22 May 2023
Da reprovação no vestibular de Música ao reconhecimento: Armandinho fala sobre receber Honoris Causa da Ufba aos 70 anos
Idealizador do trio elétrico e da guitarra baiana, o instrumentista, cantor e compositor Armandinho Macêdo completa, nesta segunda-feira (22), 70 anos de idade. De presente de aniversário, ele recebe, no próximo dia 24, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Em entrevista ao Alô Alô Bahia, Armandinho abriu o coração sobre suas conquistas ao longo desses 70 anos e sobre o que a condecoração da Ufba vai representar em sua vida. Confira:
Alô Alô Bahia: Como se sentiu ao saber que receberia o título de Honoris Causa da Ufba?
Armandinho Macêdo: O maestro Alfredo Moura indicou meu nome e a indicação foi muito bem recebida na universidade. Mas isso tudo foi uma surpresa para mim, eu realmente não esperava porque é algo que não é para todo mundo, temos nomes como Gilberto Gil, Maria Bethânia; imagina só. Até porque eu sou um músico que não sei música, nunca tive nenhum preparo no campo da teoria musical. Eu inclusive fiz o vestibular da Ufba para Música e perdi, mesmo com três discos já gravados, e passei em Artes Plásticas. Quando que eu ia imaginar que receberia por conta da minha música o título Honoris Causa da instituição que me reprovou no vestibular para o curso de música? Fico muito grato e dedico esse título ao meu pai [Osmar Macêdo] porque ele foi o cara que me preparou musicalmente, foi o meu inspirador, quem me deu essa paixão pela música, pelo trio elétrico, por tudo isso que eu venho fazendo na minha vida.
AAB: De que forma você acha que contribuiu com a cultura baiana?
AM: É muito bom olhar para trás e ver tudo o que aconteceu, tudo que foi construído. Mas eu nunca fiz música com o objetivo de deixar um legado, de fazer algo grandioso. Eu toco porque isso é a minha vida, é a minha grande paixão. Tudo o que eu faço na música é natural, mas claro que ao longo do tempo vamos percebendo as marcas que vamos deixando. As pessoas chegam para me dizer que começaram a tocar por minha causa; eu acho que isso diz alguma coisa e é algo que me toca, me deixa muito emocionado. Uma vez um jornalista me procurou dizendo que estava fazendo um livro sobre a história do bandolim e chegou até mim porque muitos músicos falaram sobre a influência que eu tive. E eu fiquei totalmente surpreso com aquilo. São pessoas que se tornaram músicos a partir de uma influência minha, pessoas de fora que passaram a conhecer o bandolim brasileiro e a guitarra baiana por minha causa. Isso é sensacional, eu fico muito feliz de ver que deixo um impacto positivo na cultura de uma forma geral e na vida das pessoas.
AAB: Como a música baiana contribuiu com a sua formação e a sua personalidade?
AM: A música é o meu sustento em todos os sentidos. É difícil colocar em palavras o que a música representa para mim. É algo que vem de dentro, que é tão naturalizado que a gente não sabe explicar. Aprendi a tocar como as pessoas aprendem a comer. Faz parte da minha essência. Quando veio a pandemia, isso bateu de uma forma muito forte. Eu não sou nada sem a música, sem poder tocar. Música é a única coisa que eu sei fazer. A melhor coisa foi poder voltar a fazer os shows.
AAB: Que balanço você faz, num quesito mais pessoal, desses 70 anos vividos?
AM: A melhor coisa é poder ver que chego aos 70 na ativa, fazendo música. Depois da pandemia, parece que minha vida movimentou muito mais do que antes dela. Do ano passado para cá foram quatro idas para fora do Brasil para fazer shows. Essas coisas me animam. Eu acabei de voltar de uma turnê internacional, já são diversos planos até o final do ano. Estou muito feliz.
AAB: Quais são os planos para o futuro?
AM: No final de junto eu tenho shows na Europa. Vou abrir, com a Cor do Som, um show de Maria Bethânia em Portugal. Depois, faço uma turnê com o violinista brasileiro Yamandu Costa porque gravamos um disco juntos, que será lançado no final do ano.
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Foto: Reprodução/Redes Sociais.