Alô Alô Política



13 May 2022

O abuso de poder de Rui, as ameaças do governo contra aliados e o fantasma da insegurança

Ressaca junina

O Palácio de Ondina já está comprando milhares de comprimidos de Engov para combater a ressaca junina. É que depois do São João, os governos estaduais estão proibidos de liberar recursos para as prefeituras e fazer publicidade. Pelo jeito, o governador Rui Costa (PT) vai ter de pular fogueira, mas só depois do São João.
 
Abuso de poder

Em toda assinatura de convênio, Rui leva seu pré-candidato ao governo, Jerônimo Rodrigues (PT), para ficar do lado e aparecer na foto. Isso virou uma rotina. Membros da Justiça Eleitoral já estão de olho.
 
Cannabis

O caso Hempcare continua a rondar o Palácio de Ondina. A qualquer momento novas informações devem se tornar públicas, atingindo em cheio o centro de poder baiano.
 
Monitoramento pesado

O Palácio de Ondina tem marcado sob pressão os “aliados”. Quem assina convênio é obrigado a publicar, em sua rede social, a foto com o governador e o candidato do PT. E não para por aí. Um prefeito do interior recebeu uma ligação exasperada por ter curtido uma foto de ACM Neto (União Brasil) e Cacá Leão (PP) publicada no Instagram do pré-candidato a senador.
 
Farol baixo

Um cardeal petista apareceu de farol baixo em uma reunião essa semana. “Nunca vi ele tão cabisbaixo”, confidenciou um dos presentes ao encontro. E atribuiu o desânimo do figurão a pesquisas de opinião internas que mostram o candidato petista baiano numericamente empatado com o candidato bolsonarista.
 
No grito

Após perceber cada vez mais sua base de prefeitos ruir, o governador Rui Costa (PT) decidiu intensificar sua pressão aos gestores municipais com ameaças. A ordem do governador é que obras já prontas em municípios só sejam inauguradas se o prefeito aderir à pré-candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT). Há casos em que as intervenções já foram concluídas há semanas, mas só podem ser entregues sob esta condição.
 
Ameaça velada

Uma nota disparada ontem pela secretária da Saúde do Estado, Adélia Pinheiro, de que tem interesse em assumir a gestão do Hospital Regional de Itaberaba foi encarada como uma ameaça do governo sobre o prefeito Ricardo Mascarenhas (PP), que reagiu. Em entrevista, o prefeito disse que não vai aceitar “chantagem” e fez críticas à secretária: “É uma das grandes piadas que ouvi nos últimos anos”. Disse que não vai aceitar “que ninguém coloque uma faca no meu pescoço para decidir quem vou apoiar” e ainda afirmou que “agora querem botar o hospital como instrumento político”.
 
Chantagem

Como se não bastasse ir na contramão de diversos estados que reduziram o ICMS do diesel para o transporte público, o governador Rui Costa agora partiu para a chantagem contra a Prefeitura de Salvador. O governo quer que a prefeitura faça um "realinhamento" de 81 linhas para conceder a redução do tributo. Na prática, Rui quer que o município corte as linhas de ônibus que concorrem com o metrô, para reduzir o déficit do sistema. O problema é que uma retirada de linhas vai representar um enorme prejuízo para a população, que passará a ter menos ônibus nas ruas.
 
Concorrência

Além disso, integrantes da gestão municipal apontam que o próprio governo descumpriu o contrato do programa quando não retirou os ônibus metropolitanos de circulação em Salvador. E o pior: o não cumprimento da medida tira em média 18 mil passageiros do metrô por dia. Outro dado interessante: mais de 80% dos usuários do metrô são integrados a partir dos ônibus da capital. A redução do ICMS foi adotada por diversos estados para justamente não penalizar o usuário do transporte público. Enquanto isso, quem paga a conta é o cidadão.
 
Banho de água fria

Após ser barrado pela Justiça Eleitoral de 2018, o ex-prefeito de Juazeiro Isaac Carvalho (PT) sofreu uma nova derrota nesta semana. Além de ser condenado a devolver mais de R$ 243 mil aos cofres públicos, ele teve seus direitos políticos suspensos por cinco anos, o que inviabiliza a candidatura dele a deputado estadual. Em 2018, ele chegou a concorrer a deputado federal, mas teve o registro de candidatura negado.
 
Ninguém viu

Chamou a atenção no meio político da Bahia o sumiço do secretário de Segurança Pública do Estado, Ricardo Mandarino, em meio a mais uma semana repleta de casos de violência. Nos bastidores, fontes com trânsito no Palácio de Ondina dizem que partiu do próprio governador Rui Costa (PT) a ordem para que Mandarino ficasse calado. Observadores políticos apontam que há em curso uma tentativa de ‘fritar’ Mandarino, como diz o jargão político.
 
Solitários

Deputados da base do governador estão vivendo uma espécie de cada um por si e Rui por ninguém. Nas sessões da Alba, a maioria nem dá mais as caras. Na última quarta, por exemplo, o líder do bloco governista, deputado Rosemberg Pinto (PT), estava como um lobo solitário na abertura dos trabalhos.  A conta gotas, alguns governistas mais xiitas foram surgindo no plenário na tentativa de defender o governo sobre a onda de violência que tomou o estado. Mas tudo o que se viu e ouviu foi: “a culpa é de Bolsonaro”. Ficou risível.
 
Foto: Divulgação. 

6 May 2022

Suspeitas de licitação direcionada na Ceasa, a pesquisa flopada e os ataques de fúria de Rui

Quase nos acréscimos
O governo do estado decidiu suspender a licitação para concessão da gestão da Central de Abastecimento (Ceasa-Salvador) aos 45 minutos do segundo tempo, quando já ia declarar o vencedor. O motivo é simples: o governo não gostou do fim e resolveu mudar o meio. Fontes da coluna confirmam que o edital será alterado, tirando os atacadistas da disputa. A suspeita é que as mudanças serão feitas para direcionar o resultado da concessão.
 
