Imagine sair de casa com R$ 10 no bolso para encontrar a morena em Salvador. Pagar o ônibus; dar uma parada na baiana para alimentar o mozão com uma acarajé; comprar 10 latinhas de cerveja no mercado e, ao chegar em casa, ainda estar com R$ 1,40 no bolso? Esse rolé era possível nos anos 2000.
Naquela época, a passagem de ônibus custava R$ 0,80 e podia ser paga em vale-transporte ou no Smart Card [aposentado em abril de 2006]. Caso precisasse ir da Cidade Baixa para a Cidade Alta, ou vice-versa, o ticket no Elevador Lacerda custava R$ 0,05.
Já os afamados acarajés da Cira ou Dinha saíam por R$ 0,50 sem camarão, e R$ 1,50 com.
E para beber? A ‘gelada’ era encontrada por R$ 0,59 no mercado – a lata de 350ml, não a “piriguete”, que nessa época nem existia.
No mundo sem Netflix, com internet discada e dominado pelas locadoras de filme, era possível alugar Titanic para assistir agarradinho pagando R$ 1. Só não podia esquecer de rebobinar antes de devolver a fita para não pagar multa.
Quero é prova e R$ 1 de Big Big
Até a famosa gíria baiana foi alvo da inflação. Se hoje R$ 1 do popular chiclete só rende 5 unidades, 25 anos atrás era o bastante para encher o bolso com 20.
Outras opções eram a bala de maçã verde ou 7Belo, que custavam os mesmos R$ 0,05. Já pirulito Pop e o chiclete Bubbaloo (leia-se Babalu), saíam por R$ 0,10. Mas se quisesse comprar um salgadinho, o Gula ou Mikão podiam ser encontrados facilmente por R$ 0,50.
Barão também sofre
Já os grã-finos que andavam por aí de Vectra também se davam bem. O litro do etanol ficava na casa dos R$ 1, já a gasolina ficava em média R$ 1,50.
Uber? Esqueça. Os táxis monopolizavam o mercado e cobravam apenas R$ 0,80 por quilômetro rodado, e a bandeirada (valor inicial da corrida) começava em R$ 2,20. Com isso uma corrida entre o Porto da Barra e o Shopping Iguatemi (hoje Shopping da Bahia) era feita por menos de R$ 14.
Chegando no shopping, hora de comer um Big Mac por R$ 3,95 e gastar R$ 1 na sobremesa, a popular casquinha.
E o cineminha? Assistir o fundamental e inesquecível ‘Todo Mundo em Pânico’ no finado Multiplex custava R$ 8 a inteira e R$ 4 a meia na quarta-feira, dia mais barato. Se quisesse dar uma variada, ainda tinha o Aeroclube, que vivia cheio na época.
Quem é você na fila do pão?
Se quisesse aproveitar para ir à padaria, a extinta nota de 1 real fazia estrago. Na época, o alimento ancestral era vendido à R$ 0,10 unidade. Era pedir R$ 1 de sal e R$ 1 de milho e voltar pra casa com as sacolas cheias.
Nas bancas, revistas informativas, como a Veja, custavam R$ 4. Jornais locais, como o Correio da Bahia custavam em média R$ 1,20 de segunda à sábado e R$ 1,50 aos domingos. Se quisesse ler boas entrevistas (apenas as entrevistas, claro), a Playboy com Scheila Carvalho e outras musas do ‘É o Tchan’ custava R$ 7.
Contrapeso
Ver esses preços com uma visão de hoje deixa tudo parecendo uma pechincha, mas na realidade não era bem assim. Não apenas os produtos, mas os salários também eram menores naquela época. O salário mínimo em 2000 era de R$ 151.
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