Hotel Fasano Salvador abre rooftop para público externo e faz balanço dos 5 anos na capital: 'Amor à primeira vista'

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Entre a decisão do Fasano de construir um hotel em Salvador e a inauguração da primeira unidade do grupo no Nordeste foram 15 anos. Nesse mês, o hotel completa cinco anos de operação na capital baiana e o Alô Alô Bahia bateu um papo com o sócio-diretor Constantino Bittencourt, 49 anos, em que ele fala sobre como o grupo sempre viu a cidade com um potencial turístico incrível e de como a decisão deles de investir no Centro Histórico foi vista com incredulidade por outros empresários à época. "Muita gente dizia que o Centro Histórico não era o lugar, mas a gente sempre acreditou", diz.  
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Bittencourt fala ainda, com paixão, sobre a escolha de um prédio secular para erguer a primeira bandeira do Fasano na Bahia. "Foi amor à primeira vista, tinha que ser aqui", avalia, se referindo ao prédio histórico, localizado na Praça Castro Alves, que abrigou a primeira sede do jornal A Tarde durante 45 anos e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) como Bem Cultural da Bahia.   

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Nesse bate-papo com o Alô Alô, o empresário menciona outra decisão certeira do grupo: abrir o Fasano em Trancoso. Já no primeiro ano de funcionamento, o hotel, que possui diárias acima de R$ 3 mil, esgotou todas as reservas para o réveillon. O feito se repetiu este ano. Em junho não havia mais vagas para os interessados em virarem o ano na unidade do grupo no extremo sul baiano. "No primeiro ano de funcionamento, Trancoso teve uma taxa de ocupação acima de 60%, o que é muito bom para um resort", ressalta.  
Ele também deu detalhes sobre a interação do público local com o Fasano Salvador. “A gente abriu há pouco tempo, o nosso rooftop para passantes, com reserva de quinta a sábado, para que as pessoas da cidade possam também frequentar. A gente tem sempre um DJ tocando e a pessoa pode vir tomar um drink”.  
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Confira a entrevista na íntegra: 

Alô, Alô - O Fasano está há cinco anos em operação na Bahia. É o único hotel do grupo no Nordeste. Olhando para trás, você avalia que acertaram ao escolher Salvador?  
  
Constantino - O estrangeiro quando pensa em Brasil, a primeira coisa que vem a mente é Rio e Bahia. São dois estados icônicos no imaginário popular, principalmente do estrangeiro. E eu sempre quis fazer um hotel aqui. Salvador sempre teve um potencial turístico incrível, teve seus altos e baixos, seus períodos de glória, e a gente queria resgatar um pouco esses tempos áureos, esses bons tempos de Salvador, mas queria fazer da forma correta.   
  
Alô, Alô - Vocês apostaram no Centro Histórico mesmo num momento em que a região estava desacreditada. O que moveu o grupo?  
  
Constantino - O eixo hoteleiro acabou por um tempo indo para a região de Ondina, tinha o Convento do Carmo que era uma espécie de resistência do Centro Histórico, mas acabou fechando. A gente sempre esteve certo de que, se fosse fazer em Salvador, queria muito que fosse aqui. Quando surgiu essa oportunidade, lembro que me ligaram e vim visitar. Fui recebido pela Prima, a gente foi almoçar em uma churrascaria, aqueles almoços longos aqui da Bahia, e eu louco pra ver o prédio. Quando cheguei, vi esse prédio lindo e pensei: não é possível que seja esse. Foi amor à primeira vista, tinha que ser aqui. Na época, muita gente dizia que o Centro Histórico não era o lugar, mas a gente sempre acreditou. E fazer parte, junto com o Fera e outros empreendedores locais, desse renascimento do Centro Histórico, pra gente é muito orgulho.   
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Alô, Alô - Da decisão de construir um hotel aqui até a inauguração foram 15 anos. Nesse período, o Centro Histórico passou por altos e baixos. Em algum momento, questionaram a escolha do local?  
  
Constantino - Eu peguei vários ciclos da revitalização do Centro Histórico. Peguei um momento muito bom da cidade, depois um período de abandono... Quando a gente finalmente inaugurou o hotel, o Centro Histórico já estava em outro patamar e, de lá pra cá, só vem melhorando. Vejo cada vez mais policiamento, achei linda essa decoração de Natal que fizeram. Acho que essas iniciativas, público e privadas, são importantíssimas, porque esse Centro Histórico é de uma beleza e de uma relevância para o Brasil muito grande, e preciso ser cuidado. Acho que a cidade sabe do potencial turístico, mas ainda não realizou. Se vier outro hotel aqui, será muito bem-vindo, porque só consolida ainda mais, só coloca Salvador em evidência. Agora vão reabrir o Convento do Carmo, isso tudo é muito positivo para a cidade. Se eu pudesse escolher um lugar para estar na cidade, escolheria exatamente esse prédio aqui.   
  
Alô, Alô - A escolha do local tem todo um simbolismo, um apelo histórico...  
  
Constantino - Da idealização até a inauguração foram 10 anos, então é um projeto com 15 anos. Com isso, acabei conhecendo profundamente a cidade, me envolvendo mais, me apaixonando pela cidade e acho que tem uma questão de resgate da história da cidade, mas também o fato de a primeira cidade do Brasil ser Salvador e uma das portas de entrada da cidade era, literalmente, de frente para o hotel, a porta de Santa Luzia. Tinha uma segunda, que era a porta Santa Catarina. Aqui era a entrada da cidade fortificada, a primeira cidade do Brasil, era literalmente na frente desse hotel. Hoje, o hotel está muito conhecido por estar em frente à Praça Castro Alves, mas na verdade é como se ele fosse o guardião da porta de entrada da cidade, acho que esse resgate histórico, cultural, social é muito importante. Nosso único projeto até hoje de retrofit no Brasil, de pegar um prédio histórico. Adoraria fazer mais.  
  
