Alô Alô Bahia entrevista Bruno Astuto, que revela: “O país terá eternamente uma fratura cultural enquanto Salvador for n



Bruno Astuto é o jornalista mais refinado do Brasil. Inteligente à beça, captou cedo que para brilhar na vida era preciso tornar-se grande. Resultado: leu tudo o que pôde, conheceu todos que interessavam e trabalhou sem cessar. Hoje, vive entre estetas, transitando com inteligência pelos salões. Aqui, para o Alô Alô Bahia, ele fala sobre seu casamento, alta sociedade, festas e superficialidade. Confere:

Alô Alô Bahia – Fez se forte para?

Bruno Astuto – Para levar alegria, conforto e lealdade para as pessoas.

Alô Alô Bahia – Ser colunista social foi uma escolha ou mero acaso?

Bruno Astuto – Não acredito em acaso, mas em providência. Ser colunista foi uma evolução da minha paixão por História, então acho que é uma maneira de escrever sobre as pequenas histórias, os costumes, os hábitos, os gostos e os personagens do nosso tempo. Vejo-me hoje mais como um cronista do que um colunista.

Alô Alô Bahia – Quem faz sucesso, torna-se vidraça. As pedras atiradas já lhe atingiram?

Bruno Astuto – Há tanto trabalho que não dá tempo de prestar atenção nas pedras. Se elas estão caindo, o fazem pelas laterais. Não tenho medo delas, tenho fé. E sucesso é uma percepção de quem está de fora; agradeço a quem o atribua a mim, mas, na lida do dia a dia, não o percebo. Sou grato apenas pelas palavras carinhosas das pessoas em relação ao meu trabalho.

Alô Alô Bahia – Quando começou a perceber que estava tornando-se uma pessoa pública?

Bruno Astuto – Ser uma pessoa pública não é vantagem nenhuma nos dias de hoje. Todo mundo ficou público com o advento das redes sociais. Contam e fotografam o que comem, o que veem, aonde vão; a noção do privado foi embora com a internet.

Alô Alô Bahia – Você gosta de festa ou as frequenta por obrigação?

Bruno Astuto – Gosto de festas proque todas elas têm por trás um esforço do anfitrião de oferecer o que é belo, agradável e gostoso para seus convidados. É um ato de generosidade e um desejo de encantamento. Já fui a todos os tipos de festas: louquíssimas, caretas, religiosas, culturais. Então é um pouco difícil me surpreender. Talvez tenha menos paciência para festas corporativas e tenha me tornado mais seletivo, mas eu gosto, sobretudo, de encontrar pessoas. O ser humano é fascinante. E, numa festa, quer dar o melhor de si.

Alô Alô Bahia – Qual o jantar mais impressionante que participou?

Bruno Astuto – Foram muitos que me impressionaram. Um que a Chanel ofereceu nas ruínas do castelo de Linlithgow, na Escócia, outro da demolição do Hotel Royal Monceau de Paris em que artistas plásticos faziam intervenções supercriativas nas salas e nos quartos e, mas recentemente, da Renata Moraes em São Paulo para Naty Abascal, editora de moda da Hola espanhola, que foi irrepreensível na decoração, na comida e nos papos dos convidados.

Alô Alô Bahia – Guarda alguma mágoa?

Bruno Astuto – Tento transformar mágoa em perdão, porque mágoa é um parasita que nós alimentamos e que nos impede de olhar e caminhar para frente. Sou uma pessoa transparente; se não gosto de alguma coisa, ela está escrita em minha testa. Sou muito caxias e disciplinado, então tenho que me policiar constantemente para não me decepcionar com o desleixo alheio.

Alô Alô Bahia – O que espera de 2014?

Bruno Astuto – Saúde, alegrias e votos conscientes.

Alô Alô Bahia – O que uma mulher precisa para ser chique?

