23 Sep 2022
Ao estilo ‘tanto faz’, Lula diz que vai conversar com todos os governadores eleitos, independente do partido
A entrevista do ex-presidente Lula ao apresentador Ratinho no SBT, nesta quinta-feira (22), caiu como uma bomba na principal estratégia da campanha de Jerônimo Rodrigues (PT) ao governo da Bahia. Ao estilo "tanto faz", o ex-presidente disse que, se for eleito, vai chamar para conversar todos os governadores, independente do partido, já na primeira semana de janeiro. Na fala, Lula foi enfático: “Ninguém sabe conversar com governadores como eu. Eu converso com todo mundo, não quero saber de que partido a pessoa é”. A declaração deixou ainda mais desanimados petistas baianos, que apostam todas as fichas na boa avaliação do ex-presidente no estado.
Na TV, Lula invoca o “tanto faz” e diz que vai conversar com todos os governadores eleitos, independente do partido pic.twitter.com/FL8QhZ2y34
— TIA CÂNDIA (@tia_candia) September 23, 2022
Sem concorrência
Lembram da empresa de milhões que publicamos na semana passada? Só para relembrar: essa corporação, do ramo de eventos, faturou somente esse ano mais de R$ 14 milhões do governo, tendo por trás um importante figurão aliado ao PT. O valor é 1.900% maior do que a empresa faturou no ano anterior. Pois bem, pasmem: 90% dos contratos dela com o governo são por dispensa - ou seja, não teve concorrência. Depois da publicação da semana passada, integrantes dos órgãos de controle já começaram a investigar a relação da empresa com o tal figurão e a legalidade dos contratos firmados por ela.
Cortes milionários
O governador Rui Costa (PT) e seu ex-secretário da Educação, Jerônimo Rodrigues (PT), hoje candidato ao governo, adoram criticar o contingenciamento de recursos do governo federal com as universidades, mas não conseguem explicar por quê eles fizeram o mesmo na Bahia. Entre 2019, quando Jerônimo assumiu a pasta, e 2021, os cortes feitos pelo governo no orçamento das instituições estaduais de ensino superior foram, no total, de R$ 548,5 milhões, de acordo com números levantados pela coluna junto ao Relatório de Execução Orçamentária da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz). Somente em 2021, a contenção de recursos foi da ordem de R$ 261,8 milhões. Em 2019, o contingenciamento foi de R$ 90,5 milhões e, no ano seguinte, de R$ 196 milhões.
Abandono
A situação fez com que as universidades estaduais enfrentassem diversos problemas nos últimos anos, inclusive comprometendo o funcionamento básico de alguns campi. Em 2019, professores fizeram uma greve para protestar contra o abandono das instituições e, agora, estão novamente mobilizados para pedir melhorias e não descartam um novo movimento grevista. O coordenador do Fórum das Associações Docentes das Universidades Estaduais, Alexandre Galvão, não poupou críticas a Rui: “Estamos chegando ao final do governo Rui Costa e eu diria que ele termina o seu governo de forma melancólica com o ensino superior estadual. Foi um governo que não disse ao que veio para as universidades estaduais”.
O golpe de Rui nos professores
Professores da rede estadual ficaram na bronca com o governador Rui Costa (PT) e com a bancada de deputados governistas que insistiram em não pagar o valor devido dos precatórios do Fundef corrigido com juros. O projeto que foi aprovado na Assembleia, na última quarta-feira, implica numa perda de cerca de R$ 1 bilhão para os trabalhadores. Para a categoria, o resultado do plenário foi um duro golpe, especialmente porque o candidato de Rui Costa para sucessão estadual é um professor - o que escancara uma contradição entre o discurso e a prática.
Fuga à esquerda
A pressa do governo em aprovar os precatórios na Assembleia pode não surtir o efeito eleitoral esperado. Ao final da votação, diversos professores não escondiam o descontentamento com a falta de diálogo do governo. Cientes do desgaste que estava em jogo, pouquíssimos governistas foram ao plenário, com o álibi de agendas de campanha pelo interior. Quem puxou a fila dos virtuais foi o líder de governo Rosemberg Pinto (PT), que já havia sido alvo de reclamação semanas atrás e, estrategicamente, não deu as caras. A oposição chegou a apresentar uma emenda para garantir o pagamento integral dos precatórios, mas a tropa de choque do governo entrou em cena para reter os recursos de ordem federal nos cofres do Estado.
