Abalos sísmicos vêm atingindo a Bahia nos últimos tempos. No último dia 3 de junho, o estado registrou um tremor de terra (ou terremoto) na costa da Ilha de Itaparica, com magnitude de 3,0 na escala Richter. Mesmo o epicentro sendo identificado a 8 km da costa, existem relatos de moradores de Vera Cruz que sentiram o tremor.
A Terra registra, todo ano, cerca de 300 mil tremores em todo mundo. Mas a maioria dos tremores são imperceptíveis e são captados apenas por aparelhos sismográficos.
Somente em maio, o Laboratório Sismológico da UFRN (LabSis/UFRN) registrou 22 tremores no território baiano, que teve o maior número entre os estados nordestinos. Em Jacobina, foram nove registros, mas sem ultrapassar a magnitude de 2,4 na escala Richter.
Segundo o Centro de Sismologia da USP, o terremoto sentido na Ilha de Itaparica foi o mais expressivo no país no mês de junho, ao menos até o fechamento desta matéria. Segundo relatos registrados pela LabSis, “moradores locais sentiram o tremor e relataram batidas em portas de suas residências”. Contudo, o abalo sísmico registrado na ilha não é nada comparado a outros epicentros. No mesmo dia que ocorria o tremor em Itaparica, com magnitude 3, a Turquia registrou um terremoto com 5,8. Lá, uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas. No mesmo dia, a Grécia chegou a detectar terremotos de escala 6,2, mas sem grandes consequências.
No Brasil, o maior abalo sísmico já registrado foi ano passado, com grau de gravidade de 6,6. No entanto, além de ter sido em uma área isolada em Ipixuna, no Amazonas, também teve o epicentro a 614,5 quilômetros de profundidade, quase o dobro da distância entre Salvador e Jacobina. O único terremoto já registrado que provocou algum tipo de destruição ocorreu em João Câmara, município do Rio Grande do Norte, em 1980. Com uma escala de 5,1 graus na escala Richter, quatro mil casas foram destruídas. Nenhuma morte até hoje foi registrada em consequência de um tremor no Brasil.
Sempre teve e sempre terá
“Tremores de terra de baixa magnitude são relativamente comuns no Brasil, sobretudo na região Nordeste. Em geral, esses pequenos sismos são de origem natural e ocorrem devido à liberação de esforços acumulados na crosta terrestre”, disse o LabSis/UFRN, em nota.
Sempre teve e, possivelmente, sempre terá. “A ideia de que não tem terremoto no Brasil é porque sempre foram de pequenas magnitudes e não provocaram grandes danos. Além disso, hoje em dia existe um número bem maior de estações sismográficas, que detectam sismos que não são sentidos pela população, daí a impressão que aumentou a frequência”, explica o geólogo, doutor e professor da Uefs, Carlos Uchoa.
Cientistas também não acreditam que, por conta da mudança climática, por exemplo, as magnitudes aumentem na Bahia. Inclusive, não há relação de tremor com a atual situação climática no mundo.
Por questões geológicas, o Brasil fica num lugar estratégico, no centro de uma placa tectônica estável, conhecida como Sul-Americana, bem longe das bordas onde ocorrem os terremotos mais intensos do planeta. Com isso, os tremores aqui não são significativos.
Apesar de estarmos no centro, esta placa está constantemente em movimento. Como explica Uchoa, a placa tem uma acumulação de energia em alguns locais e, consequentemente, essa energia é dissipada, normalmente por uma reativação de uma falha geológica.