Baiana da Chapada Diamantina, Calu Manhães se prepara para levar à Sala do Coro do Teatro Castro Alves (TCA) o show “Essência”. Ela sobe ao palco na terça-feira (10), às 20 horas, em uma performance de duas horas, para todas as idades, acompanhada por cinco músicos (percussão, bateria, viola de doze cordas, baixo acústico e teclado/piano).
Em um jeito todo dela, amparado por improvisações e arranjos únicos, a cantatriz propõe um diálogo com o cancioneiro afro-brasileiro. Os ingressos estão à venda on-line, pela plataforma Sympla, a R$ 25 (meia-entrada) ou R$ 50 (inteira).
É possível que você, leitor ou leitora, já tenha visto esse rosto antes na telinha. É que, além de cantar, Calu atua, e deu vida à personagem Isabel no filme “Um Ano Inesquecível: Outono”, dirigido por Lázaro Ramos, uma produção da Amazon Prime Video.
Mas se reparar bem mais, verá nas feições de Calu alguns traços conhecidos. E não apenas fenotipicamente. Calu herdou da família a vocação para a arte. Na linhagem genética, estão Camila Pitanga, de quem é prima, e Antonio Pitanga, seu tio.
Mais do que parentes, os Pitangas são, para ela, um norte. “Camila é minha madrinha, então, além de uma referência artística, ela tem um lugar de cuidado, atenção, de mentoria mesmo. Eu tenho isso realmente como uma bênção na minha vida. E o tio Pitanga tem um lugar completamente de admiração. Pra mim, ele é um grande mestre, tem muito o que ensinar. Todas as vezes que eu estou com ele, me sinto muito abençoada, lisonjeada, apoiada pela presença e por tudo que eles transmitem no sentido de inspiração, de norte, de opiniões, de maneira de ver o mundo“, reconhece.
O que era apenas uma brincadeira, foi crescendo e a absorvendo. Calu relembra, ao Alô Alô Bahia, que, na infância, fazia bateria com latinha de tinta e garrafa pet.
”Eu comecei a tocar violão com os amigos e não cantava. Queria mais tocar. Depois, eu descobri que gostava de cantar e aquilo foi nascendo cada vez mais. Um belo dia, com meu pai, fui em uns arquivos e descobri que cantava muito, em uns vídeos de eu criança, cantando e compondo ao vivo, na hora, brincando. Então, sinto que essa musicalidade sempre esteve presente“, resgata ela a sua versão de 15 anos.
O lampejo calhou em um convite para cantar no Festival de Igatu. “Quando eu subi no palco pela primeira vez, tive a sensação de que aquele realmente era o meu lugar, que fazia muito sentido estar ali. E, a partir disso, continuei nesse caminho”, reflete Calu.
Em “Essência”, Calu encontra espaço para levar projeções visuais e figurinos que delineam sua trajetória do sertão à capital.
Dona de um timbre autêntico, ela pretende louvar, no roteiro da apresentação, principalmente as raízes nordestinas, em uma jornada que mescla samba de coco, maracatu – aprendidos da convivência no Circo do Capão, onde havia uma interseção entre Pernambuco e Bahia –, samba de roda, capoeira e gêneros como jazz e pop, com pitadas de afrobeat e funk.
Da modalidade circense, surge também no espetáculo o elemento do trapézio. E da linguagem do corpo, vem ainda a dança, com coreografia assinada pelo baiano Dudé Conceição.
“Esse meu momento como cantora surgiu devido a um processo muito próprio de vivência na Chapada Diamantina, tocando violão na praça, com os amigos, e experimentando a musicalidade dentro de casa através dos meus pais e de referências como [Gilberto] Gil, Marisa Monte, Milton Nascimento – que inclusive são trazidas no show”, adianta Calu ao site.
Na seleção escolhida de canções para “Essência”, estão também alguns sucessos de Gal Costa, como “Flor de Maracujá”, mas levada para o funk. Tudo isso adornado pelos cantos de tradição da Chapada, como o aboiado do Terno das Almas, ritual comum do povoado de Igatu. Inclusive, Calu tem uma faixa em parceria com Dona Toninha, puxadora das ladainhas presentes na manifestação cultural-religiosa, que também será entoada na Sala do Coro. O show tem direção da própria Calu e de Cássio Nobre.
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