Um dos maiores intelectuais brasileiros, baiano Milton Santos é homenageado em São Paulo

Um dos maiores intelectuais brasileiros, responsável pela renovação da Geografia no País, o baiano Milton Santos será homenageado em São Paulo, em mostra no Itaú Cultural. A exposição "Ocupação Milton Santos" foi inaugurada nesta quarta-feira (19) e fica em cartaz até 8 de outubro.

“Não é o passado que constitui a nossa âncora como aprendemos e, quem sabe, ensinamos. A nossa âncora é o futuro” é a frase dita por Milton, em 1994, que apresenta a coleção de mais de 150 peças, entre fotos, vídeos, livros e textos de sua autoria.

“Essa exposição traz a vida e a obra do professor Milton Santos. Quisemos ilustrar como ele pensava as diversas camadas da sociedade e, principalmente, trazer o conceito dele, que era um militante das ideias. Para ele, o presente não estava dado: vai ser um modelo de transformação vindo de baixo para cima. E isso seria muito movimentado pelas periferias”, explica Jader Rosa, gerente do Observatório do Itaú Cultural, núcleo responsável pela curadoria.

“Milton Santos foi formado em direito, atuou como jornalista, foi professor, geógrafo e também gestor público. Sua obra se consolida justamente em como olhar a Geografia além do território, nesse espaço sempre em movimento e transformação. E ele tem esse olhar dentro do lugar do cidadão, em como esses indivíduos, com suas múltiplas economias e múltiplos territórios, se enxergam como cidadãos”, acrescentou.

A ocupação

A mostra percorre o processo criativo de Milton Santos por meio de uma vitrine que apresenta manuscritos, textos datilografados por ele e livros de sua autoria. Uma mesa de leitura recebe aqueles que queiram se aprofundar no universo de Santos, lendo os pensamentos que publicou.

Ao lado dessa mesa, uma projeção apresenta um diagrama de conceitos, com ilustrações de temas como espaço geográfico, economia urbana, globalização e o lugar do cidadão. A ideia é estabelecer um diálogo das teorias de Milton com a vida cotidiana do século 21.

O percurso expositivo segue por uma parede onde é apresentado um painel biográfico, contando a história de Santos por meio de fotos, depoimentos em vídeo, matérias de jornais e objetos pessoais. Uma das fotos mostra ele recebendo o Prêmio Vautrin Lud, em 1994, considerado o Nobel da Geografia.

A mostra traz ainda um espaço dedicado à discussão sobre a questão racial. “Ele dizia que não queria ser militante de nada, mas que era sempre impactado por isso. Mesmo assim, ele participou de congressos sobre questões étnico-raciais, e palestrou em um grupo de consciência negra na USP. E ele dizia que o movimento vem de baixo, das periferias”, contextualiza o curador.

A exposição se encerra com uma projeção sobre uma representação de um mapa de Brotas de Macaúbas, cidade onde Milton Santos nasceu, na Bahia. Aqui é possível ver a relação da obra do homenageado com a cidade e a periferia, a forma como ela tem sido apropriada pelas novas gerações e a importância de suas teorias para a construção do futuro.

* Por José Mion, com informações da Agência Brasil. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil.

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