A ponga em Anitta, as novas pedaladas de Rui e a crise iminente dos convênios

A ponga em Anitta
A base governista na Bahia quis pegar carona no apoio de Anitta ao ex-presidente Lula (PT) na disputa pelo Planalto. O senador Otto Alencar (PSD), por exemplo, chegou a comparar os dois T do seu nome com o da cantora e assim se mostrar mais moderno com o eleitor. Diversos deputados quiseram colar imagem de Jerônimo ao fato.
 
Rui Pedalinho
Ao que parece o governador Rui Costa está trocando a alcunha de “correria” para “pedalinho”. É que ele acumula incontáveis alertas e ressalvas de técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) nos extratos das movimentações orçamentárias do governo ao longo dos últimos anos. O sinal amarelo mais recente veio no julgamento das contas de 2021, na semana passada, onde o TCE grifou distorções causadas pelo uso excessivo e indevido, por parte da administração estadual, do instrumento de Despesas de Exercício Anterior (DEA). Especialistas e auditores apontam que tais manobras de gestão podem na verdade se configurar como pedalada fiscal.
 
Crise à vista
Lembram da denúncia publicada pela coluna na semana passada sobre o cancelamento de convênio pelo governo Rui? Pois bem, prefeitos começaram a tomar conhecimento da situação e estão enfurecidos com o governador. Um deles confidenciou a um deputado que está com as mãos na cabeça sem saber o que fazer. "Ele já licitou a obra, mas como vai receber o dinheiro se o convênio foi cancelado?", questionou. Na mesma situação estão muitos outros prefeitos. O governo até está tentando estancar a crise, mas, dizem parlamentares, é só uma questão de tempo para a bomba explodir.
 
Cortina de fumaça
O cancelamento dos convênios mobilizou a União dos Municípios da Bahia (UPB), que anunciou a criação de uma força tarefa para acompanhar a situação. Segundo o presidente da entidade, Zé Cocá (PP), prefeito de Jequié, Rui está prometendo pagar os convênios após a eleição (já que a lei eleitoral não permite), o que seria ilegal e imoral. Governistas partiram para cima do prefeito, mas a ofensiva é considerada uma "cortina de fumaça" para tentar abafar o escândalo iminente.
 
The crown
Vereadores comentam nos bastidores da Câmara Municipal de Salvador que o presidente Geraldo Júnior (MDB) tem andado angustiado com a perda de prestígio, seja no Legislativo, seja na campanha de Jerônimo Rodrigues (PT), de quem é vice. O comentário geral é que Geraldo se tornou uma "Rainha da Inglaterra", que carrega a "coroa" de presidente, mas que não tem poder nem prestígio. Até mesmo nas comissões, que ele acha que detém o controle, o vereador do MDB sabe que, mais cedo ou mais tarde, a Justiça vai derrubar a nomeação feita por ele para os presidentes dos colegiados, diante das flagrantes irregularidades. "Só resta a Geraldo se apegar às foças ocultas", brinca um vereador.
 
Por que não eu?
Tanto é que Geraldo tem se queixado a pessoas próximas da perda de prestígio. Na campanha de Jerônimo, chegou a confidenciar com amigos que seus discursos eram melhores do que os do petista e até que ele tinha mais relevância no cenário político baiano do que o ex-secretário da Educação. Depois de manobrar para se perpetuar na Câmara, será que Geraldo planeja dar mais um golpe, agora contra os seus novos aliados? Perguntar não ofende!
 
Maioria
A Câmara Municipal de Salvador marcou, por sinal, presença maciça em um evento do pré-candidato ACM Neto em Cajazeiras X. 22 vereadores estiveram presentes ao ato e declararam apoio explícito ao ex-prefeito da capital.
 
Só o começo
Rui Costa anda irritado com a migração de prefeitos da base para a campanha adversária. Embora tenha sido alertado por aliados próximos de que mudanças de lado inevitavelmente aconteceriam, o petista não tem gostado nada do que tem visto. Parlamentares contam que Rui soltou os cachorros sobre deputados e integrantes do governo para pedir um "aperto" nos prefeitos, mas não tem funcionado.
 
Semana que vem tem mais
As prefeitas de Conceição do Jacuípe, Tânia Yoshida (PSD) e de Antônio Cardoso, Lu de Gel (PP) anunciaram, ontem, o desembarque da base governista. Outro apoio que chamou atenção foi de Acácio dos Santos: ele disputou as eleições para prefeito pelo PT em Mulungu do Morro.
O prefeito de Inhambupe, Fortunato Silva Costa, mais conhecido como Nena (PSD), também passou a apoiar Neto. E ainda: os prefeitos de Terra Nova, Éder de Nilda (Cidadania), e o de Milagres, Cezar de Aderio (PP). Semana que vem tem mais.
 
Ressaca junina
O cenário suscitou uma questão intrigante sobre como o governo vai cobrir, por exemplo, os valores empenhados pela Bahiatursa no São João deste ano. O montante aplicado nas festas juninas é quase o triplo do orçamento anual da Superintendência para essa finalidade. Para conseguir fechar as contas na despedida do governo, Rui deve manter o modus operandi já desaprovado pelo TCE e empurrar o saldo para os ombros da próxima administração.
 
Freio de mão
O Ministério Público da Bahia colocou um freio de mão na tentativa da Agerba de renovar por mais dez anos os contratos de concessão com empresas que fazem o serviço de travessia marítima entre Salvador e Mar Grande. A Vera Cruz Transportes e Serviços Marítimos Ltda-ME e a CL Empreendimentos Ltda passaram uma década lucrando com a atividade sem nunca terem cumprido os termos contratuais, que, entre outras coisas, previa a substituição das lanchinhas de madeira por catamarãs. Por outro lado, vale frisar que o governo estadual também não fez a sua parte de modernizar os terminais e realizar a drenagem dos canais para aportar as novas embarcações (que nunca chegaram). O contrato chegou ao fim esta semana, mas sua prorrogação valerá apenas o tempo que durar uma nova licitação, cujos termos estão também sob os olhares dos deputados da bancada de oposição na Assembleia Legislativa da Bahia.
 
Camaradas em fúria
A escolha do petista Terence Lessa para a suplência de Otto na disputa pelo Senado aconteceu sob circunstâncias inglórias para a cúpula do PCdoB na Bahia. Por ironia do destino, o anúncio foi feito em Jacobina, cidade governada pelos comunistas, sem que ao menos eles tivessem sido consultados previamente. O PGP de Jacobina, a propósito, foi aberto com discurso acalorado do presidente estadual da legenda, e também secretário de Trabalho, Emprego e Renda, Davidson Magalhães, que exaltou as forças democráticas e de união da esquerda. Instantes depois, assistiu perplexo e enfurecido ao anúncio feito, à revelia, pelo presidente do PT, Éden Valadares. A insatisfação também pegou em cheio o comando do PV, legenda integrante da federação partidária PT/PV/PCdoB.
 
A coluna Alô Alô Política é publicada às sextas, sempre ao meio dia, nos portais CORREIO e Alô Alô Bahia. Também pode ser conferida através do endereço www.aloalopolitica.com.

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