No último dia 28 de novembro, aconteceu em Salvador o 21º Prêmio Núcleo Destaque, promovido pelo Núcleo de Decoração da Bahia. O evento reconhece os melhores projetos de arquitetura e design de interiores do estado e foi realizado no Cerimonial Cunha Guedes, no Corredor da Vitória.
Para celebrar os talentos baianos, o Alô Alô inicia hoje uma série especial em que apresentará cada um dos nove trabalhos premiados, assim como seus autores.
E para começar, ninguém melhor do que uma tricampeã do prêmio.
Na categoria Apartamento residencial acima de 250m2, a vencedora foi a arquiteta Ingrid Aragão Villa, que há cerca de nove anos comanda um escritório com o seu nome.
Formada em Arquitetura pela UFBA e mestre em Arquitetura Sustentável pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, Ingrid é uma profissional que acredita muito na conexão entre o ambiente e quem vive nele. Algo que perpassa a produtividade, o humor e interfere até nas relações interpessoais.
“O ambiente tem o potencial de mudar a gente, tanto para as coisas boas, quanto para as ruins. Por isso o projeto residencial tem de ter não só a cara, mas a alma de quem vai viver nele. As especificidades da família, as referências pessoais, heranças, lembranças… Porque no fim, essa pessoa precisa ter vontade de voltar pra casa”, reflete Ingrid.
Um apartamento vivo
Com sua arquitetura funcional, detalhista, mas de estética limpa e acolhedora, a Ingrid Villa Arquitetura foi premiada pelo projeto de um apartamento de cerca de 300m2, tomado pela iluminação natural e o verde natural das plantas. Com destaque para as heranças afetivas, ela considera que este é o projeto que mais se orgulha em ter realizado, por justamente ter conseguido mesclar todos esses pontos de sua identidade criativa.
“Nesses grandes espaços, o desafio é você conseguir ter um aproveitamento inteligente para o que o projeto pede. Por exemplo, nessa área de estar, facilmente caberiam quatro ambientes, mas equacionamos a quantidade de móveis e objetos de modo que mantivemos a amplitude sem perder a integração desses ambientes”, explica.
Tal desafio engloba também uma busca pela valorização de uma arquitetura soteropolitana que ainda se mostra, muitas vezes, conservadora.
“Nós temos ótimos arquitetos que não têm tanta visibilidade quanto deveriam. A arquitetura de Salvador pode ser ainda mais criativa, mais ousada no uso dos materiais, das cores e das composições com a nossa arte popular, o barro e as diversas madeiras, até para servir como tradução dessa vibração e dessa energia que são nossas e que só nós temos como oferecer ao Brasil”, comenta Ingrid.
Inspirada em escritórios como SuperLimão, Gui Mattos, Isay Weinfield e Carvalho Araújo, a baiana coleciona trabalhos premiados. O maior deles é o novo Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, projetado pelos novaiorquinos do Diller Scofidio + Renfro. A experiência na construção desse prédio fez com que Ingrid visualizasse o equilíbrio da super criatividade arquitetônica com os limites racionais da engenharia.