17 Jul 2023
Usuários de Tinder e afins: muitos já estão em relacionamentos ou não buscam encontros reais; entenda

Os resultados da conversa com cerca de 1.400 usuários do app revelam um pouco do porquê da desilusão de muitos daqueles esperançosos em encontrar seus próximos parceiros nas plataformas, que, ao contrário destes, sequer estão procurando encontros românticos. Alguns deles, inclusive, se casaram enquanto usavam a ferramenta.
Os participantes da pesquisa, com idades entre 18 e 74 anos, foram recrutados online e responderam a uma série de perguntas sobre as motivações para usar o Tinder, o aplicativo do gênero mais baixado entre o público de 18 a 25 anos. Com as informações, os pesquisadores estudaram até mesmo o nível de satisfação dos participantes com a plataforma.
O estudo relatou que muitos optam por permanecer ativos em aplicativos de namoro, mesmo que não estejam procurando encontros. Segundo a pesquisa, as ferramentas se tornaram fontes semelhantes de entretenimento e conexão social, fornecendo aos usuários o impulso de confiança que vem com a coleta de curtidas e correspondências.
Segundo Germano Vera Cruz, cientista de dados e professor de psicologia da Universidade Picardie Júlio Verne, na França, a dinâmica resulta em um "jogo de engano", já que os que realmente querem conexões na vida real têm uma probabilidade menor de encontrar sucesso, já que menos usuários têm o mesmo objetivo.
"Algumas pessoas se sentem enganadas, porque a cada nova plataforma, elas pensam que podem realmente encontrar alguém. Então, as pessoas vão de plataforma em plataforma, mas não estão satisfeitas", diz Vera Cruz, coautor do estudo, que aponta ainda que aqueles que usam os apps apenas como distração também não estão conseguindo o que querem da experiência.
Os pesquisadores descobriram que os usuários do Tinder que relataram menos satisfação com o aplicativo são os que o usam para lidar com emoções negativas e outras questões, como estilos de apego evitativos ou qualidades psicológicas como impulsividade.
Professor de psiquiatria clínica da Stanford Medicine e também coautor da pesquisa, Dr. Elias Aboujaoude disse que as descobertas condizem com o que ele ouve de pacientes que decidiram descartar os aplicativos de namoro depois de anos experimentando-os.
"Havia a sensação de que eles estavam gastando muito tempo usando-os como entretenimento ou para se distrair de outras coisas. Pode ser avassalador e, em alguns casos, pode levar as pessoas a essa noção de que a grama é sempre mais verde do outro lado, como se sempre houvessem melhores opções por aí", disse Aboujaoude.
É o que uma outra pesquisa da Pew Research de 2020 relatou: o namoro online deixou significativamente mais pessoas se sentindo frustradas do que esperançosas nos Estados Unidos. As pessoas também desencadearam suas frustrações online, com as redes sociais exibindo postagens de usuários lamentando suas experiências de aplicativos de namoro.
Como tudo tem um lado positivo, no entanto, o estudo relata uma coisa boa. As pessoas que usam aplicativos de namoro para seus fins pretendidos ainda são mais propensas a alcançar satisfação, mesmo que chegar lá exija passar por todos os "matches" cujos objetivos não se alinham.
"Não podemos negar o fato de que uma grande porcentagem de relacionamentos bem-sucedidos agora também começa online", disse Aboujaoude. "Mas, você precisa abordar os sites de namoro com mais seletividade e abordá-los pelo que eles dizem que foram projetados para, que é encontrar parceiros românticos", finaliza.
Segundo o próprio Tinder, "globalmente, 40% dos membros dizem que estão procurando um relacionamento de longo prazo, contra 13% procurando uma conexão de curto prazo".
* Por José Mion, com informações da NBC News. Foto: Getty Images via BBC.
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