Manda quem pode
As mudanças teriam sido feitas após reunião do governador Rui Costa com lideranças e técnicos do governo. A motivação das alterações seria para agradar a um figurão com grande influência no governo do estado e beneficiar, também, seu irmão deputado. “Fiquei surpreso com o cancelamento desse edital que a Bahia tanto espera, para modernização deste equipamento importante para o nosso estado. Aí mudam, impondo limitações que só podem ser para direcionar o vencedor”, disse um deputado à coluna.
 
Banho de água fria
A tão esperada, pelo grupo governista, pesquisa do instituto Opnus caiu como um banho de água fria entre os aliados do PT no estado. Os números apontaram ACM Neto (União Brasil) com larga vantagem sobre Jerônimo Rodrigues (PT), que inclusive aparece empatado tecnicamente com João Roma (PL). O baque foi ainda maior para os petistas, dizem parlamentares da base. "Veja que eles capricharam na metodologia para que Jerônimo crescesse, mas não ocorreu", revelou um deles.
 
Censura?
Quem não gostou nada do resultado foi o governador Rui Costa (PT). O petista teria ficado tão chateado que, de acordo com fontes da coluna, não queria que o levantamento fosse divulgado pela rádio Salvador FM, que contratou a pesquisa - a rádio é do ex-deputado Marcos Medrado, integrante do grupo petista. Bom, o governador pode até negar, mas o fato é que a pesquisa seria divulgada na terça-feira (3), conforme consta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas só saiu na quarta-feira (4).
 
Rui zangado
Visivelmente irritado por conta das críticas que tem recebido na educação, o governador Rui Costa (PT) elevou o tom nesta semana e disse "respeitem a escola pública, filhinhos de papai", em discurso inflamado. A realidade, governador, está aí para provar o contrário. Quem não tem respeitado a escola pública é justamente o governo de Rui, que sucateou as escolas, fechou unidades, não investiu na valorização dos professores e, de quebra, deixou a Bahia com o título amargo de pior ensino médio do país. Se Rui destinasse todo esse vigor com o qual critica os adversários para melhorar a educação, quem sabe a situação para as crianças e jovens da Bahia estivesse melhor.
 
Causa e consequência
A consequência do abandono da área se reflete nos indicadores. A Bahia figura na última posição no ensino médio, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Além disso, o estado não conseguiu alcançar nenhuma das metas definidas no Ideb para os anos finais do ensino fundamental e médio durante os governos de Rui Costa. O governador já culpou os prefeitos e o governo federal. Vamos aguardar quem serão os novos culpados do tribunal de Rui.
 
Vai entender…
O escolhido para disputar o governo do estado pelo PT foi justamente o ex-secretário da Educação Jerônimo Rodrigues, que ficou à frente da pasta de 2019 a 2022. Não à toa tem sido chamado de "pior secretário da educação do Brasil".
 
Pinóquio

Como se não bastasse ferir todas as leis possíveis para se reeleger presidente da Câmara de Salvador, o vereador Geraldo Júnior (MDB) resolveu agora disseminar fake news. Pessoas ligadas a ele saíram espalhando que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou a ação ajuizada pelo União Brasil contra a eleição, o que não é verdade. Aliás, a decisão do ministro Kassio Nunes Marques é contrária ao vereador, ao determinar o rito de urgência para que a medida seja analisada pelo plenário do STF, onde Geraldo deve ser derrotado. Além disso, determina que o emedebista apresente informações. Geraldo já foi até notificado.
 
Presidente andarilho
Enquanto Geraldo viaja em campanha, a Câmara ficou abandonada, dizem vereadores. Nesta semana, 20 vereadores governistas foram ao plenário do Legislativo para a sessão, convocada pelo próprio presidente, mas encontraram as portas fechadas. Fizeram, então, uma sessão simbólica na antessala. No dia seguinte, como se não bastasse o absurdo, a antessala foi fechada. O comentário é unânime: Geraldo age como déspota. E pior: com as bênçãos da oposição que se acha guardiã da democracia. Como diz o ditado baiano: me deixe, viu, seu Valera!
 
Menino birrento
Ainda sobre Geraldo, integrantes da cúpula governista já estão começando a se irritar com o ego do vereador nas comitivas pelo interior. Deputados dizem que Geraldo faz questão de ser o centro das atenções, o que tem incomodado, inclusive, o pré-candidato Jerônimo Rodrigues. Contam que Geraldo quer se meter em tudo, desde a ordem dos discursos até a agenda da campanha. E quando não fazem o que ele quer, continuam, o vereador faz birra.
 
Asas cortadas
Nunca se ouviu falar em coordenador de campanha de candidato a vice-governador. Mas era assim que o vereador Henrique Carballal (PDT) se autointitulava. O fato causava desconforto no meio petista com o comportamento, digamos, muito expansivo da equipe de Geraldo Júnior, tanto que Carballal foi convidado a se retirar e foi devolvido para a Câmera de Vereadores.
 
Foto: Divulgação.

29 Apr 2022

Rui Costa e o Planet Hemp, o fantasma da CPI dos Respiradores e a porteira aberta do PT

Planet Hemp
Pelo visto, o governador Rui Costa (PT) não era fã da banda Planet Hemp, grupo de rap rock do Rio de Janeiro que fez muito sucesso entre os anos 90 e o início dos anos 2000. A banda tinha nos vocais o cantor Marcelo D2, grande defensor da legalização da maconha. Na tradução livre, a palavra hemp significa justamente maconha em inglês. Pois bem, não é que o governador disse em depoimento à Polícia Federal no caso dos Respiradores que contratou a empresa Hempcare por não ter "pleno domínio da língua inglesa"?! A declaração do petista foi divulgada pela revista Veja, que teve acesso a trechos do depoimento, e teve uma repercussão nacional, com críticas de todos os lados. Para os bolsonaristas, então, foi prato cheio. Os seguidores do presidente Jair Bolsonaro, antagonista do PT na polarização nacional, inundaram as redes sociais com cards, textos e piadas para todos os gostos.
 
