A preocupação de caciques do PT com o 2º turno, a empolgação de aliados de ACM Neto e a gastança do governo

Quanto mais alto é o voo…
Alguns caciques do grupo governista no estado estão preocupados com o segundo turno. Segundo apurou a coluna, o senador Jaques Wagner (PT) manifestou certo temor com a ida da disputa para a segunda etapa e, inclusive, preferiu não celebrar com a cúpula da campanha de Jerônimo no último domingo (2). “Era para a gente ter vencido no primeiro turno”, teria dito o senador petista. A preocupação é uma só: a cúpula petista sabe que o segundo turno é uma nova eleição. Ponderam ainda que, nas últimas quatro eleições vencidas pelo PT no estado, a disputa terminou no primeiro turno. 
 
Lobo solitário
O presidente do PSC no estado, Heber Santana, mudou para o grupo do PT e tem sido bombardeado. No partido, o que se fala é que ele foi sozinho. Publicamente, integrantes da legenda, como o deputado federal Abílio Santana, já se posicionaram contra a mudança e não pouparam críticas a Heber, que até bloqueou os comentários em seu Instagram para evitar os ataques que tem recebido. Lembram eles que o PSC é um partido de base evangélica, cuja maioria do eleitorado não vota no PT. 
 
Otimismo renovado
No grupo de ACM Neto, as lideranças políticas estão empolgadas com o segundo turno. Acreditam que o eleitorado que apoiou João Roma (PL) deve seguir com ACM Neto e veem ainda muito espaço para crescimento, principalmente em regiões consideradas bolsonaristas. Além disso, pontua que Neto já conquistou um bom percentual do eleitorado de Lula, o que indica possibilidade de convencer ainda mais este eleitor ao longo da campanha. 
 
Força política
Nesta quinta-feira (6), Neto reuniu milhares de deputados, prefeitos e lideranças no Centro de Convenções e deu uma grande demonstração de força política. Pessoas vieram de todas as regiões do estado para participar do encontro e reforçar o apoio a Neto, inclusive candidatos bolsonaristas. 
 
Abuso de poder
Ao longo do primeiro turno chamou a atenção o volume desenfreado de licitações abertas pelo governo da Bahia às vésperas das eleições, o que escancara o uso indevido de recursos públicos para fins eleitorais. Só a Seinfra iniciou 162 processos licitatórios desde o início oficial da campanha, sendo 35 tomadas de preço e 127 abertura de concorrência. Em alguns casos a promessa de obras foi formalizada a dois dias da votação. O governo também manteve o ritmo eleitoreiro na Conder, que abriu 46 licitações presenciais durante a campanha eleitoral para atender prefeitos e lideranças que declararam apoio ao candidato do PT.
 
Sem pudor
Por falar em Conder, depois da farra de convênios que foi amplamente divulgada na imprensa e denunciada ao Tribunal de Contas do Estado, a gestão do PT engatou, sem nenhum pudor, uma série de contratos para favorecer aliados políticos no período mais importante da campanha. Segundo o Portal Transparência, entre 5 de setembro e 5 de outubro, foram assinados 169 contratos que juntos somam R$ 741 milhões.
 
Sem prioridades
Desde que chegou à cadeira de governador, Rui Costa passou, contraditoriamente, a desidratar o quadro de servidores de duas secretarias que apresentam os resultados mais críticos de sua gestão: Educação e Segurança Pública. Em 2015, eram 37 mil trabalhadores ativos na Educação, com a previsão de contratar seis mil via Reda e concurso. Agora, a proposta orçamentária do governo para 2023 projeta apenas 24 mil ativos, uma expectativa de contratar quatro mil via regime temporário e abrir concurso para dois mil. Na Segurança Pública, o efetivo também caiu de 40 mil para 38 mil, prevendo contratar apenas quatro mil. 
 
Em tempo, a Bahia está entre os estados com os piores índices de Educação do Brasil e tem as maiores taxas de homicídios.
 
Golpe de Rui no Planserv
Tal como nas secretarias, Rui também reduziu a rede de proteção à saúde dos servidores públicos. Primeiro baixou de 5% para 2% a fatia de contribuição do estado para manter o Plano de Saúde dos trabalhadores, o Planserv, depois enxugou os serviços disponíveis na rede e agora veio o golpe final com o descredenciamento de hospitais que prestavam atendimento, como o Hospital Aeroporto - praticamente o único que atende Lauro de Freitas e região. Assim, aumentou a carga sobre o contracheque do servidor e ainda tirou benefícios.
 
Mudança de rumo
O segundo turno da disputa ao governo da Bahia entrou de vez na agenda bolsonarista e a pauta anti PT já começou a mexer na dinâmica do jogo. Por tabela, ACM Neto passa a receber apoio, praticamente gravitacional, de eleitores que votaram em João Roma na primeira etapa. A soma dos votos que ambos receberam traduz numericamente a perspectiva de mudança pela maioria da população. A mobilização começa a agregar pessoas, setores e segmentos da sociedade que até então não haviam se posicionado em bloco. Nas redes, bolsonaristas já dão o tom da ofensiva sobre o drama da insegurança: “Sai de casa pra votar em Jerônimo e depois fica preso em casa por causa da bandidagem”.

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