Alô Alô Política: Otto preocupado com saída de Mirela do governo e os desdobramentos da CPI que indiciou Rui e Dauster

O caldo entornou
Como havia antecipado a coluna, o governador Rui Costa e o ex-secretário Bruno Dauster foram indiciados pela CPI da Covid tocada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Agora, o relatório final da investigação será entregue ao Ministério Público Federal (MPF) e também à Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). A oposição já avisou que vai pedir abertura de uma CPI no Legislativo baiano para investigar os fatos. Há quem diga que as 21 assinaturas necessárias já estão próximas de serem conseguidas.
 
Surpresinha
Interlocutores com trânsito no Palácio de Ondina dizem que Rui não esperava estar entre os indiciados. Pelo fato de o relator da CPI ser do PT, Rui acreditava que não seria atingido. De fato, o relator petista não incluiu o governador baiano nem nenhum outro agente público. Contudo, os integrantes da CPI se articularam para incluir aqueles que achavam responsáveis. Rui foi incluído por ser, na época da compra frustrada dos respiradores, o coordenador do Consórcio do Nordeste e, assim, o ordenador de despesas.
 
Fim da paciência
O desembarque da deputada estadual Mirela Macedo do bloco governista causou preocupação no PSD. O senador Otto Alencar, cacique-mor do partido na Bahia, disse, a aliados, temer que o movimento de Mirela acabe causando outras baixas, uma vez que outros parlamentares e prefeitos filiados à legenda têm manifestado insatisfação com o governo Rui Costa (PT) e desejo de migrar para o grupo liderado por ACM Neto (Democratas). A saída de Mirela foi considerada por Otto precipitada, pois, na visão dele, seria melhor esperar até o ano que vem, quando o cenário estaria "mais claro". Alguns dos quadros da sigla acataram o pedido de Otto e estão adiando o anúncio de apoio a Neto. Mas até quando?
 
Poder ameaçado
Embora ainda não tenha anunciado formalmente a saída do PSD, Mirela deve mesmo deixar a legenda e seguir para alguma que integre o arco de alianças de Neto. Nesta linha, outro temor de Otto é perder parlamentares, o que poderia levar a um enfraquecimento junto ao governo. Lembrando que o PSD é considerado o mais poderoso partido governista no estado, mais até do que o PT.
 
Sem conversa
Para tentar evitar a ida de Mirela para a oposição, Otto pediu à deputada Ivana Bastos (PSD) para intervir e conversar com a correligionária. O bate-papo, dizem interlocutores, embora bom, foi infrutífero e Mirela se mostrou irredutível.
 
Nem a primeira nem a última
Em uma conversa nos corredores da Assembleia Legislativa, dois deputados governistas discutiam sobre a saída de Mirela e concordavam que o sentimento na base é de insatisfação. “Hoje, se você pegar todos os mais de 40 deputados, não acha um que esteja plenamente satisfeito com o governo, nem mesmo os do PT”, disse um deles. O outro concordou e alertou que Mirela não é a primeira nem a última a deixar a base de Rui e Wagner.
 
Palanque aberto
Integrantes do PL na Bahia manifestaram ao presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, o desejo de manter no estado a aliança com ACM Neto. Inclusive, avisaram que pretendem pleitear um lugar na chapa encabeçada pelo democrata. A ideia é apoiar Neto para o governo do estado e a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, nacionalmente. Eles seguem resistentes ao nome do ministro da Cidadania, João Roma, que, na visão dos liberais, não agregaria na eleição de bancadas para deputado estadual e federal.
 
O sonho…
O deputado estadual Roberto Carlos (PDT) chegou a quase soltar fogos de tanta alegria com a operação da Polícia Federal (PF) contra o presidenciável Ciro Gomes. O parlamentar sonha com uma aliança entre PDT e PT para apoiar o ex-presidente Lula e acredita que, com a batida do "uber black" na casa do ex-ministro, Ciro desistiria da candidatura para apoiar Lula.
 
... A realidade
Contudo, caciques do partido na Bahia dizem que a chance de retomar a aliança com o PT no estado é zero. Além de já apoiar o prefeito Bruno Reis em Salvador e ter conversas avançadas com ACM Neto para a disputa pelo governo, o partido foi praticamente "despejado" da base governista, o que irritou integrantes da sigla. Dirigentes pedetistas também acreditam que há um desgaste "muito grande" das gestões petistas na Bahia. Banho de água fria em Roberto Carlos.
 
Cabeça de gelo
Por falar na operação contra Ciro e o senador Cid Gomes, caciques do PDT dizem que o clima no partido é de tranquilidade. Eles negaram que Ciro esteja sendo pressionado internamente a desistir da candidatura e acreditam que a informação tem sido "fomentada" por quadros do PT. "Os petistas querem Ciro com eles, mas hoje não tem chance", disse um deles.
 
Fogo amigo
Um deputado federal petista tem dito a colegas parlamentares que Rui Costa foi quem mais fez oposição a Wagner na Bahia. Ele diz que a alcunha de "Correria" foi um contraponto ao "Wagareza" e que Rui praticamente liquidou programas que foram marca dos governos do hoje senador, como Topa. "E o pior é que ele se gaba de ter boa avaliação, mas não transfere votos, como ficou claro em Salvador e nas pesquisas", criticou, a outro deputado.
 
União sem união
A possibilidade de formação de uma federação partidária entre PT, PCdoB, PSB, PV e PSOL tem dividido opiniões entre integrantes destas siglas. No PCdoB, há quem considere a federação uma forma de "salvar" os mandatos dos dois deputados federais da sigla (Alice Portugal e Daniel Almeida) - sozinhos, os comunistas acham que elegem apenas um. Mas há também quem tema que os partidos menores acabem servindo de "escada" para os candidatos do PT, que têm maior musculatura, o que tem deixado deputados das demais siglas com os dois pés atrás. Na Bahia, o PSOL mesmo não quer conta com o PT. "Caso a federação avance, muitos conflitos são esperados", disse uma fonte com trânsito no Palácio de Ondina.
 
Vai pra onde?
Com a filiação do ex-ministro Sérgio Moro ao Podemos, o governador Rui Costa sugeriu ao deputado federal Bacelar, presidente do partido na Bahia, que se filie ao PSB para disputar a reeleição. O parlamentar, entretanto, ficou reticente com a ideia, pois tem dito a aliados que o PSB só deve eleger um deputado - hoje tem dois e, para ele, muito dificilmente elegeria um terceiro.
 
A coluna Alô Alô Política é publicada às sextas, sempre ao meio dia, nos portais CORREIO e Alô Alô Bahia. Também pode ser conferida através do endereço www.aloalopolitica.com e do Instagram @aloalopolitica.
 
Foto: Divulgação.

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