Alô Alô Bahia entrevista Luciana Paraiso

Prestes a embarcar para a República Dominicana, onde recebe um prêmio pelo destaque entre os 10 mais atuantes escritórios de arquitetura e interiores da Bahia, a arquiteta Luciana Paraiso recebeu o Alô Alô Bahia para uma entrevista sobre carreira, planos e desejos. Confere abaixo como foi nosso bate-papo.
 
 
Alô Alô Bahia – Como é a sua história dentro da área da Arquitetura e Urbanismo?

Luciana Paraíso - Sou formada em Arquitetura e Urbanismo pela UNIFACS em Salvador. Sou filha de engenheiro e minha avó é apaixonada por decoração. Ao longo da minha formação acadêmica tive uma influência importante do meu pai, que me ensinou a ter um apreço pela área de exatas. No momento de escolher a faculdade, o gosto por essa área falou mais alto e optei por cursar Engenharia Elétrica. Em paralelo, comecei a cursar Relações Internacionais, pois sou fluente em inglês, gosto muito de viajar e tenho vontade de desbravar o mundo. Porém, depois do primeiro ano de faculdade, descobri que não era nada disso o que eu queria.

AAB – O que te fez descobrir que a Arquitetura e Urbanismo era o que você queria fazer?

LP – A faculdade onde eu cursei Engenharia promovia a Semana Universitária. Neste evento, ocorriam diversas palestras e debates relacionados aos cursos e uma das palestras daquele ano foi com a arquiteta Marcia Meccia. Aquela palestra foi o ponto de virada para que eu me encantasse pela Arquitetura. Fiz vestibular novamente, passei e me descobri dentro da área. Todos os anos do curso foram muito enriquecedores, fazia todos os trabalhos e estudava com o maior prazer.

AAB – Como se deu a sua iniciação profissional na área?

LP – Desde a graduação em Engenharia Elétrica, eu estagiava em uma empresa que administra terminais rodoviários e aeroportos, porém, não era no setor técnico de projetos relacionado à Arquitetura. Quando mudei de curso, pedi que me trocassem de setor, mas eles só contratavam estagiários que tivessem domínio do Autocad, e eu não sabia. Fiz um curso intensivo durante uma semana, consegui aprender e comecei a estagiar no setor técnico. Lá foi a minha escola com relação a ter o domínio e a prática desse programa.

Posteriormente, surgiu a oportunidade de estagiar em um escritório de Arquitetura e Interiores, o que também foi uma escola pra mim porque eu saí de uma escala macro - projetando terminais rodoviários e aeroportos - e fui para uma escala micro, que é pensar ambientes menores e desenhar móveis, o que foi muito enriquecedor. No período deste estágio, fui convidada a trabalhar na parte técnica de uma loja de iluminação que estava inaugurando em Salvador. Eu era responsável apenas por incluir os bloquinhos de luminárias nos layouts dos projetos dos clientes, mas foi uma experiência em que eu tive acesso a plantas de diversos arquitetos e pude aproveitar para aprender e abrir a minha mente por ver como era possível aplicar diversas soluções aos projetos.

 Foi nessa ocasião que uma designer me convidou para participar com ela da CasaCor Bahia 2005, no Mercado do Ouro. Ela me chamou para fazer um Quarto de Bebê nessa mostra e eu topei. Foi ótimo porque consegui ter acesso aos detalhes de como funciona uma mostra de decoração, desde o relacionamento com fornecedores, até a escolha dos materiais, custos e os processos burocráticos e prazos. Consegui desenvolver relacionamentos com os profissionais da área e, com isso, surgiram convites de trabalhar em outros escritórios e eu fui topando esses desafios que apareciam de trabalhar com alguém diferente. 
 
AAB - Houve alguma experiência mais marcante dentro desses estágios que você realizou no início da sua carreira?
 
LP - Após a experiência na CasaCor, comecei a trabalhar em um escritório de design de interiores. Lá eu era responsável pela parte técnica dos projetos e isso me deu um senso de autonomia e confiança muito grande. Nesse período era o meu último ano de faculdade, então eu passei a conciliar o Trabalho Final de Graduação, duas matérias optativas e dois estágios. Até que, durante o desenvolvimento do TFG, estive no escritório da Prado Valladares para tentar ter acesso a projetos que pudessem me ajudar em minha pesquisa. Então, comecei a trabalhar com eles e fiquei de 2006 a 2011 no escritório. Em 2009, fiz uma especialização em iluminação e, a partir disso, fiquei responsável pela iluminação dos empreendimentos que o escritório estava lançando em Angola. 
 
AAB - Do que se tratou o seu Trabalho Final de Graduação?
 
LP - Desenvolvi um novo projeto para o Aeroporto Internacional de Porto Seguro, que até hoje tem uma pista de voo muito curta, o que limita a sua operação. Minha fonte de inspiração para esse projeto foi o trabalho do arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava. Meu aeroporto era em estrutura metálica, envidraçado e, como é localizado em uma região de Porto Seguro que tem plantação de eucalipto, o conceito dele foi inspirado na forma da folha de eucalipto. Um dia quem sabe não temos um novo aeroporto construído a partir do meu projeto?
 