Enrolation

Nos bastidores, deputados classificaram a declaração de Rui como desastrosa, mas não perderam a piada. Um deles disse que a fala era uma tentativa de "enrolation" do governador petista para se livrar das investigações. Outro, disse que Rui podia até não dominar o inglês, mas parecia falar muito bem o mandarim - uma das principais variações da língua chinesa - dada a sua relação próxima com o país asiático - vide a ponte Salvador-Itaparica e o VLT do Subúrbio.
 
Bola fora

Mas, para além das piadas, houve também quem tratasse o tema com a seriedade que ele merece. Parlamentares governistas dizem que a declaração de Rui é quase um "atestado de incompetência" e que reforça a tese de que a operação para a compra dos respiradores foi uma fraude - lembrando que os equipamentos nunca foram entregues, enquanto os quase R$ 50 milhões foram pagos antecipadamente pelo Consórcio Nordeste, presidido no período por Rui.
 
Momento oportuno
Neste cenário, a oposição aproveitou a deixa da operação da Polícia Federal contra o ex-secretário Bruno Dauster e o empresário Cleber Isaac nesta semana e conseguiu as 21 assinaturas necessárias para pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) para investigar o caso. A bancada vinha tentando desde dezembro as assinaturas. Agora, cabe ao presidente Adolfo Menezes (PSD), apoiador ferrenho do governador, permitir ou não a abertura da CPI. Fato é que líderes da oposição já avisaram que, se Adolfo negar, pretendem ir à Justiça e contam com o precedente da CPI da Covid no Senado, que só foi aberta após decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF). Confidenciaram ainda que pretendem tocar os trabalhos de forma técnica. Inclusive, pretendem se municiar de todos os dados e fatos para evitar acusações de "politização" da CPI.
 
Desgaste
Na outra ponta, deputados do governo não esconderam a preocupação com o caso. Dizem que, dado o grau de envolvimento de Dauster e Rui (além de pessoas ligadas ao Palácio de Ondina) no caso, é inevitável que haja um desgaste para o grupo. Quem conversou com o líder do governo na Alba, deputado Rosemberg Pinto (PT), no dia que a oposição entregou o pedido disse que o petista estava quase "soltando fogo pelas ventas" de tão irritado. Andou até distribuindo patadas a jornalistas. Dizem as más línguas que aprendeu com Rui. Que maldade.
 
Trabalho adiantado
Líderes do bloco oposicionista dizem que já vão iniciar os trabalhos "com meio caminho andado" graças ao "relatório robusto" elaborado pela CPI da Assembleia do Rio Grande do Norte, que foi finalizada em dezembro passado. Por lá, Rui e Dauster estão entre os indiciados. Deputados dizem que o relatório aponta fatos gravíssimos contra o governo baiano e, com uma CPI no estado, a investigação pode ser aprofudada com a coleta de mais depoimentos e informações que envolvem o governador, o ex-secretário e outros integrantes da Bahia. As investigações apontam que estão na Bahia os "cabeças" da operação.
 
Banho de água fria
As recentes pesquisas de intenção de votos para o Governo da Bahia divulgadas pelos institutos Paraná e Seculus devastaram a empolgação da militância petista. Além de os números do candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, estarem ainda muito baixos, a pontuação alcançada por ACM Neto demonstra não apenas uma consolidação da liderança como que não houve queda mesmo diante dos ataques promovidos nas últimas semanas.
 
Porteira aberta I
Caciques da política baiana ficaram de queixo caído com o anúncio do apoio do prefeito e vice de São Francisco do Conde, Antônio Calmon (PP) e Nem do Caípe (PT), à pré-candidatura de ACM Neto ao governo do estado. Calmon já era até esperado, mas Nem foi surpresa, uma vez que não apenas é filiado ao PT como é muito ligado aos deputados petistas Rosemberg Pinto e Jorge Solla. Para muitos, foi mais recado de que os ventos sopram cada vez mais favoráveis a Neto.
 
Porteira aberta II
E Nem do Caípe não parece ser um único. Nas próximas semanas, de acordo com uma liderança com muito trânsito no grupo de Neto, a tendência é que o movimento de mudança de lado se intensifique, tanto com a consolidação da liderança do ex-prefeito de Salvador apontada nas pesquisas quanto pela própria insatisfação da população com questões relacionadas aos governos do PT, especialmente na educação e segurança pública.
 
Bomba relógio
Por falar em segurança pública, o tema tem causado "profunda preocupação" na cúpula do governo devido à escalada da violência nas últimas semanas no estado, tanto na capital quanto no interior. Os casos estão tirando o sono do governador, garantem fontes com trânsito no Palácio de Ondina, principalmente porque "dá brecha" para o discurso da oposição de que a área vive um caos. Além disso, o petista não esconde mais de ninguém sua insatisfação contra o secretário da Segurança Pública, Ricardo Mandarino, de quem Rui nunca foi muito fã. Aliados próximos ao governador dizem que a principal queixa de Rui é que Mandarino não consegue nem reduzir os indicadores nem dar uma resposta rápida aos casos mais midiáticos, o que causa desgaste ao governo.
 
Tudo nosso, nada deles
Para além da insatisfação dentro de seu próprio partido, outra situação que o governador precisa lidar é com a queixa cada vez mais recorrente de deputados de partidos aliados ao PT que não estão na federação (que tem ainda PCdoB e PV). Segundo os parlamentares, a máquina governista só está trabalhando para eleger deputados estaduais e federais da federação, deixando os demais a ver navios.
 
