Mario Kertész em entrevista afirma: “Na briga entre petismo e carlismo, quem tem perdido é Salvador.”

Dando sequência a uma série de entrevistas com os candidatos ao Palácio Thomé de Souza, o mais alto cargo DO Executivo Municipal, o Alô Alô Bahia, dessa vez, interroga Mario Kertész. Confere:

Alô Alô Bahia – Como iniciou-se o seu interesse por política?

Mario Kertész – Desde criança me interesso por política, e acompanhava com muito interesse o governo de Antonio Balbino, por exemplo.

Alô Alô Bahia – O senhor foi prefeito nomeado de Salvador, entre 1979 e 1981, sob indicação DO então governador Antônio Carlos Magalhães. Dessa época, qual o maior aprendizado que carrega e qual a verdadeira influência de ACM em sua vida política?

Mario Kertész – Antônio Carlos, com todos os erros que cometeu, teve muitos acertos, que merecem ser lembrados e valorizados. Convivi intensamente com ele por 14 anos, e acho o que ele tinha, que é característica minha também, é a capacidade de administrar. Ele separava política de administração e, em sua agenda, cuidava das duas coisas com o mesmo interesse e a mesma energia. Antônio Carlos era inquieto, lia os jornais, conversava com AS pessoas, fiscalizava o que estava acontecendo de perto, e cobrava dos seus secretários. E com relação à influência, foi ele quem me lançou Secretário de Planejamento DO Estado com apenas 26 anos. Confiou NO meu potencial e delegou a mim a secretaria mais importante de seu governo.

Alô Alô Bahia – O que determinou lançar-se candidato a Prefeitura de Salvador durante estas eleições?

Mario Kertész – Não sou político e não reabri, com a candidatura, a minha carreira política, encerrada há 20 anos. Ofereço-me para ADMINISTRAR a cidade por 4 anos, e só. Organizar a casa e retomar a capacidade de planejar o futuro de Salvador, que ficou estagnada nos últimos 8 anos em função da gestão desastrosa desse prefeito. O fato é que resolvi lançar-me candidato porque não poderia ficar indiferente ao ver Salvador entregue a disputas e interesses pessoais, que colocam-se acima dos reis interesses e momento da cidade. De um lado, o projeto de um partido que quer se manter NO poder, e conquistar a hegemonia nos governos municipal, estadual e federal, e que entende que a vitória é importante para a manutenção DO poder em 2014. DO outro, um candidato que diz defender Salvador, mas na verdade defende seu partido, o projeto é “SalvaDEM”, legenda cuja sobrevivência depende totalmente DO resultado dele nessas eleições. A depender DO resultado, o partido pode acabar.

Alô Alô Bahia – De acordo com o blog DO Josias, a eleição em Salvador será uma das quatro prioridades DO ex-presidente Lula. Qual sua opinião sobre a campanha municipal ter importância nacional?

Mario Kertész – Não concordo com essa nacionalização de campanhas municipais, e apenas reforça o que falei sobre o interesse de manutenção DO poder, através de acordos e alianças nacionais, que não retratam a realidade DO LOCAL e nem colocam o interesse da cidade num primeiro plano. AS eleições municipais refletem realidades muito específicas e apenas isso deve ser levado em consideração.

Alô Alô Bahia – Se não fosse candidato, em quem Mario Kertész voltaria?

Mario Kertész – Não trabalho com hipóteses, com “se”.

Alô Alô Bahia – Na sua opinião, qual o maior problema da cidade DO Salvador?

Mario Kertész – Saúde e mobilidade urbana são os dois principais desafios DO próximo prefeito.

Alô Alô Bahia – Quando o povo o aborda nas ruas, praças e ladeiras, quais os mais importantes pedidos e queixas?

Mario Kertész – Todo pedido e queixa que recebo são importantes porque têm valor e influência na vida de um cidadão, não podemos ignora-los. Mas, AS reclamações ligadas ao trânsito de Salvador e à dificuldade de atendimento na rede pública de saúde são os mais recorrentes. Além disso, a cidade está tão descuidada que recebo muitos pedidos de coisas simples, e com AS quais me preocupo, resultado da falta de gestão, como limpeza da ruas, conservação das praças, iluminação pública e cuidado com AS calçadas.

Alô Alô Bahia – O senhor acha que falta inteligência para gerir Salvador?

Mario Kertész – Sem dúvidas. Faltam inteligência, capacidade, interesse pela cidade, cuidado com a cidade, e um monte de outras coisas. João Henrique é o pior prefeito que Salvador teve, pelo menos nos últimos 20 anos.

Alô Alô Bahia – O que pretende fazer com o problema dos camelôs que infestam todos os caminhos da cidade, inclusive AS passarelas?

Mario Kertész – Primeiro que eu não acho que os camelôs devam ser vistos como um problema. Essa visão é equivocada. A atividade de vendedor informal envolve cerca de 150 mil pessoas. Se fizermos uma conta simples, entenderemos que pelo menos 500 mil pessoas dependem, direta ou indiretamente, dessa atividade em Salvador. Vou tratar diretamente com a categoria para encontrar um denominador comum, e organizar e dar infraestrutura para eles atuarem.

Alô Alô Bahia – Por que Mario Kertész quer ser prefeito de Salvador pela terceira vez?

Mario Kertész – Para cuidar de Salvador e de seus interesses, em política, nem politicagem. Afastei-me DO Grupo Metrópole, e DO rádio, onde tinha uma posição bem confortável de pedra, e assumi a condição de vidraça para colocar minha experiência e capacidade de liderança a favor da cidade. Acho que o momento de crise e abandono total pede, além de experiência comprovada, de alguém que já esteve na prefeitura e fez muito por Salvador, alguém que tenha a capacidade de dialogar, de unir o que FOR melhor para Salvador, independente de partido ou de visão política. Não isolarei a cidade, nem a deixarei totalmente dependente dos governos estadual e federal, buscarei a autonomia e o reerguimento de Salvador, com diálogo e muito trabalho. NO fim das contas, na briga entre o petismo e o carlismo quem tem perdido é Salvador. Isso tem que acabar.

Foto: Reprodução/Geraldo Melo.

 

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