De volta aos holofotes: Co-CEO da Dengo fala sobre resgate da produção de cacau no Sul da Bahia

A produção de cacau no Sul da Bahia quase chegou ao fim na década de 1980 quando a vassoura-de-bruxa devastou as plantações na região, levando vários produtores à falência. A doença é causada por um fungo que atinge os cacaueiros e descredibilizou a Bahia por um longo período. Num retorno triunfal, no entanto, desde o final da última década a Bahia vem se tornando berço de grandes marcas de chocolate que estão ganhando fama até mesmo no exterior. 

O modelo antes marcado coronelismo e escravidão, hoje tem foco no desenvolvimento de pequenos e médios produtores, aliado à práticas de ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa). Além disso, a preocupação com a quantidade deu lugar ao primor com a qualidade, o que vem dando resultados. 
 
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A Dengo Chocolates, que aposta na alta concentração de grãos de cacau em seus chocolates, surgiu em 2017 na Bahia, dividindo o período com nomes como Ju Arléo, Acalanto, Nusca, Caos, Aya, Nakau, Kalapa, Benevides e Monjolo. Para o Co-Fundador e Co-CEO da Dengo, Estevan Sartoreli, a recuperação da região é fruto de muito esforço. 

“Ao longo dos anos, melhorias genéticas e práticas adotadas permitiram a redução da vassoura-de-bruxa. Atualmente, a doença está sob controle, embora não totalmente erradicada. A natureza faz a parte dela, mas o produtor precisa fazer sua parte também com dedicação e cuidado ao longo de todo o processo. Um cacau de qualidade é fruto de bons cuidados no pré, durante e pós colheita”, coloca. 
 
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Ao justificar a escolha da região como fonte dos grãos que viram chocolate em uma fábrica em São Paulo, Sartoreli aponta que a Bahia voltou a ser o principal polo de cacau do Brasil, concentrando cerca de 65% da produção nacional e mais de 69 mil produtores. O estado divide também espaço com Pará e Espírito Santo. Segundo o CEO, o grande objetivo da marca é ser um negócio de impacto social na cadeia cacau-chocolate, gerando renda para pequenos e médios produtores em suas terras. 

A empresa compra os grãos por valores acima do mercado das mãos de produtores familiares, gerando melhor remuneração. A Dengo ainda possui a meta de dobrar a renda de pelo menos três mil produtores até 2030. Segundo dados de estudos recentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), 74% dos 93 mil produtores que cultivam cacau em quase 600 mil hectares no país pertencem à categoria da agricultura familiar.
 
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“Nossas principais frentes de atuação em ESG estão relacionadas à: construção de uma renda digna para todos, alimentação mais saudável e um consumo mais consciente, conservação da natureza e promoção de um mundo mais diverso e inclusivo. Investimos tempo e esforços em tais frentes pois acreditamos que esta é a forma correta de fazer negócios. Sonhamos com o dia em que todos os negócios valorizarão uma gestão de alta performance, respeito às pessoas, ao planeta e ao capital, em igualdade”, aponta o CEO. 

Mesmo com formação recente, a Dengo abriu, no início de 2023, uma loja de 70m² no bairro de Montmartre, famoso por ser reduto de artistas e de espaços culturais em Paris. Esta foi a primeira loja da marca fora do país; aqui no Brasil, já são 34. 
 
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“Acreditamos que a combinação de misturas irresistíveis de frutas e castanhas brasileiras com um chocolate de alta qualidade, que combina ainda sabor com saúde, valorização do produtor e respeito à natureza são elementos de nossa fórmula de crescimento. A aceitação da Dengo, dentro e fora do Brasil, se deve a oferta de um chocolate ético com sabores originais de nosso Brasil”, destaca Sartoreli. 

Ainda no cenário internacional, a marca Ju Arléo ficou em segundo lugar no concurso da Academy of Chocolate, em Londres, em 2022. O produto é um chocolate 70% que se diferencia por ser feito com mel de abelha uruçu, nativa do Sul da Bahia. A Benevides Chocolates, que também compra produtos de cacauicultores baianos, teve dois chocolates (50% cacau cappuccino e o 70% cacau clássico) premiados na Academy of Chocolate de Londres.


Fotos: Victor Affaro/Divulgação Dengo, Diego Cagnato/Divulgação Dengo, Divulgação/Dengo, Divulgação/Dengo e Divulgação/Dengo. 

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