Bruno Astuto – Equilibrar uma dose de audácia com a grande dama que sua bisavó qostaria de que ela fosse – nem muito lá nem cá. Observas as proporções de seu corpo para escolher suas roupas. Conquistar mais pelo não dito do que pelo que tenta mostrar. E respeitar o limite do outro; olhar nos olhos de quem lhe presta um serviço, chegar pontualmente a seus compromissos, não usar as redes sociais ou qualquer outro meio para atingir o próximo. Essa máscara virtual está relevando grandes torpezas que nossa vã filosofia jamais suporia.

Alô Alô Bahia – Qual seu livro de cabeceira?

Bruno Astuto – Leio de quatro a cinco livros ao mesmo tempo ao longo de 20 dias. Mas de cabeceira mesmo é um livrinho de orações que meu marido, Sandro Barros, me deu no Natal de dois anos atrás. Ele é todo feito à mão com páginas em branco para completarmos com as orações às quais vamos nos afeiçoando.

Alô Alô Bahia – Profissionalmente falando, quem lhe inspirou?

Bruno Astuto – São várias as inspirações; Ibrahim Sued, a condessa Palatina, Simone Bertière, Rubem Braga, Danuza Leão, Flaubert, Jean des Cars. Normalmente são grandes biógrafos e cronistas, meus gêneros literários preferidos. Tenho dificuldade em ler ficção. A única exceção são as telenovelas; os novelistas brasileiros estão entre os melhores autores do mundo. Felizmente, trabalho numa empresa, a Globo, que me fornece permanentemente novas fontes de inspiração. E que me deixa colocá-las em prática livremente.

Alô Alô Bahia – Ainda existe alta sociedade?

Bruno Astuto – Enquanto houver esse abismo entre as pessoas que têm acesso à educação e as que não têm, existirá alta sociedade. Estou falando de educação, não apenas de dinheiro, porque a primeira vista, se tiver um business plan bem elaborado, pode levar ao segundo. Dependendo da época, como a dos anos 20, que abriu espaço para os escritores, cantores, atores, estilistas e artistas plásticos injetarem um vigor cultural nela. Ou a dos anos 60, que subverteu a ordem e franqueou os caminhos para uma maior mobilidade social. A de agora, de um nouveau-richismo ultramaterialista, de uma superficialidade mortal, me cansa um pouco. Mas é material farto para os antropólogos.

Alô Alô Bahia – Você sempre frequentou o mundo do glamour. O poder lhe seduz?

Bruno Astuto – O poder criativo me seduz; admiro a força transformadora das pessoas. Do poder político quero distância. O poder econômico, se trouxer consigo um desejo de distribuição e reparação das injustiças. O poder em si, sem ímpeto de transformação, não significa nada; está apenas em mãos erradas. Poder para mim é despertar sorrisos nas pessoas e ser amado pela minha família e meus amigos. É a capacidade de inflar amor e criar felicidade.

Alô Alô Bahia – Quais lugares gosta de frequentar em Salvador?

Bruno Astuto – As igrejas, dar um beijo em Mãe Carmem, passear com minha amiga Licia Fábio, o Convento do Carmo, o Pelourinho, almoçar no novo Pobre Juan e no Amado, dar uma escapada para a Praia do Forte. Só gostaria de que tomassem conta direito dessa cidade que eu amor e é que fundamental para a identidade do Brasil. O país terá eternamente uma fratura cultural enquanto Salvador for negligenciada. Meu melhor amigo, Nizan, é baiano, então me sinto um pouco baiano também.

bruno e sandro

Alô Alô Bahia – Como será seu casamento?

Bruno Astuto – Um momento íntimo, de extrema felicidade, como muitos dos que eu tenho ao lado do Sandro, que é um homem excepcional, generoso, amoroso, inteligente, criativo, divertido e de grande fé. Sou seu fã número 1. Acho que eu estou em boas mãos ( risos), já que ele é o grande realizador de sonhos das noivas mais lindas do Brasil.

Alô Alô Bahia – Quem é Bruno Astuto?

Bruno Astuto – Eu suspeito de que seja um andarilho curioso, de coração mole, computador na mão e viciado em ar condicionado. Mas estou aberto ao debate.

Fotos: Reprodução. 

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