Voo solo
Justamente por isso que muitos destes deputados resolveram ignorar o candidato do PT ao governo, Jerônimo Rodrigues (PT), para se dedicarem às próprias candidaturas. Tanto é que são poucos os que estão nas redes sociais declarando apoio público e fazendo campanha por Jerônimo. Como diz o ditado: farinha pouca, meu pirão primeiro.
 
Na mira
Auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) já estão de olho nos convênios que o governo tem assinado com prefeituras. Na semana passada, a coluna chamou atenção para o tema. Especialistas em contas dizem que são muitas as suspeitas de irregularidades, entre elas que parte dos recursos está sendo paga sem qualquer controle, sem contar que chama a atenção os elevados valores em ano eleitoral - de dezembro para cá, já foram mais de R$ 400 milhões. Na Alba, deputados já sondam a possibilidade de uma CPI para investigar o caso, que pode terminar em denúncia de abuso de poder político e econômico por parte do governo.
 
Fantasma
Um fantasma tem pairado sobre Jerônimo nesta semana: o movimento por aumento salarial dos professores das universidades estaduais. A categoria já vem, nos últimos anos, se queixando da falta de valorização e de estrutura nas instituições de ensino superior do estado e, nesta semana, fizeram uma mobilização que é encarada como pré-greve. Em 2019, quando Jerônimo já era secretário da Educação, representantes das universidades acusaram o governo de contingenciamento de recursos das instituições, o que ganhou repercussão nacional. Se houver agora uma paralisação da categoria, é um banho de água fria para Jerônimo.
 
Foto: Divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.  

22 Apr 2022

A farra dos convênios em ano eleitoral, as pedaladas de Rui e o all in de Geraldo Júnior

Milagres de ano eleitoral
Dizem que ano eleitoral faz milagre, e a Bahia tem sido palco de um dos grandes. O protagonista é o governador Rui Costa (PT) que, graças ao milagreiro ano eleitoral, mudou da água para o vinho e fez "brotar" recursos dos cofres do Estado para convênios com municípios. Após passar sete anos maltratando os prefeitos, que sempre encontraram as portas da Governadoria fechadas, o governador decidiu acarinhar os gestores municipais. Para o São João, o governo anunciou investimento de R$ 10 milhões para os municípios. O valor é quase 60% maior do que a quantia destinada em 2019, ano da última festa junina antes da pandemia da Covid-19. Naquele ano, foram R$ 6,3 milhões para prefeituras realizarem seus festejos.
 
Ouro de tolo
Em convênios gerais com prefeituras, somente de janeiro ao último dia 19 de abril deste ano, já foram mais de R$ 244 milhões em recursos, segundo levantamento obtido pela coluna. Só a título de comparação: em 2018, quando o governador Rui Costa disputou e venceu a reeleição, foram mais de R$ 180 milhões em convênios. Agora, ainda no mês de abril, o valor acordado pelo governo já superou, e muito, este número. Para comparar: em 2017, foram menos de R$ 30 milhões em convênios com prefeituras. Importante lembrar que estas obras sequer foram licitadas e provavelmente só poderão ser executadas em 2023.
 
Pedalada fiscal
O movimento do governo para atrair apoios em troca de convênios começou, na verdade, no final do ano passado. No mês de dezembro, foram mais de 70 convênios firmados com prefeituras, sendo que muitos deles foram publicados no dia 31. Parlamentares que estão analisando estes números apontam que a medida não passa de uma pedalada fiscal do governador. Isso porque estes convênios são pagos em média entre oito e doze meses - ou seja, dinheiro na conta dos municípios só em 2023. Justamente por isso o elevado volume de recursos em Despesa de Exercícios Anteriores (DEA) do ano passado chamou a atenção e já está no radar do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
 
Alerta calote
Entretanto, fica o alerta para os prefeitos: o governo tem a fama de não pagar totalmente os convênios. Estimativa feita por especialistas em contas do estado apontam que, em média, menos de 50% do valor é pago às prefeituras durante as gestões de Rui. Em muitos casos, o governo chega a não pagar nada. Prefeitos mais experientes já estão fazendo esse alerta e avisando inclusive a secretários de Rui e a seus deputados.
 
Cadê a ajuda?
Enquanto isso, prefeitos de cidades que sofreram com as chuvas ainda esperam uma ajuda mais efetiva do governo. A grande insatisfação é que, em ano eleitoral, o governador, que sempre se queixou da falta de dinheiro, resolveu abrir os cofres em troca de apoio para seu candidato e "esqueceu" dos problemas do Estado, muitos deles urgentes, como aqueles motivados pelas enxurradas, principalmente nas regiões Sul e Extremo Sul.
 
Rasteira
O apoio do prefeito de Jequié, Zé Cocá, à pré-candidatura de ACM Neto está dando o que falar. Aliados admitem que o movimento deixou Rui Costa transtornado. O governador do PT trabalhou pessoalmente para que Zé traísse João Leão e seguisse na base petista, mas as investidas foram frustradas. Tido como um dos principais nomes do PP baiano, Zé Cocá tem sofrido ataques ferrenhos dos apoiadores de Rui.
 
Apoios perdidos
Rui avaliou o movimento de Zé Cocá como uma afronta pessoal, e avisou que não vai deixar barato. Mas a verdade é que o prefeito de Jequié não foi o único que debandou para a base de ACM Neto. Esta semana, duas importantes lideranças também oficializaram o apoio ao pré-candidato do União Brasil: os prefeitos Dr. Pitágoras, de Candeias, e Carroça, de Rio Real.
 
