Universidades baianas enfrentam desafios para garantir nota máxima em índice de qualidade do MEC

Universidades baianas enfrentam desafios para garantir nota máxima em índice de qualidade do MEC

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Gilberto Barbosa, do Jornal Correio*. Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro

Marina Silva/CORREIO

Publicado em 04/04/2024 às 06:08 / Leia em 7 minutos

Duas universidades baianas receberam nota máxima no Índice Geral de Cursos (IGC). São elas: a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). O IGC avalia a qualidade das instituições de ensino superior no país com notas que variam de 1 a 5. Os dados foram divulgados na última terça-feira (2) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Essa é a primeira vez que a UFBA recebe a pontuação máxima no IGC. A universidade conta com um corpo de 55 mil alunos, divididos em 109 cursos de graduação e pós-graduação e três campi localizados em Salvador, Camaçari e Vitória da Conquista. O corpo docente da universidade é composto por 2.927 professores, dos quais 2.241 são doutores (76,6%) e 405 com mestrado (13,8%) e 2.829 servidores técnico-administrativos.

Para o reitor da UFBA, Paulo Miguez, a avaliação máxima tem como ponto de partida o fato de a instituição ter uma oferta variada de cursos. “Não tem nenhuma área do conhecimento científico e do campo artístico que não esteja acolhida na graduação ou na pós-graduação. Por exemplo, olhando outras universidades do Brasil, são poucas que nesse momento já têm um curso superior de dança. Já o nosso curso de dança é dos anos 50. A UFBA foi a primeira universidade a se debruçar com uma formação para o trabalho com o petróleo. O fato de sermos uma universidade onde toda a atividade científica e/ou artística tem acolhimento contribuiu para essa nota”, afirmou.

São 189 prédios abrigando as atividades da instituição, com origem variando do século XVII até os dias de hoje, além 402 mil metros quadrados de área construída. São 140 cursos inscritos para a pós-graduação, entre mestrado e doutorado, com 8.058 alunos, que têm à disposição 290.439 livros e artigos disponíveis em 23 bibliotecas. Ainda assim, Paulo Miguez conta que o corpo humano para cuidar da universidade é menor do que o necessário.

“Existe uma lacuna a ser preenchida no corpo docente e no corpo técnico para atendermos a esses desafios. Ainda nos faltam muitos técnicos e muitos professores para poder dar conta do desafio que é uma universidade plena como essa. Se o orçamento fosse corrigido pelos índices de inflação, certamente estaríamos em melhores condições hoje de enfrentar essas dificuldades”.

Com dez anos de existência, a UFSB passou por três avaliações do indicador de qualidade, obtendo a nota máxima em todas. Por ser uma instituição nova, a UFSB precisou esperar as primeiras turmas de formando prestarem o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) para ter a qualidade do seu ensino avaliada.

(Foto: Divulgação)

Segundo o pró-reitor de Gestão Acadêmica, Francesco Lanciotti Júnior, o resultado mostra o esforço da UFSB em se manter conectada com os atuais interesses do mercado e dos estudantes. “A grande maioria dos nossos cursos tem notas entre 4 e 5. O fato de sermos uma universidade nova, nos dá condições de avaliar o que a nossa sociedade busca como formação e o que as instituições oferecem nos seus cursos. Nós temos a possibilidade de construir cursos sempre antenados com a regulamentação mais atual do INEP e buscar estar dentro dos parâmetros de qualidade”, afirmou.

A UFSB conta com 47 cursos de graduação e 13 de pós-graduação distribuídos em três campi nas cidades de Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas. Além disso, a instituição atende uma rede de colégios universitários em dez municípios da região. São cerca de 4.500 estudantes e 380 professores, entre os quais, cerca de 85% são doutores. Ainda assim, Francesco afirma que o corpo docente é menor do que o necessário para atender de forma plena as necessidades da UFSB.

“O nosso corpo de servidores tanto docentes, quanto técnicos administrativos, tem se desdobrado para dar cabo das funções e cumprir as atividades que a gente precisa para manter o funcionamento dos cursos dentro da qualidade que a gente consegue oferecer. No plano de implantação da universidade estavam previstos 690 docentes até 2020, mas nós estamos com um pouco mais da metade”, continuou Francesco.

Cortes de orçamento

A nota leva em consideração a média do Conceito Preliminar de Curso (CPC) dos anos 2019, 2021 e 2022. Desde 2016, a UFBA está reduzindo custos devido a cortes de orçamento. Para 2024, a previsão é que o custeio seja de R$ 186,3 milhões, uma redução de 7% em relação aos R$173,2 milhões disponibilizados em 2023.

“Embora todos os custos experimentem uma correção com base nos índices de inflação, é óbvio que essas dificuldades de orçamento nos obrigam a uma revisão permanente dos nossos contratos. As despesas da universidade são altas, mas mesmo com os cortes e com os ajustes que fazemos internamente, nós temos conseguido superar e avançar na direção da afirmação da qualidade do trabalho”, continuou Miguez.

O que é o IGC?

O IGC indica a qualidade das universidades, faculdades e centros universitários localizados no país, dando notas que vão de 1 a 5, e leva em consideração cinco aspectos: a nota do Enade (prova que os formandos fazem); o quanto o aluno melhorou do Enem para o Enade; um questionário respondido pelos estudantes sobre as condições de estudo que tiveram; o nível de formação dos professores e o tipo de contratação deles; além da avaliação da pós-graduação que a Capes faz de cada instituição.

Para obter o conceito máximo no IGC, é necessário que a universidade receba uma pontuação média dos cursos acima de 3,95. A UFBA apresenta evolução nos resultados desde 2014, saindo de 3,5 em 2014 até aproximadamente 4,06 em 2022. Ainda segundo o reitor da UFBA, a avaliação é o resultado de um esforço coletivo dos servidores e alunos.

“Esta nota vem para celebrar a disposição de resistência e trabalho com que nossa comunidade tem se comportado ao longo do tempo. Apesar dos constrangimentos de ordem orçamentária e de não termos um quadro de pessoal do tamanho que precisamos para cumprir as nossas missões, além da dificuldade de infraestrutura dos nossos prédios, a UFBA não desistiu de ser uma universidade que está sempre na busca do melhor ensino, pesquisa e extensão”, afirmou.

O pró-reitor da UFSB conta que a universidade tem planos de abrir cursos na modalidade do ensino à distância (EAD), a partir do próximo ano. Ainda não há definição de quais áreas do conhecimento serão ofertadas, mas a proposta está sendo desenhada pela UFSB. A expectativa é conseguir a inclusão de estudantes de municípios da região que não consigam comparecer às aulas presenciais.

“O momento atual é de entender o que os alunos têm como motivação e perspectiva quando vem para a universidade. A gente tem percebido uma queda de interesse dos mais jovens nos cursos mais tradicionais ofertados de forma presencial. O nosso desejo é tentar perceber onde eles estão, seus interesses e expectativas para que possamos oferecer uma formação qualificada a nível superior”, finalizou.

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