‘Múltiplo e indisciplinar’: Chico Bosco lança coletânea de aforismos em Salvador

‘Múltiplo e indisciplinar’: Chico Bosco lança coletânea de aforismos em Salvador

Redação Alô Alô Bahia

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Antonio Dilson Neto

Reprodução/Redes sociais

Publicado em 18/07/2024 às 12:00 / Leia em 6 minutos

O ensaísta Francisco Bosco, que lança nesta quinta-feira (18), em Salvador, seu novo trabalho- “Meia Palavra Basta”– define a nova obra como múltipla e indisciplinar.

Em entrevista ao Alô Alô Bahia, Chico explicou que o livro demanda uma colaboração do leitor.

“’Meia palavra basta’” exige menos esforço do leitor, mas essa facilidade é um pouco enganosa: aforismos são bombas atômicas de sentido, contudo elas só explodem se o leitor fizer a sua parte do trabalho”.

Aforismos

Editado pela Record, o livro é uma coletânea de aforismos, textos curtos sobre temas do cotidiano e do universo do ensaísta.

“Esse livro é uma retomada do meu percurso anterior aos livros a que você se refere (“A vítima tem sempre razão?” e “O diálogo possível”). Durante muitos anos eu me dediquei a formas breves, como ensaios curtos, colunas de jornal, ou brevíssimas, como poemas, fragmentos, aforismos. E, na verdade, nunca parei, porque segui exercendo a forma breve na televisão. Em suma, a forma breve é onde eu me sinto em casa“, comenta.

Chico define a multiplicidade dos temas traduzidos nos aforismos do livro como um reflexo de sua formação e trajetória profissional. “Sou essencialmente um ensaísta, e o ensaio é um gênero de forte tendência indisciplinar. O ensaio não quer avançar a pesquisa de uma disciplina, ele quer lançar luz sobre determinadas questões”.

Para mergulhar nos aforismos de Chico, não há pré-requisitos. “Há grandes escritores turvos, mas não é o meu caso. Qualquer pessoa que me escuta na TV pode ler meus livros”, acrescenta.

Carreira

Filósofo e jornalista de formação, Chico foi presidente da Fundação Nacional das Artes (Funarte), colunista da revista Cult e do jornal O Globo, dirigiu a rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles. Atualmente, integra o elenco fixo do programa Papo de Segunda, no canal GNT.

Filho de João Bosco, um dos maiores cantores e compositores da MPB, Chico celebra a carreira e talento do pai, mas reforça que são caminhos e trajetórias diferentes. “Ele é cancionista, eu sou intelectual, são duas atividades diferentes. Se fosse para comparar grandezas, eu teria orgulho em dizer o óbvio: meu pai é um gênio, eu não sou“.

A inevitável comparação, entretanto, nunca foi problema para Chico. “Meu problema era provar que o fato de ser filho de uma pessoa famosa em nada anulava as conquistas e o valor do meu próprio trabalho. Aqui, sou obrigado a ser imodesto: considero que esse ponto está totalmente provado, faz tempo”, afirma.

Cancelamento

Em seu livro anterior, “O diálogo possível”, de 2022, Chico se debruçou sobre o debate público e as alternativas democráticas ao ambiente polarizado e extremista.

Um dos temas, bastante estudado pelo filósofo, o cancelamento das reputações, foi vivido por ele na prática, após uma entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, em que ele, supostamente, deu razão ao escritor e guru da extrema direita brasileira, Olavo de Carvalho.

A entrevista, de maio deste ano, intitulada “‘Olavo de Carvalho tinha razão’, diz Francisco Bosco sobre a esquerda nas universidades”, viralizou nas redes sociais e Bosco passou a receber ataques – à direita e à esquerda. Rapidamente, também, as manifestações de apoio apareceram: nos ambientes digitais e na imprensa.

O próprio jornal Estadão publicou um editorial no dia 27 de maio, repudiando as tentativas de linchamento virtual contra Chico. Em suas redes sociais, o filósofo compartilhou um vídeo para comentar o episódio. Assista:

“Esse episódio só confirmou o que venho escrevendo nos últimos anos (não que fosse necessário, pois as evidências já eram abundantes): o debate público está impregnado de vícios cognitivos e narcísicos. Muitas pessoas estão capturadas por lógicas de grupo, que são grandes fábricas de pensamento homogêneo e dogmático. Elas reagem com imediata agressividade ao dissenso. Não querem compreender, nem sequer leem o que foi dito, para além de um clickbait dado por um jornalista. Elas querem antes de tudo aproveitar o momento e participar da surra de grupo. É covardia e sadismo enrustido”, define. “E, claro, busca por autopromoção, pois linchar é sempre um trending topic, todo mundo presta atenção na treta”, completa.

“Sendo franco e imodesto, há inveja e ressentimento em jogo: muita gente se incomoda com um intelectual público que goza ao mesmo tempo de prestígio em círculos sérios e reconhecimento social que vai além dos nichos acadêmicos”.

Lendo Chico Bosco

Como estratégia de divulgação do livro, alguns dos aforismos foram lidos e postados nas redes sociais por formadores de opinião.

Nomes como o professor e escritor  baiano Wilson Gomes, os jornalistas Pedro Bial e Andréia Sadi, a atriz Adriana Esteves e o cantor Russo Passapusso participaram da trend, aumentando a curiosidade e expectativa dos leitores com a obra. Veja:

Para os próximos trabalhos, Chico deixa os leitores em suspensão. “Tenho sempre projetos de livro, mas nada ainda num estágio que me permita dizer que vai acontecer. São apenas possibilidades que estou tateando”. 

Com Chico, meia palavra sempre basta para um diálogo possível.

Serviço:
Lançamento do livro “Meia palavra basta”
Chico Bosco conversa com Waldomiro J. Silva Filho, seguido de sessão de autógrafos
Quando: quinta-feira (18), às 18h
Onde: Livraria LDM do Vitória Boulevard – endereço: Av. Sete de Setembro, 1839, Vitória – Salvador/BA
Entrada gratuita
Preço do livro: R$ 54,90

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