Alô, Alô - Depois do hotel de Salvador, o grupo investiu num resort em Trancoso. Há novos planos de expansão no estado?  
  
Constantino - Traçamos um plano de expansão no Brasil que a gente já alcançou. A gente queria ter um hotel de cidade no Nordeste, que tinha que ser Salvador. De resort, a gente queria um lugar muito estabelecido, que é o caso de Trancoso. Agora, estudamos a possibilidade de fazer em Baixio. Estamos conversando com a Prima, que é nossa parceira aqui há 15 anos, sobre essa possibilidade. Eles estão fazendo um investimento muito importante lá, nos convidaram pra estudar e estamos em processo de conversas. Está ainda em aberto, não está 100% definido, mas com certeza vai ser um hotel. Agora, como exatamente vai ser, não foi definido.   
  
Alô, Alô - O resort de Trancoso, no primeiro ano de funcionamento, esgotou as reservas para o réveillon ainda em junho. Como está a procura esse ano?  
  
Constantino - Também já está fechado, não tem mais vaga para o réveillon, desde o meio do ano. Punta Del Este, Trancoso e Angra são os mais procurados. Trancoso já é um destino muito consolidado, tem um calendário de festas conhecidas, está acostumado a receber, virou um destino de paulistas, que não só tem casa lá, como frequenta o ano inteiro. Ao longo do ano também tem muitos estrangeiros. No primeiro ano de funcionamento, Trancoso teve uma taxa de ocupação acima de 60%, o que é muito bom para um resort. Trancoso talvez seja o destino menos sazonal do Brasil. Tem muitos eventos, muitos casamentos. É um lugar que conseguiu, ao longo do tempo, prolongar muito a alta temporada. Acabou criando uma coisa única no Brasil, que é um destino de lazer que funciona o ano todo.   
  
Alô, Alô - E como está a procura para o réveillon no Fasano de Salvador?  
  
Constantino - Está enchendo aos pouquinhos, já está com uma taxa de 50%. Não é um destino muito procurado no réveillon, mas, aos poucos, acaba tendo uma ocupação razoável. A gente sente que há um pouco de transição. A pessoa vem, passa o réveillon, e depois vai para o Litoral Norte. O tempo de estadia é um pouco mais curto, mas tem o seu apelo.  
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Alô, Alô - Li uma entrevista em que você fala que o público local dá alma aos hotéis. Como se dá essa interação?  
  
Constantino - A gente abriu há pouco tempo, o nosso rooftop para passantes, com reserva de quinta a sábado, para que as pessoas da cidade possam também frequentar. A gente tem sempre um DJ tocando e a pessoa pode vir tomar um drink. Essa decisão de abrir foi muito por conta da experiência do Fasano do Itaim, que inauguramos em São Paulo. A gente criou um rooftop lá e está um sucesso. Aqui a gente abriu agora e acho que também está sendo um sucesso. Por razões óbvias e até por limite de espreguiçadeiras, nossa piscina durante o dia é restrita aos hóspedes. Mas, à noite, a gente decidiu abrir as portas e receber mais a cidade. A gente gosta muito de ser frequentado pela cidade, é isso que dá alma ao hotel. Se os turistas vêm para um hotel que os locais estão frequentando ele se sente parte da cidade. A gente sempre tenta criar nos hotéis um produto que a cidade frequente.  
  
Alô, Alô - O Fasano inaugurou no final de 2018 e pouco tempo depois teve que passar por uma pandemia que levou os hotéis a fecharem. Como foi passar por isso?  
  
Constantino - Ver esse hotel que demorou tanto para sair do papel ser uma realidade e depois ser o sucesso que é, tendo passado por uma pandemia, reaberto depois da pandemia, ver ele aqui, firme e forte, com uma diária média de ocupação como ele está, para a gente, é a realização de um sonho. Abrimos depois de tanto tempo de espera, e, na sequência, veio a pandemia. Ficamos de março a outubro de 2020 fechado, mas reabriu com bastante força e esse ano foi um ano completamente livre, o melhor ano do hotel. A taxa de ocupação é próxima de 50%. Temos a diária mais alta da região, acima de R$ 2 mil. Quando a gente inaugurou esse hotel, a diária média da cidade era por volta de R$ 300, R$ 400 e a gente já se posicionou alto. Agora, estamos a partir de R$ 2300, R$ 2500, se eu não me engano.  
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Alô, Alô - Qual é o público do Fasano? É o turista de lazer ou de negócios?  
  
Constantino - O público tem se misturado muito. Hoje em dia, com a possibilidade de você trabalhar remotamente, que veio com a pandemia, as pessoas têm tentado casar as duas coisas. Como a gente atrai o alto comando das empresas, o empresariado tenta estender um pouco mais, o nosso tempo médio tem aumentado. A gente tem visto isso na maioria dos nossos hotéis urbanos. É um público que é difícil você saber se ele está vindo estritamente a negócio, mas que é bom, porque ele faz a economia da cidade girar. Ele frequenta os restaurantes, vai nas exposições, faz a cidade girar.   

Fotos: Tati Freitas / Divulgação. 

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