Sem acordo
Na última semana, um prefeito do PP de uma pequena cidade da Bahia foi chamado por Rui para uma conversa na Governadoria. Recebido com muita pompa, conta um interlocutor com acesso ao Palácio de Ondina, o prefeito recebeu do petista uma proposta de convênio de R$ 5 milhões. O gestor municipal prontamente aceitou e disse que já tinha obras esperando os recursos. Rui, contudo, alertou que o dinheiro só seria pago em caso de apoio ao candidato do PT ao governo, Jerônimo Rodrigues. O prefeito, então, recuou e disse que já tinha um acordo selado para apoiar ACM Neto. Quem presenciou o encontro contou que o governador ficou abismado com a recusa. "Fez cara de poucos amigos", relatou uma fonte. "Em oito anos de governo Rui, o prefeito nunca viu tanto dinheiro oferecido para sua cidade", continuou.
 
Vai vestir vermelho?
Tem causado estranheza entre bolsonaristas na Bahia a postura do vereador Alexandre Aleluia (PL), que posa de seguidor do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas se aliou ao presidente da Câmara, Geraldo Júnior (MDB), hoje pré-candidato a vice na chapa do PT, partido antagônico ao grupo do capitão. Além de ter se aliado, Aleluia tem defendido as movimentações nada republicanas de Geraldo, o que gerou desconfiança e burburinho no meio bolsonarista. Já há quem questione se Aleluia trabalha nos bastidores para ajudar a chapa do PT. O movimento do vereador tem gerado críticas de seguidores do capitão e, pelo que dizem bolsonaristas, Aleluia está perdendo apoio na ala mais ideológica da direita.
 
All in
Sempre bem-humorado, Geraldo Júnior tem causado estranheza entre os aliados. Na última semana, ele estava nervoso e bastante irritado. Quem o conhece, aponta que a tentativa de um "all in" (tudo ou nada no pôquer) político está deixando o “líder” carrancudo. E se der errado?
 
Futuro nebuloso
Com as pesquisas de opinião cada vez menos otimistas para a chapa do PT, Geraldo tem visto uma perspectiva nada favorável após as eleições, dizem interlocutores, principalmente porque o presidente da Câmara ficou com a fama de traíra e sem viabilidade política. Acreditam ainda que é questão de tempo para que a "manobra" para ser reeleito presidente da Câmara seja derrubada na justiça.
 
Desespero
Nesta semana, as novas manobras feitas por Geraldo foram interpretadas como "um grau de desespero muito grande" entre vereadores da Casa. Além de abrir "na tora" a sessão no Legislativo, mesmo sem quórum, ele ainda cortou a fala de vereadores e apagou a luz enquanto havia gente no Plenário. Sem contar na nomeação de presidentes das comissões, o que foi uma afronta ao Regimento e à Lei Orgânica. E tudo feito às claras, sem nem esconder.
 
Base unida
Os movimentos considerados desesperados de Geraldo não foram suficientes para desarticular a base do prefeito Bruno Reis na Câmara. A foto com a grande maioria dos representantes em frente ao Ministério Público foi uma prova da união.
 
A coluna Alô Alô Política é publicada às sextas, sempre ao meio dia, nos portais CORREIO e Alô Alô Bahia. Também pode ser conferida através do endereço www.aloalopolitica.com e do Instagram @aloalopolitica.

20 Apr 2022

Paulo Azi acusa governo de pressionar imprensa para não divulgar pesquisas eleitorais: “demonstração de desespero”

O deputado federal Paulo Azi, presidente estadual do União Brasil, acusou nesta quarta-feira (20), o governo do estado de pressionar veículos de imprensa para que não divulguem pesquisas eleitorais sobre a corrida pelo Palácio de Ondina.

Para o parlamentar, a ação, com a participação do próprio governador Rui Costa (PT), demonstra desespero. “Depois de Rui ter sido condenado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por divulgar fake news e pesquisas falsas, o governo e o governador pessoalmente agora estão pressionando diversos veículos de imprensa para não divulgar pesquisas eleitorais que retratam a situação da Bahia atualmente”, afirmou o deputado.

Em decisão liminar nesta terça-feira (19), o desembargador Vicente Oliva Buratto, do TRE da Bahia, proibiu o governador de falar sobre dados de uma suposta pesquisa, realizada pelo grupo aliado à atual gestão, e não registrada na Justiça Eleitoral. Rui terá que prestar esclarecimentos à Justiça por ter divulgado os números em entrevistas para veículos de comunicação.

“Soube que Rui chegou ao cúmulo de ligar para veículos de imprensa fazendo ameaças caso publicassem uma determinada pesquisa. O episódio mais recente aconteceu essa semana. Mas não é a primeira vez”, ressaltou Azi.

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19 Apr 2022

Justiça proíbe Rui Costa de divulgar pesquisa sem registro

O desembargador Vicente Oliva Buratto, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da Bahia, proibiu o governador do estado, Rui Costa (PT), de falar sobre dados de uma suposta pesquisa, realizada pelo grupo aliado à atual gestão, e não registrada na Justiça Eleitoral. A liminar saiu nesta terça-feira (19), e Rui terá que prestar esclarecimentos à Justiça por ter divulgado os números em entrevistas para veículos de comunicação.

O deputado estadual Sandro Régis (UB), líder da oposição na Assembleia, ironizou os números da levantamento. "O DataRui foi proibido pela Justiça. Mais uma vez, o governador demonstra o desespero do seu grupo político. Produziu pesquisa que não pode ser avaliada no âmbito da Justiça Eleitoral, e infringiu a legislação que estabelece o registro de todo levantamento realizado com foco nas eleições deste ano", apontou o deputado.

Ao questionar o movimento na Justiça Eleitoral, o advogado do União Brasil na Bahia, Ademir Ismerim, enfatizou que todas as pesquisas precisam ser registradas "para que os partidos e o Ministério Público possam tomar conhecimento da metodologia e dos números reais" dos levantamentos.

