme, mas também faz parte da diversão de ter uma empresa assim. Dá para fazer muitas coisas diferentes, aprender e viver coisas diferentes, conhecer pessoas diferentes, que eu admiro, acho isso o máximo.”
Sonhos pessoais
“Meus sonhos grandes pessoais: continuar sendo uma pessoa que inspira, que é honesta, que constrói um país legal, continuar a estar muito perto da família, ter uma família feliz, mais do que bem-sucedida e que dinheiro, que viva bem e goste do que está fazendo.
Eu sou de Salvador, morei lá até os 18 anos, minha família é não só de Salvador, mas de Ilhéus e de Mutuípe. Eu sempre, desde pequenininho, sonhei em trabalhar com tecnologia, e computadores, com robôs, com espaço, com inovação, com aprender coisas novas. É uma paixão de verdade minha. Eu estudo muito e trabalho muito porque acho que estou fazendo algo muito legal, com um propósito e uma direção que eu gosto. Aliás, algo que eu sempre falo é: o segredo de dar certo é ser apaixonado pelo que você faz.
Eu adoro o que eu faço desde que eu comecei a trabalhar com computação. Eu comecei a estudar computação com oito anos de idade e a vender software de computador com 13 anos. Eu saía andando nos shopping centers tentando vender meus softwares, ninguém comprava. Errei bastante nos 13, 14, 15 anos. Minha mãe comprou bastante software meu, os parentes também, e depois eu comecei a vender um pouquinho para fora. Então sempre foi uma paixão divertida. Eu me divertia no caminho, em aprender, testar, dar errado, dar certo”.
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