"Temos crescido na crise, mas hoje é difícil ganhar dinheiro com restaurante", conta Edinho Engel ao Alô Alô Bahia

Edinho Engel é um dos nomes mais conhecidos da gastronomia contemporânea em Salvador. Com pulso firme, comanda o restaurante Amado e tem acompanhado de perto a reviravolta que tem acontecido na cidade, tanto economicamente, quanto no hábito de consumo da população. Em bate-papo conosco, ele fala de tudo um pouco: vai da crise ao carnaval, da política aos seus restaurantes preferidos e do fechamento do Amadinho até as premiações recebidas. E enfático garante que “hoje é mais difícil ganhar dinheiro com restaurante”. 



Tamyr Mota: Há quantos anos está na Bahia e o que já viu acontecer aqui de bom e de ruim...

Edinho Engel: Estou em Salvador há 10 anos e tenho visto muita coisa boa e também ruim, claro. Vi a boa gastronomia crescer e as pessoas começarem a comer e beber de forma mais seletiva. Sugiram as escolas de gastronomia e os bons cozinheiros. Surgiram confrarias de comida e de vinhos. Hoje podemos comer uma boa cozinha tradicional baiana mas também podemos comer um bom hambúrguer. Há na cidade muitos pequenos restaurantes com chefs e uma culinária própria. De ouro lado, vi maus políticos acabarem com a cidade e seu turismo, mas vi também bons políticos fazendo a cidade retomar sua autoestima e ficar mais bela.

TM: O restaurante Amado acumula prêmios e reconhecimento por meios especializados. A que deve isso? 

Edinho Engel: Prêmios são o reconhecimento por um bom trabalho realizado. Temos sido agraciados com prêmios locais e nacionais. Isto é o esforço de uma equipe que só pensa em bem servir. A Bahia sempre foi reconhecida e valorizada por sua cozinha tradicional e isto é motivo de orgulho para todos. Mas, hoje temos também uma cozinha e jovens chefs que produzem uma culinária para ninguém botar defeito, seja ela de raiz, italiana, espanhola, contemporânea ou fusion.

TM: Como se deu o fechamento do Amadinho? 

Edinho Engel: O Amadinho foi um sonho de fazer uma culinária brasileira boa e barata. E acho que fizemos sucesso, mas, para sustentar uma estrutura profissional com preços baixos precisamos de volume e isso não tivemos lá no Mercado do Rio Vermelho (antiga Ceasinha). O projeto ainda não morreu. Qualquer dia voltamos em outro lugar.

TM: A crise afetou o restaurante Amado? Quais alternativas foram implantadas? 

Edinho Engel: O Amado tem crescido mesmo em tempos de crise.  Agora, o “negócio” restaurante já foi melhor. Hoje é mais difícil ganhar dinheiro. É preciso uma gestão que pense em qualidade e ao mesmo tempo em economizar recursos, enxugar. Produzir mais com menos é o desafio. E a forma arrecadadora do governo não ajuda em nada. A pressão é tão grande que muitos vão fechar. O governo precisa ajudar o empresário a empreender e gerar emprego e assim movimentar a economia e não apenas arrecadar para cobrir os rombos da ineficiência e corrupção.

TM: Frequenta outros restaurantes na cidade? Quais são os prediletos? 

Edinho Engel: Gosto muito do Paraíso Tropical de Beto Pimentel os novos Taperia, Pasta em Casa, Casa Vidal e Larriquerrí. Adoro o Bravo Burguer e Beer, é um dos melhores hambúrgueres do Brasil, e, a carne e o pão do The Beef.  Já comi muito bem na Casa de Tereza, no Julius e estou curioso para conhecer o Cajú que abre em breve onde era o Ferraz e o Almendra. Japoneses? Vou muito ao Shiro e às vezes no Soho, de Jel e Karine Queiroz, por quem tenho grande admiração.

TM: Qual a sua programação para o carnaval? 

Edinho Engel: Circulo na quinta-feira e viajo um dia depois. Não dá para ficar no Corredor da Vitória durante o carnaval. Vou para Camburi, em São Paulo, cuidar do restaurante Manacá (que também lhe pertence).


Fotos: reprodução.

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