Pela decisão do desembargador, todos os veículos que divulgaram os números revelados pelo atual governador da Bahia precisam retirar as matérias do ar. Uma multa diária de R$ 5 mil foi estabelecida para os canais que não cumprirem a decisão.
 
Foto: Divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.

15 Apr 2022

Bolsonaro sobe tom e chama candidato petista de “pior secretário do Brasil”

O Pior do Brasil
Chamado pelo presidente Jair Bolsonaro de pior secretário da Educação do Brasil, Jerônimo Rodrigues sentiu o golpe.  Em suas redes sociais, tentou justificar o injustificável: “iniciamos uma revolução na educação”. Mas que revolução, quando a Bahia tem o pior ensino médio, de acordo com o IDEB, e também ocupa a última posição em educação à distância durante a pandemia? São questões como essa que Jerônimo terá que explicar.
 
Se o apelido pegar...
Jerônimo sabe, segundo aliados, que os apelidos costumam pegar quando a pessoa não é conhecida. E é esse o grande medo do pré-candidato petista. “Como ele vai construir uma imagem viável se a alcunha de pior secretário de educação do Brasil pegar?”, questiona um deputado federal petista.
 
Tic tac
Um político baiano, em fim de mandato, tem tido ataques de fúria todas as manhãs quando acorda. Olha para o calendário e sofre com a contagem regressiva do seu mandato. Assessores já foram orientados a não tocar no assunto com ele. No começo da semana, ele arrancou da parede uma folhinha que lembrava que o ano passava rápido, rasgou e jogou no chão.
 
O sem Palácio
À medida que o tempo avança, o governador Rui Costa (PT) vê chegar perto o fantasma de tornar-se um ex. O que incomoda o petista não é só deixar de morar no Palácio de Ondina, mas é a vingança dos companheiros de partido que não perdoam o tratamento que sofreram dele por 8 anos. Aliás, não só do PT, mas também aliados de partidos da base, que deram a Rui alcunhas das mais maldosas possíveis, algumas delas impublicáveis.
 
Rebelião dos prefeitos
Nesta semana, relatos de prefeitos insatisfeitos começaram a intensificar. Em Gongogi, o prefeito Adriano Mendonça, do PSD (hoje o maior partido da base petista), disse que passou cinco anos tentando ser recebido e cansou. Quando Rui soube que o pré-candidato ao governo ACM Neto iria ao município, fez de tudo para falar com o prefeito, mas o troco já estava preparado e foi dado: Mendonça anunciou apoio a Neto e disparou contra Rui: "Tem de abraçar o povo nos quatro anos da administração e não às vésperas das eleições. Agora, não adianta prometer mais nada". No final de semana, outro que declarou apoio a Neto foi o prefeito de Jandaíra, Adilson Leite, do Avante, partido da base de Rui.
 
Perseguição
Quem também soltou o verbo foi o prefeito de Xique-Xique, Reinaldo Braga Filho (MDB), que acusou Rui de perseguição aos gestores municipais que integram partidos da oposição. Apoiador de Neto, ele disse nunca ter sido chamado pelo governo nem recebido na Governadoria. "Isso é coisa de político ruim, coisa da má política, que faz mal para a população. Isso não é nem um pouco democrático nem republicano", disparou.
 
Preocupação tripla
Na base petista, caciques avaliam que são três as principais preocupações de Rui. A primeira é que o PT perca o comando do governo do estado, derrota que será creditada "toda na conta de Rui" pela cúpula petista e pela base aliada. Em segundo, está o "medo do abandono" do governador ao ficar sem mandato, uma vez que não é novidade para ninguém que Rui se tornou persona non grata por seu tratamento grosseiro com os aliados. Por fim, parlamentares contaram que o governador tem relatado preocupação com o crescimento do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas na disputa contra o ex-presidente Lula, com quem Rui conta para ser ministro - cargo, inclusive, que não está tão certo quanto o governador acredita.
 
V de vingança
Entre deputados, há uma certa "sede de vingança". Recentemente, um deputado estadual da base confessou a um colega que está contando os segundos para ver Rui sem mandato. Ele disse que, desde o início do segundo mandato do governador, não conseguiu nenhuma audiência e, para falar com o petista, teve que ir a dois eventos no interior.
 
Escorado
Deputados da base petista comentam que o governador Rui Costa (PT) nunca ganhou eleição com suas próprias pernas, mas, sim, graças ao apoio do senador Jaques Wagner (PT), inclusive para vereador ou para deputado. Em 2006, recordam, Rui perdeu a eleição para deputado federal e só foi eleito em 2010 porque Wagner quis. Para o governo, em 2014, é unanimidade na base que a vitória só aconteceu graças ao senador petista. Lembram ainda que as últimas investidas capitaneadas por Rui terminaram com vitórias acachapantes do grupo de ACM Neto - em 2020, Bruno Reis venceu no primeiro turno com maior percentual do país a candidata de Rui, Major Denice.
 
Pesquisa fake
Nos bastidores da política baiana, caciques consideram "o cúmulo do desespero" a tal pesquisa citada por Rui que coloca seu candidato, Jerônimo Rodrigues, na frente de ACM Neto. Tanto é que poucos integrantes do grupo celebraram o tal levantamento que Rui disse ter feito. Na verdade, pontuam integrantes da base, os números das pesquisas feitas não são nada animadores para o grupo, nem mesmo naquelas feitas a pedido do Palácio de Ondina.
 
DataRui
No Extremo Sul da Bahia, a tal pesquisa do "DataRui" virou motivo de piada. Isso porque, pontuam políticos que atuam na região, além de Jerônimo ser totalmente desconhecido, Rui não conseguiu eleger nenhum prefeito nos municípios do território. Em Teixeira de Freitas e Eunápolis, maiores cidades da região, os nomes de Rui foram derrotados por candidatos apoiados por ACM Neto. "É hoje a região mais antipetista da Bahia, ao lado do Oeste", complementa um deputado.
 
