Jerônimo dá uma de Papai Noel às avessas e o serviço premium de Rui bancado pela Bahia

redacao@aloalobahia.com

Às vésperas do Natal, o governador eleito Jerônimo Rodrigues (PT) deu uma de Papai Noel as avessas. Preparou uma sacola de medidas para “presentear” a Bahia. Na calada da noite e por meio de um jabuti, o governo aumentou para 19% a alíquota do ICMS no estado, o que deve impactar no aumento de produtos e serviços. A reforma administrativa do governo de transição ainda aumentou de 24 para 25 o número de secretarias e criou mais de 200 novos cargos - foram criados mais de 1.000 e extintos outros cerca de 800. A cereja do bolo é que Jerônimo terá um salário 50% maior do que o de Rui Costa: a remuneração a partir do próximo ano será de R$ 35 mil contra os R$ 23 mil atuais.

Cereja do bolo

Para completar a lista de presentes, o governador Rui Costa decretou que ex-governadores têm direito a motorista e segurança vitalícios mesmo se passarem a morar fora da Bahia, o que não era permitido antes. A medida beneficia o próprio Rui, que vai se mudar para Brasília para assumir a Casa Civil do governo Lula.

A Bahia paga a conta

O governador Rui Costa remanejou servidores do seu staff na Bahia para atuarem em Brasília na transição do governo federal. A cessão da mão de obra seria normal não fosse pela fatura que tem sido paga o dinheiro público dos baianos, especialmente para pagamentos de diárias a assessores em deslocamento. Não bastasse isso, Rui ainda antecipou a pessoas do seu entorno valores referentes a dias de serviço que sequer foram realizados.

Amigos, amigos, negócios à parte

Fontes com trânsito no núcleo petista dizem que quase todos os indicados pelo senador Jaques Wagner (PT) foram deixados para trás na montagem do primeiro escalão de Jerônimo Rodrigues. Interlocutores ouvidos pela coluna dizem que o governador Rui Costa tem mostrado grande apetite e conseguiu emplacar os seus indicados no secretariado. Wagner, por outro lado, tem mantido uma postura republicana e não força para emplacar nomes ligados a ele. Essa postura, entretanto, frustrou assessores diretos do senador, que chegaram a ser cotados para integrar o primeiro escalão, mas foram preteridos em detrimento das escolhas de Rui. 

Na bronca

Pessoas próximas ao senador argumentam que o tratamento é incompatível com a importância de Wagner para a eleição de Jerônimo. Lembram que foi Wagner o principal responsável pelas costuras partidárias que deram a vitória ao ex-secretário da Educação. Dos nomes de Wagner, só passou até o momento Eduardo Sodré Martins, que é enteado do senador e foi anunciado como secretário de Meio Ambiente do próximo governo.

Jogo de cena

Integrantes do trade turístico ficaram preocupados com a continuidade de Maurício Bacelar à frente da pasta. Embora alguns dirigentes do setor tenham emitido uma nota celebrando a permanência do secretário, outros representantes acreditam que o comunicado não passa de jogo de cena e dizem, sob anonimato, que a gestão de Bacelar não trouxe bons resultados. Avaliam que o secretário não tem conhecimento técnico para conduzir o turismo e pontuam que a continuidade dele é uma sinalização de Jerônimo de que não haverá mudanças no setor, cujo potencial de desenvolvimento não vem sendo aproveitado há anos pelo governo. "A verdade é que o turismo continuará sendo tratado como uma área sem importância", resumiu um deles, em conversa com a coluna. 

Voto de desconfiança I

E não é apenas no Turismo que o secretariado de Jerônimo tem sido criticado. Outros nomes já definidos pelo governador também são vistos com desconfiança pela falta de qualificação técnica. Um deles é o deputado estadual Tum (Avante), que foi derrotado na disputa por uma cadeira na Câmara dos Deputados e foi anunciado como secretário da Agricultura. Ele é bacharel em turismo e teve um mandato apagado na Assembleia Legislativa, sem ter passado nem mesmo pela Comissão de Agricultura. O ápice do mandato dele foi quando propôs uma CPI para investigar a Coelba, que, garantem parlamentares, foi uma iniciativa muito mais para atender a interesses pessoais do deputado do que para melhorar o serviço para a população baiana. 

Voto de desconfiança II

Outras escolhas duramente criticadas são os deputados federais Afonso Florence (PT) e Sergio Brito (PSD) para as pastas da Casa Civil e Infraestrutura, respectivamente. O primeiro foi condenado pelo Tribunal de Contas a devolver R$ 8 milhões aos cofres públicos devido a irregularidades no período em que foi secretário de Desenvolvimento Urbano, ainda no governo de Jaques Wagner. Já o segundo teve passagem pelo governo de Rui Costa, na Secretaria de Desenvolvimento Urbano, e ficou por menos de um ano no cargo. O trabalho de Brito era duramente criticado e pela falta de resultados. 

Silêncio

O Secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, deu uma quarentena em relação a imprensa após o resultado das eleições para o governo da Bahia. Neto, no entanto, segue observando a cena política e promete sair da quarentena no início de janeiro e conceder uma primeira entrevista para falar sobre a Bahia e o Brasil. 

Prêmio de consolação

Após deixar de fora do primeiro escalão o diretor superintendente da extinta Bahiatursa, Diogo Medrado, a cúpula governista já planeja um prêmio de consolação no segundo escalão para o filho do ex-deputado Marcos Medrado. O destino dele deve ser um órgão com orçamento encorpado que ficará responsável pelos grandes eventos do estado, como Carnaval e São João. Segundo apurou a coluna, Diogo, que integrou a coordenação de campanha de Jerônimo, andou reclamando nos bastidores por ter sido deixado de lado. Lembrando que Diogo teve as contas da Bahiatursa de 2020 rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). 

Disco arranhado

Mesmo às vésperas de assumir o governo, Jerônimo adota ainda um discurso de campanha. Observadores da política baiana ponderam que o governador eleito adota um tom de palanque eleitoral, como se ainda não tivesse vencido a disputa para suceder seu padrinho Rui Costa. Pontuam que, ao falar em público, o ex-secretário da Educação tem soltado indiretas e feito provocações contra ACM Neto. Melhor seria explicar o aumento do ICMS para 19%, o aumento do número de secretarias  e a criação de mais de 200 cargos comissionados.

Foto: Divulgação. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

NOTAS RECENTES

TRENDS

As mais lidas dos últimos 7 dias