A bomba relógio do monitoramento ilegal do governo, as ordens de Rui e a insatisfação da tropa da PM

Governador enquadrado
O governador Rui Costa (PT) já foi avisado pela cúpula da Segurança Pública de que o assassinato do subtenente Alves pode gerar uma crise sem precedentes no grupo governista, tanto antes quanto após as eleições. Pessoas próximas ao governador o alertaram de que não faltam provas de que houve monitoramento dos carros onde estavam os policiais, que colaboravam também na equipe de segurança da campanha de ACM Neto. O alerta é que, se o caso de fato for investigado pela Polícia Federal, mais cedo ou mais tarde chegará numa conclusão, que deve atingir em cheio a cúpula da SSP e do governo, inclusive o próprio Rui. 

Alerta ligado
Em conversas reservadas, fontes do governo garantem que Rui não só sabia do monitoramento como também ordenava que fosse realizado. Tanto é que, além do acompanhamento destes dois veículos em que estavam os policiais perseguidos, outros carros da campanha de ACM Neto foram alvos de abordagem da polícia nos últimos dias. O caso, dizem analistas das eleições, pode ser facilmente enquadrado como crime eleitoral. 

Boca grande
Não custa lembrar que o próprio Rui Costa já admitiu publicamente, ainda que sem querer, que tem monitorado os eventos de ACM Neto em cidades do interior da Bahia. Em abril, numa entrevista à Rádio Metrópole, sem saber que o microfone estava ligado, o governador confessou: “A gente tem foto de todos os eventos de campanha. Todos”. E ainda disse que fazia isso há pelo menos um ano, ou seja, desde o começo de 2021.

Tropa irritada
O assassinato do subtenente Alves deixou a tropa da Polícia Militar da Bahia ainda mais irritada com o governo do estado. O sentimento na corporação é de que as ordens do Comando-Geral levaram os policiais a cometerem um erro gravíssimo, resultando na morte de um ‘irmão de farda’. A reação de policiais militares em conversas reservadas não deixa dúvidas: a tropa se sentiu usada para fins políticos do governo do PT. 

A punição
A insatisfação da tropa aumentou ainda mais após uma providência tomada pelo governo do estado. O Comando-Geral convocou todos os policiais militares no dia da eleição, supostamente para trabalhar na segurança. Na prática, os policiais encaram a medida como um “aquartelamento maquiado”. A tropa encara a determinação como uma forma de impedir que os policiais votem, já que a cúpula do PT sabe que a grande maioria dos PMs não vota na esquerda, ainda mais após anos de desgaste e falta de investimentos do governo petista.

A hora H
O desespero bateu de vez no grupo governista às vésperas da eleição. A animação da semana anterior com pesquisas que apontaram o crescimento de Jerônimo Rodrigues (PT) deram lugar ao abatimento nos últimos dias. Integrantes da cúpula governista, em conversas reservadas, já admitem que Jerônimo empacou na reta final e que a vitória deve mesmo ir para ACM Neto. Argumentam que, nas grandes cidades da Bahia, a distância de Neto para Jerônimo é considerável e, até mesmo em regiões estratégicas para o grupo, o ex-prefeito de Salvador tem surpreendido e aparecido na frente do petista em várias cidades. 

Tensão
O desânimo é observado também por parlamentares do grupo nos eventos pelo interior do estado nos últimos dias de campanha. Segundo relato de um deles, o governador Rui Costa tem andado cada dia mais cabisbaixo e irritado, inclusive soltando palavrões até mesmo contra pessoas de seu grupo. “Quem vê os últimos discursos de Rui se assusta com as agressões e o baixo nível das palavras”, relata um deles. 

Estelionato eleitoral
Na reta final da campanha o PT baiano passou a usar o expediente do fake news, do qual tanto reclama nacionalmente. Na tentativa de enganar o eleitor, a campanha de Jerônimo Rodrigues tem usado imagens de atos em outras regiões do Brasil como se fossem no interior da Bahia. A estratégia da mentira tenta contornar a baixa adesão e o esvaziamento visto em diversas mobilizações. Em outra ponta, atos em apoio a ACM Neto lotam cidades, mesmo quando ele não está presente, tal como Itapetinga na última quarta.

Descaminhos da Bahiatursa I
A Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Bahiatursa) intensificou o volume de convênios e contratos para realização de eventos desde que o seu diretor responsável, Diogo Medrado, trocou o trabalho técnico da pasta pela coordenação da campanha de Jerônimo (PT) ao governo do Estado. Em pouco mais de um mês (26 de agosto a 29 de setembro), a Bahiatursa torrou R$ 23 milhões, o que equivale ao orçamento disponível para o ano inteiro. A verba foi aplicada majoritariamente nas cidades onde Jerônimo fez ato político eleitoral.

Descaminhos da Bahiatursa II
Mas o que chama a atenção mesmo é que muitos contratos foram firmados com empresas cuja atividade fim são tudo, menos eventos. É o caso da MF Serviços de Apoio Administrativo e da Fenix GRS Coleta de Resíduos. Não custa lembrar que antes de desembarcar na campanha de Jerônimo, Diogo Medrado empenhou contratos para festas de São João que passaram de R$ 100 milhões, valor quatro vezes maior do que tinha em caixa. Para piorar, na última semana o governo publicou uma errata alterando valores para o dobro do previsto.

Estranho no ninho
Tomaram conta de grupos de WhatsApp bolsonaristas vídeos e textos que colocam em dúvida a lealdade do deputado João Roma (PL) ao presidente Jair Bolsonaro. Lembram do histórico de densidade de Roma, inclusive quando, por muitas vezes, fez críticas ao presidente, e comparam o ex-ministro com outros nomes que abandonaram o presidente, como a deputada Joice Hasselmann. Se soma a isso as queixas de candidatos do PL, que reclamam da priorização dos aliados mais próximos de Roma na distribuição de recursos do partido.

Jogo combinado I
A insatisfação dos bolsonaristas cresceu após o debate da TV Bahia na última terça-feira, quando ficou claro o ‘jogo de comadres’ entre Roma e Jerônimo. Um candidato, fã de primeira hora do presidente, não escondeu sua irritação com o desempenho de Roma, que elegeu ACM Neto como seu principal alvo e não atacou Jerônimo, e não poupou críticas ao ex-ministro. “Não falou dos respiradores, não falou da Fonte Nova, não falou do apartamento de Rui. Foi pra lá pra que? Pra brincar de amigo de esquerdista?”, bradou, com um amigo. 

Jogo combinado II
Seguidores influentes do presidente na Bahia, inclusive, culpam Roma pelo fraco desempenho de Bolsonaro nas pesquisas no estado. Dizem que o presidente vai sair da eleição menor do que entrou na Bahia, porque Roma, além de não defender Bolsonaro e atacar o PT, “resolveu se aliar ao inimigo”.

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