Ele lá e eu cá
Neste cenário, deputados da base têm relatado preocupação de se vincularem com Jerônimo. Um grupo de deputados estaduais já avisou que, nas andanças pelo interior, usam somente a imagem de Lula, mas não de Jerônimo. "Quando você mostra a foto ninguém sabe quem é", conta um deles. Contudo, há uma pressão do Palácio de Ondina para que os parlamentares propaguem o escolhido petista para a disputa. Por enquanto, a pressão não tem surtido efeito.
 
Foto: Divulgação.

12 Apr 2022

Rui diz que não é "vagareza", e caciques sugerem crítica a Wagner

O governador Rui Costa (PT) deu uma declaração nesta terça-feira (12) que gerou burburinho no meio político e foi considerada uma crítica ao senador Jaques Wagner (PT). Ao falar sobre investimentos do governo em Salvador, Rui reafirmou sua alcunha de "correria" e disse que não é "vagareza" - nos bastidores, adversários políticos do PT apelidaram o senador petista de "wagareza".
 
"Aqui tem um governo que realiza as coisas rapidamente. Eu fiz em Salvador um transporte moderno, que aponta para o futuro da cidade. Eu já entreguei, a obra está pronta, eu estou ampliando em mais cinco quilômetros. Eu não sou vagareza", disse o governador.
 
O áudio da fala de Rui rapidamente começou a circular no meio político. Caciques comentam que o governador fez uma crítica a Wagner, enquanto outros consideram uma gafe de Rui ao citar um "apelido maldoso" do seu aliado. "Isso é coisa que um amigo de 40 anos faça?", questionou um político em mensagem no WhatsApp.
 
Foto: Divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia.  

8 Apr 2022

A insurreição contra Rui e Wagner, a "simpatia" do governador e o voto pulverizado dos bolsonaristas

Insurreição dos companheiros

Um grupo de deputados estaduais e federais de PT e PCdoB prepara uma insurreição contra o governador Rui Costa (PT) e o senador Jaques Wagner (PT) devido aos espaços no governo entregues ao MDB, que recentemente desembarcou no grupo petista no estado. Os parlamentares estão insatisfeitos com as nomeações feitas pelos caciques petistas, principalmente em relação ao comando da Secretaria de Recursos Hídricos, pasta considerada estratégica para as bases no interior do estado. Eles queriam que os "cargos mais encorpados" deixados pelo PP, que migrou para o grupo do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), fossem repartidos entre os aliados mais próximos ao PT. A queixa já foi levada a Rui e Wagner, que tentaram, sem sucesso, acalmar os ânimos dos companheiros. 

Ao pé do ouvido

Nesta semana, três deputados deste grupo de insatisfeitos foram flagrados por colegas parlamentares em uma conversa nos corredores da Assembleia Legislativa. Um deles é federal, enquanto os outros dois são estaduais. "Chegaram por último, não trouxeram nenhum deputado, a maioria dos prefeitos apoia Neto, e ainda sentam na janela", reclamou um deles. Os parlamentares ainda disseram que pretendem intensificar as articulações para conquistar mais espaços deixados pelo PP e evitar que o MDB "abocanhe" mais cargos. Eles ainda acreditam que o sentimento de insatisfação no PT e PCdoB é majoritário devido à situação. 

Rui, o Simpático
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Depois de oito anos sendo acusado de maus tratos pelos aliados, eis que o governador Rui Costa agora resolveu vestir o manto da simpatia e da humildade. Nos palanques pela Bahia afora, tem dito que os "prefeitos não querem mais receber grito e pontapé na canela de governador". Quando ele termina o discurso, muitos deputados se entreolham e cochicham: "Ele não deve ter espelho em casa". Seria cômico se não fosse trágico. 

Da água para o vinho

Por falar nisso, prefeitos do interior estão procurando seus deputados para revelar, com perplexidade, que estão sendo chamados para conversas com o governador ou algum de seus auxiliares mais próximos. A papo é sempre o mesmo: governo promete milhões em recursos via convênios em troca de apoio para o candidato ao governo do PT, Jerônimo Rodrigues, nas eleições deste ano. Até mesmo prefeitos da oposição, que sempre tiveram as portas fechadas na Governadoria, estão sendo chamados. Sedentos por recursos, os prefeitos até aceitam os recursos. A questão agora é saber se vão apoiar Jerônimo. O jeito é esperar agosto para ver.

Voto pulverizado

Entre bolsonaristas, caciques da política baiana acreditam que haverá uma pulverização dos votos para deputado federal da base mais fiel ao presidente Jair Bolsonaro. Em 2018, esta fatia do eleitorado votou majoritariamente na deputada Dayane Pimentel, que acabou rompendo com o grupo do presidente. Há ao menos cinco nomes para a disputa e caciques apostam que no máximo um deles conquista a vaga para o Congresso. 

E a rabada?

Já no MDB, parlamentares têm comentado que não estão vendo a famosa "rabada" - aqueles candidatos com menor potencial eleitoral, mas que ajudam a chegar no quociente necessário para a eleição de deputados. Embora o partido tenha levado nomes com musculatura para a disputa pela Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, faltam candidatos mais competitivos. 

Conto do vigário

Nos corredores da Assembleia Legislativa, deputados ouvidos pela analisaram a janela partidária e disseram que alguns candidatos de partidos médios e pequenos podem ter caído no "conto do vigário". Isso porque muitos partidos estão fazendo contas "muito acima da realidade" para atrair nomes para suas legendas. Pelas contas, se todos forem eleitos, o Legislativo estadual vai precisar de pelo menos umas dez vagas a mais para deputados. 

