Primeira-dama no TCM, Geraldo Jr. de olho em espaços do PSD, a disputa pela UPB e a manobra milionária de Rui

Enfermeira no TCM?
A épica frase do ex-governador Octávio Mangabeira "pense num absurdo, na Bahia tem precedente" resume bem a situação da possível indicação da primeira-dama Aline Peixoto para a vaga no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). No meio político, o nome da esposa do governador Rui Costa (PT) já é tratado publicamente, inclusive com uma declaração da deputada Ivana Bastos (PSD) de que Aline tem perfil para a vaga. Mas tem mesmo? Enfermeira, Aline não tem qualificação técnica para o cargo? O TCM é o órgão responsável pela fiscalização da gestão dos recursos municipais e, por isso, o mínimo que se espera dos conselheiros é conhecimento sobre o assunto.

Ela não
Mas se depender dos deputados, em especial da própria base petista, o desejo do governador de indicar a esposa para o tribunal não vai prosperar. Fontes da coluna dizem que a tendência é que a vaga fique mesmo com algum parlamentar ou ex-deputado. Contam também que Aline, assim como o governador, não tinha a simpatia da classe política baiana. Acreditam ainda que uma indicação da primeira-dama pode gerar questionamentos, inclusive judiciais, pela falta de qualificação técnica.

Impondo Limites
Segue quente o clima de disputa por cargos no governo do estado. Pelo que se comenta nos bastidores, o vice-governador eleito, Geraldo Júnior (MDB), queria a Secretaria de Segurança Pública, mas o PT vetou. A ordem é impor limites a GJ. Foi oferecida a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), pasta que integra no atual governo a cota do PSD. Contudo, caciques petistas já avisaram a Geraldo que, caso ele vá mesmo para a pasta, não terá a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), que é um dos órgãos mais cobiçados da estrutura estadual.  

Calma lá
Quem tem visto com descrença a movimentação é a cúpula do PSD na Bahia, que já avisou que não pretende perder espaços no novo governo. Ao contrário, quer ampliar. Um parlamentar do partido confidenciou à coluna que o PSD, por ter bancadas robustas na Assembleia e na Câmara dos Deputados, não vai aceitar perder espaços para o MDB, que elegeu apenas dois deputados estaduais e um federal.

Cheque para 30 dias
É grande a lista de contratos que o governo Rui Costa passou a publicar após o segundo turno das eleições. Os atos se referem a eventos feitos ao longo da campanha eleitoral em cidades administradas por aliados e financiados com recursos da Bahiatursa, cujo orçamento anual de R$ 23 milhões previsto em lei mais que quintuplicou de janeiro outubro deste ano. Somente os contratos publicados na última sexta passam da faixa de R$ 1,6 milhão. A manobra do governo em dar transparência aos valores mais de um mês depois de ter empenhado os recursos tem sido chamada nos bastidores de “cheque eleitoral para 30 dias”.

Corrida acirrada
Mal terminou a eleição e uma nova disputa já tem se intensificado no meio político da Bahia: o comando da União dos Municípios da Bahia (UPB). Sem a concorrência do atual presidente e prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), que já tinha dito não ter interesse na reeleição, a corrida já tem pelo menos seis nomes: Quinho (PSD), de Belo Campo; Moreirinha (PSD), de Itapicuru; Wilson Cardoso (PSB), de Andaraí; Julio Pinheiro (PT), de Amargosa; Cacá (PT), de Miguel Calmon; e Adriano Lima (PP), de Serrinha. Todos já estão em franca campanha e tentam angariar apoios para a eleição, que ocorre no final de janeiro.

Queda de braço
A disputa promete acirrar os ânimos na base governista. Caciques argumentam que a presidência da UPB não pode ficar com o PSD, uma vez que o partido continuará no comando da Assembleia Legislativa (Alba). Lideranças petistas dizem que a legenda não comanda a entidade que representa os municípios há mais de dez anos e defendem a união em torno de um nome da sigla - o favorito é Julio Pinheiro. O MDB já manifestou que não tem interesse, enquanto o PSB avisou que pretende ficar com a vaga. Por outro lado, integrantes do PSD dizem que o partido é, hoje, o maior da Bahia em número de prefeituras e, por isso, tem legitimidade para pleitear o comando da UPB. Por enquanto, não há fumaça branca.  

Imobilidade
O governador Rui Costa reenviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei para arrematar um empréstimo de R$ 100 milhões a fim de bancar os custos do sistema viário da nova Rodoviária na região de Águas Claras. Na primeira tentativa, o projeto foi escanteado pela Casa e acabou perdendo validade porque venceram os prazos regimentais. Mesmo assim, Rui ordenou a execução da obra, que, em valores atualizados, já está em torno de R$ 130 milhões. O governo não informou, porém, de onde virá o excedente para fechar a conta no azul.

Nova chance
Interlocutores do legislativo baiano discutem internamente se cabe ou não uma espécie de “quarentena” ao futuro governo de Jerônimo Rodrigues. Uma parte diz que, apesar de novo, o governador que assumirá a partir de 1º de janeiro representa uma gestão de continuidade de 16 anos e não poderá requerer tempo para adaptação. Outra fatia prega que é preciso dar alguns dias de respiro ao petista eleito antes de fazer ponderações. Os dois grupos convergem, contudo, que a nova gestão será rigorosamente cobrada para reverter indicadores crônicos de áreas essenciais como saúde, segurança pública, desemprego e educação - de cuja pasta Jerônimo não deu conta como secretário.

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