AAB - Como foi a sua primeira experiência realizando uma mostra individual?
 
LP - No meu período no escritório Prado Valadares realizei a minha primeira mostra, a Morar Mais Por Menos, que foi realizada na Casa dos Carvalho, na Graça. Meu ambiente foi um Home e, apesar de eu ter fugido um pouco da proposta, esta experiência me gerou uma nova oportunidade. Na ocasião, Luisinha Brandão, franqueada da CasaCor Bahia na época, visitou o meu espaço e disse que ele tinha potencial para fazer parte da CasaCor. Fiquei feliz da vida. A partir dessa mostra, minha visibilidade no mercado também aumentou e eu passei a ter uma demanda de projetos que fez com que eu tivesse a necessidade de abrir meu próprio escritório. Logo depois, precisei optar por sair da Prado Valadares e trilhar meu sonho de consolidar minha carreira e me dedicar ao meu escritório. 

AAB – Conta mais detalhes de como foi a sua primeira experiência individual na CasaCor Bahia.

LP - Em 2013, participei pela primeira vez da CasaCor Bahia, que aconteceu no antigo Shopping Iguatemi, hoje Shopping da Bahia. Antes disso, eu até já havia tentado participar, porém, por ser recém-formada, os espaços que me eram oferecidos eram pequenos e eu sempre escolhia esperar outro momento. Foi então que, em 2013, no início do período da crise financeira, com muitos profissionais sem aderir à proposta da mostra, estreei com um dos principais ambientes daquele ano: um Loft de 110m². Minha homenageada foi Claudia Gama. Também convidei o artista plástico Marcelo Horta, que ficou responsável por criar as telas para compor o espaço. No fim das contas, na contramão do que eu escutava, tive muito retorno com essa CasaCor e consegui fortalecer a minha marca. Em 2018 participei pela segunda vez e meu ambiente foi uma Sala de Jantar. 

Com um fruto desse e de outros trabalhos, o escritório tem sido destaque desde 2015 na premiação nacional que elege os 10 mais atuantes escritórios de cada estado. Neste ano, o prêmio será entregue em Punta Cana, para onde viajo nessa sexta-feira (11). O projeto  que nos fez ganhar nesta edição foi escolhido para estar no anuário da Editora Kaza, que será lançado em dezembro em Miami. Assim, os planos internacionais já estão surgindo.

AAB – Quais são os planos internacionais que você tem para o seu escritório?

LP – Com a escolha do projeto para estar no anuário da Editora Kaza e viajar para Miami, já estou fazendo parcerias com imobiliárias e agendando reuniões com corretores locais para investir nessa expansão internacional. Já temos alguns clientes daqui do Brasil que estão adquirindo imóveis fora do país, mas estamos prospectando novos também. Quem sabe também não surge uma CasaCor Miami? (risos). 

AAB – Quais são as características do seu trabalho e as suas fontes de inspiração para a montagem dos ambientes que você cria?

LP – Iniciei minha carreira com uma inspiração muito grande vinda da minha avó, então o clássico era um traço muito marcante dos meus primeiros projetos. Sempre tinha dourado, móveis mais rebuscados, tachas, etc. Com o passar do tempo, fui começando a me encontrar, me autoconhecer e a desenvolver um estilo próprio. Meus projetos nunca são iguais uns aos outros, pois respeito muito as especificidades de cada cliente, mas tem algo em comum em todos eles, seja no projeto de um cliente mais high tech, seja de um cliente mais contemporâneo ou clássico. Acredito que viajar é muito importante para abrir a mente e ganhar novas referências. 

AAB – Quem são os profissionais que te inspiram?

LP – Na época em que formei, a minha fonte de inspiração e que teve influência no meu Trabalho Final de Graduação foi o Santiago Calatrava. Foi o meu mestre inicial para arquitetura de grande porte. Já para projetos residenciais, eu sou fã do Marcio Kogan e do nosso conterrâneo David Bastos. Para design de interiores, minha grande referência é Marcia Meccia, que foi inclusive quem me despertou para a Arquitetura. Também admiro muito o trabalho de Roberto Migotto e de Cris Hamoui.

AAB – Houve dificuldade na hora de planejar o seu próprio apartamento?

LP – O grande problema foi lidar com o meu cliente, que é o meu marido (risos). Foi o projeto mais desafiador que eu já fiz na minha vida, pois tudo o que eu pensava em fazer, ele dizia que eu já havia feito para meus clientes e que era pra eu ousar.

AAB – Quais são os planos para 2020?

LP - Já estamos fechando projetos aqui na Bahia e em São Paulo para 2020. Vou realizar uma mostra em Feira de Santana na próxima semana, que também acredito que trará bons resultados. Nosso escritório novo está em obras e deve ficar pronto no final de novembro, quando devemos preparar uma festa de inauguração. Também estou apostando tudo em Miami para 2020. Vou voltar em dezembro cheia de novidades!
 
 
Foto: Ana Varjão. Siga o insta @sitealoalobahia.

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