Renovação forçada

A Assembleia Legislativa deve ter uma renovação forçada de ao menos 11 deputados. Levantamento feito pela coluna mostra que, deste total, seis devem disputar uma vaga na Câmara dos Deputados e cinco não devem de disputar a reeleição. Para federal, irão os deputados Capitão Alden, Dal, Diego Coronel, Leo Prates, Talita Oliveira e Tum. 

Susto

Provocou um rebuliço no PV baiano o burburinho de que o partido iria sair da federação com o PT. Considerada uma espécie de coligação, a federação é a esperança dos verdes para manterem suas cadeiras de deputados. Ao que tudo indica, tudo não passou de especulação. Mas, como diz o ditado, onde há fumaça, há fogo. 

Mudanças

Com o aumento da bancada de oposição na Assembleia, que chegou a 27 deputados, as comissões da Casa terá muitas mudanças. As conversas já começaram e o grupo oposicionista deve ganhar novas cadeiras e, quem sabe, o comando de mais colegiados do Legislativo.

Fotos: Divulgação. Siga o insta @sitealoalobahia

1 Apr 2022

Lula descontente com aliança PT-MDB, a insatisfação da base petista e os barrados no evento do ex-presidente

Persona non grata
A militância mais à esquerda do grupo petista não gostou nada da escolha de Geraldo Júnior para a vice de Jerônimo Rodrigues, que será candidato ao governo do PT. Esta ala, formada não só por integrantes do PT, defendia a escolha de um nome "mais ligado ao perfil do ex-presidente Lula", em especial uma mulher. As favoritas eram a deputada federal Lídice da Mata (PSB) e a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB). E dizem também que Geraldo está mais de olho em seus projetos pessoais do que os do grupo. "Prevaleceu o pragmatismo de Wagner", frisa um deputado da base.
 
Bronca do chefe
Por falar em Lula, que esteve ontem em Salvador para lançar a chapa do grupo, o ex-presidente também não gostou da aliança com o MDB. Segundo fontes da coluna, o manda-chuva petista teme que o acordo seja um "tiro no pé" e que cause desgaste junto à militância e prejudique sua votação na Bahia.
 
Barrados no baile
No evento com Lula, diga-se de passagem, políticos aliados reclamaram da desorganização. Quem estava lá flagrou diversos políticos que não conseguiram entrar no espaço do evento, que acabou com muitos "puxa-sacos" levados por deputados. Entre os que não conseguiram entrar estavam o prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), e o deputado federal Bacelar (PV). Se conseguiram entrar depois, não se sabe, mas estavam com cara de poucos amigos.
 
Cheque em branco
Em seu discurso, o próprio Lula admitiu que não conhece "o tal de Jerônimo". A fala causou desconforto entre os presentes, que se entreolharam quando o cacique petista falou. "Se depender da minha vontade, de algum voto que eu tenha na Bahia, esse tal de Jerônimo, que eu ainda nem conheço bem, e se lançará candidato, será o próximo governador da Bahia", disse Lula. Bom, aí fica a pergunta: se nem Lula conhece, imagine o povo?!
 
Deixa o povo falar
Quem esteve no evento flagrou conversas em paralelo entre prefeitos. O papo era o seguinte: todos diziam que votariam e pediriam voto para Lula para presidente, mas quando o assunto era a disputa pelo governo do estado, desconversavam e falavam sobre as eleições para Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Detalhe: o evento era para lançar a chapa governista à sucessão. Silêncio muito sugestivo.
 
Euforia, mas nem tanto
A ida do MDB para a base até animou os principais líderes da base governista, mas, na prática, aliados avaliam que o único ganho é o tempo de televisão. O partido não leva deputados nem prefeitos, já que os principais gestores municipais da legenda já avisaram que ficarão no grupo de ACM Neto.
 
Farinha pouca…
E já tem liderança partidária da base governista reclamando do tratamento prioritário dado ao MDB em detrimento das demais legendas. Um deputado da base diz que o movimento para "vitaminar" o partido dos Vieira Lima, articulado por Wagner, "não é razoável" quando há "partidos aliados históricos" com dificuldade para montar suas chapas proporcionais. Um deles é o PSB, que, além de ter problemas para formar seu grupo para deputado federal, deve também perder deputados estaduais com mandato para outras legendas.
 
Embarrigada
E Wagner que acusou o PDT de estar sendo "embarrigado" agora decidiu ele mesmo "embarrigar" o MDB. O processo, no entanto, tem sido visto com desconfiança dentro da legenda. Isso porque os nomes que estão indo para o partido são, na verdade, muito ligados a outras lideranças do grupo, como os ex-prefeitos de Ribeira do Pombal Ricardo Maia e de Santo Antônio de Jesus Rogério Andrade, ambos com ligação forte com o senador Otto Alencar. Já se comenta que alguns destes que estão indo para o MDB só querem ser eleitos e depois pulam fora do partido.
 
Rainha da Inglaterra
Enquanto o senador Jaques Wagner assumiu de vez o comando da base política do PT, como "fundador do grupo", como ele mesmo diz, o governador Rui Costa ficou em segundo plano e tem sido chamado de "Rainha da Inglaterra" na própria base. Isso porque além das decisões políticas, Wagner tem também feito interferências no governo, indicando mudanças nas secretarias para agradar os novos aliados. Antes, dizem governistas, isso seria inconcebível para Rui.
 
Na boca do povo
Em Morro do Chapéu, um movimento inusitado tem tomado conta da cidade. A prefeita Juliana Araújo tem sido cotada por aliados de ACM Neto para integrar a chapa como candidata a vice-governadora. Diante disso, moradores do município criaram uma mobilização nas redes sociais chamada "#FicaJuju", em referência ao apelido da prefeita. Aliados de Juliana dizem que ela tem sido parada na rua por pessoas para perguntar se as conversas são mesmo verdade ou especulação.
 
Foto: Reprodução/Redes sociais/@beatrizdepaula_

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