18 Aug 2023
Yalorixá Maria Bernadete Pacífico é executada na Bahia; entenda caso

Em julho, ela particou de encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. Na ocasião, denunciou ameaças e violências contra a comunidade quilombola. Ela era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, assassinado há quase seis anos, em setembro de 2017.
O Quilombo Pitanga dos Palmares é formado por cerca de 289 famílias e tem 854,2 hectares, reconhecidos em 2017 pelo Relatório Técnico de Identificação e Delimitação – RTID do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A comunidade já foi certificada pela Fundação Palmares, mas o processo de titulação do quilombo ainda não foi concluído.
Entenda o caso
Segundo as autoridades, os criminosos teriam invadido o terreiro da comunidade, feito familiares reféns e executado Mãe Bernadete a tiros. Ela teria sido assassinada pelo mesmo grupo responsável pela execução de seu filho.
"Ela nunca ficou quieta. Agora foi silenciada. Muito triste para nós", disse Denildo Rodrigues, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Segundo ele, lideranças das comunidades quilombolas e terreiros da região são ameaçadas constantemente por grupos ligados à especulação imobiliária.
"A família Conaq sente profundamente a perda de uma mulher tão sábia e de uma verdadeira liderança. Sua partida prematura é uma perda irreparável não apenas para a comunidade quilombola, mas para todo o movimento de defesa dos direitos humanos", ressaltou a entidade em comunicado, exigindo que o Estado brasileiro tome medidas imediatas para a proteção das lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares.
Uma comitiva formada por representantes dos ministérios da Igualdade Racial, Justiça e Direitos Humanos terá, nesta sexta-feira (18), reuniões presenciais junto a órgãos da Bahia. O Ministério da Igualdade Racial convocará reunião extraordinária do grupo de trabalho de enfrentamento ao racismo religioso.
Recentemente, a capital baiana foi identificada pelo Censo Quilombola do IBGE como a capital com a maior população quilombola do país, com quase 16 mil quilombolas e cinco quilombos oficialmente registrados. Ao mesmo tempo, levantamento da Rede de Observatórios de Segurança, divulgado em junho deste ano, aponta a Bahia como o segundo estado do Brasil com mais ocorrências de violência contra povos e comunidades tradicionais.
* Por José Mion, com informações do g1 e da Agência Brasil. Foto: Conaq.
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