Tapando buracos
Enquanto os professores faziam périplo debaixo de sol e chuva para ter sua fatia de direito dos precatórios, o governador Rui Costa direcionava uma parte dos valores para cobrir custos de obras que foram iniciadas com viés meramente eleitoral, mesmo sem ter orçamento garantido. Assim que o dinheiro da União ficou disponível, Rui mandou alterar a fonte de receita de 55 contratos, que estavam pendurados no tesouro do Estado. A mudança foi publicada no Diário Oficial do dia 13, portanto, oito dias antes de haver definição na Assembleia sobre qual seria o montante dos professores.
Aliança rachada
A situação preocupa o núcleo da campanha de Jerônimo Rodrigues (PT), uma vez que a categoria dos professores, da educação básica e do ensino superior, sempre foi adepta das candidaturas petistas. Se soma a isso a insatisfação dos servidores públicos do estado, que ficaram sete anos sem reajuste no governo Rui Costa e, além disso, reclamam do sucateamento do Planserv. Uma fonte governista garante que a relação estremecida com estas categorias representa um grande baque para o desempenho do ex-secretário da Educação.
Sem prestígio
Pelas bandas bolsonaristas, os seguidores do presidente estão enfurecidos com o ex-ministro João Roma (PL). As recentes notícias de um possível pacto de Roma com o senador Jaques Wagner (PT), que recentemente se encontraram, irritou ainda mais os apoiadores de Bolsonaro. É tanto que, num evento de campanha em Itabuna nesta quinta-feira (22), somente os candidatos mais próximos de Roma participaram. Nem mesmo os postulantes da região foram prestigiar o evento, segundo integrantes do PL. Dizem eles que o baixo desempenho de Bolsonaro na Bahia é culpa do ex-ministro.
Gastança nas alturas I
Técnicos e auditores que monitoram as contas do governo acenderam o alerta para o uso desenfreado e indiscriminado de recursos não previstos no orçamento deste ano, mas que aparecem em volumes estratosféricos às vésperas das eleições. A Conder, por exemplo, já gastou quase 10 vezes mais do que tinha em caixa no início do ano. A conta da Companhia ultrapassa a casa dos R$ 2 bilhões, contra o orçamento inicial de R$ 263 milhões previsto na Lei Orçamentária Anual. Fontes da coluna nos órgãos de controle confidenciaram que o caso pode ser enquadrado, inclusive, como crime eleitoral por abuso de poder econômico.
Gastança nas alturas II
Quem também está gastando dinheiro como se não houvesse amanhã é a Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Bahiatursa), que inflou seu orçamento de R$ 23 milhões para R$ 111 milhões até então. A pasta era controlada por Diego Medrado, hoje coordenador da campanha de Jerônimo Rodrigues. Na mesma linha está a Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) - controlada pelo PCdoB -, que triplicou seu poder de fogo excepcionalmente neste ano eleitoral: elevou o orçamento de R$ 55 milhões para R$ 165 milhões. Os dados do portal da Transparência mostram que nos anos anteriores, quando não houve disputa eleitoral, os valores aplicados nessas respectivas áreas representaram a metade do que Rui Costa gastou de janeiro a setembro de 2022.
Rui perseguidor I
O mais novo caso de perseguição do governador Rui Costa enfureceu policiais em todo o estado. Após o petista mandar exonerar o diretor do Colégio da PM de Jequié por ter ido a um evento de ACM Neto, policiais passaram a compartilhar em grupos de WhatsApp mensagens de repúdio contra a medida de Rui e recordam ainda casos recentes, como a exoneração do comandante da PM e de um delegado em Morro do Chapéu por serem eles próximos à prefeita Juliana Araújo, desafeto declarado do governador.
Rui perseguidor II
Por falar em Morro do Chapéu, o governador atacou de novo contra a cidade. Na semana passada, o governo mandou fechar a sede do SineBahia no município sob alegação de problemas estruturais no prédio onde funcionava o órgão. Só que aliados da prefeita garantem que a medida foi mais uma ação para perseguir Juliana. A questão é que a medida prejudica, na verdade, a população, pois Morro tem se tornado um polo de produção de energia eólica, com investimento altos e geração de empregos, e o SineBahia cumpria o papel de intermediar o contato com a mão de obra. É um fato: Rui mirou na prefeita e acertou no povo.
Foto: Reprodução/ Ricardo Stuckert/ redes sociais.