Palco de Gil, Caetano e Bethânia, Teatro Vila Velha completa 60 anos

Palco de Gil, Caetano e Bethânia, Teatro Vila Velha completa 60 anos

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Larissa Almeida para o Correio

Divulgação/Acervo Teatro Vila Velha

Publicado em 01/09/2024 às 15:01 / Leia em 4 minutos

Gestores, diretores e artistas que falam sobre o Teatro Vila Velha não conseguem deixar de associar a casa de espetáculos ao conceito de coletividade. Isso não acontece por outro motivo que não seja o fato de que, no palco do Vila, grupos ilustres no cenário artístico e cultural deram seus primeiros passos na carreira. No último dia 22 de agosto, fez 60 anos desde que cinco jovens baianos experimentaram a sensação de fazer uma grande exibição pela primeira vez. Quem eles eram? Simplesmente Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia e Tom Zé, com o show ‘Nós, Por Exemplo”.

À parte do sucesso que viriam causar os artistas que foram as estrelas daquela noite, o Vila Velha foi certeiro na criação da coletividade de resistência ao regime militar através da arte, conforme aponta Márcio Meirelles, diretor do equipamento cultural. “O que torna o Teatro Vila Velha tão importante é o fato de ter sido pensado, construído e mantido por artistas que têm uma forte posição sobre o papel do artista na sociedade e o papel da arte no desenvolvimento da humanidade. Por isso, é um palco sempre aberto à diversidade, ao novo, ao risco de dar ou não dar certo”, destaca.

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Mesmo diante da ditadura, o espaço que foi inaugurado em 31 de julho de 1964, exatos quatro meses após o golpe militar, se manteve vivo. Lá, inclusive, foram julgadas e aprovadas as anistias políticas do cineasta Glauber Rocha e do guerrilheiro Carlos Marighella, e o Estado Brasileiro pediu desculpas a suas famílias pelos atos criminosos durante o governo ditador.

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Nos palcos do Vila Velha, surgiram artistas de peso como Lázaro Ramos, Wagner Moura, Virgínia Rodrigues, Othon Bastos. Contudo, para Fernando Guerreiro, diretor da Fundação Gregório de Matos, a força dos coletivos, mais uma vez, roubou a cena. É que o Vila também serviu de base para os altos voos dos Novos Baianos, para a fonte de talentos do Bando de Teatro Olodum, Viladança, Cia de Teatro Novos Noves, VilaVox e de uma série de outros grupos e projetos. “Sempre tem dentro do Vila Velha trabalhos de grupo e isso eu acho muito importante. Esse é o grande diferencial do teatro”, afirma Guerreiro.

Para Chica Carelli, gestora cultural, diretora teatral e atriz, foi justamente essa mescla de potências que coloca o Vila Velha no lugar de objeto e fonte de pesquisa. “Acima de tudo, é um teatro de criação e pesquisa, e não um simples local de locação de um espaço. É um lugar de discussão, de muita criação, de muitos grupos, de envolvimento de artistas, sempre muito comprometidos com linguagens contemporâneas, com a pesquisa de novas linguagens, de novos conteúdos, novas estéticas. Eu que isso faz o teatro ser sempre relevante dentro do teatro baiano”, ressalta.

Atualmente passando por uma restauração estrutural, fruto de uma parceria com a Prefeitura de Salvador, o equipamento cultural está fechado para o público e só funcionando para oficinas e para a administração central. A previsão é de que o local seja reaberto em julho de 2025. Nesse período de fechamento, foi alvo de cinco roubos em menos de um mês, uma realidade que Fernando Guerreiro acredita que o Vila vai saber resistir.

Eu acho que a gente vai ter uma grande revolução porque ali vamos ter o Centro Cultural Banco do Brasil, vamos revitalizar o Passeio Público e o Vila Velha estará reformado. Vai acabar esse problema de roubo, porque tudo é ocupação. Lugar fechado é que é problema em Salvador“, finaliza.

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